Tudo começou através de meu próprio tratamento terapêutico, onde me encontrava em uma situação delicada, diante da minha vida e de um relacionamento que não compreendia a dinâmica, principalmente a minha. Ao entrar nesse mundo tão incrível, que é a mente humana, meu terapeuta através da técnica de associação livre (hoje sei o nome) me conduziu através de uma jornada incrível e que me trouxe uma paz, que nunca mais deixei de ter.
Estava aberta a minha jornada do autoconhecimento
Ao compreender a “minha dinâmica”, fui descobrindo como que eu trazia, de uma forma repetitiva e inconsciente, dor e tristezas para minha vida e que, de uma forma angustiante, não me deixava sair. A minha catarse se deu, quando “do nada” falei uma palavra. Uma única palavra fez meu universo inteiro se abrir. Em um ano, em momento algum havia dito ao meu terapeuta que eu havia sido adotada. Ele, muito atento me ouvia contar um sonho e depois iniciei uma história, sobre mim. No meio dessa história, ele me fez parar e perguntou: “Você é o que?
Por que nunca mencionou?”. Interessante foi eu ainda insistir e dizer: “Claro que eu havia dito”. Ser adotada nunca foi um problema para mim. Nunca tive restrições em dizer isso a alguém. Claro que (não posso deixar de mencionar) por ser algo tão pessoal, apenas pessoas de meu círculo íntimo, sabem disso. Aliás até hoje, já que decidi compartilhar neste texto, como forma de tentar retratar o valor desta prática aplicada a minha experiência como paciente. Iniciei a contar tudo o que eu sabia sobre minha adoção, a pedido dele, mas também externei o quanto fui uma criança muito amada, feliz e repleta de memórias, que carrego até hoje, boas e cheias de realizações.
Tive pais presentes e atentos, que sempre me estimularam e incentivaram, irmãos amorosos e uma família, que hoje carrego dentro de mim de uma forma plena. Mas algo que antes nunca havia vindo à tona, de repente se mostrou como causa, do que mais me causava dor e tristeza. Como reflexo, assumia postura de controle diante do trabalho e de situações, pois acreditava que tinha mais a ver com cautela e cuidado, do que com controle.
A jornada do autoconhecimento e as sessões terapêuticas
Após todo o processo de investigação e sessões terapêuticas ricas de informações e sentimentos compartilhados, descobrimos o que realmente estava acontecendo: eu estava agindo para não ser mais “deixada”, que qualquer coisa que me envolvesse, não aconteceria mais a minha revelia. A forma de minha AB-REAÇÃO, foi cair em lágrimas e ficar completamente atônita ao tentar compreender como, depois de adulta, casada, independente financeiramente, tranquila, paciente, sensata, descobrir-me agindo assim.
O que se deu a seguir, foi uma sensação de alívio, tranquilidade e uma certeza que descobrir isso tudo simplesmente mudou tudo para mim. Trazendo para os estudos que tenho feito e com todas as descobertas, compreendo o processo terapêutico e sua importância diante do trabalho que precisamos passar, com o olhar de paciente, através de uma condução na jornada em nossas próprias mentes.
Uma das coisas, recentemente aprendida, é sobre o inconsciente ser atemporal. Como algo, que trazemos desde a infância, pode ter um impacto tão forte e ser sempre tão vivido (e vívido) e repetidamente estar presente por tanto tempo, dando um tipo de “by-pass” no consciente, fazendo ele simplesmente agir?
As repetições
Nossas repetições, que nos levam a uma jornada dolorosa e algumas vezes com consequências maiores, podem ser paulatinamente desvendadas e vir à tona em sessões bem conduzidas, onde naturalmente se cria um vínculo analista-paciente, através da confiança, da escutativa atenta e permissiva do paciente, fazendo com que o que está no inconsciente, possa emergir. O fator que aumenta o sucesso é priorizarmos a importância de querer saber o motivo (ou motivos) de termos ações, e consciência do porquê de cada uma delas nos levarem sempre para algo que não nos deixa ser feliz.
O querer descobrir, e estar disposto a abrir o caminho até nosso inconsciente nos permite “ouvi-lo”, já que algo sempre parece nos incomodar e questionar. Desta forma não posso deixar de parafrasear Sigmund Freud, que acertadamente disse: “A voz do inconsciente é sutil, mas ela não descansa até ser ouvida”. Quando ele é ouvido e trabalhado, vem acompanhado de um certo tipo de paz, pela descoberta feita, trazendo consigo a lucidez e certeza de que algo deve ser continuamente visitado e trabalhado, até conseguirmos encontrar a cura, ou a redução substancial que nos permite pegar o timão de nossa vida e navegar em mares mais tranquilos.
Quantos mecanismos de defesa nosso inconsciente pode “lançar mão”, para se proteger? Ao mesmo tempo que deseja “ser ouvido”, constrói muralhas ao redor de si de que, sozinhos na maioria das vezes não conseguimos derrubar, mas com o apoio adequado, já que existe um reflexo dele em nossa fala e ações, traz sinais externos importantes, possibilitando assim o trabalho efetivo do analista.
Conclusão sobre a jornada do autoconhecimento
A análise permite muito, um autorreconhecimento de tais mecanismos e uma conexão quando se analisa os referidos sinais, diante dos nossos “gatilhos” que desencadeiam nosso comportamento, sendo devidamente estimulada através da utilização das técnicas utilizadas pelo analista. Não menos importante é o desafio contínuo de trazer à tona, o que está retido ou recalcado pelo paciente.
Para tanto, e para que exista êxito, é crucial do analista um olhar atento, de forma a extrair do que foi, e é dito por ele (seja através de palavras, atos falhos, sonhos etc.) construindo as evidências que o permitam ratificar ou retificar, que está seguindo o caminho certo em seu processo investigativo, e que possa construir a abordagem adequada de processo terapêutico, para conseguir cumprir sua jornada de apoio e cura ao paciente.
Desta forma, cabe ao analista buscar conhecer, com um olhar amplo, técnicas e linhas psicanalíticas, para adequar as demandas e compreensão que a clínica exigir, para que assim o processo terapêutico tenha resultados positivos e construtivos.
Este artigo sobre a jornada do autoconhecimento foi escrito por Poliana B. Falcão, mulher feliz, assumindo que sempre quis: conhecer e evoluir sempre, para ser o melhor possível para o outro; estudante de Psicanálise (com muito amor e honra).
4 thoughts on “Jornada do Autoconhecimento: a importância da psicanálise”
O que tenho percebido na minha própria família é grupos de amigos é que cada vez mais, confundem a psicanálise com psiquiatra, isto é, uma necessidade de uma associação livre em que às pessoas buscam este tipo de papel com os psiquiatras ,não tendentem que psiquiatra dificilmente substitui o psicanalista, assim, terá resultado negativo.
É extremamente habitual (e natural também) essa confusão. Adicionalmente temos os colegas psicólogos. Uma coisa importante salientar: alguns psiquiatras e psicólogos buscam se inteirar e complementar seu conhecimento com o curso de psicanálise. Louvável e extremamente sadio para todos! 🙂 #bewell
Excelente e esclarecedor artigo. Parabéns!
Parabéns, pelo seu comentário que com certeza ajudará a muitas pessoas a procurar ajuda psicanalítica.