Karen Horney (1885-1952) foi uma psicanalista alemã que criou teorias que rebatiam algumas visões freudianas tradicionais, sobremaneira as sobre a sexualidade e a orientação instintiva da psicanálise. Dentre seus principais questionamentos, estava sobre a teoria da sexualidade, criando um conceito chamado de Psicologia Feminista. Suas foram, então, classificadas com o nome de neo-freudiana.
A psicanalista, que passou os últimos anos de sua carreira nos Estados Unidos, atuou principalmente em favor das mulheres. Nesse sentido, lutava contra a sociedade machista empregada, à época, por autores de Psicologia. Assim, buscava eliminar teorias sobre a submissão das mulheres aos homens, cujas vidas se resumiam ao marido, filhos e cuidar da casa.
Sobremodo, seu pensamento diferia das teorias de Sigmund Freud, considerado o “Pai da Psicanálise”, trabalhando com enfoque na identificação do paciente. Para que, assim, atuasse nas causas da ansiedade, não nos traumas e fantasias, como nas teorias freudianas.
Biografia de Karen Horney
Nascimento e educação
Karen Danielson nasceu em 1885, na Alemanha, em Blankene, próximo a Hamburgo. Seu pai, capitão de um barco, Berndt Wackels Danielsen (1836-1910), criou seus filhos no pensamento patriarcal da época, disciplinando-se com uma educação rígida. Ao passo que, sua mãe, Clotilde, née van Ronzelen (1853-1911), com apelido de “Sonii”, tinha concepções modernas, diferente de seu marido, o qual se separou em 1904.
Carreira
Em 1904, contrariando seus pais, Karen iniciou seus estudos em Medicina, na Universidade de Freiburg, que aceitava estudantes mulheres – o que não neste tempo. Durante seus estudos, conheceu Oscar Horney, se casaram em 1909, quando passou a chamar-se Karen Horney, e tiveram três filhas. Em 1909, começou seus estudos de Psicanálise na Universidade de Berlim, com conclusão em 1915.
Em resultado de sua educação rígida, Karen sofreu com episódios depressivos. Sendo este quadro retornado à tona quando seu casamento não dava mais certo, e, ainda mais, com o falecimento de seu irmão mais velho.
Logo, em 1932, a psicanalista mudou-se para Chicago, nos Estados Unidos, com suas três filhas, e trabalhou no cargo de Diretora associada no Instituto de Psicanálise de Chicago, de Franz Alexander. Em seguida, após dois anos, mudou-se para o Brooklyn, onde se firmou como professora da New School for Social Research e do Instituto Psicanalítico de Nova York.
Quem foi Karen Horney?
A psicanalista alemã, então estabelecida em Nova York, se tornou ainda mais reconhecida, marcando sua época, quando passou a criar suas teorias psicanalíticas, principalmente sobre neurose e personalidade. Teorias estas que contrariavam, sobremaneira, as teorias de Sigmund Freud e da psicologia no geral, considerada ortodoxa.
Após ser professora na New School for Social Research e no Instituto Psicanalítico de Nova York, juntamente com outros estudiosos, fundou estas instituições, onde permaneceu até seu falecimento, em 1952:
- American Journal of Psychoanalysis;
- Instituto Americano para a Psicanálise.
Além disso, o marco de Karen Horney, quando se tornou popular, foi com a publicação de seu livro, em 1937, The Neurotic Personality of Our Time – A Personalidade Neurótica do Nosso Tempo, em tradução livre.
Portanto, Karen Horney fez história, como uma estudiosa a frente de sua época, que se atreveu a rebater bases da psicologia. Com conceitos revolucionários, foi de encontro com as teorias conservadoras de seu tempo, inclusive lutando pela representatividade feminina.
Conceitos de Karen Horney
Como falamos anteriormente, Karen Horney se destacou por ir de encontro às teorias freudianas, discordando, principalmente, do conceito de Complexo de Édipo. Neste se defendia que o complexo resultava da insegurança na relação pais e filhos.
Ainda mais, foi contra o conceito de narcisismo como um distúrbio psicológico, o relacionando à baixa autoestima e excesso de indulgência. Ainda, foi precursora da psicologia feminista, com enfoque nas diferenças entre gêneros, enraizadas naquela época nos padrões culturais e da psicologia em geral.
De toda forma, muitos dos conceitos de Karen baseavam-se nas teorias de Freud, porém, suas contrariedades eram sobre pontos específicos, de suma importância.
Como, por exemplo, acerca da personalidade, pois não acreditava que somente advinha de questões da mente inconsciente e desejos reprimidos. Mas, também, de influências mais significativas, como circunstâncias sociais ocorridas na infância do indivíduo.
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Acerca de sua oposição ao conceito freudiano de Complexo de Édipo, Karen Horney não acreditava que a mulher tinha ciúmes dos homens, somente invejam seus privilégios. Ainda, acreditava que isso também era resultado de ansiedade, que advinha da relação entre filhos e pais.
Teoria da personalidade de Karen Horney
Em suma, para a psicanalista Karen Horney, em sua Teoria da Personalidade, descrevia que o desenvolvimento da personalidade resulta questões biológicas e sociais. Assim, deve ser vista de forma individualizada.
Nesse sentido, descreve que o desenvolvimento humano segue três direções básicas:
- direção às outras pessoas, exprimindo confiança e amor;
- longe dos outros, resultante da autoconfiança;
- contra outros, em demonstração de uma oposição saudável.
Teoria da Neurose
Para a psicanalista, a neurose resulta de questões intrapsíquicas e interpessoais. Assim, chegou à sua Teoria da Neurose após minuciosa análise de seus pacientes, acerca de bloqueios mentais, dificuldades de relacionamentos, padrões de defesa e ansiedade desde a infância.
Desse modo, o ambiente conflitante direciona-se a mente inconsciente, resultando em desconforto, ansiedade e insegurança, que compõem o chamado “self inseguro”.
Psicologia feminista segundo Karen Horney
Como dito, Horney foi precursora da psicologia feministas, mapeando as tendências comportamentais femininas, sobremaneira sob os homens. Uma das primeiras mulheres psiquiatras da época, publicou 14 obras sobre o assunto, entre 1922 e 1937, agrupadas posteriormente em um único volume, como título “Feminine Psychology (Psicologia Feminina)”.
Karen Horney, ao redor do mundo, difundiu esta teoria, com a luta, principalmente, contra o masoquismo feminino (livro: “The Problem of Feminine Masochism”). Tendo em vista que naquele tempo mulheres eram dependentes dos homens em diversos aspectos, como para ter amor, riqueza, prestígio e proteção.
Com publicação de outras obras nesse sentido, mostrou como as mulheres eram desvalorizadas, chegando a comparar a relação entre cônjuges como de pais e filhos. Que poderiam resultar em neuroses.
Livros de Karen Horney
Contudo, Karen Horney, tornou-se uma notável psicanalista e foi autora de diversos livros, que contribuíram imensamente para Psicanálise, sendo os principais:
- “Feminine Psychology” (1922–1937);
- “The Neurotic Personality of our Time” (1937);
- “New Ways in Psychoanalysis” (1939);
- “Self-analysis” (1942);
- “Our Inner Conflicts” (1945);
- “Are You Considering Psychoanalysis?” (1946);
- “Neurosis and Human Growth” (1950);
- “The Collected Works of Karen Horney” (1950).
Portanto, as teorias da psicanalista Karen Horney foram inovadoras, indo contra às teorias conservadoras da época. Assim, ela se destacou por sua luta pelas mulheres, principalmente no combate ao machismo que imperava naquela cultura. Em resultado, ela conseguiu uma notável posição na sociedade, marcando época, conhecida até a atualidade.
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