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A maldade e o ser humano

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Vamos falar sobre a maldade e o ser humano.

O ser humano nasce mau ou bom?

A noção de que a maldade é determinada exclusivamente por fatores genéticos é bastante simplista e não reflete a complexidade do comportamento humano.

O comportamento humano é influenciado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, incluindo experiências de vida, educação, ambiente social, traumas e outros. Não existe um único gene que determine a tendência de uma pessoa para agir de forma “má” ou maliciosa.

Estudos têm demonstrado que traços de personalidade, como a tendência a ser mais agressivo ou impulsivo, pode ter uma base genética parcial. No entanto, é importante ressaltar que esses traços não são determinantes e interagem de maneira complexa com o ambiente. A medicina atual considera que o comportamento humano é o resultado de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais, e não pode ser reduzido a um único gene ou variante genética.

Os genes MAOA e CDH13 – Neurociência

Os genes MAOA (monoamina oxidase A) e CDH13 (caderina 13) têm sido objeto de estudo em pesquisas que exploram a possível relação entre genética e comportamento humano, especialmente em relação a comportamentos agressivos e antissociais.

No entanto, é importante enfatizar que a presença desses genes não é determinante para a manifestação de comportamentos negativos ou maldosos.

O gene MAOA é responsável pela produção de uma enzima chamada MAO-A, que desempenha um papel na regulação de neurotransmissores, como a serotonina, dopamina e norepinefrina.

A maldade e o comportamento agressivo

Estudos têm sugerido que variações no gene MAOA podem estar associadas a diferenças individuais na resposta ao estresse e na modulação do comportamento agressivo (Caspi et al., 2002; Frazzetto et al., 2007). No entanto, é importante ressaltar que essas associações são complexas e influenciadas por uma variedade de fatores genéticos e ambientais.

O gene CDH13 codifica uma proteína envolvida na adesão celular e na formação de conexões sinápticas no cérebro. Algumas pesquisas sugerem que variantes genéticas no CDH13 podem estar relacionadas a traços de personalidade como impulsividade, tendência a comportamento antissociais e risco aumentado para transtornos psiquiátricos, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e esquizofrenia (Liu et al., 2010 ; Lesch et al., 2013).

No entanto, é importante destacar que essas associações ainda estão em fase de estudo e que pesquisas adicionais são necessárias para uma compreensão mais completa.

Educação e maldade

A genética não é o único fator determinante do comportamento humano, o ambiente, a educação, as experiências de vida e outros fatores desempenham papéis igualmente importantes na manifestação de comportamento (Moffitt et al., 2005; Belsky et al., 2009).

Além disso, é importante lembrar que a grande maioria das pessoas com variantes genéticas relacionadas a esses genes não apresenta comportamentos maldosos ou agressivos.

Conceitos filosóficos de Hobbes e Rousseau

Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau adotaram perspectivas contrastantes sobre a maldade humana em suas obras filosóficas. Hobbes, em sua obra “Leviatã”, sustentava a visão de que os seres humanos são inerentemente egoístas e movidos por um desejo de poder.

Ele acreditava que, em seu estado natural, os indivíduos competiriam entre si por recursos escassos, o que resultaria em uma condição de guerra de todos contra todos.

Hobbes argumentava que a sociedade humana precisava de um contrato social e de um governo forte para manter a ordem e evitar o caos. Ele defendeu um governo centralizado e autoritário, argumentando que a maldade e a violência poderiam ser contidas por meio do medo do castigo e da imposição de leis e regras.

O contrato social

Por outro lado, Rousseau, em sua obra “O Contrato Social”, tinha uma visão mais otimista sobre a natureza humana em seu estado natural. Ele acreditava que os seres humanos são essencialmente bons, mas são incompatíveis pela sociedade e pelas instituições que os cercam.

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    Rousseau argumentava que a desigualdade social e a propriedade privada levavam ao regime da maldade e da competição. Ele defende a ideia de um contrato social baseado na vontade geral, onde os indivíduos renunciariam a seus interesses pessoais em prol do bem comum.

    Rousseau acreditava que uma sociedade justa e igualitária poderia permitir que a bondade inata dos seres humanos se manifestasse plenamente. Em resumo, Hobbes sustentava que a maldade humana era inerente e defendia a necessidade de um governo forte para controlar os impulsos egoístas dos indivíduos.

    Uma consequência da sociedade

    Por outro lado, Rousseau acreditava que a maldade era uma consequência da sociedade e apresentava uma visão mais otimista sobre a natureza humana, destacando a importância da justiça e da igualdade social para reduzir a corrupção e permitir o desenvolvimento dos instintos naturais de defesa dos seres humanos.

    A Psicanálise e sua interpretação da maldade humana

    De acordo com a psicanálise, a compreensão da maldade no ser humano envolve uma interação complexa entre os impulsos instintivos, o desenvolvimento psicossexual e as influências do ambiente e da cultura.

    Sigmund Freud, disse que a personalidade humana é composta por três componentes principais: o id, o ego e o superego. O id representa os impulsos instintivos e primitivos, buscando a satisfação imediata das necessidades básicas e dos desejos.

    O superego, por sua vez, representa a internalização das regras morais e sociais, buscando a obediência aos padrões e valores da sociedade. O ego age como mediador entre o id e o superego, buscando equilibrar as demandas do indivíduo e as exigências sociais.

    Perspectiva psicanalítica

    Na perspectiva psicanalítica, a maldade pode surgir quando há um desequilíbrio ou conflito entre essas três instâncias da personalidade. Por exemplo, quando os impulsos primitivos do id são dominantes e não são controlados pelo ego, podem ocorrer comportamentos agressivos e destrutivos.

    Além disso, a psicanálise enfatiza a importância das experiências infantis, especialmente as primeiras relações e a formação do complexo de Édipo, na experiência do desenvolvimento da personalidade e do comportamento humano.

    Traumas durante a infância podem levar a conflitos não resolvidos e uma predisposição para comportamentos negativos e maldosos na vida adulta. É importante ressaltar que a psicanálise reconhece a complexidade do comportamento humano e não busca reduzir a maldade a uma explicação simplista, muito pelo contrário, ela enfatiza a necessidade de uma compreensão profunda do indivíduo e de suas experiências individuais para entender a manifestação da maldade no ser humano.

    Conclusão

    Portanto, em linhas psicanalíticas se um indivíduo que possui um potencial para se tornar um assassino receber uma educação em um ambiente saudável, com relacionamentos afetivos, apoio emocional e a oportunidade de desenvolver habilidades de resolução de conflitos, é possível que ele seja capaz de lidar com suas emoções de forma mais adaptativa, assertiva e não manifeste a violência como forma de expressão.

    Este artigo sobre a maldade no ser humano foi escrito por Viviane Rodrigues (instagram profissional: vivipsica_analise), professora há mais de dezoito anos e a vida toda intrigada pela mente humana; é especialista em neuropsicologia e atualmente se profissionalizando em Psicanálise.

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