Você já precisou lidar com alguém que parece ter a mania de mentir? A mentira não é uma característica que gostamos ou queremos aceitar em nossos relacionamentos, então conviver com alguém assim realmente é muito desafiador.
No entanto, existe um abismo entre ser uma pessoa que mente e ser uma pessoa que tem a mania de mentir. Neste artigo explicamos a diferença, abordamos as causas da mentira compulsiva e discutimos como lidar com pessoas que apresentam o problema. Confira!
O que é mania de mentir? Isso pode ser considerado uma doença?
Mentir uma vez ou outra não é bonito, mas precisamos admitir que acontece com todo mundo.
Por exemplo, você pode falar uma coisa e pensar outra ao elogiar o corte de cabelo da sua chefe. Na verdade, você achou que ficou ridículo, mas precisou deixar a sinceridade de lado pelo bem do convívio entre vocês e, obviamente, para manter o seu emprego.
Ser uma pessoa que mente ocasionalmente não é a mesma coisa que ser uma pessoa com mania de mentir.
A diferença está em uma palavra muito conhecida: mania. Um comportamento maníaco é aquele cuja execução se repete com muita frequência, compulsivamente. Ademais, esse mesmo comportamento é nocivo para o indivíduo, pois lhe traz uma série de consequências indesejáveis.
A diferença entre ser uma pessoa que mente ocasionalmente e uma pessoa que mente compulsivamente é que a segunda é doente.
Entenda um pouco mais sobre a mitomania (ou doença da mentira patológica)
O nome da doença “mania de mentir” é mitomania, mas a doença também é conhecida como pseudologia fantástica.
Trata-se, basicamente, da tendência incontrolável de mentir no dia a dia.
Nesse caso, mentir é um ato compulsivo que pode se manifestar tanto nos momentos em que o indivíduo conta histórias absurdas quanto naqueles em que ele conta pequenas mentiras.
Características do mitômano
As pessoas que têm mania de mentir compartilham algumas características. Confira algumas delas abaixo!
1 – Histórias mirabolantes contém um “fundo de verdade”
Nem toda história que o mitômano conta é completamente falsa. Na verdade, o comum é que as histórias tenham um pé na realidade, mas sejam contadas de forma exagerada por alguma razão.
2 – Em suas mentiras mais elaboradas, o mentiroso quase sempre assume o papel de herói
Uma das razões pelas quais um mitômano pode exagerar suas histórias é para que ele assuma traços de um herói. Ou seja, o objetivo de mentir é ganhar a admiração de quem escuta a narrativa.
3 – As mentiras não têm como objetivo obter recompensas ou vantagens
Entenda que quando uma pessoa doente mente ela mente porque não consegue parar. Isso significa que ela não faz necessariamente por um desvio de caráter como é o caso de alguém com uma ambição desmedida.
Trata-se de uma compulsão.
4 – As mesmas mentiras costumam ser narradas em momentos diferentes por muito tempo, isto é, se repetem
As narrativas que a pessoa conta são crônicas, isto é de longa duração. Provavelmente ela contará a mesma história em vários momentos distintos, de acordo com o seu objetivo.
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Confira as 5 causas da mania de mentir que são mais comuns
Curioso sobre como alguém acaba com a mania de mentir? Abaixo indicamos 5 causas geralmente identificadas na história de alguém com mitomania.
1 – Histórico traumático
Uma história triste é algo de que nem sempre temos muito orgulho. Enquanto algumas pessoas usam as próprias dificuldades como um trampolim, outras julgam que suas origens são horríveis demais para qualquer um escutar.
Por isso, a mentira é a maneira mais fácil que o mitômano encontra para fugir de sua realidade.
2 – Baixa autoestima
Outro motivo que desperta em uma pessoa a mania de mentir é a falta de apreço e admiração por si mesma. Há um desconforto tão grande com quem se é que a alternativa mais viável é construir uma identidade alternativa mais aceitável.
Essa identidade mentirosa surge tanto com o objetivo de obter a aceitação de um grupo quanto para conseguir um pouco de autoaceitação.
3 – Existência de um mitômano na família
Um caso de pessoa mitômana em uma família pode ser uma prerrogativa para que outras pessoas desenvolvam o mesmo problema. Não é o caso que seja possível ensinar a mania de mentir. No entanto, é possível transmitir a um familiar ou cônjuge os seus mecanismos de defesa na vida.
4 – Transtorno de Personalidade Antissocial
O Transtorno de Personalidade Antissocial também é conhecido como “sociopatia”. Ele se define como o descaso com consequências e direitos dos outros.
Além de manipuladoras, impulsivas e até mesmo violentas, as pessoas que sofrem do Transtorno de Personalidade Antissocial também apresentam a mania de mentir.
Nesse contexto, elas mentem para conseguir o que desejam e sem remorso, pois não são indivíduos empáticos.
5 – Transtorno de Personalidade Borderline
Por fim, uma causa possível para o desenvolvimento da mitomania é o Transtorno de Personalidade Borderline. Trata-se de um padrão generalizado em que uma pessoa apresenta instabilidade e hipersensibilidade na vida e em seus relacionamentos.
A mania de mentir está presente em pessoas com Borderline porque a mentira é uma ferramenta de manipulação.
Especialmente nesse caso, não é incomum encontrar casos em que a pessoa começa a acreditar nas próprias mentiras.
Existe um tratamento para a mania de mentir?
Sim, existe um tratamento para o hábito de mentir.
A melhor alternativa para o mitômano é se submeter a sessões de psicoterapia, sendo elas com um psicólogo e/ou um psicanalista.
Destacamos que, no caso da psicanálise, busca-se a “cura pela palavra” a partir de conversas em que o indivíduo mergulhará em seu passado e dentro de si mesmo para encontrar as motivações que colaboram com essa mania de mentir.
Assim sendo, os terapeutas poderão trabalhar especificamente com as crenças, lembranças e ideias que suportam a doença.
Nos casos mais graves, um psiquiatra deverá receitar psicofarmacológicos a fim de controlar e amenizar os sintomas.
Por fim, como lidar com alguém que mente compulsivamente?
Um primeiro direcionamento é aprender a identificar quando se trata de um problema patológico. Ou seja, quando se está diante de alguém com uma doença.
Nesse caso, o mais interessante a fazer é indicar o tratamento ao mesmo tempo em que estratégias são criadas para que o relacionamento não se destrua por causa das mentiras.
É possível terminar um namoro e um casamento. Contudo, será que você poderia cortar de vez os laços com um filho, um pai ou um irmão sabendo que o problema é psicológico?
Ademais, entre as estratégias você pode incluir, não descarte as terapias familiares, em que todos aprendem juntos como lidar com o problema.
Considerações finais sobre a mania de mentir
Neste artigo, falamos profundamente sobre o que é a mania de mentir. A mitomania é uma doença grave e que destrói não só a vida de quem mente. Ela pode deixar marcas graves nos relacionamentos que essa pessoa construiu ao longo de sua vida.
Porque há relacionamentos que são mais valiosos que outros, é importante querer saber como lidar com mentirosos. Dessa forma, é possível manter a relação com uma pessoa a uma distância segura das mentiras que ela conta.
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One thought on “Mania de mentir: como lidar com pessoas assim”
Minha tia chamava de “mente fantasiosa”: uma das minhas cunhadas, para inflar o ego de ser “conhecida” passou o maior mico ao dizer ao marceneiro que o conhecia e, como dizem hoje: “como se fossem amigos de infância” e ele nem a conhecia! Minha mãe ficou, digamos, “tranquilizada”, porque a nora “dava a entender” ter namorado muito! Na realidade a estratégia dela, deveria ser “causar” (ciúmes ao meu irmão)! Já uma colega de trabalho, como ela mesma reconhecia: formação em Assistência Social, mesmo assim, não tenha servido para ela “se entender”! Quando ela disse, numa “alegria não convincente” que iria viajar para visitar o filho, que ele estava em época de muitas provas, assim ela cuzinharia para ele! Graças ao Google e até pela natureza do setor em que trabalhávamos, soube que ela viajou para formatura do filho, que teve até destaque no curso e atuava com êxito, mesmo que acadêmico, até então! Como sou de origem humilde, sei que muitas mães e pais, se realizam a cada etapa vivida pelos filhos! Como minha mãe, mesmo sendo inteligente e bem educada, passou pela mágoa da filha Não apresenta-la nas graduações (formatura de nível médio e superior) aos colegas formandos! Felizmente, fui aluno premiado no então segundo grau e nas formaturas (depois na Faculdade), ela conheceu meus colegas. Deu de perceber, lógico, a gratidão dela por sentir-se inserida nas minhas formaturas! Tenho aquela máxima: quem se compara, não progride! E fico contente, em perceber, sobrinhos sendo acadêmicos e futuros colegas, meu, quer no bacharelado ou na licenciatura (ainda que numa área, apenas, de atuação. Sei da dificuldade de aprendizagem do sobrinho)!