Hoje entenderemos sobre o medo da rejeição em mulheres. Podemos dizer que todos, uns mais outros menos já experimentaram o sentimento de rejeição ao longo da vida. Seja na primeira infância, adolescência ou na vida adulta.
Essa experiência pode ter sido vivida em relação a uma amizade, uma relação amorosa ou dentro da própria família.
O medo da rejeição em mulheres
O medo de rejeição funciona como um bloqueio para que o indivíduo desenvolva relações saudáveis. Pode inclusive usar este medo como mecanismo para se sabotar. É como se o sujeito pensasse “melhor eu desistir, partir, encerrar antes que eu seja rejeitado”.
O medo da rejeição está diretamente ligado a idealização dos nossos pais sobre nós. Medo de não ser aprovada, escolhida, se não ser reconhecida. Sigmund Freud diz que em um primeiro momento os pais não amam seus filhos, eles amam sua própria imagem idealizada e projetada em seus filhos.
O ser humano ao nascer não é nada, não é ninguém, é apenas um organismo. Então, os pais vão amar a própria imagem em seus filhos. Uma versão melhorada, corrigida e idealizada de si mesmo. Eles vão construir uma imagem a partir das próprias histórias, erros e frustrações, uma versão melhorada deles próprios.
O medo da rejeição em mulheres e as idealizações
Existem famílias que mesmo na vida adulta exigem que seus filhos sejam suas idealizações. E os filhos, por se sentirem em dívida, em eterna gratidão, vivem para seus pais, mesmo que de forma inconsciente.
Com isso, vem também os desejos não realizados, as limitações, as frustrações e exigências. Não à toa que, quem faz terapia sempre chega no ponto de que muito da vida adulta, é criança interior tentando ser a versão idealizada dos pais.
Os pais vão construindo e idealizando toda uma “fantasia” para aquele organismo que chegou. Aprendemos a amar, sendo amados. E é porque em algum momento alguém nos amou, mesmo que mal, é que aprendemos a amar, mesmo que de forma errada.
Ana Suy
Ana Suy fala que nossa primeira tarefa ao nascer é receber amor de outro, para que depois nos entendamos com o lugar de objeto amado pelo outro e aí passamos a amar também. O lugar que ocupamos de objeto mais ou menos amado do outro, servirá como direcionamento para escolhas adultas, que são sempre carregadas de restos da infância.
O apego que temos a essa versão idealizada de nós, é o que aumenta ainda mais a dor de ser rejeitado. Por isso, que quando a realidade não se apresenta da forma que esperava, o indivíduo se sente infeliz com o que é. Se rejeitando.
É importante observar que o indivíduo muitas vezes se adapta a idealização para que sejam reconhecidos, deixando de mostrar partes que foram oprimidas.
Um padrão de comportamento
No caso das mulheres, vemos o esperado padrão, mulher comportada, que não dê muito trabalho, fale baixo, seja obediente. Muitas mulheres passam a vida dizendo “sempre fui muito tímida”, na verdade mulheres são caladas. Mulheres além de serem julgadas a todo momento, se cobram, existe a autocrítica, dando lugar.
Uma confusão interna gigante. E, a partir daí, surge as neuroses, ansiedade, fobia social, sintomas, envolvimento em relacionamentos abusivos, dificuldade em se relacionar e expressar de forma clara e objetiva seus limites. As dificuldades aparecem, por estarem escondendo seus desejos reais, evitando até mesmo de olhar para eles.
É difícil abrir mão dessa vestimenta idealizada a nós, porque a partir do momento que abrimos mão dela, não estamos apenas nos tirando desse lugar mas também vem o medo de perder amor, reconhecimento, carinho, aprovação, a imagem ideal do que “queríamos” ser a partir do olhar do outro, mas também passamos a destituir os pais dessa posição de “sempre certos ou donos da verdade”.
Uma versão corrigida
Inclusive, existem pessoas que nunca conseguem sair desse lugar em proteção a imagem dos pais ideais. Mesmo que inconscientes vivem em função dos pais, tentando ser essa versão corrigida. E aí, é se vive um eterno ciclo de frustrações.
Por este motivo, quem não suporta perder também não suporta o amor. Porque se você não aprende a perder a falta, o ideal, a aprovação alheia, você não se permite ver o mundo. É preciso sair dessa idealização, perder coisas e assim passar a ter o nosso desejo.
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Somente a partir dessa perda, somos jogados ao mundo. Por isso, em psicanálise, a falta é causa de desejo. É preciso entender que o indivíduo não será completo com seus pais, não é preciso ser a versão corrigida nem deles e nem de ninguém, pois cada um tem uma história de vida, circunstâncias e experiências, traumas, sentimentos e desejos únicos. E, somente mergulhando em nossas sombras, seremos livres.
O medo da rejeição em mulheres e o autoconhecimento
Entendendo que autoconhecimento não é algo divertido, leve, é doloroso enxergar as próprias sombras, aceitar e entender que temos defeitos e, que temos responsabilidade também sobre cada uma de nossas dores e perceber que o próprio sofrimento esse que você reclama e repete tem sua participação.
É preciso ser adulto, ter disposição de bancar os próprios desejos. Que deseja se libertar do medo da rejeição não pode fugir do mergulho em si. É preciso ir o mais fundo de si, sustentando as consequências de ver tudo o que há, mesmo o que sentimos medo ou vergonha.
É preciso reconhecer que temos partes que não gostaríamos, partes feias, mas que formam quem somos. Manter uma imagem ideal custa caro demais. É preciso de reconhecer. Com o medo ou pavor da rejeição o indivíduo se cerca de muitas proteções, não sendo possível se mexer em sua própria vida, sumindo de si.
O psiquismo
Meninas desde muito pequenas são ensinadas a manter uma postura comportada, limpa, penteada, bem arrumada e isso limita. Limita a criança de ser criança, correr, se sujar, cair, ser criativa, encontrar soluções, brincando e aprendendo. E quem perde a habilidade criativa dificilmente dará conta da vida.
Não é difícil vermos mulheres querendo reconquistar o outro a todo custo, inclusive a custo de seu amor próprio. Um psiquismo bem resolvido é capaz de ser espontâneo e criativo. Para que o indivíduo consiga lidar com lutos, perdas, términos e frustrações ele precisa ter a capacidade de se reinventar, criar novas formas de lidar com a realidade que é apresentada.
Freud em sua teoria psicanalítica já fazia essa observação sobre a interferência dos cuidados básicos e essenciais e das primeiras relações de bebês, com seu desenvolvimento psicoafetivo. E, de fato, podemos dizer que os efeitos causados pela rejeição e abandono na primeira infância podem ser destruidores.
Conclusão sobre o medo da rejeição em mulheres
A vida social e emocional se inicia a partir dos primeiros meses de vida, com a formação de vínculos, a partir do momento que há rejeição, podemos imaginar o grande estrago que esta falta pode gerar.
Quando desconstruímos a fantasia de nossos pais sobre nós é o momento em que a castração acontece, é o momento que conhecemos a solidão, o desamparo. Entender que somos indivíduos e que pai, mãe ou relacionamentos não nos completam.
Momento de entender quem somos, tomamos as rédeas de nossas vidas e bancarmos nossos desejos. O pavor de ser rejeitado não é seu medo do outro não te querer, é seu medo de olhar para si.
Este artigo sobre o medo da rejeição em mulheres foi escrito por Pamella Gualter(pamellagualterleite2017@gmail.