filme a single man

Filme A Single Man: uma reflexão sobre por que lembramos

Posted on Posted in Cinema, Filmes e Séries

Hoje entenderemos sobre o filme a single man. Para ilustrar tal fundamental e humana indagação sobre a psique humana – por que lembramos? – evoca-se a sétima arte, mais precisamente o filme A Single Man.

Entendendo o filme a single man

Este filme retrata o amor perdido por parte do protagonista, interpretado por Colin Firth, com mestria e sapiência interpretativa, neste filme debut de Tom Ford que traz consigo o esmero típico de um estilista, com atenção aos detalhes, nuances, fotografia, luzes, ambiência e, claro, figurino.

Em suma, o protagonista passa a ter flashbacks do tempo com o seu finado amante, que um infortúnio, uma desdita, desabridamente o tirou de seu caminho para sempre.

A ruptura na vida por vezes deixa máculas eternas e a psicanálise, ao reconhecer a importância do luto, tem voz e amparo disponível ao analisando, mas também ensina que a vida é aprender a morrer, a perder, resignar-se, deparar-se de forma adulta com os óbices e revezes, opróbrios e ocasos.

A admiração e o desejo no filme a single man

A cena desditosa se passa num rush, como são os flashbacks que acometem o professor de literatura, sempre a citar Aldous Huxley e a buscar sem sucesso um substituto para sua admiração e desejo, mesclando gêneros, tons e matizes, bem como visões, esportes, cenas sunset e belezas humanas e do olhar.

A figura de sua confidente, belamente interpretada por Juliane Moore, dá um desafogo e respiro ao tom reinante de melancolia e desesperança que permeia o filme.

Seja dançando ao som de música peculiar a ambos e ao passado de ambos, seja rememorando o porquê da não união entre eles. Uma constatação do devir e do irrefreável passar do tempo, algo a que nos cabe apenas assentir e respeitar, dada sua incontornabilidade.

Compreensões complexas

Como se sabe, o inexorável dá sabor e tempero à vida, este espectro da realidade que pulsa e passa e nos permite respirar e que está sempre a se evadir de compreensões completas ou exaustivas. Um feixe de luz em meio à penumbra e à incompreensão, que traz eternidades em sua finitude, ao menos ao nosso olhar findo.

Ela decerto continua – e malgrado não se sensibilizar conosco e com nosso observar do trem a passar rumo à escuridão, é tolerante e atenciosa, guarnecendo-nos com raios solares, momentos insondáveis e instantes afáveis. Ela é eterna e farta, abundante, irrestrita.

Acolhe a todos que habitam este lar terrestre e alhures, como se tem observado, ao menos no âmbito molecular.

Flashbacks da vizinhança

Voltando ao filme em apreço, este dialoga com as memórias, turvas, porém memórias, que se avultam e afligem e confortam, tudo em um frenesi (in)constante, com atravessamentos, do inconsciente, que nos tomam a reboque como no caso do literato professor, sentimental e sofrido de sua irreparável, ao que consta, perda.

Busca em vão por formas de amenizar tal dor. Tem flashbacks da vizinhança, vê a beleza da vida em seu absurdo, no voo interrompido de uma borboleta, frágil que só, sendo esmagada por mãos infantes.

Tem um sôfrego momento de esperança com um simulacro do que vivera, à beira-mar, desvanece-se em entorpecimento etílico, evoca, rememora, mas não dá cabo à vivência que esperara e estimara.

A psicanálise no filme a single man

Outro momento abrupto o toma e dá-se fim à busca de maneira tão incompreensível quanto o início desta. Traz, assim, o filme em questão, o imponderável a reger a vida, que nos escapa sempre, como bem ensinam a literatura, a filosofia e a psicanálise. O que não quer dizer que não valha a pena. Vale, e muito.

E tal testemunho vindo da sétima arte, como sói acontecer, apenas valida a eternidade do instante, a infinitude do desejo e o respirar além da vida do ser desejante e do ser desejado. A impermanência ganha contornos claros e inequívocos e desampara amparando. Uma contradição vital que mostra sua densidade e imperscrutabilidade.

Tarefa para iniciados sondá-la e desafiá-la a contar seus segredos. Decifra-me ou te devoro. E assim, se faz, desde tempos insondáveis, remotos, priscas eras. E assim se continuará a fazer, dando sabor e sentido de urgência ao ato de estar vivo, algo que acaba por fomentar seu valor e fascínio perante seus súditos, seres viventes, parte do ecossistema global e cósmico, permeado de vazios, poucos cheios, luz e colisões que nos fogem à compreensão.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    O cosmos e o inconsciente

    Destarte, o filme toca a psicanálise e o mistério que rege o cosmos e o inconsciente, interligados, como tudo o que há.

    E, por isso, instigante e estimulante, bem como a sétima arte, o cinema, sempre a nos ensinar e lembrar que nada está sob controle e que aceitar isso é o primeiro passo para se ter uma vida fruível e não alienada, seja de si, seja da compreensão mínima da vida. Assim, resta-nos abraçar este estado à deriva e dele fazer algo, ou do buraco, da lacuna, do desconhecido, gerar, agir, fazer, sublimar, viver.

    Nesse encontro de cosmos e inconsciente, nostalgias e futuros, tentativas e revezes, psicologia e filosofia, sinapses e rupturas, se faz a vida e a maravilha do conhecimento, a aventura deste, o estar no mundo, dasein, e o porvir, tão instigante quanto a própria vida.

    Este artigo sobre o filme A Single Man e nossas lembranças foi escrito por Luís Freitas (instagram: @luis2049edu); curto motos e viagens.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *