A maternidade não é um desejo natural a todas as mulheres, de modo que muitas evitam-na a todo custo. Isto porque a percepção que as mesmas nutrem sobre o evento faz com que se sintam pressionadas sobre essa realidade. Vamos entender melhor como o medo de engravidar é construído com a ajuda da Psicanálise.
Transição
A gravidez é o momento de passagem em que uma mulher abandona seu posto independente rumo a uma vida de responsabilidades. Entretanto, a mudança ocorre de forma sistêmica, de forma a moldar sua perspectiva quanto ao desenvolvimento. Por isso, acaba alimentando uma ansiedade sobre o seu futuro posto desconhecido.
O seu corpo muda, de forma a contrariar sua antiga vontade sobre ele. Isto porque o mesmo está se adequando e encontra novos limites, algo ignorado pela maioria das gestantes. Além disso, as mudanças também afetam diretamente sua mente e vida social.
Em suma, a gravidez carrega um manto de instabilidade e mudanças às quais muitas não estão preparadas.
O medo de engravidar parte do receio em abandonar o papel mais básico de ser filha e esposa. Não é apenas a mulher, mas agora também há outra vida dependente dela. Ademais, a depender da percepção que se construiu durante a vida, tal notícia é recebida com pesar. Com isso, relembra e alimenta uma relação de amor e ódio.
O medo da gravidez
O medo de engravidar pode se originar diretamente da relação interdependente entre mãe e filho. Isto porque, após o parto, as mulheres devem pensar primeiramente nos filhos antes delas mesmas. Embora muitas mulheres neguem, essa dinâmica é limitante e inicialmente bastante cansativa.
Olhando isso de forma mais profunda, ooder ser que haja um reflexo da relação conflituosa que a mulher pode ter tido com a mãe. Olhar para o filho faria com que essa mulher recuperasse a memória e a experiência com a sua matriz genética. A fim de evitar tocar nesse campo, muitas podem renegar a pressão externa para que engravidem.
Sem contar que a maternidade é um campo vasto, imprevisível e desgastante. Pois trata-se de uma etapa gigantesca assim que acontece, e muitas mulheres se veem envoltas unicamente nisso. Além do mais, outras, em condições diferentes, tentam se espelharem sob a perspectiva dessa mãe a fim de ponderar a situação. Assim, olham unicamente os empecilhos e rejeitam a ideia.
O Amor e o ódio
Como dito linhas acima, cada mulher tem uma percepção diferente da gravidez. A sua construção de vida reflete diretamente sobre sua reação ao pensar em gestação. De modo que medo de engravidar abre diretamente as portas da relação que essa mulher nutria com a própria mãe.
Quando pequenas, as garotas são extremamente dependentes da companhia materna para se desenvolverem. À medida em que crescem, acabam descobrindo o mundo por conta própria e descobrem suas tendências. Contudo, a vigilância materna pode intervir em alguns avanços e limitar a experiência existencial da garota. Com isso, nasce a raiva.
A ideia de pensar em engravidar pode remeter para algumas o período da própria infância. Ao olhar para o rosto do próprio filho, imaginam que enxergariam a si mesmas limitadas, confusas e raivosas. Por isso que a influência materna na primeira infância pode trabalhar diretamente na construção de perspectivas mais liberais e sadias.
O lado negativo da dependência infantil
Acima foi mencionado que o medo de engravidar remete diretamente a interação infantil dessa mulher com a mãe. De forma inconsciente, a garota passa a avaliar como tudo em sua vida se origina por causa de sua matriarca. Ao fim, a dependência para ela é reguladora, pois causa:
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Temerosidade
Por causa da diferença entre força, tamanho e inteligência, uma criança pode temer sua própria mãe inconscientemente. Compreendendo o Complexo de Electra, aqui, a mesma rivaliza a atenção do pai com a mãe e passa a se afastar dela. Entretanto, se sente incapaz de competir, já que é muito menor que a sua matriarca.
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Inveja
Parte do temor acaba evoluindo para uma admiração e consequente inveja da sua mãe. Isso porque ela pode exercer algum controle sobre a criança, moldando ela ao seu bel prazer. Assim, a garota entende o brincar de boneca como uma conexão com sua figura materna. Aqui, ela se afasta do pai e tem liberdade para repetir o que sua mãe faz.
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Ódio
A sensação de ódio pode surgir pois, aos poucos, a menina descobre como o mundo pode ser limitante para ela. Com isso, pode acabar culpando a sua mãe por seu status limitado e sem a mesma atenção que um menino. Se não for assistida adequadamente em seu desenvolvimento, esse ódio pode permanecer e aflorar.
O lado positivo da dependência infantil
Talvez o medo de engravidar acabe selando e abstraindo o lado bom desse contato. Claro que a gravidez e maternidade são complicadas, mas o esforço entregue é devolvido com bastante rapidez. Cada contato entre mãe e filho é bastante intenso, transformador e único. Tudo isso acaba alimentado:
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Amor
Não há nada mais bonito do que o amor honesto de um filho pela própria mãe. A figura materna se torna o seu primeiro referencial de um bom relacionamento, algo que é lembrado pelo resto da vida. Com isso, sempre que a criança encontra sua mãe, ouve-a, sente e inspira, acaba devolvendo o carinho de forma mais sincera.
Intimidade
Um bebê reconhece sua mãe, assim como ela a ele. Isso acaba por sendo fruto de um relacionamento tão íntimo que acaba por se tornar empático. Um consegue sentir as impressões que o outro emana e compreender rapidamente o que se passa. Tornam-se grandes amigos, mesmo que não possam conversar verbalmente.
Afeição
Eles têm facilidade de se amarem, verem e reconhecerem a importância um do outro na própria vida. A companhia se torna agradável, de modo que seja o momento de paz para ambos.
Comentários finais sobre o medo de engravidar
O medo de engravidar remete inicialmente a uma ideia de limitação na vida das mulheres. Muitas não acreditam estarem prontas para se dedicarem à maternidade em qualquer fase de suas vidas. Além do que um bebê implica em cuidados contínuos e dada a cultura que vivemos, acreditam que cuidarão dele sozinhas.
Cabe ressaltar que o texto não possui finalidade punitiva em relação às mulheres que não desejam a experiência da maternidade. O propósito é explicar de forma mais analítica os motivos de uma criança não ser um objeto bem-vindo na vida delas. Afinal, a escolha é unicamente da própria mulher.
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