Entenda sobre a mente e cérebro. “Minha mente controla meus pensamentos… Mas meu cérebro, minha mente…” A atividade da mente acontece fisicamente no cérebro e grande parte da psicologia está voltada para nossa forma de pensar e de nos comportar.
Uma ramificação da psicologia surgiu no século XX, a qual estuda a conexão entre os aspectos biológicos de nosso cérebro e nosso comportamento.
Mente e cérebro: nossa mente é separada do nosso corpo?
Até o desenvolvimento da neurociência, a maioria das pessoas pensava na mente como algo separado do corpo. Essa ideia surgiu originalmente entre os antigos filósofos gregos, e mesmo com o advento da ciência e da medicina, continuou presente nos escritos do filósofo do século XVII René Descartes.
Os filósofos da Grécia Antiga acreditavam que a mente era uma espécie de “alma”, capaz de pensar, enquanto o cérebro era algo puramente físico, servindo apenas para receber informações por meio dos sentidos.
Pouco se sabia a respeito do funcionamento do cérebro quando a psicologia despontou como ciência, e muitos dos primeiros psicólogos tinham formação filosófica.
Diferenças entre mente e cérebro
Consequentemente a psicologia, por muito tempo, foi a ciência da mente e do comportamento, bastante separada da neurociência o estudo biológico do cérebro. Até hoje alguns psicólogos acreditam que a constituição física de nosso cérebro é prática irrelevante para compreender nossa forma de pensar e de nos comportar, explicando tudo em termos da mente.
Um defensor dessa visão é o cientista cognitivo americano Jerry Fodor. Na década de 1980, Fodor afirmou que a mente é feita de diferentes partes, ou “módulos”, cada uma com uma função própria, como acessar memórias ou articular a falar.
Essa ideia não era totalmente nova: um século antes, uma pseudociência chamada frenologia dividia a mente em 27 módulos especializados; cada um associado a uma área do cérebro. Na teoria modular de Fodor, contudo, as faculdades mentais não estão associadas com partes específicas do cérebro, e os módulos existem independentemente da estrutura cerebral.
O poder do cérebro
Avanços na neurociência permitiram que os cientistas estudassem a estrutura do sistema nervoso e observassem o que acontece quando diferentes partes do cérebro são danificadas. Como resultado, certas áreas tornaram-se associadas com faculdades mentais específicas.
A psicologia biológica a “abordagem do cérebro” surgiu para examinar a relação entre o funcionamento físico de nosso cérebro e nosso comportamento.
Com tecnologias avançadas nos permitem observar e medir a atividade cerebral. A eletroencefalografia (EEG), por exemplo, detecta sinais elétricos, e a ressonância magnética funcional mede o fluxo de sangue em diferentes partes do cérebro. Essas técnicas abriram caminho para que neurocientistas e psicólogos observassem que áreas do cérebro estão associadas a diferentes comportamentos.
Mente e cérebro: o que podemos aprender com as lesões cerebrais?
Em nosso cérebro a cada segundo, milhares de sinais estão sendo passados de neurônio para neurônio. Essa atividade eletroquímica acelera-se em diferentes áreas do cérebro, dependendo do que estamos fazendo ou pensando. Quando parte do cérebro é danificada, algumas funções mentais específicas são prejudicadas de forma reveladora.
Em meados do século XIX, o médico francês Paul Broca tinha um paciente cujo apelido era “Tan”, devido à sua incapacidade de falar qualquer outra palavra além de “tan”. Quando Tan morreu, Broca dissecou seu cérebro e descobriu que parte do lobo frontal estava deformada, concluindo que essa área deveria estar associada à fala.
Alguns anos mais tarde, Carl Wernicke verificou que uma lesão em outra região do cérebro prejudicaram a capacidade de compreensão da linguagem. Essas descobertas no estudo do cérebro marcaram um ponto de virada, pois os exames são de muita importância para cérebros lesionados. Isso porque revelam muitas coisas sobre sua estrutura e como ele se relaciona com nosso comportamento.
Santiago Ramón Y Cajal (1852- 1934)
Um dos pioneiros da neurociência, Santiago Ramón Y Cajal nasceu em Navarra, Espanha. Após uma infância e adolescência de rebeldia, Ramón Y Cajal foi estudar medicina na Universidade de Zaragoza, onde seu pai dava aulas de anatomia. Serviu no Exército como oficial médico e dedicou-se ao estudo da estrutura do sistema nervoso. Sua obra teve grande influência no desenvolvimento da psicologia biológica.
Ramón Y Cajal foi o primeiro a descrever as células nervosas conhecidas hoje como neurônios, chamado de “o pai da neurociência”, demonstrou como os neurônios se comunicam entre si e transmitiam informações para diversas partes do cérebro.
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Em 1906, o histologista espanhol ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia / Medicina, junto com Camilo Golgi por seu trabalho sobre as células do cérebro. Além de seu trabalho sobre a fisiologia do cérebro e do sistema nervoso, Ramón Y Cajal, interessava-se por assuntos que não podiam ser tão facilmente explicados pela ciência, como a hipnose, ele mesmo utilizou essa técnica para ajudar a esposa no trabalho de parto.
Ramón Y Cajal escreveu um livro sobre hipnose e paranormalidade que infelizmente se perdeu após sua morte, durante a Guerra Civil Espanhola.
Conclusão: sobre mente e cérebro
Diante disso, descobriram que nossa atividade cerebral é muito mais complexa do que se imaginava e que as funções de nossa mente não têm uma correspondência direta com áreas específicas do cérebro.
Certos padrões de atividade cerebral podem estar associados a diferentes estados mentais, pondo em xeque a ideia de que a mente é uma entidade totalmente isolada. Mesmo assim, os defensores da “abordagem do cérebro” ainda não conseguiram explicar por completo o motivo de todos os nossos comportamentos.
Este artigo sobre mente e cérebro foi escrito por Elisângela Ribeiro(elisangelaribeiro1577@gmail.