Hoje falaremos sobre o modo focado e a diferença em relação ao modo difuso de pensamento. Em uma partida de xadrez rápida em 2004, Magnus Carlsen, de 14 anos, estava desafiando a lenda do xadrez Garry Kasparov e um dos maiores jogadores de xadrez de todos os tempos. Continue a leitura e entenda mais.
Sobre o modo focado
O jogo estava terminando e o jovem colocou um certo grau de dificuldade em Kasparov. A certa altura, Magnus Carlsen simplesmente se levantou da cadeira e foi para outro jogo. É um pouco como dar cambalhotas em uma corda pelas Cataratas do Iguaçu. Ele fez isso não apenas para se envolver em uma batalha psicológica com seu oponente, talvez até involuntariamente.
Ele fez isso para aproveitar uma maneira de pensar que a neurociência descobriu. Nas últimas duas décadas, a neurociência fez avanços importantes na compreensão dos dois modos de pensamento do cérebro: o modo focado e o modo difuso. O modo focado é um modo de atenção mais concentrado, enquanto o modo difuso é um modo mais relaxado e latente.
Eles nunca se sobrepõem. Quando um é usado, o outro está sempre inativo ou inativo. O cérebro está sempre alternando entre essas duas formas de pensar. Vou explicar melhor as duas formas de pensar. O modo de foco é a maneira tradicional que aprendemos na escola: raciocinando a partir de uma perspectiva de resolução de problemas.
O modo focado e a concentração
Vamos a um exemplo prático: Resolver equações matemáticas requer concentração. O córtex pré-frontal é a área do cérebro que resolverá ativamente o problema, e a pessoa é obrigada a se concentrar e raciocinar até obter a resposta. Se você não conseguir uma resposta, não se preocupe, porque outra maneira de pensar ajudará. Acontece que enquanto o modo de foco está funcionando ativamente, o modo de desfoque está inativo.
Ele esteve lá em segundo plano, mas também já está raciocinando sobre isso. Mas até então as pessoas não percebiam isso. Acontece que quando deixamos de lado porque não conseguimos consertar, por exemplo, vamos ao banho, damos uma volta, damos uma pausa. Às vezes, quando voltamos, percebemos que conseguimos resolver. É então que a solução vem ao seu cérebro.
Isso ocorre porque o modo de desfoque entra em ação e ajuda a obter a resposta. Vamos imaginar assim:
- no modo de foco podemos projetá-lo como um campo de futsal e
- no modo difuso podemos projetá-lo como um campo de futebol.
No modo focado, os jogadores estão mais próximos. Isso simboliza as redes neurais, que são vizinhas.
O raciocínio
Assim, o raciocínio que formulamos pode nos dar algumas conclusões, mas não usará muitas áreas do cérebro que estão adormecidas no primeiro momento. Então, utilizaremos um caminho já conhecido caso já tenhamos feito algum raciocínio semelhante. E é por isso que um aprendizado prévio ou quando a pessoa está revisando algo que já estudou o seu cérebro vai se consolidando. Aquele caminho ou aquela jogada ensaiada vai ficando cada vez mais firmada no cérebro.
Já no modo difuso, as jogadas podem acontecer muito mais a distância. Então, por um lado, as conexões sinápticas não têm essa proximidade e essa rapidez. Mas nós conseguimos utilizar redes neurais que não estavam sendo utilizadas, para a resolução da mesma situação.
Então, redes neurais a distância do nosso cérebro vão se unir para solucionar determinado problema. E isso pode ser muito útil, tanto para a compreensão de algum assunto como para a resolução, por exemplo, de alguma questão. A alternância entre os modos focado e difuso de pensar é algo natural do cérebro. Só que isso pode nos atrapalhar dependendo da situação.
Exemplo do modo focado e difuso
Por exemplo, se para responder alguma questão, precisamos utilizar ferramentas e mecanismos cerebrais já conhecidos e que darão certo para responder essa questão, tudo bem, seu modo focado é propenso para isso. O que acontece é que às vezes ele nos atrapalha, porque o nosso cérebro precisa pensar de uma maneira diferente, mas ele fica trancado naquele modo de pensar.
E o modo difuso, nesse caso, seria mais interessante. Só que ele fica bloqueado porque não conseguimos desfocar daquela solução. Quando acontece isso de tal modo difuso fica bloqueado pelo modo focado, e o modo focado não consegue nos dar a resposta adequada, é o que nós chamamos em neurociência de Efeito Einstellung, que significa: ficar empacado.
A palavra “einstellung” significa bloqueio. Então, para que lembremos o que significa podemos nos imaginar instalando um bloqueio em nosso cérebro. Quando precisamos responder alguma coisa e ficamos travado, não conseguimos sair do lugar, é como se fosse um bloqueio cerebral. Um experimento feito com jogadores de xadrez que é muito interessante para entender o “efeito einstellung”.
Sobre o xadrez
Foi feito um estudo avaliando o movimento dos olhos dos jogadores em que eles teriam que buscar novas alternativas para jogadas impostas.
Enquanto eles acreditavam estar procurando novas alternativas, na verdade, uma máquina percorria o movimento dos olhos e identificou que eles faziam sistematicamente os mesmos movimentos.
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Isso significa que o modo focado do cérebro deles não permitia que eles alternassem ou buscassem alternativas novas.
E é isso que muitas vezes nós tentamos fazer e imaginamos estar fazendo, só que a gente não consegue, porque o cérebro coloca um bloqueio e esse é o efeito einstellung.
Conclusão
Nosso modo difuso fica latente, mas não consegue se sobrepor ao modo focado e ficamos no mesmo lugar, empacados. Fica mais fácil de entender o que o jovem Magnus Carlsen com a sua genialidade fez quando se levantou e desviou os olhos do tabuleiro.
Ele tirou o seu modo focado de atividade e permitiu que o modo difuso o ajudasse a escolher as melhores jogadas. E isso ajudou que ele empatasse o jogo com Kasparov e que quase ganhasse.
O presente artigo sobre modo focado e modo difuso foi escrito por Wallison Christian Soares Silva (@wallisoncsilva), Psicanalista, Economista, especialista em Neuropsicanálise e Gestão de Pessoas. Estudante de Letras e Literaturas.
2 thoughts on “Modo focado e modo difuso: indagações da neurociência”
O modo focado seria aquela máxima: “Do carro ir sozinho” quando o motorista faz o mesmo percurso, sempre! Tenho acompanhado o “policast” dos nascidos neste século e atuam como atores e atrizes em Poliana Moça! Em tecnologia demonstram domínio do assunto, quando lhes é perguntado fora desse contexto, como opiniões próprias sobre diversos assuntos, muitos tem dificuldade em articular as palavras. Por isso a importância de fazer algum esporte, mesmo que seja caminhar e, por rotas diferentes, para ativar o raciocínio de como voltar!
Parabéns, muito bom texto!