desejo e demanda

Necessidade, Desejo e Demanda em Lacan

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Hoje falaremos sobre o desejo e demanda. No estudo proposto por Jacques Lacan, temos três elementos dentro de nós que são facilmente confundidos.

São eles: Necessidade; Demanda e Desejo. Para melhor entendimento, será preciso fazer então, a diferenciação entre eles:

O que é necessidade

Necessidade é o anseio biológico por um objeto que não pode faltar, necessário para a sobrevivência, fome, sede e etc. A necessidade quando não é concedida, causa desconforto.

O que é demanda demanda

Demanda é um pedido, não causa desconforto, porém precisa-se de um código que vem do outro, ou seja, um sim ou um não para que isso aconteça. Para que o outro atenda ao meu pedido, eu preciso me submeter a essa resposta;

O que é desejo

Desejo, é a busca por encontrar um determinado objeto que será idêntico a algo que eu gostaria de receber, que um dia eu tive, mas agora ninguém consegue suprir.

Por exemplo: O bebê para ser alimentado e limpo se comunica através do choro, com isso, os pais entendem que ele está desconfortável, mais tarde, o mesmo precisa traduzir o que seus pais dizem, para assim, reproduzir e ser atendido através da língua humana.

Ele diz “papa”, a mãe olha, e traz uma frutinha, ele se sacia e sente-se amado, afinal, a mamãe me viu aqui, porém, não era a fruta que ele desejava e sim o seio, o leite materno.

O desejo e demanda

Um tradutor quando tem um trabalho a fazer, ele tenta de todas as formas chegar o mais perto possível do significado real do idioma, mas nem sempre tem êxito. Troca algumas palavras para que no contexto compreendam.

No caso do bebe, ele traduziu “papa” como leite materno, mas no “texto” o tradutor não atendeu a necessidade do autor. Ou seja, o Desejo é aquilo que sobra, o que resta no processo da tradução geral dos elementos.

Podemos ver casos e mais casos nos dias de hoje de pessoas com dependência emocional, co-dependentes ou pessoas com falta de identidade, principalmente os mais jovens.

O dependente, desejo e demanda

O dependente, o nome já diz tudo, ele depende de alguém lhe dizendo que a roupa está adequada, o que ele precisa dizer numa entrevista de emprego e até o melhor dia para encerrar o namoro. E assim, fazendo tudo o que o outro “aconselha” ele se sente ACEITO, mesmo que não tenha dado certo no emprego, ele foi aceito pelo amigo que o aconselhou.

O co-dependente é alimentado pela frustração do outro, sente-se útil, inteligente e importante. Ele chega para o amigo e pergunta: “e ai? Falou o que eu te disse na entrevista?” e a sendo resposta positiva, alimenta-o.

Entre os adolescentes o caso acaba sendo um pouco mais agressivo, jovens andam trocando de sexo para serem aceitos pela família que o adotou; adolescentes que se mutilam porque se sentem fora do ciclo social… Tornam-se pessoas bagunçadas, ora são heteros, ora bissexuais, entre outros gêneros criados por ai, até chegarem ao extremo da troca do sexo biológico.

Identidade, desejo e demanda

Há casos também onde a pessoa percebe sua falta de identidade, através da visão de si mesma. Enxerga que só faz o que os outros sugerem e ninguém faz suas vontades, mesmo que tenha uma ideia do que fazer no passeio. Essa pessoa se retrai por medo de ser julgada, por ser uma pessoa de mau gosto.

Essa situação pode atrapalhar no trabalho deste indivíduo, por ser sempre o “você quem sabe” ou o “tanto faz”, o funcionário deixa de ser consultado, inibe sua proatividade, sua liderança, fazendo-o estagnar em suas atividades, acarretando numa pausa profissional.

Aí vem o protesto, a revolta, saindo de um extremo para outro extremo, tudo isso pode ocorrer pela aversão ao que está acontecendo dentro da vida social referente a sua falta de escolhas, falta de desejo, vistas com frequência como pessoas de baixa estima.

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    Conclusão

    A falta de aprovação dos outros para com o indivíduo carente de identidade, traz angústia. E isso pode ser visto dentro da família, ciclo de amizades e dentro da organização em que trabalha, e é possível identificar essas pessoas através da postura e dos vícios de linguagem. O uso do “né?” é sempre muito presente, busca aprovação diante de toda e qualquer frase.

    A postura acaba sendo o mesmo caso, a resposta “tanto faz” vem sempre com um movimento negativo com a cabeça e ao dar a resposta quase sempre cabisbaixo. Esta pessoa se submete às escolhas de outrem justamente pelo simples fato de ter medo de que seus gatilhos da rejeição e do abandono venham à tona, então, no dia a dia ela faz coisas para se sentir aceita, contudo, se não for atingida sua expectativa de ser aprovada.

    Isso fortalecerá a rejeição e o sentimento de abandono que esta pessoa já vem carregando durante sua trajetória, prejudicando-a ainda mais, podendo agravar com quadro de depressão. Por esse motivo, é preciso procurar ajuda profissional para se libertar da necessidade de aprovação das pessoas.

    Citação de Freud

    “A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade” (Sigmund Freud).

    Este artigo sobre necessidade, desejo e demanda foi escrito por Juliana Turgante Maldoti, concluinte da formação em psicanálise.

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