neurose na Psicanálise

A Neurose na Psicanálise e o desenvolvimento psicossexual

Publicado em Publicado em Teoria Psicanalítica

Dentre os estudos abordados por Freud, há o tema neurose na Psicanálise, apontado como uma doença psicogênica. Entende-se que na grande maioria dos casos, os desejos reprimidos possuem referência nos conflitos de caráter sexual, vividos ainda na infância e os traumas são atualmente manifestados.

Neurose na Psicanálise e a evolução psicossexual

Freud designa fases para justificar cada estágio da evolução psicossexual, sendo estas:

  • oral (caracterizada de 0 a 24 meses, onde a zona erógena é a boca e o seio materno deixa de ser visto como alimento e passa a ser objeto de desejo);
  • anal (caracterizada por criança de 2 a 3 anos, onde a zona erógena é o ânus e há o controle da defecação – expulsiva ou retentiva);
  • fálico (caracterizado por criança de 3 a 6 anos, onde a zona erógena é órgão genital e é manifestado através do Complexo de Édipo/ Electra);
  • latência (caracterizado por criança de 6 a 11 anos, onde há o deslocamento da libido e os desejos sexuais são direcionados ao mundo físico/social e não ao seu corpo);
  • genital (caracterizado pela fase pós puberdade, onde o objeto de desejo está fora de si e sua pulsão sexual está no sexo oposto – a não ser que ocorra inversão).

Cada fase acima citada, atrai consequência na idade adulta, tais como: narcisismo, dependência, agressividade verbal e tendência à discussão e satisfação oral excessiva – comer, beber, fumar, beijar (fase oral), tendência a crueldade, violência, rebeldia, obstinação, desordem, violência auto destrutiva (fase anal), fobias, personalidade bipolar, falta de maturidade afetiva (fase fálica), preocupação excessiva, fixação no parceiro, conflito de emoções, também relacionado à sexualidade perversa e e zonas erógenas não genitais (fase genital).

O período de latência só terá efeito, caso haja supressão parental e as sequelas vão de reprimir os desejos sexuais e buscar atividades não sexuais à dificuldade de formação do Superego .

Subjetividades neuróticas e a neurose na Psicanálise

Dois dos conceitos citados, incluem ainda o Complexo de Édipo (onde o menino quer ser como seu pai e possuir sua mãe) e o Complexo de Electra (onde a menina sente desejo pelo pai, competindo com sua mãe), ambos a nível simbólico sendo uma analogia ao comportamento infantil.

Para que o desenvolvimento ocorra de forma saudável, cabe aos responsáveis pelas crianças, que deem brinquedos adequados à idade, não erotizem a criança, não sexualizem o comportamento, não se refira ao infante como namorado(a) da mamãe/papai, não incentive a ter ciúme da mãe/pai, haja com compreensão à realidade vivenciada pela criança, não repreendendo os desejos naturais, afastando a criança de lugares impróprios, observando o seu comportamento, induzindo a uma boa conduta, etc.

Vale ressaltar que dentre os efeitos de tais comportamentos, há diversos mecanismos de defesa inconsciente empregados por subjetividades neuróticas: o recalcamento, onde a pessoa procura reprimir suas aspirações, instintos e desejos, criado por pessoas que não admitem a compatibilidade de ideias que não sejam suas.

A neurose na Psicanálise e o recalque

O recalque pode ser primário, quando o inconsciente da repressão é constituído, ou secundário, quando envolve uma rejeição às representações inconscientes. Ou seja, são ações psicológicas que têm por finalidade, reduzir qualquer manifestação que pode colocar em perigo a integridade do Ego, pois o indivíduo não consegue lidar com situações que, por algum motivo, considere ameaçadoras.

São processos subconscientes ou mesmo inconscientes que permitem a mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. São estes: A formação reativa, que ocorre quando alguém experimenta um desejo instintivo ou inconsciente, que rejeita conscientemente, ou seja, ele reage de maneira oposta àquilo que deseja.

A regressão e a projeção

Isso o leva a desenvolver um impulso oposto ao que ele rejeita e a esconder uma agressividade, agindo de forma terna e sensível. A regressão: se designa por uma maneira geral a um retorno às formas anteriores do desenvolvimento do pensamento e do estilo de relações da pessoa com seu meio externo. Ou seja, é o processo de retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, onde as satisfações eram mais imediatas, ou o desprazer era menor.

A projeção: é a transferência do impulso interno para o externo, ou da própria pessoa para outra, onde pode atacar sem perceber que aquelas questões são de fato, suas e entendem que o pensamento desagradável, sentimento ou qualidade como pertencente a outra pessoa, em vez de a si mesmos a fim de ter a carga emocional retirada de si.

Ou ainda, pode aparecer também no amor ou ódio que temos por alguém, que gostaríamos de ser igual. Racionalização: normalmente, o alvo da racionalização como mecanismo de defesa psicológico, é em geral, ações que fazemos para validar nosso comportamento ou sentimento contraditórios que são elucidados e fundamentados de uma maneira, à primeira vista, racional ou lógica para evitar a verdadeira explicação e então conscientemente sendo considerado tolerável ou até mesmo superior.

A negação e a neurose na Psicanálise

Negação: a pessoa normalmente recusa-se a conhecer, nega para se proteger, pode ser uma situação hipotética, um fato (que seja desagradável ou a perturbe), uma crítica, uma contestação… Talvez a negação seja, de todos os mecanismos, um dos mais primários e perigosos.

Pois é uma apelação que, normalmente, pode ser facilmente desmascarada. Sublimação: esse já seria um dos mais construtivos mecanismos de defesa, pois se trata de algo quase que consciente, onde canalizamos os desejos afetivos para outras atividades ou alvos; descarregamos nossa energia acumulada em outras áreas, minorando a tensão e o sofrimento, transformando os impulsos indesejados em algo menos prejudicial.

O que nos leva de algo que seria potencialmente prejudicial à transformação em algo bom e útil. Compensação: desejo de encobrir uma fraqueza ou diminuição da inferioridade (imaginária ou real), afim de assegurar sua posição.

Do isolamento à Intelectualização

Isolamento: como o nome diz, isolamos/separamos desejos, afeto, pensamentos, atitudes, comportamentos, emoções, para não sofrer. Anulação: a pessoa se desfaz ou cancela (simbolicamente) algo que considere intolerável. Supressão: quando a pessoa bloqueia voluntariamente a própria consciência ou sentimento, que é o oposto da Repressão, onde o bloqueio é feito involuntariamente.

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    Deslocamento: é quando a pessoa transfere os sentimentos de um alvo para outro, que é considerado menos ameaçador ou é neutro. Identificação: quando a pessoa tende a aumentar o valor pessoal adquirindo alguns atributos e características de um indivíduo que ela admira. Introjeção: quando a pessoa Integra as crenças e os valores de um outro indivíduo à estrutura do próprio ego.

    Intelectualização: é a tentativa de evitar a expressão de emoções reais associadas a uma situação de estresse pelo uso dos processos intelectuais da lógica, raciocínio e análise.

    Considerações finais

    É importante ressaltar o fato de que as pessoas não estão conscientes de todo esse processo. Não reconhecem os sentimentos ou desejos que rejeitam, nem percebem que desenvolvem impulsos para encobri-los.

    Existe um autoengano e também um comportamento pouco claro em relação aos outros, mas tudo isso não é intencionado, pois as pessoas que agem assim, normalmente, tem feridas bem profundas, conflitos mentais inconscientes ou traumas infantis que elas vivenciaram ou escutaram.

    O presente artigo foi escrito por Natália Reis, formada em Direito, Psicanálise Clínica e Humanoterapia. Pós graduanda em Constelação Sistêmica Familiar. Algumas especializações como: comunicação não violenta, inteligência emocional e desenvolvimento humano. Voluntária no Grupo de reflexão para mulheres vítimas de violência doméstica e mediadora de conflitos. Instagram @natalia.psicanalista

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