numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

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Você já ouviu “numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo”.Dizem que se leva um minuto para conhecer alguém especial, uma hora para amá-la e uma vida inteira para esquecê-la. Se é verdade eu não sei, mas isso poderia ser utilizado tanto para o lado bom quanto para o lado ruim, afinal, existem pessoas que carregam traumas pela vida inteira devido a situações (ou pessoas) que as colocaram, ou ajudaram, em situações marcantes.

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo: Influências da infância na vida adulta

As Influências da infância na vida adulta me fizeram buscar diversas lembranças do passado. Há quase duas décadas atrás eu estava fazendo um trabalho sazonal para o dia das crianças, montando material de merchandising em pontos de vendas (lojas de brinquedos) de alguns shoppings de São Paulo.

Certo dia eu estava preparando o material de montagem no último corredor da loja, onde ficavam as bonecas. De repente chegou uma menina correndo (deveria ter no máximo 6 anos de idade, pois ainda conservava seus dentes de leite) e gritou apontando para a boneca que era a sensação do momento:

-Eu quero essa!

A mãe da garota veio logo atrás dela, caminhando em passos largos segurando uma vassoura pequena na mão, tentando negociar com a criança:

-Olha aqui, filha… Você não prefere uma vassourinha? Um ferrinho de passar?

Meu pescoço virou igual “a possuída do Exorcista”. Quem era aquela mãe que queria dar uma vassourinha pra filha? – Perguntei a mim mesmo.

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo: Crianças e brinquedos

Aquela vassourinha era igual a que minha prima tinha quando éramos crianças, e olha que isso já faz mais de trinta anos. O que mais me chamou atenção naquela cena foram os itens que a mãe queria negociar com a filha, trocando uma boneca que comia papinha e fazia coco, por um ferro de passar ou uma vassourinha.

Não entrarei na questão do por que a pequena menina queria esse tipo de boneca, tampouco a oferta da mãe pelos itens domésticos, mas sim as consequências que poderão acarretar na vida futura dessa criança. Toda criança nasce como um livro em branco, onde as páginas vão sendo escritas ao longo da vida.

Se os primeiros capítulos desse livro começarem contando uma história de horrores, a consequência dos capítulos seguintes e manterem o mesmo enredo, a única referência que as crianças possuem em seus primeiros anos de vida são seus pais, tomando o que eles dizem, a princípio, como verdade absoluta.

Primeiras impressões do mundo

Ainda que no decorrer da vida os estudos e vivência os fazem mudar de opinião, as primeiras impressões do mundo já foram fixadas em seu inconsciente e, mesmo que determinadas atitudes sejam incompreensíveis, talvez seja possível encontrar tais raízes através de análise com um psicanalista.

Quando Freud trouxe à luz o inconsciente, a compreensão sobre o comportamento humano se expandiu pouco a pouco. Certos comportamentos humanos passaram a ser compreendidos e estudados, proporcionando uma alternativa a quem quiser se auto conhecer.

Crenças enraizadas são doutrinadas desde a infância, e uma vez adulto, dificilmente conseguimos reverter a maneira de ver o mundo, porque a construção da ética e moral, conforme Freud descreve quando exemplifica citando o complexo de Édipo por volta dos seis anos de idade, que é quando se inicia a compreensão do certo e errado.

A vida adulta

Isso inevitavelmente acompanha o indivíduo na vida adulta e interfere de maneira severa (ou não) em seus relacionamentos de diferentes esferas. Que tipo de relacionamento uma garota que cresceu com seus familiares dizendo a todo momento que homem não presta, teria?

Na condição de uma mulher adulta, teria ela estrutura emocional para confiar em um homem que se candidatasse a ser seu pretendente? Uma pessoa que desde pequena ouvia o mantra diário: dinheiro não traz felicidade. Teria ela alguma perspectiva de crescimento financeiro?

Ou se sentiria culpada a todo momento pelo fato de ter recursos para além de suas despesas pessoais? Quando estamos no setting analítico é muito comum ouvir queixas do tipo: Não consigo guardar dinheiro… Não consigo chorar… E tudo passa a ficar mais claro nos relatos trazidos para análise pelo analisando.

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    Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo: excesso de bajulação

    Um fato curioso que devemos levar em consideração também, não somente os aspectos depreciativos que ouvimos quando criança, mas também o excesso de bajulação, mimos e mentiras que nos são contadas e que ficam enraizadas não nos permitindo enxergar.

    Quem nunca viu ou ouviu pais chamarem e afirmarem que suas filhas são princesas? Porém o que eles não dizem e que isso trata-se apenas de uma metáfora, que da porta de casa para fora ela será só mais uma entre todos.

    Quando isso não fica muito claro, a tendência é que essa criança, quando adulta, vai querer ser tratada como “princesa” pelo namorado ou marido. E quando isso não acontece, quando a realidade se impõe, as frustrações se instalam.

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    Conclusão

    Tantos os excessos quanto a escassez são prejudiciais para o desenvolvimento de uma criança, ainda que, segundo Freud afirmava que todo mundo é neurótico, muitos pais contribuem com a proporção da neurose que os filhos herdarão.

    Precisa haver um equilíbrio e assistência dos pais com relação aos seus filhos, mas se os pais passam por transtornos ou crenças degradantes, a tendência é que essa visão de mundo seja repassada aos filhos, tornando-se um círculo vicioso, ao menos que algum membro quebre esse ciclo buscando algum tipo de ajuda, terapias, autoconhecimento.

    Este artigo foi escrito por Luiz Sansao (E-mail: [email protected]). A Terapia surgiu na minha vida por necessidade de sobrevivência. Filho de um pai narcisista e uma mãe empata, sofri com torturas psicológicas na infância e isso me fez buscar, por conta própria, entendimento através das terapias. Desde então a Psicanálise foi se fazendo presente em minha vida e guiando meus passos até me tornar um Psicanalista.

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