Neurose: descubra agora o que é!

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Atualmente, há muitas pessoas que sofrem de transtornos mentais, e, por isso, perdem sua qualidade de vida. Há muitos exemplos de disfunções no funcionamento da mente. Você sabe o que é neurose? Então descubra agora com nosso artigo!

A neurose para Freud

De acordo com Freud (médico austríaco psiquiatra e neurologista), toda neurose representa uma defesa contra ideias insuportáveis. 

Tomando como ponto de partida essa constatação, podemos especular que a maioria de nós é neurótica. Ademais, a neurose pode ser definida como uma afecção (doença) de origem psíquica. Isto é, cuja causa não é neurológica como se acreditava antigamente: uma “doença dos nervos”.

Freud teve aulas com o renomado médico e cientista Jean-Martin Charcot, na frança. Eles estudavam sobre a relação entre hipnose e pacientes que  manifestavam sintomas tais quais paralisia, mutismo, movimentos repetitivos, etc. Mas, quando em estado hipnótico, não apresentavam esses sintomas. Com isso, pôde elaborar sua teoria da neurose a partir da histeria (investigando pacientes), como sendo um tipo específico de neurose, a qual teria como causa (primeira hipótese) um trauma infantil de ordem sexual. 

Primeiras considerações sobre o que é a neurose

Em princípio, Freud chegou a acreditar que esse trauma provinha de um abuso sexual por parte dos genitores desses pacientes. Conforme evoluía na sua investigação e desenvolvimento teórico, concluiu que a criança não necessariamente tinha sofrido o tal abuso, mas que ela o fantasiara. Nesse viés, importa salientarmos o conceito de catexia (cena originária ou primária). Ou seja, uma cena de relação sexual entre os pais da criança, observada ou apenas suposta conforme determinados indicadores e, então, fantasiada/imaginada por ela como sendo um ato de violência por parte do pai.

Entretanto, é preciso que tenhamos em mente que à época, não só na Áustria, como na Europa, no geral, o sexo e a sexualidade eram tidos como tabu. Ademais, eram tidos como algo de cunho somente biológico, de função reprodutiva. E não como os entendemos atualmente no sentido de prazer. Aliás, Freud foi muito perspicaz ao notar/perceber como esse tabu se manifestava numa Europa reprimida e repressora, propondo ou formulando que o sexo não tinha só como finalidade a reprodução, e sim a obtenção de prazer. 

Constituição da neurose

Isso tudo posto, reflitamos sobre o que constitui a neurose e como ela se manifesta, mais especificamente. Esse tipo de subjetividade ou organização psíquica (neurótica) se assenta num conflito psíquico (mental, anímico) de raízes na história infantil desse sujeito (a maioria de nós, no caso, neuróticos em algum grau ou nível).

Há outros tipos de organização psíquica formadora ou estruturante da personalidade na Psicanálise, quais sejam: a psicótica e a pervertida. Todavia, nosso foco é fazer uma explanação grosso modo e resumidamente sobre o que vem a ser a neurose. 

Para melhor compreensão dessa afecção psicogênica e seu conflito (psíquico) correlacionado, faz-se necessário abordarmos sucintamente a teoria freudiana. Principalmente do aparelho psíquico estruturador da personalidade por três partes ou instâncias.

O Id, o Ego, e o Superego. 

Sucintamente, o Id é equivalente ao sistema Inconsciente, uma espécie de reservatório das pulsões (impulsos caóticos de sobrevivência e sexual como comer, beber, copular). O Ego é em maior parte consciente, mas em grande parte inconsciente. Ou melhor, ligado ao(s) sistema(s) Pré- consciente/Consciente, funciona como um mediador/regulador/harmonizador entre o Id (as demandas de satisfação imediata dos impulsos irracionais) e o Superego.

O Superego lida com as ameaças e exigências de ordem ético-moral, e representa as regras, proibições, limites, sanções, etc., introjetados pela relação da criança com as figuras parentais (pai e mãe) de autoridade (conteúdo superegóico dos pais). Ou seja, funciona como um censor moral (representante sociocultural interno/subjetivo).

Como nosso foco é a neurose e quais os possíveis conflitos mentais (funcionamento da mente/do indivíduo) nesse tipo específico de subjetividade, eles podem ser compreendidos como constitutivos do ser humano de diferentes formas ou aspectos. O conflito entre o desejo pulsional (Id) e a defesa (Ego), as instâncias Id e Ego, as pulsões de Vida e de Morte, sendo as primeiras de autoconservação/sexual/preservação da espécie.Já as segundas, contrapostas às primeiras, de defesa/agressão/sobrevivência tendem à redução completa das tensões e à recondução do indivíduo ao estado inorgânico.

O complexo de Édipo e o recalque

Ademais, há o conflito edipiano (amor pela mãe versus ódio rival pelo pai) no qual desejos contrários acometem a criança. Todavia, eles são interditados, barrados pelo mecanismo de defesa egóico primário do recalcamento.

Segundo Freud, o recalque seria constitutivo do núcleo original do inconsciente. Um processo que busca manter nesse inconsciente qualquer ideia ou representação ligada às pulsões. Cuja realização produtora de prazer poderia comprometer o equilíbrio do funcionamento psicológico do indivíduo, transformando- se em fonte de desprazer. Em outras palavras, buscar o prazer (pela pulsão de vida) para evitar a dor ou sofrimento (pulsão de morte).

No entanto, a barreira do recalque ou repressão pode se enfraquecer quando o Ego não dá conta da operação de defesa. Ou por estar vulnerável de tal modo que o afeto atrelado à representação do trauma infantil, a qual fica contida no Inconsciente, desprende-se dessa representação e vem “à tona” em forma de sintoma. Seja um pensamento, um sentimento, um comportamento, etc. 

Considerações finais 

Por fim, a neurose como constituinte da maioria da humanidade, causada na teoria freudiana por um trauma psicossexual na infância do sujeito/indivíduo neurótico, o qual vivencia, permanentemente, um conflito psíquico de raízes na sua história infantil, pode ser pensada, em termos atuais, relativa aos transtornos como a depressão maior, a ansiedade, o pânico/fobia social, obsessivo-compulsivo, entre outros. Cabe aos profissionais de saúde o conhecimento da Psicanálise, a exemplo da neurose, para  uma melhor intervenção na clínica (psicológica, psiquiátrica, neurológica, ambulatorial).

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    Este artigo foi desenvolvido por um de nossos alunos do curso de Psicanálise Clínica Carlos Henrique Forte.

    Referências bibliográficas

    LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.-B. Vocabulário da Psicanálise. 9. ed. São Paulo (SP): Martin Fontes, 1986.

     

     

     

     

     

     

     

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