percurso do psicanalista

Percurso do Psicanalista: análise, teoria e supervisão

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Você já ouviu falar em percurso do psicanalista ? A clínica psicanalítica é comumente questionada pelas pessoas que buscam por psicoterapia. Frequentemente esses clientes em potencial chegam ao analista com dúvidas como: “qual a sua formação?”, “você cursou psicologia?”. “Qual a diferença entre o psiquiatra, o psicólogo e o psicanalista?”. “Qual é o meu diagnóstico? (isso quando o sujeito não vem com um auto diagnóstico elaborado ou um CID carimbado pelo médico psiquiatra)”.

Esses e outros apontamentos aparecem nas entrevistas preliminares no início das sessões de análise. Este texto pretende abordar como se forma um psicanalista, alguns desdobramentos a serem vividos na clínica e a construção do par analítico (dele com o seu analista de formação e dele com os seus analisandos).

Entendendo o percurso do psicanalista

Freud foi pioneiro em estudar o ser humano para além do seu corpo e de sua mente consciente. Ele inaugura o conceito de inconsciente, presente em todas as vertentes psicológicas atuais (com suas especificidades e diferentes abordagens). Ao ouvir os seus pacientes Freud descortinou um território desconhecido que se revela através das palavras ditas sem direção, com uma lógica própria, a do inconsciente do sujeito que as fala.

Eis então o que chamou de livre associação. Quem pode ser psicanalista? O candidato a psicanalista precisa possuir uma formação em nível superior, seja esta de qualquer área de conhecimento. Mas a grande questão é: como se forma um analista? A resposta é complexa e exige clareza quanto ao percurso a ser desbravado. Inicialmente o candidato precisa submeter-se ao método psicanalítico, ou seja, fazer sessões de análise pessoal com um psicanalista.

Neste processo o sujeito é convidado a implicar-se nas suas raízes mais profundas e por vezes obscuras. É comum que nas entrevistas preliminares o analista seja claro quanto às vicissitudes a serem enfrentadas pelo analisando. Ouvir-se honestamente é um ato de coragem e acima de tudo, ponto central na formação do analista.

Freud e o percurso do psicanalista

Segundo Freud, um analista só consegue conduzir o tratamento de um analisando até onde a sua própria análise conseguiu chegar. Está aí a necessidade de constante supervisão e manutenção psíquica do analista. Psicanalista e não psicólogo? É importante salientar que a psicanálise é, desde a sua gênese, bastante hostilizada no meio acadêmico, seja por parte da área médica ou pelos psicólogos que são formados via graduação.

Freud mais uma vez é pioneiro enquanto médico a arriscar-se em afirmar o seu método diante de uma comunidade médica do fim século XIX e início do século XX. Fato é que o sujeito que deseja ser psicanalista precisa revestir-se da mesma coragem de Freud e mais, implicar-se na tarefa de estudar durante toda a sua carreira, as teorias psicanalíticas.

Por onde começar? Incialmente o estudante de psicanálise deverá apreender as teorias freudianas e posteriormente estudar autores que deram sequência aos seus estudos como: Anna Freud, Donald Woods Winnicott, Melanie Klein, Jacques Lacan e tantos outros que se debruçaram a estudar a psicanálise a partir das demandas surgidas em suas análises pessoais e nas dinâmicas impostas pelas suas vivências clínicas.

A análise pessoal e o percurso do psicanalista

O par analítico se forma quando o sujeito que busca análise pessoal entra em processo de transferência com o seu analista. É na transferência que o tratamento acontece e o analista exerce uma escuta ativa, e mais importante que isso, empresta o seu ego para o analisando.

Em analogia com Winnicott, pode-se dizer que o analista ocupa um lugar suficientemente bom para o sujeito em análise. Sentir-se ouvido, olhado e importante é essencial ao cliente que chega com uma queixa inicial ao consultório psicanalítico. Este sujeito provavelmente nunca ocupou um lugar de voz ativa e busca, ainda que inicialmente de forma inconsciente, ouvir-se e enfrentar os seus dilemas com lucidez.

Diante disso, é preciso que o analista ocupe um lugar de escuta e não de suposto saber. É preciso que se dispa de quaisquer expectativas de direcionamento pessoal à fala do analisando. O protagonista da história a ser contada é o analisando que ao falar livremente traz à luz suas questões mais íntimas e complexas.

Considerações finais

Ao analista cabe direcionar este conteúdo à uma elaboração com vistas à autonomia do sujeito diante de suas próprias demandas e encorajá-lo a bancar cada uma de suas escolhas. Diferentemente de outros psicoterapeutas, o analista é desafiado a não emitir opiniões, não ceder à tentação de dar conselhos, ou ainda, não assumir um papel professoral diante do seu cliente.

É da natureza psicanalítica ouvir atentamente e fazer uma condução apropriada a ponto de o sujeito concluir por si mesmo quais estratégias seguir diante das imposições da vida cotidiana.

O psicanalista não trabalha com intervenções motivacionais mas encoraja o analisando a afirmar a vida tal como ela é, encarando-a de modo criativo e autêntico, pelos caminhos que o seu próprio inconsciente irá apontar em suas elaborações.

O presente artigo foi escrito por Natália Almeida Psicanalista em formação. Amante das artes em todas as suas vertentes. @guiya2017/ [email protected]

 

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