Preocupação: conceito e autocontrole

Posted on Posted in Comportamentos e Relacionamentos, Psicanálise

É difícil não encontrar alguém que não esteja sentindo preocupação com algo.Também não é fácil que nós mesmos não sintamos preocupação seja lá com o que for no dia. É a família, o trabalho, os estudos, os boletos a vencer… Atualmente, é difícil não relacionar o ato de viver ao ato de se preocupar.

Contudo, é preciso ter cuidado com a preocupação. Em excesso, ela pode trazer muitos problemas. No entanto, nem por isso ela deixa de ser importante.

Neste artigo, iremos falar justamente sobre isso. Queremos conversar com você sobre o que é preocupação, qual a sua definição no dicionário, além de discutir essa dualidade entre ter muita e pouca. Queremos trazer o conceito do termo, benefícios, malefícios e como equilibrar tudo isso.

Preocupação segundo o dicionário

Para começar a nossa conversa, vamos ver o que encontramos quando procuramos preocupação no dicionário.

Trata-se deum substantivo feminino e a palavra tem origem no latim praeoccupatio-onis. Dentre suas definições encontramos:

  1. Perda do sossego causada pelo sentimento de responsabilidade em relação a algo. Por exemplo, a preocupação com a mãe que precisa de cuidados.
  2. É o sentimento de apreensão, inquietação ou uma sensação de medo.
  3. Pode ser uma ideia fixa, dominante e de forma antecipada que fica perturbando o pensamento.
  4. Uma obsessão por algo do futuro que pode, ou não, se realizar.
  5. Pode ser a primeira reação que algo causa em alguém.

Preocupação é o contrário de calma, paz, indiferença e despreocupação. Já entre seus sinônimos vemos obsessão, inquietude, medo e cuidado.

Conceito

A preocupação é a falta de silêncio. Como assim?

Quando estamos em um momento de preocupação, não conseguimos ficar calmos. É como se não houvesse silêncio, e algo fica martelando em nossa mente.

Ademais, a preocupação também pode denotar agitação ou nervosismo. Afinal, quando nos sentimos preocupados, não conseguimos ficar parados. Por exemplo, você já ficou tão nervoso que não conseguia ficar sentado? Sabe aquela coisa de “ficar andando em círculos”? Ela tem tudo a ver com a preocupação.

Podemos entender a preocupação também como um estado de nervosismo que ocorre em uma situação. Quando estamos preocupados não temos paz interior, não conseguimos relaxar e ficamos com a cabeça no problema. É interessante perceber que, independente do local em que a pessoa está, ela não consegue se concentrar. E a sensação não vai embora até que o problema se resolva, e muitas vezes nem assim.

Como vimos, a preocupação é um estado de incômodo enorme. Porém, ela não é de todo ruim. Isso é o que veremos no próximo tópico.

Benefícios

É estranho pensar que pode haver algum benefício em se preocupar, porém, é verdade. Há sim.

Apesar de toda a reputação negativa, um estudo publicado no periódico científico Social and Personality Psychology Compass mostra que se preocupar apresenta benefícios. Esse estudo foi feito pela Universidade da Califórnia em Riverdale (Estados Unidos).

Segundo a Dra. Kate Sweeney, uma das autoras, preocupação “tem benefícios motivacionais, e funciona como uma proteção emocional”.

Autopreservação

Ademais, esse estudo decifra qual seria o papel da preocupação nas nossas vidas, já que ela motiva comportamentos de autopreservação. Afinal, quando você se preocupa com a direção, por exemplo, você evita dirigir de forma perigosa.

A preocupação também é associada, neste estudo, à melhor recuperação de eventos traumáticos. Ajuda ainda na adaptação e no planejamento das nossas vidas. Colabora inclusive com as questões ligadas a saúde. Assim, uma pessoa que se preocupa com sua saúde, irá fazer exercícios, melhorar a alimentação. Nesse caso, a preocupação é o antônimo do desleixo.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Podemos ainda relacionar a preocupação a um melhor desempenho em execução de tarefas. A pessoa preocupada tende a ser mais meticulosa, perfeccionista. Além disso, a pessoa preocupada tem mais empenho em buscar respostas para os problemas.

    Por fim, vemos que a preocupação é algo importante. Mas é preciso cuidado. Afinal, nada em excesso é bom. E vamos falar dos malefícios no próximo tópico.

    Malefícios

    Muitas pessoas tem dificuldade extrema para lidar com as incertezas da vida. Se sentem culpadas por tudo e por qualquer coisa que aconteça. Ou, ainda, projetam sua culpa por eventos que ainda nem aconteceram.

    Há negatividade em tudo e todas as coisas e situações corriqueiras assumem um status de emergência. Assim sendo, esse status causa um sentimento de necessidade de prevenção. O que seria isso?

    A pessoa sente que algo ruim vai acontecer a qualquer momento e ela precisa se prevenir disso. Ela tenta controlar tudo a sua volta e quando algo sai de seu controle, ela não aceita. Há também dificuldade em admitir um erro.

    E é preciso esclarecer que não é um sentimento passageiro, mas algo que persiste em nossa mente. Sabe aquela angustia sufocante que não vai embora e, ao contrário, parece que só aumenta? Então, é isso.

    Problemas físicos

    Estar preocupado pode resultar em problemas psicológicos e físicos. No campo psicológico, a preocupação pode ser um gatilho para transtornos como o de ansiedade generalizada (TAG) e depressão. Já sobre os problemas físicos podemos destacar:

    • Problemas intestinais: A preocupação pode deixar nossos intestinos mais sensíveis. Isso pode gerar diarreia, distensão abdominal e, até, prisão de ventre.
    • Insônia: A ansiedade provocada pela preocupação pode fazer-nos perder o sono. Sem descanso o corpo não tem energia e podemos sobre com alterações de humor e cansaço.
    • Problemas cardiovasculares: A preocupação gera estresse e esse pode fazer com que as artérias e veias se comprimam. Isso resultará em uma irregularidade dos nossos batimentos cardíacos, podendo desencadear em problemas cardiovasculares.
    • Transtornos alimentares: Nosso corpo fica emocionalmente sobrecarregado quando estamos preocupados e, para aliviar o estresse, nosso corpo busca outras saídas. Algumas dessas saídas podem ser a anorexia e a compulsão alimentar. Você já percebeu, por exemplo, que em algum momento de tensão você comeu sem perceber o que comia?

    Inclusive, é bom comentar que a anorexia e bulimia também tem como sintoma a preocupação com a opinião dos outros. Não é algo tão simples assim, afinal, são doenças sérias e complexas. Mas é possível também ver como estar preocupado é um ingrediente forte nessa questão.

    Características de uma pessoa excessivamente preocupada

    Geralmente, as pessoas que apresentam preocupação em excesso passam a agir como se estivessem sempre em alerta. Elas sentem como sempre estivessem em uma situação de perigo. Aos poucos, a pessoa perde a capacidade de ser espontâneo e não consegue acreditar em si mesmo. Ele sempre espera que dê algo errado ou está com a mente nos problemas. Tudo se torna uma batalha e a vida perde qualquer positividade.

    Além disso, como dissemos, a preocupação, nestes casos, é um sentimento que nunca vai embora e só aumenta.

    Autocontrole

    Precisamos considerar que estar preocupado é um sentimento constante em nossas vidas. Como vimos, ela pode ser boa, mas isso só pode ser visto quando a emoção é controlada.

    Visando isso, vamos dar algumas dicas de como manter o autocontrole:

    • Encare seu problema de forma objetiva

    Mesmo que o problema pareça gigante, busque racionalizá-lo. Dessa forma a preocupação não assume graus tão elevados.

    • Desconecte-se por um momento

    Sair de casa, do escritório, do ambiente que você está e apenas caminhar, respirar, ajuda a distrair. Quando nos distraímos um pouco nos desconectamos da preocupação que nos sufoca. Considerando que a preocupação excessiva vem da fixação no problema, sair desse ciclo é bom.

    • Busque ajuda de um profissional

    Se alguma preocupação está gerando algo que você não consegue mesmo resolver, busque ajuda de quem possa te ajudar. Não há problema em ter ajuda para resolver algo. Por exemplo, se você está doente, você precisa de um médico. Da mesma forma, se algo está além das suas capacidades, você precisa de alguém que tenha conhecimento sobre isso.

    Além disso, se você sente que a própria preocupação está em um nível que você não consegue lidar, procure ajuda. Não se trata mais do problema que resultou preocupação, mas da preocupação em si. Não tenha medo de ir a fundo nos seus sentimentos e buscar a raiz deles. Há profissionais prontos para te ajudar, como os psicanalistas e psicólogos.

    Concluindo

    Esperamos que esse artigo tenha te ajudado e que você consiga administrar melhor as preocupações que te rodeiam. E lembre-se: cada dia tem suas próprias preocupações, não adianta ficar só pensando nas de amanhã.

    Contribua com a gente nos comentários. Deixe sua opinião, suas dúvidas sobre preocupação, ou até suas críticas sobre o artigo. Vamos conversar um pouco mais sobre isso! E se você tem interesse de saber mais sobre o tema, o nosso curso de Psicanálise Clínica pode te ajudar. Confira!

    5 thoughts on “Preocupação: conceito e autocontrole

    1. Prezados, boa noite!
      Tem graduação?
      Esse curso é reconhecido pelo MEC?

      1. Psicanálise Clínica disse:

        É um curso livre de formação em Psicanálise. Nesta área, não há reconhecimento pelo MEC. Veja detalhes aqui.

    2. Ana Paula Ramparo disse:

      Olá este conteúdo relacionado a preocupação, está muito bem explicado, pois essa pode ser a raiz de muitos problemas e principalmente doenças psicológicas como a ansiedade! Conteúdo que traz uma explicação de forma clara, objetiva e com leveza! Parabéns aos editores e aos autores do artigo!

    3. Queria saber fontes teóricas deste assunto baseada na Psicanálise, vocês têm?

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Oi, Paula. Os artigos do blog (como este) não têm necessariamente referência bibliográfica em autores da psicanálise, não saberíamos dizer a relação direta com obras da psicanálise. Mas, a princípio, tudo que se relacione a textos psicanalíticos sobre neuroses (histeria, fobia, compulsão) podem ter relação com o tema, porque o excesso de preocupação pode ser um Sintoma de causas inconscientes.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *