Vamos falar sobre o início da trajetória de Freud na construção da psicanálise. Como foram seus primeiros anos de estudos e trabalho prático com hipnose e com a psicanálise? E a importância dos primeiros conceitos de Freud.
O médico neurologista, Sigmund Freud, marcou a história da humanidade ao trazer luz à psique humana. Seus contributos até hoje influenciam não somente a psicologia, a medicina, mas a educação, a arte, a literatura e outros campos.
Durante seus estudos e pesquisas, as doenças mentais sempre foram de seu interesse. Freud quando foi à Paris aperfeiçoar seus estudos, conheceu o médico e hipnólogo Jean-Martin Charcot que estava a utilizar esta técnica para o tratamento da histeria.
Charcot: O instigante hipnólogo
O trabalho de Charcot chamou a atenção de Freud que chegou a utilizar a técnica em seus próprios pacientes, trazendo resultados favoráveis.
Foi durante este período que ele percebeu que havia algo por trás das manifestações que seus pacientes verbalizavam, percebia que não eram racionalizadas. Destas observações surgiu o conceito do inconsciente.
Freud verificou que havia um “start”, algo que, despontava essas manifestações.
Com o aprofundamento das suas observações e estudos, Freud percebeu que a hipnose não era tão eficaz para alcançar os resultados que pretendia. Ao deixar a hipnose de lado, seus pacientes passaram a falar livremente, associando o que sentiam com sua própria vida.
A consciência como base
Desde o início da trajetória de Freud, os pacientes deveriam estar conscientes para externalizar medos, tristezas, dúvidas, angústias, intermediando o diálogo com o paciente. Este método foi chamado por Freud de “Associação Livre”. E é este método que a psicanálise utiliza até os dias de hoje.
Freud escreveu vários livros, mas em 1901, foi o livro “A psicopatologia da vida cotidiana” que despertou maior interesse de outros profissionais, que se juntaram a Freud, dando um contributo importante dentro da comunidade científica, tornando seus estudos relevantes para a época.
Segundo Freud, tudo o que acontece na mente, podia ser explicado, cada sentimento teria uma fonte, cada pensamento, cada memória, cada ação, seja ela conhecida ou desconhecida, destas observações advém seus estudos sobre o inconsciente, pré-consciente e consciente.
O Inconsciente, Pré-consciente e Consciente: primeiros conceitos de Freud
- O inconsciente na visão da psicanálise é uma parte da mente que não temos total conhecimento, para Freud é onde moram certos instintos, determinados fatos que foram bloqueados pelo consciente, é a parte obscura, censurada, como as pulsões e energia da libido.
- O pré-consciente é o limiar da consciência e do inconsciente, o que está neste espaço pode ser acessado com facilidade pela memória.
- O consciente é uma pequena parte da mente que temos ciência, ou seja, aquilo que se tem conhecimento, ou seja, parte conhecida.
Em suma, os três níveis da consciência observados por Freud, marcaram a obra psicanalítica. Os três aspectos são conhecidos como “Teoria Topográfica”.
Os Sintomas Físicos
Foi através de sua investigação e prática clínica que Freud, destacou que, em grande parte das neuroses, as raízes estão na infância do paciente, ou seja, os sintomas são manifestações simbólicas de um conflito psíquico.
A perspectiva que a vida mental traz sintomas físicos está presente desde o início da trajetória de Freud, tanto no uso da hipnose quanto na criação freudiana da psicanálise.
O Id, o Ego e o Superego
Freud classificou e denominou de “Teoria Estrutural” O Id, o Ego e o Superego. O Id é onde estão nossos desejos proibidos, aqueles que a consciência não consegue lidar bem.
- O Id está no inconsciente, pouco temos acesso.
- O ego é a nossa realidade externa, garante a nossa sanidade.
- O superego é aquele que está pronto para censurar conteúdos que vão para o ego. Age baseado em códigos morais e culturais.
As primeiras fases Psicossexuais
Freud descreveu as fases psicossexuais do desenvolvimento, desde o nascimento até a morte.
São elas:
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- De 0 a 2 anos a fase oral, é através da boca que o bebê conhece o mundo, inicia-se na amamentação, ou alimentação e perpassa pela experimentação de objetos através da boca.
- De 2 a 4 anos a fase anal, a criança aprende a controlar os esfíncteres, toma consciência que “algo” sai de dentro dela para ser expelido.
- De 4 a 6 anos a fase fálica, a criança toma consciência dos genitais, o que o menino tem, falta na menina.
Segundo Freud, é nessa fase que surge o “Complexo de Édipo”. O menino se aproxima da mãe e tem o pai como ameaça nessa relação. O mesmo acontece com a menina, sendo que a ameaça passa a ser a mãe na relação com o pai.
As demais fases Psicossexuais
Para Freud isso ocorria no inconsciente, e a forma como seria resolvido na infância poderia determinar a fase adulta. De 6 anos a puberdade é a fase de latência, fase de elaboração, da vergonha, a moralidade passa a ter um peso significativo.
E por último, a fase genital que vai da puberdade até a morte. Segundo Freud surge na puberdade a energia psicossexual, esta volta-se para os genitais, é a fase do prazer, da troca com o outro.
As Pulsões de Vida e Morte
Segundo os estudos de Freud, há duas pulsões latentes no ser humano, a pulsão de vida e de morte. A pulsão de vida nos move à sobrevivência, nos impulsiona, enquanto a pulsão de morte nos incita à destruição da vida.
As duas não são dissociadas uma da outra, são essas pulsões que nos levam a tomar decisões na vida, escolher caminhos que podem ser para alcançar algo positivo ou para destruir algo ou a si própria.
São essas pulsões que vão gerar a libido, a energia psicossexual que é a base da nossa vida psíquica. A teoria da pulsão, de acordo com Freud, pode ser proveniente como “(…) representante psíquico das excitações provenientes do interior do corpo.” (ZIMERMAN, 1999.)
Conclusão: os primeiros conceitos de Freud
Freud foi um grande revolucionário para sua época. Esses conceitos são até hoje importantes e difundidos tanto para a psicologia como para a própria psicanálise.
Através das contribuições existentes desde o início da trajetória de Freud, o ser humano pode ser compreendido de forma mais complexa. Assim, podemos buscar ajuda não só para as dores físicas mas também para as dores da alma.