A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud no início do século XX, é uma abordagem muito usada para entender e tratar distúrbios mentais e emocionais. Porém, até hoje há muita discussão sobre se a psicanálise é realmente ciência, uma técnica, uma arte ou simplesmente um tipo diferente de conhecimento.
Essa confusão mostra que não é fácil definir o que é conhecimento de verdade e como avaliamos coisas diferentes como pesquisas científicas, técnicas terapêuticas ou interpretações artísticas.
Neste artigo, vamos explorar os diferentes pontos de vista sobre como categorizar a psicanálise. Além disso, vamos analisar o que dizem tanto os defensores quanto os críticos, e pensar nas consequências dessa confusão para a prática da psicanálise hoje em dia no tratamento mental, na educação e na cultura.
Será que a psicanálise segue padrões científicos? Ela é melhor entendida como uma forma de arte ou interpretação? Ou será que é um jeito único de investigar a mente humana que não cabe nas categorias tradicionais? Continue lendo para descobrir!
Quais são as áreas e especializações das ciências?
A ciência é uma abordagem baseada em evidências para compreender o mundo natural, que engloba diversas disciplinas e campos de estudo.
Então, algumas das principais áreas das ciências incluem:
- Ciências físicas – como física, química, astronomia – estudam a matéria, energia e suas interações.
- Ciências biológicas – como biologia, genética, zoologia – estudam os processos da vida e dos organismos vivos.
- Ciências da Terra – geologia, meteorologia, oceanografia – estudam o planeta Terra, seus sistemas físicos e sua história.
- Ciências sociais/humanas – como sociologia, antropologia, economia, ciência política – estudam os comportamentos e interações humanas e sociais.
- Ciências formais – como matemática, estatística, ciência da computação – desenvolvem formalismos aplicáveis na análise de fenômenos naturais e sociais.
Dentro dessas áreas, existem inúmeras subáreas e especializações, desde campos amplos como a biologia molecular até nichos muito específicos, como a herpetologia (estudo dos répteis e anfíbios).
Além disso, novas especialidades também estão surgindo constantemente à medida que a ciência avança e novas perguntas são feitas.
Quais são as áreas e especializações da psicanálise?
As principais áreas e especializações da psicanálise incluem:
- Psicanálise clássica ou freudiana: Baseada nos conceitos originais de Sigmund Freud sobre o inconsciente, sonhos, sexualidade infantil, entre outros. O foco é na associação livre, interpretação dos sonhos e análise da transferência entre paciente e analista.
- Psicanálise contemporânea: Incorpora abordagens mais atuais com influências de pensadores pós-freudianos como Melanie Klein, Jacques Lacan, Donald Winnicott e outros. Pode utilizar uma perspectiva mais relacional e trabalhar com questões sociais, culturais e identitárias.
- Psicanálise do ego: Enfatiza o ego consciente e como ele lida com impulsos inconscientes. Busca integrar funções do ego como defesas, relacionamentos e adaptação à realidade. Alguns expoentes são Anna Freud e Erik Erikson.
- Psicanálise infantil: Aplica conceitos psicanalíticos ao tratamento e estudo do desenvolvimento emocional de crianças. Nomes de destaque são Melanie Klein, D.W. Winnicott e Françoise Dolto.
- Psicanálise grupal e institucional: Analisa processos inconscientes em grupos ou organizações. Observa fenômenos como liderança, relações de poder e formação de vínculos nos contextos grupais.
Portanto, a psicanálise hoje apresenta diversas vertentes que se especializam em contextos, populações ou enfoques teóricos distintos, mantendo o interesse pela compreensão da mente inconsciente.
Psicanálise é uma pseudociência?
Muito se fala de forma, até mesmo, preconceituosa sobre a psicanálise ser uma pseudociência. Mas em vez de apenas negar isso, acho importante entendermos o porquê alegam isso e como podemos encarar essas críticas à psicanálise.
Alguns argumentos das pessoas que entedem psicanálise como uma pseudociência são:
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- Falta de comprovação empírica suficiente para muitos conceitos psicanalíticos fundamentais, como o inconsciente, as etapas psicossexuais infantis, entre outros. Muitas ideias da psicanálise não foram confirmadas por pesquisas experimentais rigorosas.
- Dificuldade em testar de maneira definitiva algumas teorias psicanalíticas, o que vai contra o método científico tradicional que requer a possibilidade de se provar errada uma teoria.
- Acreditam que a psicanálise ignora ou justifica críticas e novas evidências contrárias usando o próprio referencial teórico do sistema.
Por que não é uma pseudociência?
Por outro lado, temos alguns pontos muito importantes que devemos levar em consideração:
- A psicanálise se fundamenta em extensa observação clínica e evidências empíricas dos padrões de comportamentos, sonhos e fenômenos mentais.
- Produziu insights clínicos e conceituais valiosos sobre a mente humana que têm influência até hoje na psiquiatria e psicologia.
- Uma epistemologia mais pluralista deve considerar diferentes critérios de produção de conhecimento além do modelo de ciência positivista.
Portanto, entendemos que a Psicanálise não pode ser de forma alguma considerada uma pseudociência. A psicanálise é um campo profundamente fundamentado na observação cuidadosa de fenômenos psíquicos complexos, assim como no desenvolvimento clínico e aguçado das interpretações teóricas que dão sentido a estas observações.
Já no final do século 19 Freud iniciou um minucioso e dedicado trabalho de adentrar, investigar e mapear as estruturas da mente inconsciente, nos levando a descobertas verdadeiramente revolucionárias.
Ele aperfeiçoou suas ideias continuamente com base em um extenso trabalho clínico. Essas ideias não são simples especulações sem fundamento empírico, ao contrário do que alguns críticos simplistas dizem.
É preciso compreender que o objeto da psicanálise – a mente inconsciente em toda sua complexidade – impossibilita testes padronizados ou simplificações positivistas. Requer-se uma abordagem interpretativa mais fluida, sem abrir mão porém do rigor e coerência conceituais e clínicos.
Por isto a psicanálise representa seu próprio campo epistemológico, distinto das ciências naturais, não devendo ser arbitrariamente equiparada às mesmas!
Afinal, a Psicanálise é uma ciência, técnica, arte ou saber?
Antes de respondermos essa pergunta, precisamos entender como a Psicanálise se enquadra em cada uma dessas categorias. Portanto, vamos entender cada uma delas a seguir.
1. Em relação à ciência:
- A psicanálise não segue o mesmo rigor metodológico das ciências naturais (testes de hipóteses, replicação, etc). Portanto, há controvérsias se deve ser considerada uma ciência.
- Por outro lado, ela se baseia em uma observação sistemática e interpretação de fenômenos empíricos (sonhos, atos falhos, sintomas). Assim, tem elementos de investigação científica.
2. Em relação à técnica/arte:
- A psicanálise envolve o desenvolvimento de técnicas terapêuticas complexas, que requerem treino e habilidade. Nesse sentido, aproxima-se de uma arte/técnica aplicada.
- Porém, vai além de uma simples “técnica”, por buscar construir um corpo teórico e de conhecimento mais profundo sobre a mente.
3. Em relação ao saber:
- A psicanálise constitui claramente um campo de saber, ou seja, um domínio específico de conhecimentos sobre o psiquismo e o inconsciente.
- Não se encaixa bem na definição estrita de “ciência”, mas trata-se sem dúvida de um tipo de saber legítimo sobre aspectos da existência humana.
Portanto, a psicanálise pode ser vista como uma técnica terapêutica complexa, baseada em uma forma de investigação e saber próprios sobre o funcionamento psíquico.
Além disso, considerar essa abordagem como um saber específico, que entrelaça elementos técnicos e artísticos com intentos de compreensão científica do inconsciente e das estruturas da mente, também seria bastante apropriado.
Considerações finais
Enfim, a psicanálise constitui um campo de conhecimento singular que integra observação clínica, técnica terapêutica e construção teórica original sobre a complexa vida psíquica humana. Seu grande mérito é prover novos aportes para o entendimento da mente inconsciente.
Embora suscite controvérsias quanto ao status epistemológico, seus pontos de vista seguem influenciando as ciências humanas. Cumpre papel ímpar na clínica psiquiátrica e no amadurecimento emocional pessoal.
Portanto, apesar das críticas, trata-se de legado duradouro que muito ainda tem a contribuir no avanço da psicologia como ciência e profissão.
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4 thoughts on “Psicanálise é ciência, técnica, arte ou saber?”
A psicanálise é um campo de investigação do subconsciente, procura compreender as causas dos conflitos e problemas emocionais, através da livre associação, utilizando como meios de análise os atos falhos e os mecanismos de defesa, relatados livremente pelo paciente, sob a atenção flutuante do psicanalista, ele começa a entender se a pessoa se fixou em alguma fase psicossexual.
O intuito é dar alívio a situação de sofrimento da pessoa, ela precisa falar livremente.
A psicanálise é uma abordagem que nasceu diretamente das observações clínicas.
Caros amigos e amigas, já fiz enfoque também sobre este tema, é só colocarem meu nome completo, Edson Fernando Lima de Oliveira. Ok. E já foi em palestras, fiz PG em Psicanálise, idem Filosofia Clínica e estudo a Teologia Clínica. Tenho feito enfoques numa interface da Psicanálise com Teologia, creio que foi o erro de muitos tentarem se aproximar mais do marxismo e deixar de lado a espiritualidade, fato que a ilustre Elisabeth Roudinesco inclusive numa das brilhantes entrevista dela disse. Mas ela, tem dúvidas se é ou não ciência. Eu não tenho dúvidas de que a Psicanálise é ciência. Fiz curso de Neuropsicanálise, sei que muitos desejam saber onde organicamente ocorre o inconsciente, que é na mente e a mente é resultado do algo nível dos sinapses, os circuitos elétricos cerebrais, e muito difícil de provar, porque ela ligado ao espírito. Como se dá essa ligação da alma (mente) como cerébro ainda é um mistério. Mas, que existe o inconsciente, isso é um fato clínico comprovado. As famosas confissões criminais na década de 40 e 50 nos EUA, onde operadores do Direito sem noção de Psicanálise mas com noções de Criminalística usavam o método do cerco e pressão, não era hipnose, era pressão mesmo. O método da pressão psiconeurológica é também uma estrada de acesso ao inconsciente, mas é o pé na porta. Famosa visão de pedalar a mente da pessoa, que acaba entrando em desespero e confessa, vem a tona. Precipita a coisa. Hoje em dia é proibido por ex, no Brasil, face as cartas constitucionais. O transe com charuto na terreira é também um método de acesso, embora pouco estudado porque a ciência não conseguiu entrar na macumba. Então, esta provado que existe o inconsciente. Ah mas, como provar com tomografia e ressonância? Isso é outro papo. A mente seria uma fumaça ou um gel e pode ser fotografada? Muitos dizem que sim, que a mente é uma fumaça dentro do cérebro. Não tem como ainda provar via ressonância, o que temos são contrastes coloridos e áreas ativadas no mapa topográfico cerebral. Portanto, a Psicanálise tem objeto, o analisando, tem sujeito, o analista, tem suas caixa de ferramentas e seu campo de aplicação, o grande lago das dores do mundo. Evidente que muitos bebem nesse grande lago das dores, o inconsciente não é exclusivo da Psicanálise mas é seu foco. Isso não invalida o fato da Psiquiatria usar o inconsciente, idem Psicologia, Direito Penal via Criminalística, na teoria da culpa, Psicopedagogia, Filosofia Clínica, Sociologia Clínica, enfim. Ah, mas e as evidências? Existem evidências do inconsciente. No meu ponto de vista, e com base em muitos dados e informações, a Psicanalise é uma ciência, que tem método, técnica, conceitos, um sistema. Ela tem que ter mais coragem de fazer interfaces com muitas áreas. Foi um erro ficar capturada pelo Marxismo. Isso é falado por muitos e olha, muita gente concorda. Ah, mas é apenas uma opinião pessoal! A Psicanálise não é mera transformação e sim, ciência. E existem várias estradas para chegar ao inconsciente. Freud escolheu a dele, associação livre, chistes, lapsos, atenção flutuante, os sonhos….tem gente que usa hipnose, pressão, transe, catarse, enfim. Esse é o ponto.Concordo.
A Psicanálise foi sistematizada por Sigmund Freud (1856-1939)que era um médico neurologista e psiquiatra austríaco. Ele se formou médico e fez pós em Psiquiatria e se dedicou a estudar algumas patologias quando então ele sistematizou a Psicanálise. Ele então passou a ser evidente, uma figura de proa e muito influente da história no campo da psicologia. Houve interações e influências de época, com Carl Gustav Jung, Charles Darwin, Immanuel Kant, Erik Erikson, Alfred Adler, entre outros. A formação médica dele foi pela Universidade de Viena (1873–1881). Ele por ser médico e ao sistematizar a Psicanálise deixou claro que seria o psicanalista de formação leiga, ou seja, não precisa ser médico para ser psicanalista. E ele deixou claro que o objeto da Psicanalise é o inconsciente e suas manifestações. O sujeito é o analisando. Psicanalise tem suas ferramentas e seu campo de aplicação é o grande oceano das dores humanas onde outros bebem também. O inconsciente é o foco da Psicanálise mas ela não tem o monopólio da exclusividade. Ele criou o método dele, o caminho para ir ao inconsciente via associação livre e atenção flutuante, analisando lapsos, chistes, sonhos. Ele rejeitou acessar o inconsciente via hipnose. O resto vem a reboque. A Psicanálise não é um braço da Psicologia, nem uma divisão dessa, não é psicoterapia psicológica. As ‘ciências P’ são Psiquiatria, Psicologia, Psicanálise e as Psicoterapias. Ah, mas tem que ver onde esta no cérebro o inconsciente ? Isso é outro papo, pertence a Neuropsicanálise. Cada macaco no seu galho. Com o advento das redes sociais a Psicanálise deu um ‘boom’ um salto quântico porque tem seu objeto e sujeito, caixa de ferramentas e campo de aplicação. Muitos concordam.