psicanálise e psicologia

Psicanálise e Psicologia: aproximações e diferenças

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Iniciamos trazendo os conceitos de Psicanálise, que foi desenvolvida pelo médico Sigmund Freud, a partir de estudos investigativos da psique humana aplicados ao campo clínico, através da livre associação, interpretação de sonhos e interpretação das manifestações da resistência e transferência (Mezan, 2007).

Em seguida, Polanczyk (2009), conceitua a Psicopatologia como o estudo das causas e processos significativos para o desenvolvimento da doença mental. Ferreira (2002) complementa que a psicopatologia constituiu-se por meio de um discurso científico, utilizando um método de observação e de organização da loucura, numa visão racionalista.

Entendendo sobre psicanálise e psicologia

A Psicopatologia contém a palavra grega pathos. Embora em sua origem ‘pathos’ possua vários significados, dois conceitos, bastante diferentes: o passional, a paixão, a passividade; e o patológico, a doença, a manifestação sintomática, presente no diagnóstico médico. A fronteira que separa estas duas perspectivas é frágil e varia de acordo com as épocas e as civilizações (MARTINS, 1999 apud CECCARELLI, 2003, p. 13-25).

Segundo Schwartzman (1997), a Psiquiatria age no cessar da manifestação sintomática, entretanto, assumindo a função que norteia o diagnóstico, tratando a redução ou eliminação do sintoma, através de fármacos. Desse modo, busca-se tratar o que é visível, suprimindo a investigação da causa. Sendo assim, a experiência singular, subjetiva do sujeito, é ocultado.

Porém, para o paciente, a família e todo o contexto médico-saúde, esse momento de alívio é interpretado como “cura”, o que torna a psiquiatria como protagonista no tratamento da saúde mental e as psicoterapias tornam-se coadjuvante em tais cuidados (BIRMAN, 2001).

Sobre a saúde mental

Nesse contexto, Birman (2001) chama a atenção que com isso, não se pode negar a importante função desempenhada pelos psicofármacos na história da saúde mental. Reflete que, talvez, sem os fármacos, o ideal da Reforma Psiquiátrica de oferecer tratamento em liberdade por meio dos serviços abertos seria limitado na prática dessas intervenções.

O que aqui refletimos, é sobre a análise de caso a caso e assim trazer a visão psicanalítica para a psicopatologia.

A psicopatologia psicanalítica explica o sofrimento psíquico pela inadequação do sujeito à civilização. Freud colocava muita ênfase na coerção abusiva da sociedade sobre a sexualidade, cujo efeito permanente é o sentimento universal de culpa, fonte dos obstáculos à cura pela análise.

A satisfação pulsional, psicanálise e psicologia

Lacan, ao final do seu ensino, considera que esse mal radical é também a fonte de uma satisfação pulsional que não serve aos propósitos da civilização, pois o sintoma é para cada sujeito uma maneira de viver e ser feliz (SANTOS, 2005, p.02).

Atualmente, o termo “psicopatologia” está ligado a um número extenso de áreas que experienciam o sofrimento psíquico. Freud nos alertou que: “sintomas são formações de compromisso entre as diversas instâncias do aparelho psíquico.

Mais ainda, ele defendeu que, nos quadros psicóticos, o que consideramos produto da doença, a formação delirante, é na realidade tentativa de cura” (FREUD, 2010 [1911b], p. 94), indicando que a possibilidade de estabilização do delírio apontaria para uma vantagem clínica. Os autores complementam que, Lacan, por sua vez, traz a paranoia como uma evolução (STERNICK; BACCARINI; BORGES, 2019).

A Psicanálise Clínica

A Psicanálise Clínica, então, busca através da escuta, entender o sujeito ali em sofrimento, tratando-o pela fala e não através de calar ou eliminar as manifestações desse sujeito. Com isso, restitui-se a clínica do determinado caso e permanecendo-se orientados pela ética de bem dizer o sintoma, e não de classificá-lo a partir de marcos estatísticos.

Com a psicanálise de Freud, a consciência deixa de ser a protagonista da história, a partir das forças pulsionais sob a determinação do inconsciente (STERNICK; BACCARINI; BORGES, 2019).

Ou, de outra forma, qual lugar cabe ao sujeito quando seu discurso é sumariamente reduzido a uma síntese fenomenológica descritiva e passível de encontrar correspondência em um manual estatístico? Se a ordem é eliminar a manifestação sintomática, como são tratados os casos em que o sintoma é justamente a solução encontrada pelo sujeito? (STERNICK; BACCARINI; BORGES, 2019, p.15).

A clínica psiquiátrica, psicanálise e psicologia

Birman (2001) reforça que, este é o motivo pelo qual a clínica psicanalítica, não tem a brevidade da clínica psiquiátrica, pois não deixa de escutar o sintoma. Sendo assim, é necessário paciência e mais tempo até que o sintoma mostre a que veio, evidenciando o seu significado.

Finalizamos com a reflexão realizada pelos autores Duque e Vianna (2014) na conclusão do Artigo, Psicopatologia psicanalítica: subjetividade e alteridade contemporâneas – ao afirmarem que a psicanálise entende a psicopatologia a partir dos conflitos que se estabelecem entre o inconsciente e o consciente do sujeito, fruto de seu imperativo original.

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    Por essa razão é chamado de psicopatologia psicanalítica. A variação ou o grau desse conflito indica o tipo de psicopatologia: as neuroses histéricas, fóbicas, obsessivas, de ansiedade; as psicoses; as perversões; as afecções psicossomáticas.

    Referências

    BIRMAN, Joel. Mal-estar na atualidade: a psicanálise e as novas formas de subjetivação. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 304 p. ISBN: 852000492X. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/v11n20/v11n20a13.pdf Acesso: 16/08/2022.

    CECCARELLI, P. R. A contribuição da psicopatologia fundamental para a saúde mental. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 13-25, mar. 2003. Publicação da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlpf/a/SLtp3N4y38SRjTTvvdN7hTS/abstract/?lang=pt Acesso: 17/08/2022.

    DUQUE, Francisco de Assis; VIANNA, Ana Cristina de Araújo. Psicopatologia psicanalítica: subjetividade e alteridade contemporâneas. Estud. psicanal. no.42 Belo Horizonte dez. 2014 Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372014000200006 Acesso: 17/08/2022.

    FERREIRA, A. P. O ensino da psicopatologia: do modelo asilar à clínica da interação Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. São Paulo, ano V, n. 4, p. 11-29, dez. 2002. Publicação da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2330/233018122002.pdf Acesso: 16/08/2022.

    MEZAN, Renato. Que tipo de ciência é, afinal, a Psicanálise? Natureza humana v.9 n.2 São Paulo, dezembro de 2007 ISSN 1517-2430

    POLANCZYK, Guilherme V. Em busca das origens desenvolvimentais dos transtornos mentais. Artigo Especial • Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul 31 (1) • 2009 • https://doi.org/10.1590/S0101-81082009000100005 Disponível em: https://www.scielo.br/j/rprs/a/Wmxwn9gdS9zvL6xWcSkg7gd/?format=pdf&lang=pt Acesso: 16/08/2022.

    SANTOS, Tania Coelho dos. A psicopatologia psicanalítica de Freud a Lacan. Pulsional Rev. Psicanál;18(184):74-82, dez. 2005. LILACS https://pesquisa.bvsalud.org › resource › lil-473821. Acesso: 17/08/2022.

    SCHWARTZMAN Riva Satovschi. Psiquiatria, psicanálise e psicopatologia. Psicol. cienc. prof. 17 (2) • 1997 • https://doi.org/10.1590/S1414-98931997000200005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/54KFFHRjLm6wZkpzBKjD3Xk/?lang=pt Acesso: 17/08/2022.

    STERNICK, Mara Viana de Castro; BACCARINI, Marcela; BORGES, Pacífico Greco Ronan Psicanálise e psicopatologia: olhares contemporâneos Cap., Do Laço ao Embaraço Psiquiatria, Psicopatologia e Psicanálise. 2019. Organizadores: Alexandre Simões, Gesianni Gonçalves Editora Edgard Blücher Ltda. Revisão: Davi Pacheco Alves de Souza Diagramação: Laércio Flenic Fernandes.

    Este artigo sobre psicanálise e psicologia foi escrito por JOSIMARA EVANGELISTA DE SOUZA (instagram @josimaraevangelistade), paulista de origem, atualmente moro em Salvador BA e atuo como Psicanalista.

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