Racismo: 10 lições da psicanálise

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A humanidade carrega uma de suas maiores máculas até hoje. O racismo, essa agressão inflamada unicamente pela cor da pele, continua a reverberar e fazer incontáveis vítimas, sejam de abusos físicos e mentais. Nesse contexto, veja o que a Psicanálise tem a dizer sobre e quais as lições que podemos tirar disso.

Segundo o dicionário, racismo é a discriminação de uma pessoa em relação à outra por conta de suas características físicas ou sociais. Especialmente à população de pele negra, se caracteriza como agressões diretas à sua imagem e cultura, depreciando e diminuindo o seu modo de ser e viver.

Assim, é bastante comum ouvir relatos de violência contra negros e depredações em centros de umbanda ou candomblé, por exemplo. No entanto, são lugares onde a cultura afro-brasileira deveria ser cultuada em paz.

Como identificar?

Historicamente, o racismo era permitido. A prova disso são os inúmeros quadros de TV e peças de teatro onde atores brancos pintavam o rosto de preto e a boca de vermelho. Nesse contexto, tudo objetivava satirizar a aparência e o modo de vida da população à época. Embora procurasse por pelo humor, cada risada era uma agressão às pessoas representadas naquele palco.

Assim sendo, é importante mencionar que o racismo começa de maneira sutil ainda na infância. As brincadeiras de criança, por mais inocentes ou não que pareçam, surtem efeitos graves nas vítimas. Dessa forma, começa pela textura do cabelo, modo de vestir, traços físicos e finalmente a cor da pele. No entanto, apesar de serem crianças, praticam uma sintonia viciosa e cruel com os colegas. Assim, tal melodia ecoa pelos ouvidos e é capaz de abalar a autoestima da vítima.

Na fase adulta, ele fica mais explícito. No entanto, temos consciência do contexto histórico à qual a maior parte da população foi e ainda é submetida. Contudo, ainda assim, algumas pessoas não pensam duas vezes em atacar uma minoria. Nesse contexto, entende-se como minoria um grupo de indivíduos com desvantagens em relação ao padrão social, e não a números de pessoas.

10 lições para aprender

O racismo é como aquela ferida que nunca sara. Assim sendo, nunca estamos perto de cicatrizar, pois alguém sempre arrancar a casca dela de forma violenta e humilhante. Contudo, veja abaixo as lições que podemos tirar dessa visão:

Ninguém é melhor do que ninguém

Tem como base a crença de que um indivíduo é melhor do que o outro por conta de sua aparência e aspectos sociais. No entanto, trata-se de uma falsa supremacia. A verdade é que ninguém é superior a ninguém. Somos todos humanos, iguais no interior e em hábitos cotidianos.

Pessoas negras não são associadas ao sucesso

Em uma pesquisa realizada, alguns candidatos foram expostos a dois conjuntos de fotografias. Na primeira, pessoas brancas foram mostradas em situações corriqueiras, como limpar a casa, dirigir um carro ou na fazendo caminhada. Eles foram associados, respectivamente, a donas de casa, executivos e esportistas.

Outras fotos foram mostradas com pessoas negras nos mesmos contextos. Entretanto, foram associados a empregadas domésticas, motoristas e, por mais desconfortante que seja, a um assaltante em movimento. Nesse contexto, é difícil conceber a imagem de um negro tendo sucesso.

Relacionamento inter-racial

Não é regra, entretanto é comum a aversão contra casais inter-raciais. Assim sendo, as agressões se moldam de acordo com o sexo da vítima. De forma banal, caracterizam a mulher como um símbolo ao sexo e o homem como figura da marginalidade. Dessa forma, a visão deturpada de entes próximos influenciam negativamente no relacionamento do casal.

Representatividade importa

Durante séculos, negros foram marginalizados e corrompidos das mais diversas formas, inclusive na ficção. No entanto, nos últimos anos, um movimento vem ganhando força para incluir negros em papéis relevantes nas produções. Seja na tv, cinema ou quadrinhos, é importante que uma minoria se enxergue em situações comuns representados por personagens semelhantes a eles.

Um racista dificilmente se assume

Quem nunca ouviu “Não é racismo, mas…”? Essa palavra de oposição põe abaixo o possível argumento defensivo à sua visão. Assim, ela visa amenizar a agressão maquiada como opinião pessoal. Um racista sabe que aquilo não está de acordo Por isso, “suaviza” as palavras, buscando concordância e não gerar conflitos.

Cotas são necessárias

É um assunto polêmico e muita gente se opõe à abertura de cotas. Entretanto, precisamos ver o contexto histórico do país onde vivemos. Nesse contexto, em um lugar onde a maioria da população é negra e mestiça, não resta muito recursos à sobrevivência. Assim, a abertura de cotas possibilita que o aluno minoritário socialmente tenha mais condições de conseguir o próprio provento.

A pele é um alvo luminoso

Independente da condição social, a cor da pele sempre será uma arma para diminuir alguém. Mesmo que uma pessoa negra alcance cifras altas com o seu esforço físico e intelectual, sempre terá um motivo para ser afastada de um sistema igualitário.

Racismo não se aplica a brancos

O termo foi cunhado para designar as dificuldades que uma minoria sofre. Como dito acima, uma minoria se entende por um grupo de pessoas afastadas de um círculo igualitário da sociedade. E suma, ela tem menos privilégios.

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    No entanto, o texto não tem a finalidade de esconder preconceitos contra as pessoas brancas, já que um mecanismo de defesa e autopreservação é ativado nas minorias. Porém, sob esta ótica, o termo “racismo” não se aplica a um grupo com privilégios.

    Um ataque racista sempre é para o grupo como um todo

    Ao proferir um ataque a um único indivíduo por determinada característica, isso se estende a outros indivíduos que compartilham do mesmo traço.

    A agressão é ensinada

    Ninguém nasce racista. Assim como qualquer outro atributo ou falha, a prática é ensinada, seja indireta ou diretamente. Ver alguém proferindo insultos ou fazendo piadas é um caminho para reverberar a ação na persona da criança.

    Casos

    Recentemente, Donata Meirelles usou como tema de festa o momento escravista do Brasil. Infelizmente, a figura da mulher branca rodeada por criadas negras ainda é cultuada. Podemos deduzir que tal realidade recriada induz à sensação de poder, onde um ente dominado é condicionado a servir, sem qualquer direito, a outro dito como superior.

    Na ficção

    As mídias atualmente incluem mais atores negros em papéis relevantes nas suas produções. Nesse contexto, um dos sucessos mais recentes é o do filme “Pantera Negra”, onde o elenco é majoritariamente negro. A produção é muito bem elogiada pela crítica e público quanto ao contexto onde é inserida e oferta o bônus das mulheres se mostrarem objetos de força, luta e independência.

    Ainda levaremos muito tempo para trabalhar essa ferida. Isso porque, a cada dia, surgem novas manifestações e reciclagens quanto às agressões. É um círculo vicioso e difícil de sanar devido à limitação social, mental e até espiritual de uma pessoa. Assim, o racista teme a equiparação social que uma pessoa negra pode ter, já que se sentirá diminuído devido à conquista.

    Isso deve ser tratado ainda quando criança. Nesse contexto, um jovem tem a capacidade de ser moldado enquanto cresce e a intervenção em vícios sociais deve ser trabalhada nessa época. Qualquer árvore maculada deve ser cortada ainda em crescimento. Participando efetivamente da educação dos filhos, isso inibe comportamentos racistas quando adulto.

    O tema é complexo e bem vasto. Sendo assim, deixe seu comentário abaixo falando mais a respeito. Uma opinião, crítica, argumento, dúvida… Esperamos pela sua história.

    Como disse a ativista Angela Davis, “Não basta ser contra o racismo. É preciso ser antirracista”.

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