quando o silêncio fala

Quando o silêncio fala: entendendo a somatização

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Hoje falaremos sobre quando o silêncio fala. O corpo humano é uma máquina! Certamente esta afirmação foi ouvida alguma vez na vida de todo adulto. Essa frase não foi citada aleatoriamente, pois diante de tantas descobertas científicas e tantas outras que estão sendo e serão estudadas provam a veracidade acima citada.

Entendendo quando o silêncio fala

Porém o foco aqui será abordar a mente humana e suas façanhas, mais especificamente um dos elementos do aparelho psíquico em sua segunda tópica (segundo Freud) que são Id, Ego e Superego, onde o destaque será o Ego.

Este elemento “nasce” na primeira infância do ser humano (seis primeiros anos de vida), onde a relação e experiências vividas com os pais através das orientações, permissões ou proibições serão “arquivadas” no inconsciente e num futuro próximo formará sua identidade, memórias, pensamentos, comunicação e mecanismos de defesa por exemplo.

É o ego que mantém o indivíduo orientado à realidade do mundo externo, e, para garantir que o aparelho psíquico não entrará em colapso através de patologias, ele se encarrega de criar mecanismos de defesa.

Quando o silêncio fala e a conversão orgânica

Existem mais de uma dezena desses mecanismos, porém para oportunizar um melhor entendimento, nesta ocasião a abordagem será sobre o chamado conversão orgânica. Na teoria psicanalítica de Freud, este transtorno se dá pela repressão dos conflitos psíquicos inconscientes que se convertem em sintomas físicos.

Esses conflitos podem ter origem devido algum recalque de desejos não realizados e/ou experiências afetivas traumáticas não compartilhada ou compartilhada parcialmente, assim o caminho encontrado para descarregar essas pulsões são manifestações no corpo físico, podendo ser chamadas de conversão somática ou somatização.

Vale ressaltar que, diferente do sentido que a palavra recalque possui na fala popular, para a psicanálise, se trata também de um mecanismo de defesa que mantém guardado longe do consciente, no inconsciente, algum fato ou ideia que para aquele indivíduo pareça ameaçadora ou incoerente.

Os sintomas

Nesta condição, a pessoa, não consegue diferenciar os sintomas, que, claramente físicos, tem sua origem psíquica, pois a cultura geralmente enraizada leva a crer que toda dor física é proveniente de algum desequilíbrio ou anormalidade física.

Assim sendo, buscam-se primordialmente soluções paliativas de fácil acesso, como os medicamentos ofertados, na maioria das vezes sem recomendação médica especializada, ou seja, automedicação.

E, sendo realmente algo de origem psíquica, o receitado, sem uma análise cuidadosa e profunda, as drogas não surtiram efeitos efetivos. Quantas vezes pessoas em condições ditas “normais” surgem com dores de cabeça, dificuldades para respirar, insônia, dores no pescoço, aparecimento de doenças dermatológicas, baixa no sistema imune ou até mesmo problemas digestivos?

A somatização

Porém estes são alguns sintomas causados pela somatização, que podem vir individualmente ou em conjuntos. Tudo isso produzido pelo ego através de um dos seus mecanismos de defesa. Mas é importante frisar que não surgem de repente, as descargas de emoções fortes constantes, traumas não superados, vão e vem como ondas e em algum momento “explodem” em forma de dores ou doenças em alguma parte associada do corpo.

Estas patologias, que também podem ser chamadas de doenças psicossomáticas, acometem cada vez mais adultos nas mais diversas fases da vida. Além das já citadas, a síndrome do intestino irritável, gastrite, enxaqueca, dermatite e disfunção erétil estão na lista das mais frequentes no país.

A falta de tratamento pode agravar e se tornar um caso psiquiátrico, onde poderá ter intervenção medicamentosa para a doença base do corpo físico concomitante com a psicoterapia, porém o caso deve ser analisado por especialista para decidir qual o caminho a seguir.

O trauma e quando o silêncio fala

Entendendo que a somatização, é a carência de tratamento de problemas antigos e de válvulas de escape, o que fazer para evitar tal patologia?

É possível viver sem ser acometido de nenhum trauma ao ponto de não adquirir uma destas doenças quando advindas da mente? Uma das características no ser humano é o sentir, sendo assim é inevitável um ser desta raça não ter contato ou experiências traumáticas na infância que possam refletir na vida adulta.

Pois o que vai determinar as consequências desta experiência é como será encarada futuramente, para assim evitar a conversão ao nível orgânico. É possível evitar que chegue ao ponto de somatizar, através da busca do equilíbrio emocional de acordo com cada indivíduo e seu estilo de vida.

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    Conclusão sobre quando o silêncio fala

    A busca pela terapia adequada, hobby, promover uma vida mais flexível dentro do possível e menos exigente, praticar atividades físicas e manter uma alimentação saudável contribui para menos estressante. Tarefa não muito fácil perante o estilo de vida que a maioria da população possui, mas não é uma missão impossível!

    O primeiro passo, independente de ter ou não somatizado é procurar se conhecer e entender o que te eleva e te faz bem.

    Em seguida é manter a balança emocional equilibrada, tratar as feridas adquiridas na infância. Porém, por ser uma tarefa delicada e em um campo pouco conhecido, é importante buscar ajuda de um profissional qualificado que possa ser seu parceiro nesta caminhada do autoconhecimento e libertação.

    Este artigo sobre Somatização: Quando o Silêncio Fala foi escrito por Washington Oliver (e-mail: [email protected]), Professor de desenho e plástica, Licenciado pela UFBa, Consultor e palestrante especializado em gestão estratégica de pessoas e Terapeuta tântrico.

    12 thoughts on “Quando o silêncio fala: entendendo a somatização

    1. Carmen Rosado disse:

      Interessante. As doenças auto imunes estão incluídas nesta explanação, ou são um caso à parte?

      1. Washington Oliver disse:

        Olá Carmen! Obrigado por comentar, e a resposta é sim as doenças autoimunes podem ter associação com fatores emocionais.

    2. CARLOS MAGNO CARDOZO OLIVEIRA SANTOS disse:

      Excelente artigo, falando muito bem sobre o silêncio, que hoje é uma das mazelas que acometem uma grande parte da população.
      Podemos dizer que esses traumas da primeira infância podem desencadear a exemplo de uma depressão?

      1. Washington Oliver disse:

        Obrigado Carlos Magno. Ótima pergunta!

        Com certeza podem sim e não apenas depressão como vários outras patologias como alzheimer, parkinson entre outras.

    3. Maria de Fátima P. NERI disse:

      Parabéns, muito bom, o silêncio, fala mais que as palavras,infelizmente, a maioria dos adultos, não vêm, esse problema, nas crianças, que crescem sempre com algum trauma,

      1. Washington Oliver disse:

        Exatamente Maria de Fátima, os traumas sofridos na infância, quando não tratados, irão repercutir na idade adulta das mais diversas formas, uma delas é com a somatização.

        Obrigado pela participação!

    4. Excelente texto!!!

      Infelizmente há uma considerável parcela da população incapaz de externalizar os sentimentos ou experiências passadas que a afligem, resultando em um fardo contínuo que, lamentavelmente, acaba por ocasionar danos psicológicos significativos, os quais parecem crescer nos dias atuais.

      Compartilhando com meus contatos esse excelente texto! Parabéns ao autor.

      1. Washington Oliver disse:

        Obrigado Milla pelo comentário e por compartilhar!

        Realmente o engessamento emocional vem piorando nos últimos anos por diversos motivos e iniciando, inclusive, entre os adolescentes. Pensando no futuro, podemos minimizar esses danos observando de forma mais atenta e acolhedora nossas crianças.

    5. Luciano Cavalcanti Carneiro disse:

      Oi Washington, acessos de cólera por coisas aparentemente simples (como um apelido dito várias vezes, por exemplo) estaria no campo da somatização? A pessoa guarda, guarda, aquilo vai machucando a ponto de “explodir” …

    6. ROSIVAL NERY disse:

      Excelente artigo, interessante entender o que passamos na infância reflete em nossas vidas adultas. Assim conseguimos entender porque “remédios” não fazem “efeito” para determinadas patologias. A causa não é emocional. Parabéns pelo artigo.

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