id e superego

ID e Superego: significados e resistências virtuais

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As questões de resistência do contraponto entre o ID e o superego, tendo como juiz e decisor o ego, traz à tona uma série de problemas que devem ser discutidos e observados, em investigação lógica para tratar patologias modernas.

Se o ID vai representar as vontades mais primitivas, teremos um vetor permanente ao longo do tempo, sendo ele constante, imutável. Essa provocação nos deixa abertos para a observação que segue.

Entendendo sobre o id e superego

Tendo em vista o superego como sendo o regulador moral, podemos relativizar sua atividade de acordo com os costumes da época. A educação, em função de trazer um limite às decisões do indivíduo, para que se observe uma situação social mais próxima do patamar médio, nos leva a entender que contextos de mudança de comportamento externo vão testar essa força.

Se o primitivo encontrar menos resistência para se manifestar, mas, ainda assim o ambiente estiver reativo, podemos ter maior propensão de indivíduos retraídos ou até conturbados por esse desequilíbrio.

Nesse contexto, questiono se, no século XXI, tratando exclusivamente do contexto da sociedade digital, onde temos uma realidade não condizente com a produção virtual, não haverá uma discrepância entre essas forças e, ainda mais, se vamos encontrar indivíduos preparados para uma realidade que não existe?

Patologias, id e superego

Tal questionamento é o cerne do estudo acerca de patologias que são consideradas como doenças atuais, crescentes – como o autismo – e de maior intensidade, dentro de um campo de realidade diferente daquele estudado na época dos estudos ortodoxos da psicanálise.

Sem extinguir o tema, podemos chegar a caracterizar o modelo de resistência do ego como possível elemento de exaustão, dentro de uma nova complexidade entre a imaginação e o que é, de fato, real.

Evoluindo nas tópicas Freudianas, temos a exaustão inconsciente como fator de tensão do indivíduo, gestando as patologias. Outra questão que remete ao momento é o eu virtual. A introdução desse novo indivíduo na tópica da psique humana e sua interação com o modelo Freudiano, suscita que possa haver um novo vetor nas forças psíquicas, aquele do indivíduo projetado: o ego virtual.

Forças primitivas

Diante da apresentação do ID como forças primitivas, aquelas que se apresentam sem bloqueios e são responsáveis por impulsos do indivíduo, podemos afirmar que estariam imutáveis diante da exposição constante às redes sociais.

Simplificamos o ID como agressivo e sexual, forças instintivas, orgânica. Aqui não teremos nenhum tipo de problemática em uma abordagem enunciada com uma versão virtual, externa, de cada um de nós. Já no “eu” ou “ego”, uma forma racional de entender o mundo, teremos paradigmas a discutir.

Podemos sugerir que agora, pela exposição e permanência, bem como importância, teremos a figura do “eu virtual”? Ou o “Ego virtual”? Não teria como deixar essa pergunta de fora do questionamento acerca da composição apresentada por Freud, já há mais de um século!

A repressão

A segunda e inadiável questão seria: o Superego será o mesmo para ambos? Sua repressão, o recalcamento e todos os desmembramentos estudados vão ser pautados por esse mesmo repressor? Sugiro que não. Acredito que tenhamos mais um elemento a discorrer na avaliação individual: seus refratários virtuais.

Essa questão passa também pela comunicação na atualidade. Temos suas forças como tentativas de personagens se comunicando no campo psíquico.

Assim, sem findar o sentido aqui entendido e apresentado, permito admitir que essas forças tornam mais difícil a equalização sistêmica subjetiva, supondo que tenhamos maior propensão a doenças, por exaustão nas condições de recalque e que, serão mais graves de acordo com a precocidade com a qual o indivíduo acesse esse universo das telas em materialidade e interação.

O inconsciente, pré-consciente, consciente, id e superego

Ora, se temos o inconsciente, pré-consciente e consciente, dentro do universo da psique, a qual se encontra alimentada pelas forças do Eu e ID, sendo o balizador de seus atos, o superego, podemos dizer que ao perceber uma sociedade que muda a todo instante de viés limitante, assim sustentado pela velocidade das redes sociais, temos um indivíduo que precisa se adaptar mais rapidamente, precisa se recalcar ou criar novos egos, para vivenciar um estado de inclusão social.

Nesse contexto, visualizo um esforço mental muito superior ao encontrado no passado. Tenho também que referir a fase de desenvolvimento como fundamental para a construção da base emocional do indivíduo, podendo assim suportar o “virtualismo” como objeto externo, com local e situação espacial distinta de si mesmo.

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    Mas, se essa realidade não material alcançar idade precoce nos desdobramentos construídos na fase infantil, teremos uma maior propensão a recalques que antes não seriam possíveis: como dois senhores – os superegos – ditando regras e dois servos, pessoas, possivelmente distintas, interagindo com o meio.

    Conclusão sobre o id e superego

    A possibilidade de uma despersonalização é real, haja visto que, tratando das teorias Freudianas e usando o mesmo modelo dos tópicos, podemos enunciar essa questão, na atualidade.

    Acerca de algumas patologias, ansiosas e também no autismo em crianças, podemos analisar, com base no aprendizado e aprofundamento das teorias de Freud, contrapondo a esse modelo do ser virtual conversando com o indivíduo real, numa construção teórica em ambiente do início do século passado. Acredito que esse pensamento é crível, diante das relações e ramificações que coexistem.

    Marcus Quintanilha Filho é escritor, economista e produtor cultural. Atualmente, estuda a psicanálise como eixo de ligação com a teoria da comunicação permanente (2023) e começa a construir textos baseados nos tratados freudianos. Neto de Dirceu Quintanilha (1918-1994), psiquiatra, membro-fundador da primeira Sociedade Brasileira de Psicoterapia de Grupo criada no Brasil, chefe do Serviço Médico do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e pertenceu ao extinto Centro de Estudos Médicos. Apresentou trabalho de pesquisa sobre a tradução feita por Freud do livro de Charcot: “Leçons du Mardi”. Nesse trabalho tentou provar, através do prefácio da edição alemã e de notas de pé de página, que o descobridor da Psicanálise intuía o inconsciente, muito antes de suas descobertas.

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