Hoje abordaremos um olhar particular. A psicanálise pode ser considerada de modo superficial a um conjunto de estudos e práticas sobre o adoecimento mental. Pode tornar conhecida uma causa raiz de um problema ou sofrimento a forma como os sintomas são explicitados pelo sujeito. A observação dos sintomas a partir de uma análise pode ser algo que tem muito a dizer sobre o analisando.
Entendendo com um olhar particular
Freud é considerado o pai e fundador desse estudo, dessa prática. Apesar de nos tempos atuais muitas das suas teorias já terem sido confrontadas e alteradas a partir de uma nova visão, não se pode negar que Dr. Freud em sua época, com os recursos que tinha fez-se implacável em suas descobertas.
Os caminhos para a psique humana foram abertos, e ainda mais importante, a consciência do sujeito de que ele molda a sua realidade, através das experiências vividas, que não é controlado pelo estado racional, mas ao seu desejo no seu próprio íntimo inconsciente. Tudo acontece de dentro para fora, o sujeito, pode externar a partir de suas fantasias, delírios ou desejos a realidade cocriada para o seu bem-estar ou ainda para o seu sofrimento.
Muitas vezes por falta de autoconhecimento não temos a consciência do adoecimento, ou achamos estarmos doentes por não conhecer e aceitar o nosso desejo, recalcado. O que escondemos e enterramos no inconsciente, mas que de qualquer modo vem à tona.
Um olhar particular e a psique
Quando tomamos a consciência de que estamos em uma situação sem recursos, podemos continuar a vida sem sentido e sem a busca por um estado com recursos, mas tem-se essa opção de escolha, mas quando o sujeito não tem percepção, torna-se muito difícil ou até impossível melhorar o grau da psicopatologia existente no caos. Essa reflexão gera uma frustração quanto a como a psique é maravilhosa, mas, como pode ser cruel um sujeito viver em cárcere da sua própria mente, e até mesmo, viver uma vida de sofrimento sem saber de sua real existência.
Existe um calabouço dentro de cada um, onde guardamos traumas e sentimentos que em um futuro não tão distante pode ser nosso algoz. Se houvesse uma maneira de prevenir tal situação, mas como pode se não temos o controle do inconsciente, ou se ainda tudo tenha se iniciado na infância.
Proveniente desse pensamento, arrisco a pensar sobre os sintomas sentidos por muitos, como mecanismos de defesa de si mesmos, defendendo-se de algo desconhecido, mas que se sabe que está lá em algum lugar. Por que alguns indivíduos conseguem esse domínio sobre o desencadeamento de uma patologia mais grave quanto outros se entregam ao adoecimento. Seria uma predisposição genética, algo pré-determinado a existir?
Contribuições de Bion
A partir das contribuições de Bion, sobre a proporção do ódio frente aos mecanismos para lidar com frustrações primitivas, o indivíduo vai ou não desenvolver uma mente saudável, ainda indago sobre o que define a forma que cada um mensura o tamanho do seu sentimento.
A capacidade do indivíduo nesta questão exposta, estaria ligada ao equilíbrio entre as instâncias na segunda tópica, posso entender, que enveredar por essa reflexão pode existir um caminho.
Voltando à questão do início de tudo na infância, como meio de prevenção a evolução de uma psicopatologia grave desenvolvida ao longo da vida, penso se seria racional e viável submeter as crianças a análise como parte de sua rotina e jornada de autoconhecimento. Em respeito a contribuição de Melanie Klein, se desde o nascimento já existe um ego rudimentar.
Um olhar particular na infância
Na construção da minha visão particular, ainda embrionária, mas de fato excitada pelo assunto, gosto da ideia de um foco na infância, mas não posterior e sim um caminho a ser seguido junto com a criança, na infância, a entender, a suas formas de lidar com o mundo, as suas percepções. Portanto, muito me agrada a contribuição de Winnicott.
Sobretudo, gostaria de fundir todas as grandes contribuições de nomes importantes, desde Freud e seus contemporâneos, pois tudo parece fazer sentido e compor um imenso e interminável quebra-cabeças. Por isso acho cabível a separação de estudos em categorias como proposto por David Zimerman.
As três categorias ortodoxa, clássica e contemporânea são igualmente ao meu ver importantes, cada uma com a sua contribuição e novas vertentes. Arrisco-me a dizer que pertenço como futura psicanalista da escola contemporânea. Em respeito às anteriores, preservados sempre os conceitos valiosos e seus fundamentos, mas ajustando a prática clínica a necessidade que os tempos atuais pedem.
Conclusão
O ser humano em toda a sua exuberância, traz consigo um poder surreal de vivenciar em esferas diferentes suas experiências. É inimaginável que chegaremos a conhecer em sua totalidade todos os aspectos psíquicos, como seres unos e voláteis há sempre mudanças que poderão influenciar as formas de pensar e agir.
Mas somente a ideia da detenção de um pouco de conhecimento e a partir da contribuição de tantos nomes importantes nesses estudos já é de fato estarrecedor.
Este artigo sobre um olhar particular da Psicanálise foi escrito por Camila Santos (Instagram: @camilasantosterapeuta), 36 anos, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais. Apaixonada e estudante incansável do campo da mente e do comportamento humano. Possui formação em terapia holística, e psicoterapia holística, entre outras formações que apoiam essa área do conhecimento. Atua com foco no atendimento a pessoas que buscam encontrar o seu propósito de vida com base no autoconhecimento.
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2 thoughts on “Um olhar particular da psicanálise”
A Psicanálise tem seu objeto, o inconsciente. Evidente que ela não tem o monopólio da exclusividade do inconsciente. O inconsciente não foi descoberto por Freud, ele já existe desde criação. Caim por ex, ao matar Abel, tinha inconscientemente a dívida do que fez perante Deus, tanto que Deus pergunta, esta no Gênesis, ‘onde esta teu irmão?’ Ele responde, ‘não sei, acaso sou o guardião dele ?’ E vejam, ele já tinha matado Abel e tentou sepultar em cova rasa. Depois aflorou tudo e ele foi castigado. Vamos encontrar o inconsciente por exemplo em Jò, idem em Davi, Salomão, idem nos profetas. Jesus na transfiguração aflorou o inconsciente e disse, algo me diz que vou morrer breve e será inevitável. O episódio inconsciente da espada de um apóstolo que corta orelha de um guarda do Sinédrio e por ai vai. O que S Freud (1856-1939) fez foi sistematizar o inconsciente e desenvolver as ‘suas ferramentas’ para ir nele, abrir a gavetinha, ver a coisa e voltar. Ponto. Tem outros meios de ir no inconsciente, como hipnose, que Freud não quis, chá santo dai-me, terreira de umbanda, na pomba gira, via embriaguez também, tem anestesia, catarse, enfim. Freud desenvolveu o método técnico dele entrar no inconsciente e ver o que aconteceu e sair sem bisbilhotar os demais arquivos da mente. A telepatia tenta entrar e espionar tudo, idem injeção da verdade, uso de dectetor de verdade e tal, só que esses métodos Freud rejeito todos eles. Ele usa a interpretação do sonho, os chistes(piadas) os lapsos, as associações livres e deu certo. Então, esse é o ponto. A Psicologia tem seu objeto, mecanismos de defesa e comportamento, ego e superego mas usa as vezes análise do inconsciente. A Psiquiatria tem seu objeto no cérebro quando a saúde e equilíbrio neuroquímico, quando precisa fazer invasão nos tecidos chama Neurologia, o cirurgião. Mas, também a Psiquiatria usa quando precisa do inconsciente. Outros ramos usam também tentar entrar no inconsciente. Eles estariam usurpando a Psicanálise ? Claro que não, porque o objeto da Psicanálise é o inconsciente porém, ela não é dona do objeto. Mas, é o seu objeto, muitas vezes desrespeitado. E o ‘freudiano’ é aquele que usa as ferramentas de Freud para ‘não invadir e entrar’ como outros tentam,mas para entender e confirmar um sofrimento que esta inscrito no arquivo inconsciente. Concordo.
A proposta da autora é muito interessante na medida em que nos chama a atenção para a importância dos estudos de Freud com relação ao inconsciente, e a importância também de Winnicott e Zimmerman demonstrando assim a necessidade de que nos aprofundemos e consideremos outros doutrinadores para ampliar nossos conhecimentos. Ótimo texto!