resistências em psicanálise

Resistências em Psicanálise e seu manejo clínico

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Hoje falaremos sobre resistências em psicanálise, Apesar do termo ter uma conotação pejorativa, as resistências têm uma função fundamental na psicanálise. Existia o conceito de que a resistência era um obstáculo para análise.

Entendendo resistências em psicanálise

Freud havia estabelecido em A Interpretação dos Sonhos, que ‘tudo que interrompe o trabalho psicanalítico é uma resistência’. De fato, as resistências apresentam dificuldades ao progresso da análise, porém essas mesmas resistências são, em si, conteúdos que fornece ao psicanalista um caminho, sobre os conteúdos reprimidos do analisando.

As resistências, como elas se apresentam, as características de cada uma delas, é característico do indivíduo.

As resistências não são fenômenos que surgem momentaneamente no processo analítico. Porém ela está presente como algo permanente, algo que se instala, contra as recordações e nos impulsos. Compreende-se que as resistências são forças que se opõem a qualquer procedimento do analista, em uma tentativa de mudar, em um processo que visa expor para corrigir, afetando até mesmo o desejo de mudança.

Freud resistências em psicanálise

Freud destacou 5 tipos de transferências, sendo que elas são de 3 fontes diferentes. 3 delas se originam do EGO, 1 do ID e outra do SUPEREGO.

  1. Repressão. Tentativas do EGO de reprimir qualquer lembrança que causa angústia.
  2. Transferência. O EGO resiste a qualquer transferência negativa, ou erotizada.
  3. Ganho secundário. Quando o paciente se beneficia, de alguma forma, da doença.
  4. Resistência vindas do ID. Resistências a mudanças.
  5. Resistências do SUPEREGO. Essa resistência se torna difícil pois se trata de sentimentos de culpa que exigem punição.

Posteriormente ele acrescentou mais uma forma de resistência, também do EGO

6. EGO contra EGO, quando o mesmo encara a cura como uma ameaça.

O paciente visa, como a criança que deseja ser desejada pelos pais, ser desejada pelo terapeuta. Esse ‘ser desejada’, pode ser como deseja ser vista, encarada, ou como deseja afetar o ponto de vista do terapeuta sobre si, o analisando. Não que esse desejar seja consciente. Mas como a transferência que ocorre.

Estado de desistências

Na tentativa de obter a aprovação dos pais, o seu desejo se confunde com o desejo deles. Quando essa ‘vontade’ não é satisfeita, quando esse ‘desejo do outro’ disfarçado no desejo do próprio paciente não é satisfeito, resulta em uma frustração, que resulta posteriormente em resistências ao tratamento, gerando um estado de desistências.

No dia a dia da terapia, psicanalistas percebem, com bastante frequência, a contínua resistência por parte dos seus analisando. Muito provável que seja mais comum do que estes mesmos percebam. Talvez algumas dessas resistências surjam disfarçadas de ‘sintomas’, mas é somente uma forma de desviar a atenção, por assim dizer, do real problema, como ele está se manifestando.

Se o conceito de que a resistência é uma oposição ao trabalho analítico, se ela é uma oposição aos métodos até agora compreendidos, muitas vezes o psicanalista se dá com um sintoma que, o processo analítico mostra posteriormente, ser falso, ou um disfarce ao problema real ou verdadeiro.

O consciente e resistências em psicanálise

Além disso, existe qualquer atitude do paciente que pode ser em si um sintoma, uma expressão do que está sendo recalcado, mas a investigação mostra que era somente uma oposição ao trabalho feito. Com frequência essa atitude pode ser consciente ou inconsciente.

Consciente pois ele de fato pode estar tentando mascarar algo. Inconsciente, pode-se afirmar em dois motivos, o analisando estar evidenciando em sua conduta um sintoma que é indicativo de um trauma, mas isso só para desviar do verdadeiro motivo, ou resistindo inconsciente diretamente ao conteúdo que está se tentando acessar.

Acrescenta-se o fato que a resistência pode estar produzindo em si um sintoma e isso pode parecer ao analista um sintoma de outra questão que não seja a resistência.

A atitude do terapeuta

A atitude do terapeuta é investigar e não aceitar-se por satisfeito ao que logo parece ‘pular’ aos seus olhos. Como detetive que busca a verdade até que ela se torne evidente e clara, até que todas as questões obtenham razão entre si e clareza. Mas, deveria esses mesmos criar em si resistências aos sintomas genuínos, os quais de fato são a evidência de um recalque?

Onde existe esse limite que os ajude ver o que estão diante do que é de fato um uma angústia que faz a desordem em seu analisando? Além da literatura já disponível, onde um número significativo de autores tratam, ou já trataram em tempos atrás, sobre esse tema, temos também os grupos de supervisões que auxiliam na identificação de qualquer que seja a questão.

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    Essa análise feita por diversas mentes, pode trazer a luz, com seriedade e confiança, o que realmente consome o paciente em análise. Porém se faz extremamente necessário que o analista, esteja, ele mesmo em observação analítica com um terapeuta. Afinal, a transferência que ocorrerá será entre ele e o seu analisando.

    Conclusão sobre resistências em psicanálise

    Somente entre eles ocorrerá a transferência tão necessária para a compreensão das questões envolvidas no analisando. O par analítico será formado somente entre eles. Por tanto o terapeuta precisa estar bem tratado para tratar bem.

    Não estando em dias com sua própria análise haverá o risco desse mesmo terapeuta não estar em condições de tratar outros. Também existe o risco de que, quando as questões forem apresentadas em grupos de supervisão, a narrativa, a história, esteja maculada pelas questões não tratadas do próprio analista não analisado. Serão resistências sobre resistências.

    As resistências são o caminho para o tratamento também. O terapeuta não deve ele mesmo se tornar uma.

    Este artigo sobre Resistências em Psicanálise e seu manejo clínico foi escrito por Douglas Cerqueira, inspirado no capítulo sobre resistência do livro Fundamentos Psicanalíticos (David Zimerman).

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