Hoje falaremos sobre o ego e superego. A família apresenta importância fundamental na construção do aparelho psíquico do indivíduo. Haja vista que influencia a formação do ego durante a infância, e formula a construção dos aspectos a serem considerados pelo superego, por ser apresentar como ambiente inicial do desenvolvimento humano, e apresentar elementos históricos, culturais e sociais, durante o processo de interação familiar, formador de aspectos morais e éticos elementares dos indivíduos.
Vamos falar sobre ego e superego: o que são, como atuam na constituição da família?
Entendendo sobre o ego e superego
Em 1923, Freud formula uma nova construção do aparelho psíquico. Neste modelo , Freud sugere a formulação de estruturas psíquicas, que seguem em constante interação para permitir o funcionamento do aparelho psíquico, e que se dividem em id, ego e superego. O id é formado por impulsos irracionais e desarmônicos, tanto interior como exteriormente. Ele é regido pelo princípio do prazer, muitas vezes entrando em conflito com o superego, estando imerso no inconsciente, atribuindo a ele a busca de sua satisfação, desconsiderando moralidade, razoabilidade ou sociabilidade.
O superego é a estrutura que através do ego busca controlar o id, sendo responsável pelas sanções, normas e padrões, com base em todo conteúdo introjetado no transcurso da formação do indivíduo. O ego é formado a partir dos laços afetivos intensos com os pais, que ganham forma a partir das sanções, ordens, proibições e outros, formando sua estrutura egóica. Dessa forma o ego assume o papel de orientador das decisões do indivíduo, com base nas influências do mundo exterior, do ID e da construção do superego.
Neste sentido, “O pobre do ego passa por coisas ainda piores: ele serve a três severos senhores e faz o que pode para harmonizar entre si seus reclamos e exigências. Esses reclamos são sempre divergentes e frequentemente parecem incompatíveis. Não é para admirar se o ego tantas vezes falha em sua tarefa. Seus três tirânicos senhores são o mundo externo, o superego e o id”(FREUD, 1932). Deve ser considerado ainda, a importância da família na construção do ego e do superego, no processo de formação do indivíduo.
Os desejos do Id, o ego e superego
O superego busca regular os desejos do id, com base em uma formação composta por conteúdos introjetados pelos pais, e o ego, tem sua formação na primeira infância, no relacionamento com os pais, figurado nas ordens e limitações trazidas por eles, formando emoções subjetivas, construindo desta forma o ego. A família é o principal espaço de socialização do indivíduo.
Permite a criança seu crescimento e desenvolvimento, construindo sua formação com base em aspectos históricos, culturais e sociais, de determinado povo, e agregado por diversas gerações, no decorrer da vida, o ser humano absorve a realidade e a transfere para a sua subjetividade. Esta apropriação ocorre por meio da linguagem e diversas práticas afetivas dento do ambiente familiar. A linguagem demonstra a apropriação feita pelo indivíduo e permite o entrelaçamento das práticas e culturas existentes por parte dos pais para com os filhos.
A subjetividade da criança é construída histórica, cultural e socialmente. O ego tem como função a mediação das necessidades impostas ao indivíduo pelo meio, as necessidades impostas pelo id e pela construção do superego. O círculo familiar se apresenta como primeiro espaço de relacionamento interpessoal do indivíduo, ou seja, o primeiro ambiente externo a ser considerado pelo ego, sendo a família a primeira base e influência, para a aquisição de costumes, modo vida e meios de sociabilização, ensinando e formando o ego.
A responsabilidade do superego
O superego é o responsável pelas intervenções éticas e morais, inseridas no consciente e inconsciente durante a infância, buscando a perfeição moral, repelindo toda a influência que foge a sua formação, construída pelos pais, por meio do ambiente e educação recebidas diariamente. Esta construção de um superego forte, vai se relacionar a um lar onde haja amor, carinho e respeito mútuo. O contato com um ambiente familiar sadio, proporcionará a construção de um superego “forte”.
Entender que respeito, afetividade, paciência, dentre outros aspectos positivos, devem ser norteadores de respostas socialmente aceitáveis para os conflitos e angustias causados pelos desabores hodiernos dentro da sociedade, formam por consequência um indivíduo educado, carinhoso, seguro , espontâneo, comunicativo, satisfeito consigo mesmo e com suas questões emocionais. Portanto, torna-se evidente a importância da família no processo de construção das instâncias psíquicas, sobretudo do ego e superego.
Haja vista, que a formação do ego ocorre pela influencia dos pais durante a infância por meio dos laços intensos de afetividade que entrelaçam pais e filhos. E o superego é caracterizado pela absorção de conteúdos de aspectos éticos e morais, conteúdos construídos por meio da interação do indivíduo com a influência histórica, social, cultural e do ambiente familiar no qual está inserido. Esta construção do superego será a responsável pelas intervenções junto ao ego em desfavor do suprimento das necessidades do ID.
Conclusão
Considerando as relações entre as instâncias psíquicas, “(…) a energia começa por estar “ligada” antes de se escoar de forma controlada; a satisfação é adiada, permitindo assim experiências mentais que põem à prova os diferentes caminhos possíveis de satisfação.” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1996, p. 371).
Este artigo sobre ego e superego foi escrito por Wallace Luiz([email protected]). Tem interesse no estudo da psicanálise, em decorrência de como este estudo permite o conhecimento pessoal, processo que traz ao indivíduo e as pessoas a sua volta, a plenitude em bem estar e qualidade de vida.