recalcamento

Recalcamento: o que é e qual relação com os sintomas

Posted on Posted in Teoria Psicanalítica

Entenda sobre o recalcamento. A psicanálise, criada e desenvolvida por Sigmund Freud, trouxe importantes contribuições para a compreensão da estrutura e funcionamento da vida psíquica, em outras palavras, através da psicanálise é possível uma melhor compreensão do funcionamento da mente humana, revelando entre tantas coisas, os mecanismos de defesa que moldam nossas experiências e o quanto estes são responsáveis pela forma como nos relacionamos com nós mesmos e com o mundo a nossa volta.

Nesse contexto, o recalcamento desempenha um papel fundamental, pois podemos considerá-lo uma das principais barreiras que a mente humana cria para nos proteger de experiências negativas e, muitas vezes, traumáticas. Ele evita que revivamos essas experiências dolorosas ao longo de nosso desenvolvimento.

Recalcamento: Reflexões sobre sua Influência nos Sintomas Psíquicos e Corporais e a Banalização Contemporânea

É importante destacar que essas experiências negativas e traumas que sofremos continuam exercendo grande influência em nossas vidas, muitas vezes sendo responsáveis por sintomas psíquicos, corporais, comportamentais e até pela forma como nos relacionamos com os outros. No cerne da teoria psicanalítica, o recalcamento atua no processo inconsciente de reprimir pensamentos, desejos e memórias perturbadores para evitar o confronto com conteúdos emocionalmente intensos, relegando-os ao inconsciente.

Ele mantém afastadas as pulsões e as experiências traumáticas que seriam avassaladoras para o indivíduo. O recalcamento exerce uma influência profunda nos sintomas psíquicos, uma vez que os traumas e conteúdos reprimidos não desaparecem, mas encontram maneiras de se manifestar.

Através da psicanálise é possível analisarmos e identificarmos no recalcamento as motivações inconscientes para comportamentos, medos e sintomas conscientes como por exemplo ansiedade, depressão, fobias, dependências, compulsões, obsessões e outras manifestações sintomáticas que podem ser entendidas como expressões indiretas do recalcamento.

O recalcamento e o inconsciente

Por estarem “guardados” no inconsciente, portanto não serem conscientemente processados, esses conteúdos encontram caminhos tortuosos para se manifestarem, prejudicando o equilíbrio emocional, o bem-estar psíquico e muitas vezes as relações interpessoais.

Além disso, é importante destacar que o recalcamento não se limita apenas ao âmbito psíquico, mas também influencia a esfera corporal, resultando por exemplo em dores de cabeça recorrentes, problemas digestivos, distúrbio do sono, tensões musculares crônicas, entre outros. Esse recalque de experiências traumáticas e/ou de emoções intensas podem levar por exemplo ao surgimento de doenças psicossomáticas como asmas, úlceras estomacais, hipertensão, dermatites entre outros.

Além disso, muitos distúrbios funcionais também podem estar associados ao recalcamento como por exemplo problemas gastrointestinais, síndrome do intestino irritável, disfunções sexuais, como disfunção erétil, vaginismo, entre outros.

Mente em silêncio

Em outras palavras, é como se o corpo falasse aquilo que a mente silencia, revelando a interconexão entre o psiquismo e o corpo físico. Estudos e casos clínicos evidenciam essa relação, reforçando a importância de considerar o recalcamento na compreensão dos sintomas corporais.

Contudo, é alarmante perceber a crescente banalização do termo “recalque” nos dias de hoje, o que pode comprometer significativamente a importância da necessidade que algumas pessoas têm de buscar ajuda para compreenderem que muitas de suas questões emocionais, cognitivas e físicas, tem sua origem naquilo que está recalcado, em seu inconsciente.

Como já mencionado, o recalcamento abrange aspectos psíquicos, repressão de desejos, experiências traumáticas e memórias dolorosas que afetam diretamente o bem-estar emocional e a saúde corporal.

O recalque e as emoções

Em um contexto contemporâneo, a palavra “recalque” é frequentemente utilizada de forma banalizada e superficial. Seu emprego ocorre muitas vezes para desqualificar ou diminuir a validade das emoções alheias, muitas vezes sem uma compreensão real do seu significado psicanalítico. Essa banalização impede que as pessoas reconheçam a importância do recalcamento na compreensão de seus problemas psíquicos e corporais, reduzindo-o a um mero insulto ou piada.

A desconsideração do recalcamento pode ter consequências graves, perpetuando o sofrimento psíquico e corporal. Ao negligenciarmos a relevância das experiências recalcadas e rejeitarmos sua necessidade de elaboração, acabamos dificultando o acesso a tratamentos adequados e a busca por ajuda profissional especializada. Dessa forma, a banalização não apenas desvaloriza a complexidade do universo psíquico de cada indivíduo, mas também impede que muitas pessoas encontrem o tratamento adequado.

Essa banalização se fortaleceu ao longo dos anos, especialmente com o advento da internet. É importante que toda a comunidade psicanalítica una forças para alertar a sociedade sobre como as manifestações de ódio e intolerância podem ter origem em conteúdos recalcados e que isso pode ser tratado por meio da psicanálise.

O recalcamento e a Psicanálise

Esse trabalho terapêutico pode auxiliar tanto os agressores quanto as vítimas dessas agressões. Através da análise psicanalítica, é possível acessar o inconsciente e entrar em contato com o que está recalcado, iniciando um processo de tratamento que possibilita uma compreensão mais profunda de si mesmo. Com isso é possível desenvolver a compaixão para com o outro e a prática do perdão.

Ao refletirmos sobre a influência do recalcamento e compreendermos sua relevância na psicanálise, somos capazes de promover uma abordagem mais sensível aos traumas recalcados. É essencial alertar a sociedade sobre o poder do recalcamento, que guarda em seu inconsciente emoções, desejos, traumas e experiências negativas capazes de afetar profundamente nossa saúde mental e física.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Devemos evitar a banalização do termo “recalque” e incentivar uma análise mais aprofundada dos conteúdos emocionalmente perturbadores que nos afetam. Somente assim poderemos buscar uma verdadeira busca pelo bem-estar psíquico e corporal, reconhecendo a importância de lidar com as feridas emocionais enraizadas em nosso inconsciente.

    Este artigo foi escrito por Alexandre Baptista, graduado em Filosofia e encontra-se em formação como Psicanalista Clínico. Possui uma sólida trajetória de mais de duas décadas dedicadas ao campo de tratamento da adicção. Além disso, exerce um papel ativo como Palestrante, com o objetivo de informar, conscientizar e prevenir acerca das problemáticas envolvendo as dependências compulsivas e obsessivas. Tem compartilhado seu conhecimento e experiências tanto com empresas e seus colaboradores, quanto com instituições de ensino e seus alunos, abordando questões pertinentes ao alcoolismo, dependência química e adicção. Para entrar em contato, você pode enviar um e-mail para [email protected].

    One thought on “Recalcamento: o que é e qual relação com os sintomas

    1. Muitos “recalques” são camuflados com o uso de substâncias que só adiam e potencializa os problemas que não são expressados

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *