Relação Mãe e Filho na Psicanálise: Saiba Tudo

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A psicologia da relação mãe e filho tem sido estudada e discutida desde por volta de 440 AC. Isso quando Sófocles escreveu sobre Édipo Rei, um homem que matou seu pai e dormiu com sua mãe. Talvez nenhum psicanalista moderno tenha demonstrado tanto interesse nesse cenário quanto Sigmund Freud, que desenvolveu a teoria do Complexo de Édipo.

Nesse contexto, o médico argumentou sobre situações em que meninos entre 3 e 5 anos desejariam suas mães. Além disso, subconscientemente gostariam que seus pais saíssem do quadro para que pudessem assumir esse papel. Contudo, a maioria das pessoas descartou a teoria de Freud por julgarem que não tinha mérito. No entanto, muitos outros fatores entram no relacionamento entre mãe e filho.

Ligação Mãe e Filho

Em uma pesquisa relatada em 2010 pela Universidade de Reading, os resultados indicam que todas as crianças, particularmente os meninos que não têm um vínculo forte com suas mães, têm mais problemas comportamentais.

Além disso, as considerações de Kate Stone Lombardi são muito interessantes. A autora de “O Mito dos Garotos da Mamãe: Por que manter nossos filhos próximos os torna mais fortes” disse que o perfil de menino que apresentamos mais acima crescem apresentando comportamento hostil, agressivo e destrutivo. Assim, meninos que têm um vínculo próximo com suas mães tendem a evitar futuros comportamentos delinquentes.

Ligação Teórica: a teoria do apego

A teoria do apego afirma que as crianças que têm um forte apego aos pais se sentem apoiadas e confortadas por eles. No entanto, as crianças que são rejeitadas ou que recebem cuidados e conforto de maneira inconsistente tendem a desenvolver problemas comportamentais.

Nesse contexto, o Dr. Pasco Fearon, da Escola de Psicologia e Ciências da Linguagem Clínica da Universidade de Reading, conduziu pesquisas para verificar a validade da teoria. Ele confirmou que a teoria do apego tem validade depois de analisar 69 estudos que envolveram cerca de 6.000 crianças.

Mãe em Excesso

Apesar de todo esse aporte teórico, muitas pessoas acreditam que excessos na maternidade produz meninos mimados e sem atitude. A título de exemplo, Jerry Seinfeld brincou uma vez no programa de TV “Seinfeld” ao comentar sobre o assunto:

“Não que haja algo errado com isso.”

No entanto, o que ele realmente quis dizer é que este apego parece estranho a muita gente.  Assim, muitas pessoas acreditam que há algo errado com isso sim.

Nesse contexto, Peggy Drexler, psicóloga pesquisadora e autora de “Raising Boys Without Men”, apontou em um artigo da “Psychology Today” que a sociedade diz que não há problema em uma menina ser uma “garota do papai”. No entanto, não é normal que um menino seja “O filhinho de mamãe.”

Assim, a ideia de uma mãe amorosa criando um menino brando e fraco é algo presente no imaginário popular. No entanto, ao que tudo indica, é apenas um mito. Drexler diz que as mães devem ser um “porto seguro” para seus filhos, mas que elas também devem “exigir independência”. Ela ressaltou que, acima de tudo, o amor de uma mãe nunca pode ferir o seu filho.

Bom Comunicador e Companheiro

As mães que são próximas com seus filhos tendem a criar meninos que são mais capazes de comunicar seus sentimentos. Dessa forma, podem resistir à pressão dos colegas, de acordo com Lombardi.

Nesse contexto, à medida que o filho atinge a idade adulta, se desfruta de um relacionamento amoroso e respeitoso com sua mãe, é mais provável que ele trate o futuro de outra pessoa da mesma maneira. Assim, de acordo com Lombardi, essa base familiar pode conduzir o filho a um relacionamento amoroso bem-sucedido.

Importância da Conscientização

Atualmente em todos os meios de comunicação, vem sendo abordado o comportamento tóxico masculino. Isso dada a quantidade de casos de feminicídio e violência doméstica. Queremos deixar claro que sabemos da existência de comportamentos tóxicos tanto entre homens quanto mulheres.

No entanto, é perceptível que as mães costumam não dar a devida atenção ao tratamento que filhos meninos estão dando às meninas.

O desenvolvimento infantil é uma excelente oportunidade ensinar a tratar as meninas com respeito, desenvolvendo a empatia. Assim, as mães de hoje têm a tarefa de ensinar que não se pode agredir uma mulher, nem tratá-la com desrespeito de nenhuma forma. Dessa forma, o conceito de como deve ser um relacionamento saudável e de respeito mútuo é nutrido na criança desde muito cedo.

Preocupação Materna

DW Winnicott afirmou que antes do nascimento do bebê, a mãe suficientemente boa e em condições razoáveis seria surpreendida por uma preocupação materna com seu filho que chegava. Isso supondo que ela não estivesse em traumas ativos. São exemplos:

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    • a guerra;
    • um relacionamento abusivo;
    • a pobreza extrema;
    • depressão ou ansiedade;
    • o sofrimento por uma perda importante,

    Dessa forma, excluindo esse contexto, uma mãe “boa o suficiente” seria naturalmente consumida com pensamentos de seu filho durante os meses de gravidez.

    Esse é um anseio que realmente observamos em mães grávidas ou adotantes. Assim, é até comum que elas fiquem doentes de tão totalmente preocupadas com a criança que estão esperando. Trata-se de algo que vai desde a busca pelo nome certo do bebê, até registros e discussões tarde da noite sobre que tipo de mãe ela será.

    Nesse contexto, até mesmo os pais que se preparam para o segundo e terceiro filhos gastam muito tempo planejando e sonhando com a próxima criança.

    Identificação projetiva

    Durante as primeiras semanas de vida, a criança comunica-se com o seu prestador de cuidados primários projetando essencialmente sua experiência psíquica interna em uma mãe receptora. Esta é a mãe “suficientemente boa”, da qual Winnicott fala.

    Nesse contexto, livre de uma vida psíquica desnecessariamente onerosa, deve ser receptiva de modo a absorver o conteúdo mental da criança em sua própria psiquê. Isso como meio de compreender seu mundo interno.

    Assim, a criança está projetando sua experiência na mãe para que ela possa ser compreendida. Contudo, na verdade, isso é feito de modo que uma mãe receptiva possa ajudá-la a processar o que, de outro modo, seria um sentimento incontrolável de agitação interna.

    Função alfa

    Wilfred Bion aprofundou a teoria da identificação projetiva de Klein para considerar o processo pelo qual a mãe metabolizava as projeções do bebê. Ele descreveu sentimentos e pensamentos, que estavam ausentes do contexto, como os de uma criança, como elementos beta.

    Nesse contexto, os elementos beta não contêm uma história completa. São fragmentos de uma imagem que os tornam indecifráveis. Eles não podem ser sonhados ou sequer pensados, apenas experimentados.

    Um bebê projeta seus elementos beta porque ele ainda não tem capacidade, uma mente funcional, para compreendê-los. Assim, Bion descreve a capacidade de metabolizar elementos beta como função alfa. O que ele teoriza é que a mãe não só usa sua função alfa para entender a angústia da criança, mas quando ela devolve uma experiência metabolizada.

    Tendo transformado os elementos beta em um estado de sentimento contextualizado, ela também alimenta seu próprio alfa. Assim, se satisfaz por resolver a angústia do bebê. Isso acabará por ajudar a criança a construir uma mente ativa.

    Então, o que aprendemos aqui?

    A maternidade é o meio pelo qual nos sentimos seguros no mundo. É por meio desse contato que temos nossas primeiras experiências como inomináveis ​​temerários. Assim, é por meio de nossa mãe que construímos uma mente ativa. Sim, as mães são fundamentais no desenvolvimento de seus filhos e essenciais na construção de uma sociedade pacífica e produtiva.

    Quer entender mais sobre esse tópico e tantos outros? Sabemos o quanto esse tipo de discussão pode ser densa.

    Assim, encorajamos que você faça sua matrícula no nosso curso de psicanálise EAD clicando aqui. Trata-se de uma oportunidade para obter autoconhecimento e também capacitação profissional.

    Compreender a mente humana é uma chance incrível para encarar os próximos desafios de sua vida com mais consciência e liberdade. Saber mais sobre o relacionamento entre mãe e filho é um passo importante, e garantimos informação sobre ele também.

    18 thoughts on “Relação Mãe e Filho na Psicanálise: Saiba Tudo

    1. Gostaria de saber se quem escreveu esse artigo é ou será professor do curso.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Olá, Ana. Gratidão por sua mensagem. O artigo é criado pela nossa equipe de redatores, em conjunto com os professores do Curso. Equipe Psicanálise Clínica.

    2. Vim procurar respostas, sobre a relação de uma mãe que amamentou o filho até 12 anos, que dorme na mesma cama com ele, já com 24 anos, tendo a possibilidade de dormirem em quartos distintos. Que não deixa o filho namorar, que buscava e levava na faculdade. Que desde criança não deixa ter amigos e atualmente ainda fala que é novo para trabalhar.

      1. José Carlos disse:

        Para tentar entender uma situação dessas, é importante saber qual a posição da figura paterna nesse relacionamento familiar, pois se ausente, pode estar ocorrendo um caso de transferência emocional da mãe, que por não ter a presença de seu companheiro por algum motivo, pode estar transferindo para o filho todo carga emocional que deveria ser direcionada ao marido. Isso é apenas uma visão supercial de algo que pode ser muito mais sério.

        1. Moreira João disse:

          Gostei bastante do conteúdo. Muito obrigado.

        2. Alexandra Melo disse:

          …mas que, caso seja essa a hipótese, apenas é interessante para poder entender o caso e, naturalmente, orientar clinicamente, mas que em nenhum caso pode tornar “natural” a conduta desta mãe…

      2. Alexandra Melo disse:

        Boa observação! Tudo o que é em excesso, como a própria palavra diz, é demais e superior ao que é expectável e desejável. É EXCESSO…
        Quando os adultos estão presentes em excesso na vida das crianças/filhos, acima de tudo estão a ensinar as crianças, entre outras coisas, que elas não são suficientemente boas para cuidar de si próprias, que é necessário que os pais prolonguem a sua presença para além do normal porque não reconhecem nos seus filhos capacidades para que eles o possam fazer, para que possam ser independentes como a sociedade um dia lhes vai exigir. A autonomia, com direção à independência, é dos grandes domínios de desenvolvimento que deve ser investida logo após o nascimento, com a criação de oportunidades para que o bebé comece a explorar as oportunidades de explorar o mundo por si só; o desenvolvimento sensorio-motor (ver, ouvir, sentir, mexer, deslocar-se…), logo ao longo do 1º ano, é a primeira grande oportunidade para fazer o bebé “ir atrás” e lançar-se para as descobertas pelos seus próprios meios. Os pais deverão “apenas” permitir que essa busca se faça e não fazer por ele… E não precisa esperar pelos 24 anos … Com 24 anos diria que estamos já no domínio da patologia (da mãe, do filho, da dupla mãe-filho e de um terceiro elemento (pai, segunda mãe) se este estiver presente na família), com todas as implicações nefastas na vida desse ser que, com 24 anos, não teve oportunidade de confiar em si mesmo e perceber que tem (tinha) em si todas as ferramentas para caminhar sozinho e ter o prazer de vencer, por mais que tenham sido as suas quedas durante o seu percurso. Pai/mãe não podem fazer pelos filhos, mas sim fazer com eles desde o apoio direto a um apoio de bastidores.

    3. Odair José Rodrigues disse:

      As pessoas acham que só existem homens pedófilos, que muitas vezes abusam de suas próprias filhas, enquanto muitas mães “protetoras” abusam de filhos e filhas e a sociedade faz vistas grossas. Penso que essa ideia mães super protetores que dormem e tomam banho com seus filhos, pode esconder um problema muito maior que está sendo ignorado por essa sociedade hipócrita e medíocre.

    4. Pâmela Novais disse:

      Nesse caso, como é visto a criação de um filho por casais homoafetivos?

    5. CÉSAR SAMBLAS BOSCOLO disse:

      Mais um artigo bastante interessante, que é de muita valia para meu aprendizado, e também para ser um futuro BOM psicanalista. Obrigado, grande abraço!

    6. Evangelista Damasceno Santos disse:

      Simultaneamente à leitura deste artigo, estava ouvindo uma entrevista de uma mexicana a respeito de parto tântrico e sexualidade pós parto. E foi incrível a correlacionalidade entre os dois temas. A situação tanto da mãe quanto do filho, abordada pode ocorrer em decorrência da vivência e traumas ocorridos durante a gestação e o parto.

    7. Eu tenho uma namorada ou, posso dizer, mais que namorada pois, nos relacionamos como marido e mulher. Vou pra casa dela toda sexta e volto na segunda pra minha casa. Na casa dela mora um irmão e um filho adolescente e, certos comportamentos deles, muito me intriga. Por exemplo, ela senta no sofá e o filho de 16 anos de quase 1, 80 de altura, coloca as pernas dele encima das pernas dela. Ora fica toda hora agarrando a mãe com abraços que, quem olha, parece que são namorados. Outro detalhe é que, desconfio que dormem juntos quando não estou. Já o irmão, brinca de dar tapinhas na bunda dela. Outro dia ela estava com a lingerie um pouco fora da calça e ele veio e puxou a lingerie dela pra cima, saíndo rindo. Outro dia ela falou que a bunda do irmão é cabeluda. Questionei e ela desconversou. Enfim…quero dizer que venho notando certos comportamentos que me incomodam e muito. Eu já queria mesmo saber se tem algo errado comigo como se eu estivesse enxergando coisas demais ou se realmente comportamentos assim aos olhos de outros, seriam da mesma forma que eu, enxergadas como comportamentos errôneos da parte deles.

    8. Gostaria ver artigo sobre níveis de autismo e comportamentos para identificaçao e sobre maes e filhos narcisistas, e como agir.

    9. HERBERT HIDALGO RAMÍREZ disse:

      Artigo “clássico” da equipe IBPC, ou seja, com um conteúdo de qualidade impecável, capaz de nos levar a “ruminar” (Nietzsche) os pontos levantados. Sou ex-aluno do IBPC e indico, sem receio, aos interessados em Psicanálise, cursarem o Programa proposto pelo IBPC.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Herbert, gratidão por suas palavras.

    10. ANTÔNIO GERALDO COELHO disse:

      Gostei do artigo, abrange de forma bem sintética a fase fundamental da vida humana, a edipiana, ou complexo de édipo, especialmente para os meninos, mas também para as meninas, na verdade é a base da afetividade e desenvolvimento da sexualidade de todas as pessoas.

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