Drogas na adolescência: a Psicanálise pode ajudar?

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Existem diversas teorias psicanalíticas acerca do uso de drogas na adolescência. No entanto, algumas das mais notáveis são descritas por L. Wurmser, EJ Khantzian, H. Krystal e J. McDougall. Assim, elas explicam as razões pela qual pessoas iniciam o uso dessas substâncias.

Nesse contexto, de acordo com Wurmser, o abuso de substâncias é motivado por uma crise narcísica. Assim, ele defende a psicanálise tradicional como principal forma de tratamento. Contudo, Khantzian vê o vício como uma tentativa de compensar um autoconceito debilitado.

Por outro lado, segundo Krystal, o dilema básico do abusador de drogas na adolescência reside em suas relações objetais perturbadas. No entanto, McDougall concebe o vício dentro do contexto da doença psicossomática e observa que tais fenômenos podem ser vistos como um modo defensivo de lidar com o sofrimento.

Para destacar algo em comum, todos os 4 teóricos se concentram no uso de drogas como um regulador afetivo. Além disso, consideram as drogas como substitutos externos das funções internas.

Assim, talvez o conjunto de todas as teorias revele de forma geral a razão pelas quais as pessoas fazem uso de drogas. É interessante que elas também expliquem o porquê de o uso geralmente se iniciar durante a adolescência.

Razões pelas quais o uso de drogas na adolescência é frequente

Para se encaixar

Muitos usam drogas na adolescência “porque os outros estão fazendo” – ou pensam que os outros estão fazendo. Nesse contexto, temem não serem aceitos em um círculo social que inclua colegas que usam drogas.

Para se sentir bem

Drogas abusadas interagem com a neuroquímica do cérebro para produzir sentimentos de prazer. Assim, a intensidade dessa euforia difere pelo tipo de droga e como ela é usada.

Para se sentir melhor

Alguns adolescentes sofrem de depressão, ansiedade social, distúrbios relacionados ao estresse e dor física. Assim, usar drogas pode ser uma tentativa de diminuir esses sentimentos de angústia. Dessa forma, o estresse desempenha um papel significativo no início e no uso contínuo de drogas, bem como no retorno ao uso de drogas (recaída) para aqueles que estão se recuperando de um vício.

Para fazer melhor

A nossa sociedade é muito competitiva. Nesse contexto, a pressão para se apresentar atlética e academicamente pode ser intensa. Assim sendo, alguns adolescentes podem recorrer a certas drogas como estimulantes ilegais ou prescrição porque acham que essas substâncias irão melhorar ou melhorar seu desempenho.

Para experimentar

Adolescentes são muitas vezes motivados a buscar novas experiências, particularmente aquelas que percebem como emocionantes ou ousadas.

Drogas mais usadas pelos adolescentes

Álcool e tabaco são as drogas mais comumente usadas pelos adolescentes, seguidas da maconha. No entanto, as próximas substâncias mais populares diferem entre grupos etários.

Jovens adolescentes tendem a favorecer substâncias inalantes, enquanto os adolescentes durante a fase do Ensino Médio são mais propensos a usar maconha sintética (“K2” ou “Spice”). Ademais, podem abusar de medicamentos de prescrição em particular analgésicos opiáceos, como Vicodin e estimulantes como Adderall.

De fato, pesquisas sobre o uso e atitudes de usuários durante a adolescência mostram que os medicamentos prescritos e de venda livre são responsáveis ​​pela maioria das drogas mais comumente usadas pelos adolescentes durante o Ensino Médio.

Como os adolescentes se tornam viciados em drogas e quais fatores aumentam o risco?

O vício ocorre quando o uso repetido de drogas muda a forma como o cérebro de uma pessoa funciona com o tempo. Assim, a transição do uso de drogas voluntárias para compulsivas reflete em mudanças na inibição natural do cérebro.

Nesse contexto, centros de recompensa impedem a pessoa de exercer controle sobre o impulso de usar drogas mesmo quando há consequências negativas – a característica definidora do vício.

Algumas pessoas são mais vulneráveis ​​a esse processo do que outras, devido a uma série de possíveis fatores de risco.

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    Nesse contexto, experiências altamente estressantes na primeira infância, como abuso sexual ou outras formas de trauma são um importante fator de risco. Assim, adolescentes com história de abuso físico e/ou sexual são mais propensos a serem diagnosticados com transtornos por uso de substâncias.

    É importante ressaltar que há ainda muitos outros fatores de risco. Assim, são eles:

    • vulnerabilidade genética;

    • exposição pré-natal ao álcool ou outras drogas;

    • falta de supervisão ou monitoramento dos pais;

    • e a associação com pais usuários de drogas.

    Ao mesmo tempo, uma ampla gama de influências genéticas e ambientais podem promover um forte desenvolvimento psicossocial e resiliência.

    Além disso, podem trabalhar para equilibrar ou neutralizar fatores de risco, tornando difícil prever quais indivíduos desenvolverão transtornos por uso de substâncias e quais não.

    É possível que os adolescentes se tornem viciados em maconha?

    Sim. Ao contrário da crença comum, a maconha é viciante. Estimativas da pesquisa sugerem que cerca de 9% dos usuários se tornam dependentes da maconha; esse número aumenta entre aqueles que começam cedo (para cerca de 17% ou 1 em 6) e entre os usuários diários (para 25% a 50%).

    Assim, muitos dos quase 7% dos adolescentes do ensino médio que (de acordo com dados da pesquisa anual) relatam fumar maconha diariamente ou quase diariamente estão a caminho do vício. Isso se já não estão viciados. Além disso, podem estar funcionando em um sub-nível ideal em seus trabalhos escolares e em outras áreas de suas vidas.

    Abstinência

    Os usuários de maconha de longo prazo, tentam parar de relatar sintomas de abstinência. Nesse contexto, são eles:

    • irritabilidade;

    • insônia;

    • diminuição do apetite;

    • ansiedade;

    • fissura por drogas.

    Tratamento

    Intervenções comportamentais, incluindo Terapia Cognitivo-Comportamental e Gerenciamento de Contingências (fornecendo incentivos tangíveis a pacientes que permanecem livres de drogas) provaram ser eficazes no tratamento do vício da maconha.

    Assim, embora não haja medicamentos atualmente disponíveis para tratar o vício da maconha, é possível que remédios para aliviem a abstinência. Nesse contexto, podem bloquear seus efeitos intoxicantes e prevenir a recaída.

    Contudo, talvez outros resultados interessantes podem emergir das recentes descobertas sobre o funcionamento do sistema endocanabinóide. Trata-se de um sistema de sinalização no corpo e no cérebro que usa produtos químicos relacionados aos ingredientes ativos da maconha.

    Tratamento para drogas na adolescência através da psicanálise

    A psicanálise entra como auxiliar no tratamento da adicção, pois é possível que o jovem tenha que passar por uma internação compulsória. Assim, deve fazer um acompanhamento com profissionais da medicina a fim de checar possíveis danos físicos e cerebrais pelo uso das substâncias e acompanhar a desintoxicação.

    Nesse contexto, a psicanálise entra em cena geralmente em terapias de grupo, onde pessoas afetadas pelo vício das drogas descrevem suas experiências.

    Dessa forma, o psicanalista tenta levar esses jovens a questionarem a razão pela qual iniciaram o uso de drogas. Isso de modo a conscientizá-los quanto às consequências do uso das drogas.

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    Dessa forma, torne-se mais um dos profissionais qualificados para ajudá-las, ou então torne-se capacitado para lidar com o que acomete a sua própria família.

    8 thoughts on “Drogas na adolescência: a Psicanálise pode ajudar?

    1. David Ferreira da Silva disse:

      Muito bom o artigo, oportunidade de observar atentamente a importância da motivação psicossocial de uso de drogas na adolescência, e a possibilidade de aplicação da psicanálise no auxílio do tratamento. Obrigado!

    2. Heliana de Oliveira Pereira disse:

      O uso de drogas seja em qualquer idade está correlacionada como um mecanismo de defesa e resistência de algum afeto que perturba o sujeito, o exagero na alimentação , exagero em exercício físico, excesso de limpeza, falta de limpeza , bagunça, desordem de modo geral, também é um vício que prejudica uma pessoa em seu convívio na sociedade, mas como alguns desequilíbrios desse porte não choca ninguém , passa despercebido. Em torno de tudo isso encontra-se a dopamina que é um neurotransmissor da motivação , que faz com que o sujeito fique preso a seu vício , pois este
      por um momento lhe dá a sensação de recompensa atingida, até que dure o próximo looping e tudo volta novamente, para se livrar de qualquer vício o sujeito precisa entender os gatilhos que acionam seus afetos e querer se livrar dele. Por isso é muito importante o apoio da família e amigos e profissionais especializados em drogas nos casos de pessoas que enveredaram para o uso. Nos demais casos mencionados também um psicoterapeuta ajudará muito o sujeito a se encontrar consigo mesmo a perceber suas demandas, suas faltas e suas questões com a vida.

    3. Luiz Fernando Santos Escouto disse:

      o TEMA É URGENTE A TODAS AS FAMÍLIAS

    4. Flávio Pinto Camargo disse:

      Eu tive experiências com uso de drogas, tanto na adolescência, quanto já adulto.
      Fazendo uma reflexão honesta comigo mesmo, chego a algumas conclusões que podem ter algum fundamento autoanalitico.
      Na adolescência na minha época, a partir de final da década de 70, circulava com muita facilidade alguns tipos de entorpecentes maís comuns, que eram o uso da bebida alcoólica, e a maconha e posteriormente drogas farmacológicas, como o hipofagim misturado com álcool e LSD, posteriormente a partir do final dos anos 90 e até os dias de hoje vieram o raxixe e a cocaína.
      Pelo menos aqui na região que eu moro, no Sul do país, Florianópolis, SC, não circulava heroína, pelo menos entre eu e meus amigos, talvez por ser uma droga muito cara, havia também o cheira perfume e o cheirinho da loló (esse era caseiro) e os chás alucinógenos, como o chá de cogumelos e de lírio.
      Então o acesso era relativamente fácil e diversificado, mas o fato é que em minha breve lembrança e reflexão que estou fazendo agora comigo é que, como eu tinha problemas de depressão tratado por psiquiatra desde os meus 14 anos de idade, era uma forma que formulei e recorri a uso delas para, primeiro:
      Fazer parte de um determinado grupo e ser aceito por eles, mesmo com meus evidentes transtornos e carências,
      A falta de conversas e acolhimento dos pais , ( padrasto),
      Ocorrência de maus tratos e violência doméstica por parte do meu padastro e com certa anuência da minha mãe,
      E depois a partir dos meus 18 anos a mudança de depressão para agitação e ansiedade exarsebada das características da doença psiquiátrica que fui desenvolvendo com o passar dos anos,vque é a síndrome da bipolaridade.
      Depois, por decorrência de traumas, medos insegurança e principalmente falta de maturidade, o uso da cocaína em períodos até em alguns casos longos e frequentes.
      Obs.: Nunca né injetei nenhum tipo de drogas, pois sabia de todos os riscos que isso te expunha, como dependência, doenças e risco de morte por overdose.
      Fazem 14 anos que não uso mais cocoina e , depois que comecei os meus estudos em espiritualidades e prática diária do budismo, me dispus a emagrecer, vinte cinco quilos em oito meses, até atingir o peso que eu quis pra ter, parei de fumar cigarro de papel, (ainda uso cigarro eletrônico)
      Sou vegt, faço exercícios de caminhadas, trilhas e academia, pratico Tai Chi e estou com uma saúde invejável, física, mental e espiritual e equilíbrio emocional.
      Sou um galo velho, velho mas GALO, RSRSRSRSRSRS!
      NAMASTÊ!!!

      1. michelly f b bernardes disse:

        Li seu comentário. Foi bom ler um depoimento de superação. Amém. Que bom ver uma recuperação.

    5. Erica Figueiredo Gonçalves disse:

      Muito bom o artigo e direcionador. Parabéns!

    6. ANTÔNIO GERALDO COELHO disse:

      Muito bom o texto, porém é difícil generalizar, cada caso é um caso com histórias muito diversas que podem levar ao mesmo cimportamento.

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