Relacionamento a dois: como o autoconhecimento ajuda?

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,Introdução

Neste trabalho, entenderemos a importância em usar a psicanálise como uma ferramenta poderosa de autoconhecimento. Dessa forma, poderemos agir para melhorar os nossos relacionamentos, principalmente o relacionamento a dois

Esta abordagem é de extrema importância pelo fato de que, quando uma pessoa busca pelo autoconhecimento, ela permite-se a chance de olhar para si e para o outro com muito mais empatia e compreensão. Assim, entende as demandas internas, carências, vícios emocionais e mecanismos de defesas mais utilizados em diferentes situações. Desta forma  fica muito mais fácil enxergar saídas para um momento de maior embaraço. 

Partindo da ideia de que até mesmo você, lendo neste momento, talvez não saiba responder ou exemplificar qual é o seu vício ou vícios emocionais ou os principais mecanismos de defesa, explicarei mais a frente com exemplos para melhor compreensão do tema. Ademais, demonstrarei a importância de saber identificar isso em você e em quem está com você, seja seu parceiro ou parceira, amigos, familiares etc. 

Objetivos

Se neste exato momento você não tem estas respostas, esse conhecimento sobre si próprio, em um relacionamento a dois será bem mais difícil lidar com estes sentimentos.

Quando eles aparecerem, ambos precisam confrontar diferentes construções emocionais, bagagem emocional trazida desde a sua concepção. Ademais, certamente, em algum momento, para um dos dois lados ou até mesmo para ambos, será bem difícil permanecerem juntos. 

Cada casal se atrai, além de muitas outras coisas, pelo vicio emocional que detectam e ativam de forma inconsciente. Contudo, podem passar uma vida inteira alimentando isso de forma negativa e sendo infelizes. É aquela sensação de que se faz tudo, se tem tudo e mesmo assim ainda falta tanto. 

O que você encontrará nessa leitura

O principal objetivo neste trabalho é mostrar para quem está lendo que para estar junto com outra pessoa é fundamental conhecer-se, entender-se. Ademais, falaremos com base na psicanálise como funcionam:

  • os mecanismos de defesas,
  • os vícios emocionais que alimentam o relacionamento de forma negativa,
  • a importância do equilíbrio e da troca na relação.

Ajudaremos você a entender como o relacionamento deve proporcionar crescimento e evolução para que isso tudo não seja simplesmente empurrado para cima do outro. Afinal, não é responsabilidade do outro proporcionar a felicidade e atingir as expectativas.

Você deverá sair desta leitura com a informação clara de que a responsabilidade de ser feliz é somente sua. A outra pessoa da relação caminhará ao seu lado e jamais te carregará. De maneira semelhante, você não deverá jamais carregar o outro também.

Relacionamento a dois saudável

“Para compreender o amor, é preciso, a cima de tudo, saber o que somos e o que estamos carregando. Um importante ponto a ser compreendido é que não há separação entre o que ocorre dentro e o que ocorre fora de nós. O externo é o reflexo do externo.“ (BABA,2017, p.15).

Como você se relaciona com o mundo?

A maneira como você vê o mundo ao seu redor reflete a maneira como o seu mundo interior se organiza.

Seu mundo interior já existe desde muito antes de você nascer. Isso se dá porque, quando você nasce, já entra em uma historia sendo contada, à qual agora você pertence e terá de se adaptar. É algo semelhante a uma semente que cai no solo e precisa viver com aquilo que possui na terra para se desenvolver. 

Como os relacionamentos nos moldam

Você passará a carregar coisas e sentimentos criados, elaborados e desenvolvidos por você. Além disso, irá carregar sentimentos, informações e visões de mundo dos que já estavam em sua história antes de você chegar. Você poderá assumir posições na sua vida  de forma a honrar quem você ama ou por entender que precisa fazer isso para que o fardo de outra pessoa se torne mais leve, por exemplo, pai, mãe, avós, etc.

Algumas vezes, não ousará fazer nada diferente na sua vida por medo inconsciente de não pertencer mais a família de origem. Agirá como se fazer diferente significasse ser excluído desta historia da qual você faz parte. Assim, todos esses sentimentos estão lutando internamente de forma inconsciente para se organizar. 

Dentro do tema relacionamentos, algumas pessoas, inclusive, não conseguem permitir-se ser felizes ou amar de verdade porque seu pai ou mãe não foram felizes. Dessa forma, em uma mistura de amor e inconsciente, pessoas machucadas tentam honrar seus pais não sendo felizes como eles ou um dos dois não foram. Portanto, passam a repetir estes comportamentos.

Fazemos isso por amor. Contudo, somente se você buscar autoconhecimento, terá a visão clara de que, muitas vezes, a raiz de relacionamentos que não dão certo em sua vida ou situações que incomodam e se repetem no seu relacionamento atual podem estar justamente em alguma informação do inconsciente familiar que você carrega sem nem perceber.

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    O conflito entre heranças de infelicidade

    Agora, imagine você agindo assim e a pessoa com quem você se relaciona também. Em algum momento, haverá atrito e conflito. 

    Os vícios emocionais que falaremos mais adiante também são originados de vínculos familiares. Podemos complementar esta afirmação para tentar entender melhor tudo isso inspirando-nos no riquíssimo conteúdo de Freud, usando a etiologia que é o estudo das causas.

    Cada trauma irá gerar muitos mecanismos de defesas. Ademais, o ponto de maior dor irá ativar vícios emocionais que precisarão ser alimentados para toda vida enquanto essa dor não for olhada na vida adulta, entendida e superada. 

    O vazio que muitas vezes sentimos,  sozinhos ou acompanhados, não devem ser preenchidos e sim compreendidos. Porém, hoje o que mais acontece em um relacionamento é que ambos pegam os seus vazios e entregam ao outro para que o outro preencha esse lugar.

    Tudo sem nem antes ter compreendido de onde vem o problema e o que realmente poderia curar essa dor.

    Adler e a teleologia

    Nesse contexto, podemos entrar no conhecimento de Adler que tem seu foco voltado para teleologia que é justamente o estudo do propósito das coisas.

    Quando você entrega a sua dor ao outro, você terceiriza uma obrigação e responsabilidade que é sua. Porém, o outro sentirá essa obrigação de curar, deixará de olhar para si por um tempo, não conseguirá nem olhar para suas próprias questões e ainda tentará resolver questões que não pediu para resolver.

    Assim, ambos terão as expectativas quebradas e sentirão a infelicidade crescer. Então, esse sentimento ocupará o vazio sobre o qual acabamos de falar. Ele preencherá um espaço que só quer ser entendido por ambos. 

    Se você entende e supera a causa, você muda o foco para o propósito de manter o relacionamento sadio e evolui!

    Memórias traumáticas e a relação com o relacionamento a dois

    “Não somos determinados por nossas experiências. Mas o sentido que damos a elas é autodeterminante.” (KISHIMI, ICHIRO,2018, p.28).

    As memórias traumáticas que poderão ser carregadas para dentro dos relacionamentos são constituídas por experiências dolorosas principalmente na infância. Essas lembranças são a soma dos sentimentos e emoções, imagens, sons e tudo o que é vivenciado a partir do trauma, a causa da dor. 

    Essas memórias são ativadas de forma automática a cada situação que faça a pessoa reviver qualquer semelhança gerada pelo trauma. Esses gatilhos são ativados e geram angústia, medo, afastamento, sensação de estar revivendo o trauma. 

    Dentro dos relacionamentos, é muito comum que os parceiros reativem constantemente estes gatilhos sem perceberem. Assim sendo, haverá então uma mistura de amor e insatisfação ao mesmo tempo.

    Nem todos disponíveis para viver o amor a dois

    Vamos fazer agora uma analogia muito importante sobre a felicidade e entender porque para muitas pessoas ela dá medo.  Compreendendo isso, você poderá trazer o conteúdo para sua vida e perceber se já fez isso ou ainda faz. Se você tiver um olhar um pouco mais sensível, além de perceber-se aqui, poderá observar e compreender melhor as pessoas a sua volta e, principalmente, o outro na sua relação. 

    A solução está diretamente e inversamente ligada à solidão. Já os problemas e a infelicidade nos remetem ao estado de inocência. Tudo isso, se não recebe um olhar cuidadoso, irá gerar sentimento de culpa e fidelidade. O único jeito de passar por tudo isso é organizando o relacionamento de dentro pra fora e entendendo de onde vem cada sentimento que se manifesta. 

    A questão da felicidade

    A felicidade “é sentida como perigosa, porque traz solidão. O mesmo se passa com a solução: é tida como perigosa. porque traz solidão. No problema e na infelicidade temos companhia. O problema e a infelicidade se associam a sentimentos de inocência e fidelidade. A felicidade e a solução, ao contrario, estão associadas ao sentimento de traição e culpa. Por isso a solução e a felicidade só são possíveis quando enfrentamos esse sentimento de culpa. Não que a culpa seja racional, mas é experimentada como se fosse. Por isso é tão difícil passar do problema para a solução.” (HELLINGER,2001, p.25).

    Enquanto temos um problema, podemos nos permitir a experiência de viver na inocência como se pudéssemos então nos permitir depender de algo ou alguém sem o julgamento externo. Estando na dependência de algo ou alguém, nos tornamos fiéis ao problema e a quem estamos condicionados a essa dependência. 

    Observações para quem está em um relacionamento

    Antes de entrar em um relacionamento ou se, principalmente,  já está em um, entenda que o outro não foi feito pra você. Assim, essa pessoa não tem obrigação nenhuma de atender as suas expectativas. Ademais, ela não tem a capacidade de resolver os seus problemas e trazer a sua felicidade e solução.

    Este emaranhamento entre felicidade, solução, solidão, culpa e demais sentimentos associados, essa resolução, é algo que acontece e só pode acontecer dentro de você. O outro na relação vem para dividir a vida ao seu lado e não para vivê-la por você, da mesma forma que você não deve fazer isso pelo o outro.

    Viver a vida de alguém não é amar o outro. É tentar preencher algo que falta em você através do que você acha que o outro tem a oferecer. O resultado disso é muito conflito na relação, quando não o termino de algo que poderia dar certo. 

    O nosso interior quando estamos em um relacionamento a dois

    Seu mundo interno pode estar organizado ou não quando você decidir estar disponível para o amor. Se o seu mundo estiver organizado ou existir a intenção de ordem, a chance de o amor permanecer é muito maior.

    Contudo, acontece de, às vezes, a pessoa querer entrar em um relacionamento, mas internamente não está disponível ao amor. Ou seja, está fechada para esta experiência. Assim, pessoas entram e saem de sua vida sem que não haja compreensão do motivo disso acontecer. 

    Você certamente conhece alguém que não consegue estar com ninguém verdadeiramente. Portanto, não entra de fato em um relacionamento. Talvez você que esteja lendo agora sinta isso e se veja nesta afirmação, não é? Será que a pessoa que está com você está mesmo disponível para toda a troca e evolução que um relacionamento saudável pede? 

    O que entregar para um relacionamento a dois saudável

    Para mergulhar em um relacionamento saudável, ambos devem estar dispostos a carregar esta ordem ou desordem interna com muita delicadeza e respeito pela história do outro. Isso para que a relação não pese na outra pessoa e ela se sinta tão pesada que se afaste.

    Talvez você simplesmente não queira ou esteja sabendo como lidar com seu mundo interior. Portanto, quer que outro faça isso. Inconscientemente e de forma ilusória, ter essa expectativa terá menos consequências negativas. Porém, certamente não terá como o amor existir neste cenário.

    Neste caso, uma ou ambas as partes não estão disponíveis ao amor e irão se afastar.

    Expectativas e frustrações

    Quando duas pessoas se conhecem, é normal que uma coloque a outra dentro do seu sonho. Assim sendo, cada um vive esse sonho com a pessoa ali dentro. Contudo, passados alguns dias ou meses essa pessoa ideal passa a não existir mais. Na verdade, ela só existiu na imaginação de quem a projetou.

    Então, somente a real se faz presente e ela não atende as expectativas exageradamente alta que cada um depositou no outro.

    Neste sonho individual do relacionamento perfeito ou ideal, o amor que tinha chance de viver ali simplesmente vai embora. Desiste. Ele sabe que não é capaz de entrar nessa guerra de dois mundos tão bagunçados e exigentes um do outro e não tem lugar para sobreviver ali, mesmo querendo permanecer. 

    Não é possível consertar ninguém além de nós mesmos. Contudo, ajustar a nós mesmos já é tarefa bem difícil e para uma vida toda. 

    A disposição para fazer dar certo

    Quando ambos estão verdadeiramente dispostos a olhar primeiramente para si, dividir uma vida sabendo que precisam carregar seus próprios conflitos internos sem atribuir ao outro essa responsabilidade e de maneira que possam evoluir, crescer e curar suas dores juntos, o relacionamento a dois começa a dar certo. 

    Gosto de dar o exemplo fazendo uma analogia com o corpo humano, em que o corpo seria o relacionamento e as pernas seriam o casal. Para que o relacionamento dê certo, este corpo precisa querer ir para o mesmo lugar, para mesma direção. Aqui, neste exemplo, seriam os objetivos e metas do casal.

    Acontece que, hoje em dia, muitos casais não tem direção, não sabem para onde estão indo ou o que querem. Imagine então que as pernas deste corpo que estamos chamando de relacionamento, cada uma decide ir para um lado ou simplesmente desiste de ir pra qualquer lado que seja e fica parado.

    Por sua vez, este corpo não conseguirá sustentar-se por muito tempo. Ele vai se desequilibrar, cansar de puxar a outra perna. Fará isso até quando conseguir suportar. Porém, vai cair, desintegrar e, por fim, o corpo irá morrer.

    Um relacionamento funciona assim como as pernas deste corpo. Precisa haver uma troca equilibrada como os passos que as pernas dão. Cada um contribui um pouquinho, um passo por vez e assim ambos chegarão a um destino. Do contrario, o amor também não conseguirá existir neste espaço.

    O que acontece quando focamos no que há em nosso interior?

    Quando buscamos nos entender de verdade, começamos organizar lentamente o nosso mundo interno. Assim, estaremos aptos para começar a entender o mundo do outro com um olhar muito mais compreensivo.

    O mundo de um casal é a junção do que cada um carrega dentro de si. Se ambos estiverem dispostos a viver com isso e entender que, mesmo dividindo uma vida, ainda tem suas próprias questões a enfrentar, o relacionamento dará certo.

    Não haverá mais decisões tomadas sem ajuda. Porém, nunca deve ser esquecido que ambos tem suas individualidades que precisam ser respeitadas como uma linha fina que separa o eu de cada um. Se um dos dois tentar invadir esse limite, o relacionamento poderá não funcionar mais.

    Este é um dos vários motivos da importância do autoconhecimento. Quem entende a si mesmo, passa a entender até onde pode ultrapassar os limites do outro, o respeito na individualidade de quem está ao seu lado, passa a olhar não somente para a sua dor e suas questões, mas para as questões do outro também. Assim a compreensão aumenta, bem como a cumplicidade, o amor, o carinho e o relacionamento.

    Mecanismos de defesas usados dentro do relacionamento

    Todo mundo busca a pessoa ideal e esquece-se de olhar para a pessoa real. É normal do ser humano projetar um ideal que nem ele próprio é e acredita que o outro tem essa obrigação de ser este ideal projetado, aquele ser ideal e que não erra, não falha, não sente. Assim, muitos conflitos dentro do relacionamento começam.

    Para compreendermos melhor como funcionam os mecanismos de defesa dentro dos relacionamentos e na própria vida, vamos primeiramente entender o que eles são.  

    O que são?

    Os mecanismos de defesa são um conjunto de reações inconscientes, ou seja, as barreiras para enfrentar a realidade. Essas estratégias que são colocadas em ação pelo inconsciente para evitar os conflitos da vida diária e fugir do esforço que um enfrentamento destes exigiria e necessitaria.

    Para entendermos estes mecanismos, precisamos compreender minimamente a teoria de Freud sobre o Id, o Ego e o Superego, teoria a qual ele define três camadas do indivíduo.

    • O ID é definido como a expressão dos impulsos e desejos mais íntimos. Este princípio está condicionado ao principio do prazer, aquilo que é desejado ou temido pelo indivíduo.
    • O SUPEREGO é o conjunto de valores morais e crenças com as quais projetamos a melhor versão de nós mesmos conforme a cultura e costumes os quais fomos criados desde o nascimento.
    • O EGO fica com a função de mediador, ele tenta desfrutar e satisfazer as necessidades do id, mas sem infringir as regras do superego. O ego tem por base o principio da realidade e essa realidade é especifica de cada um.

    Mecanismo de defesa da negação

    Um dos mecanismos de defesa bastante presente nos relacionamentos e na vida, é o da negação. É a tentativa de não aceitar na consciência algo que perturba o ego. É negar um fato ou fatos ocorridos ou então tentar lembrar de forma incorreta ou distorcida algo que aconteceu. Trata-se de excluir, de certa forma, a realidade como ela é ou foi. 

    Lembrando que os mecanismos de defesa são travados em uma instância em que o indivíduo não tem controle. Ademais, na maioria das vezes, não percebe que está fazendo uso destas defesas. É uma tentativa de fugir de algo que machuca e trás dor, além de uma forma de proteger-se emocionalmente e inconscientemente.

    Um exemplo dentro do relacionamento seria quando um dos parceiros tem vicio em álcool e diz que beber não tem um impacto negativo na sua saúde ou na sua vida como um todo. O id sente uma forte necessidade de beber e, para não enfrentar o superego, nega o impacto negativo de seu vício para si e para quem está ao seu redor.

    Destacando aqui a questão do vício, cada caso será um caso em especifico. Porém, todo vício esconde uma falta é a tentativa de preencher algo que está vazio dentro de si e, por não conseguir compreender o vazio, algumas pessoas tem por hábito preenchê-lo, seja isso com algum vicio, álcool, drogas, cigarro, compras, remédios ou até mesmo vicio com a comida. 

    Mecanismo de defesa da projeção 

    Este mecanismo de defesa é o mais presente nos relacionamentos, desde o seu inicio e em toda a sua duração. Sem o autoconhecimento, a projeção irá acompanhar o casal por todo tempo juntos e inclusive é um dos motivos mais presentes  causadores do fim dos relacionamentos. 

    Dentro deste mecanismo de defesa as características, sentimentos, traços físicos e até mesmo aspectos da personalidade que considerados ruins ou insatisfatórios em nós por nós mesmos serão projetados no outro ou nos outros. Desta forma, ao projetar o problema que acreditamos não ter, o transferimos para outras pessoas, fazendo com que não precisemos mudá-lo nós mesmos.

    É enxergar no outros sentimentos e características consideráveis inaceitáveis. Porém, elas residem no inconsciente do próprio indivíduo. 

    Diagnóstico de projeção

    Uma forma de você medir se está projetando algo em seu relacionamento ou até mesmo nos relacionamentos de forma geral, é perceber se quando algo acontece ou alguém diz algo sobre você, isso te incomoda e automaticamente você pensa ou diz que não é assim ou discorda.

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    Perceba o sintoma: se você só discorda tudo bem, pode não ser mesmo verdade,  mas se te incomoda a ponto de você querer provar a toco custo o contrário, pode ser que seja porque isso existe dentro de você e você não quer ver. 

    Insegurança

    Um exemplo dentro do relacionamento é quando um dos dois é inseguro ou sente-se inseguro e fala gritando. Assim, projeta essa insegurança e tom de vós no outro.  Ademais, essa pessoa ainda afirma para o outro:  “Você é muito inseguro ou insegura, e grita demais!” , quando a realidade é que pessoa insegura e que está gritando é ela mesma. 

    Outro exemplo é quando um acusa o outro de ser muito bagunceiro quando na verdade a própria pessoa está em uma desordem só, tanto internamente quanto com suas coisas. Contudo, neste momento, só é capaz de ver a bagunça do outro. A sua própria bagunça irrita tanto a ponto de ter que projetar isso em quem está ao seu lado.

    Ademais, um outro exemplo que cabe muito bem aqui é o da tão cobiçada paciência. Como ela é importante no relacionamento a dois! Algumas pessoas até tem paciência ou dizem que tem, mas basta um deslize pequeno do outro no relacionamento para haver uma explosão de sentimentos desgovernados. 

    O que existe de tão urgente dentro da pessoa que perdeu a paciência pedindo para ser resolvido? O que ela está querendo corrigir em si mesma que permite o outro ativar este gatilho interno que esgota a paciência?  

    Mecanismo de defesa do deslocamento

    Este mecanismo de defesa é exatamente como diz seu nome: é o deslocar, direcionar para o outro o que o próprio indivíduo recebeu. Este impulso ou sentimento é conduzido de forma inconsciente, como todos os mecanismos de defesa, de um objeto ou pessoa que seria a origem para outra pessoa que seria o substituto que receberia essa carga emocional.

    Nosso exemplo aqui é quando um dos dois no relacionamento é repreendido no trabalho e tudo o que aconteceu no seu dia de trabalho fica guardado até chegar em casa e começar a discussão, a briga com o parceiro ou parceira e todo esse impulso e sentimentos podem então sair. Na verdade, esta pessoa deslocou o que sentia, o que acumulou para outra pessoa. Ela está brigando com quem o repreendeu no trabalho e deslocando para a esposa ou esposo.

    Algumas pessoas podem aqui usar até mesmo a agressão. Por ter que conter o impulso momentâneo de brigar com alguém ou revidar o que houve, saem quebrando algo quando na verdade gostaria de agredir a quem lhe causou o sentimento inicial. 

    Mecanismo de defesa do isolamento

    Este mecanismo de defesa dentro do relacionamento é mais comum para o sexo masculino e geralmente as mulheres tem mais dificuldade em entender este mecanismo em seus parceiros homens. É uma forma de dividir a realidade, um modo de separar situações que ativam a ansiedade do resto da psique de modo que reste pouca ou nenhuma emoção relacionada ao acontecimento.  

    Aqui estamos destacando os mecanismos de defesa dentro dos relacionamentos. Porém, eles acompanham o indivíduo em todos os momentos e situações ajudando e atrapalhando, dependendo do grau de autoconhecimento de cada um. 

    Ajudando, porque se você consegue detectar quando eles se manifestam e passa a controlá-los, você consegue sair da situação de forma muito mais fácil. Ou você os controla e entende o que eles querem dizer,  lhe protegendo de algo criado por você, ou você deixa com que eles controlem a situação e e então o resultado não será positivo, trará mais problemas. Além de você ter que sair da situação ainda terá que acalmar suas defesas. 

    Contextos em que o mecanismo do isolamento se manifesta

    Este mecanismo do isolamento é muito comum acontecer em situações traumáticas a qual uma pessoa importante morre e a pessoa isola dentro de si o fato da morte ter ocorrido. Assim, ao falar da situação, a pessoa demonstra-se completamente sem emoção. 

    Dentro do relacionamento, quando existem situações difíceis para superar em todas as esferas, inclusive em situações de falecimento de alguém importante na família, homens tentem a reprimir e isolar mais as emoções.

    Parecem frios e sem dar tanta importância para o fato enquanto as mulheres se entregam mais a esta dor de forma evidente. Contudo, isso não significa que o parceiro não esteja sofrendo tanto quanto, porém cada um está usando as ferramentas que tem disponíveis para acessar  suas defesas e normalmente o isolamento acompanha mais os homens. 

    Até mesmo em desentendimentos em que existem brigas, confusão, o casal fica sem se falar e quando as coisas acalmam, é como se o que aconteceu, para o parceiro, não tivesse importância nenhuma.

    Cada um está tentando passar pela situação da forma que sabe e consegue e, aqui, independente do erro ou culpa pelo que aconteceu. Para machucar e ativar os mecanismos de defesas no ser humano, basta um olhar, um gesto ou uma palavra. 

    Mecanismo de defesa da anulação

    A anulação é o mecanismo de defesa no qual uma pessoa comporta-se como se uma ideia errada ou até mesmo ação  não tivesse existido ou pudesse ser anulada. 

    Neste mecanismo de defesa, a pessoa acredita que o fato de pedir desculpas anula imediatamente o ato destrutivo ou causador de dor no outro. Aqui o exemplo é bem curto: a traição. 

    Importante destacar que a traição é capaz de ativar todos os mecanismos de defesa de que estamos falando aqui e também outros que nem estão sendo mencionados neste trabalho, independente de ser homem ou mulher quem sofra com esta situação. 

    Mecanismo de defesa da compensação

    Aqui muitos casais caem nas suas próprias armadilhas. A compensação se dá pelo indivíduo querer compensar alguma imagem distorcida que tem de si próprio se esforçando para ser muito bom em algo. 

    No fundo, o que cada um está buscando é a tentativa de atender uma expectativa muito alta que tem de si e não acredita ser capaz de conseguir. Ambos saem então em busca de compensar essa falta que acreditam ter, mas não necessariamente tem.

    Assim, acabam não olhando um para o outro, é como se estivessem sempre competindo um com o outro, apenas estão olhando para si mesmos e para o preenchimento urgente dessas necessidades, de tornar a imagem de si tão real quanto idealizada em seu inconsciente. 

    A armadilha aqui é de cair em comparações invalidas que não vão trazer resultados e ainda contribuirá para o aumento dessa tentativa de preenchimento de necessidades. O que pode resultar em um complexo de inferioridade que não é nada saudável para a relação a dois. 

    Consequências de problemas com relação ao mecanismo de defesa da compensação

    São comuns neste cenário frases como: Não tenho conhecimento suficiente e por isso nunca vou ter sucesso”. Porém, ambos esquecem de usar e inverter a lógica destas frases prontas e que não contribuem para a evolução.

    O ideal neste momento é que ao menos um dos dois não esteja simplesmente apenas acessando seus mecanismos de defesas e deixando com que eles ditem as regras.

    Nesse momento, a frase de contra ponto deveria ser:  “Se eu fosse bem instruído poderia alcançar o sucesso.” Desta forma abre-se uma brecha, um caminho para que a instrução que está sendo colocada como responsável pelo não atingimento do sucesso possa existir. Na primeira frase, o sucesso não tem chances de existir e esse comportamento pode simplesmente matar um relacionamento, destruí-lo por completo. 

    Muitas vezes, cada um dos dois ou até mesmo os dois, o que é mais comum no relacionamento, passam por estas questões sozinhos, vivem isso somente de forma intenta fazendo de tudo para “agradar” o outro. Porém, se estivessem dividindo mesmo a vida e buscando por autoconhecimento, um seria capaz de ajudar o outro a se compreender. 

    Do que o amor precisa para sobreviver, apesar de tudo? 

    Mesmo que o amor queira existir e durar no relacionamento, ele precisa de condições para habitar e se não lhe for dado estas condições ele ficará pequenininho, soterrado embaixo de tantas cobranças, comparações, expectativas, desculpas e justificativas inválidas.  

    Os casais que buscam pelo autoconhecimento têm mais chances de ter um relacionamento feliz porque não estarão olhando apenas para dentro, para si, para suas dores. Na verdade, estarão atentos com o outro, olhando para o outro possibilitando e ajudando o outro a evoluir, crescer e curar suas feridas emocionais. Contudo, se as feridas não sararem, ao menos é possível aliviar a dor. 

    Lembrando que tudo isso é uma jornada sem fim. Além disso, em muitos casos, o casal precisa de ajuda profissional para que o relacionamento funcione. Assim, é importante olhar para as questões internas, que muitas vezes requerem ajuda terapêutica. 

    A questão das máscaras no relacionamento a dois

    Podemos optar por usar outro termo no lugar de mecanismos de defesas. Assim, podemos dizer que usamos diversas e diferentes máscaras para esconder aquilo que dói. Não é só esconder a dor do outro, mas tentar esconder a dor de si próprio, achando que é a própria máscara e não a pessoa por trás da mascará. 

    Isso, dentro do relacionamento, pode ser desastroso. Porém, a revelação de tudo isso é um risco extremamente necessário.

    Ela pode fazer com que um casal entre em uma noite escura, simbolicamente falando, e tenha muita dificuldade em sair. Nesta revelação das máscaras, pode acontecer de toda a admiração e paixão que existia desapareça. Isso acontece porque existia a projeção de partes nossas no outro com as quais não queremos lidar ou estamos dispostos a lidar. 

    O que acontece aqui é que você não admira estas características e defesas em você mesmo, mas projetar no outro é mais fácil e menos doloroso já que precisa assumir que isso esta em você. O outro está apenas servindo de espelho em partes da sua personalidade, o que é muito difícil de você admitir.

    Os vícios emocionais

    “É através do relacionamento que temos a chance de amadurecer e de ativar valores humanos que possibilitam a nossa evolução. O outro, independente de quem seja, estará sempre funcionando como um espelho que reflete partes de nós mesmos que não estamos podendo ou querendo enxergar. As vezes o outro reflete aspectos positivos e luminosos da nossa personalidade, e as vezes reflete aspectos negativos e sombrios.“ (BABA,2017, p.14).

    Muitas vezes, duas pessoas entram em um relacionamento em uma posição defensiva desde o inicio. Assim, deixam seus mecanismos de defesas irem na frente de tudo.

    Dessa forma, o exagero da proteção deles acaba se tornando em vícios que são governados inteiramente pelas emoções acessadas no inconsciente e que estão de acordo com qualquer ameaça semelhante que possa representar uma dor já sentida antes.

    Como nossos vícios afetam nossos filhos

    Um casal que acaba gerando filhos poderá passar suas questões não resolvidas para os filhos. Dessa forma, assim por diante, se o casal não olha para dor, alguém vai olhar. Normalmente, são os filhos que assumem este papel. O filho cresce e poderá levar tudo isso que viu em seus pais como modelo de relacionamento.

    Se você não tem filhos, pode estar carregando e repetindo comportamentos dos seus pais, como se, de forma ilusória, pudesse ajudá-los a melhorar o que não deu certo. Contudo, se já tem filhos, além de repetir estes padrões, poderá estar passando aos seus filhos o comportamento que agora é padrão em sua vida. 

    Vamos exemplificar…

    Digamos que o pai nesta relação não tinha seus esforços reconhecidos pela mãe ou até mesmo vice e versa, lembrando que cada um aqui tem suas bagagens emocionais e não nos cabe julgamento algum. 

    O filho, vendo um dos dois se esforçar para agradar, cumprir expectativas e tentar fazer e agir da forma correta como também aprendeu desde a infância, vai para a vida com isso confuso. Assim, aqui entra a posição de defesa, que envolve os mecanismos de que já falamos e que alguns casais carregam para o relacionamento desde o principio. 

    Esse filho pode repetir o comportamento daquele que fazia esforço para ser reconhecido como forma de honrar esta figura que lhe era tão importante. Ele está, na verdade, em defesa desta pessoa. Todas as vezes que em seu relacionamento, não tiver seus esforços reconhecidos, ele irá acessas estas emoções de dor que viu durante a infância.

    Poderá seguir para diversos aspectos em sua vida com esta postura de defesa, de buscar dar voz a quem ele não viu ter e buscar o reconhecimento desta pessoa que é importante e não foi valorizado. 

    Como nossos vícios afetam o nosso trabalho

    No trabalho, um indivíduo assim poderá ficar extremamente ofendido e improdutivo toda vez que receber uma critica, por menor que seja. Novamente, essa pessoa acessará estas emoções guardadas e elaboradas com muita dor. Só lhe restará defender inconscientemente quem ama e buscar valor por dois em sua vida presente. 

    O poder da lamentação

    Quando a lamentação aparece no relacionamento, ou seja, a reclamação de algo que o outro é ou faz, no fundo somos nós mesmos não estando dispostos a agir. Nós preferimos ficar em nossa zona segura de conforto e não agir para mudar, esperando do outro a mudança que queremos primeiramente em nós. Ademais, por apenas alimentar um vício ou mais vícios emocionais, escolhemos não ver o que clama por melhoria interna. 

    Quem teme a realidade, recusa-se a olhar para quem é e para o que é. Assim, com isso, acabamos por colocar uma viseira, de forma simbólica, para tudo o que somos capazes de melhorar e nas áreas em que podemos evoluir. 

    De que o relacionamento a dois precisa para funcionar?

    Para que um relacionamento funcione, independentemente de como o outro é ou de como você acha que ele se tornou depois de algum tempo, é indispensável que você jamais use do julgamento para justificar ou achar que está compreendendo as atitudes ou erros do outro. Você jamais conseguirá verdadeiramente entender o que se passa no mundo interno da outra pessoa, mesmo que viva e conviva com ela por uma vida inteira.

    Assim como você tem os seus mecanismos de defesas e seus vícios emocionais que agem em paralelo de forma inconsciente, a outra pessoa tem os seus, nutrida por sua bagagem emocional.

    Assim, se não somos capazes de definir e entender todos as nossas maneiras de defesas, como poderíamos estar em um papel de julgamento do outro e definir a ele o que é certo e errado de ser feito de agir? As suas respostas servem e se adaptam ao seu mundo interno, mas não ao mundo do outro. Aquilo que para nós parece óbvio, para o outro pode não ser. 

    A experiência de Koziner

    Mario Koziner conta em um de seus relatos a experiência em uma tribo nativa que vivia desde sempre em um local inóspito. Essas pessoas nunca tinham visto a civilização, tinham a sua própria maneira de comunicação e suas emoções moldadas a sua cultura e crenças. 

    Certa vez pesquisadores chegaram a ilha para pesquisar o solo e ao se deparar com os índios conseguiram interagir e permanecer ali durante a pesquisa. Em um determinado momento, os pesquisadores foram para a outra margem do rio para continuar as pesquisas, parte dos pesquisadores permaneceram juntamente ao lado onde os índios habitavam. 

    Ao verem os colegas do outro lado do rios eles acenavam, desejavam boa sorte e falavam que em breve estariam juntos novamente.

    Os índios olhavam para os pesquisadores que estavam no mesmo solo que eles e não entendiam o que estava acontecendo. Em seguida, um deles perguntou o que eles estavam fazendo. Um dos pesquisadores falou: “Estamos desejando boa sorte para nossos amigos. Vejam lá! Vocês não os estão vendo eles nos acenando lá do outro lado”? Contudo, todos eles olhavam-se e diziam não ver absolutamente nada.

    Como entender essa analogia

    Essa analogia serve perfeitamente para nosso tema aqui. Muitas vezes estamos vendo toda a resolução de um problema, ou de uma situação e sabemos exatamente o que e como fazer. Porém, assim como os índios nesse exemplo, o outro na sua relação pode simplesmente não estar vendo absolutamente nada do que você está  mesmo que você diga que está ali.

    Você vê uma parece cheia de portas e janelas e a outra pessoa vê uma parede em branco.

    Não existe nada de errado com um ou com o outro. No entanto, ambos tem seus mundos internos e, assim como aqueles índios, talvez evoluíram ate determinado ponto e, para que possam olhar para o outro lado do rio e entender que ali existe outro mundo, precisam de ajuda e não julgamento.

    O julgamento no relacionamento entre duas pessoas

    O julgamento em um relacionamento não ajuda, não tem esse poder. Assim, o que ele faz é machucar o outro, já que ele não compreende porque não consegue ver as coisas na mesma maneira e começa a se cobrar por algo que nunca experimentou antes. 

    Muitas vezes, temos que renunciar ao nosso olhar de forma única e tentar olhar para o outro da maneira que ele olha e compreende as coisas. Porém, não com intenção de nos beneficiarmos manipulando o outro a fazer o que queremos, mas sim ajudando o outro a ver as coisas que ainda não viu. Isso é caminhar juntos em um relacionamento. 

    E como fica a intenção de ajudar?

    As intenções de ajuda também são validas se não vierem recheadas de criticas, comparações e julgamentos escondidos. A intenção só é válida se vier para somar. 

    Quem ajuda não julga algo ou alguém, no fundo se parar para se observar e sentir o que está julgando, vai perceber que não está querendo ajudar. está querendo que a pessoa faça as coisas a sua maneira, por achar que este é o certo.  Na verdade, isso pode ate ser o certo, mas lembra dos índios que não conseguiam enxergar a outra margem do rio?

    “Aqui fica evidente o tipo de renuncia exigido de nós para abdicarmos de nossas intenções. Além do mais, o próprio bom senso exige essa renuncia, pois a experiência nos mostra que frequentemente sai errado que fazemos com a boa intenção ou até mesmo com a melhor das intenções. A intenção não substitui a compreensão. “(BELLINGER,2001, p.15).

    Todo mundo quer paz e respostas

    Para desejar a paz, é preciso primeiro ter estado em guerra. Contudo, a maioria das pessoas estão em guerra dentro de si, lutando com seus medos, desejos, resistência de todo tipo por não compreenderem seus próprios mecanismos de defesas. Elas não conseguem alimentar seus vícios emocionais de forma saudável e não negativa. Assim, acabam se autodestruindo. 

    Todos querem respostas para as suas questões, para as suas aflições e seus problemas. Todos  saem em busca de respostas que se adaptem as suas situações e esquecem-se de que não existem respostas prontas e que a resposta encontrada para o problema do outro jamais caberá nas suas próprias questões. 

    Perguntas e respostas para responder antes de entrar em um relacionamento

    Se uma pessoa busca por respostas, é preciso focar na pergunta que ela está fazendo. Não existe resposta pronta. Apesar disso, existe sim a pergunta certa que destrava qualquer situação. Contudo, as perguntas são mais difíceis de a gente encontrar e ver. Assim sendo, muitas vezes precisamos de ajuda, de terapia.

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    Algumas pessoas passam a vida entrando e saindo de relacionamentos e, a cada nova relação, existe um desespero urgente pelas respostas da situação que se repete. Porém, a resposta está na própria situação e nas perguntas certas para esta situação. 

    Cada circunstância que se repete traz consigo todas as respostas de um problema enraizado que a pessoa não consegue ver. É importante enxergar cada situação repetida na vida como uma forma inconsciente de a mente recriar e tentar mostrar o que está precisando ser curado dento de cada um.

    A situação é um espelho refletindo seu interior, assim como todas as pessoas que nela estão. 

    Você consegue enxergar essa reflexão na sua vida?

    Aqui neste ponto, muitos leitores podem estar negando esta informação e pensando que isso não é verdade, que essa discussão não se aplica ao seu caso.

    Contudo, é possível que seus mecanismos de defesas estejam bastante atuantes, te fazendo negar em olhar para algo mesmo tendo aqui algumas informações que podem te direcionar e resolver algo. Ademais, se você concordou, é porque já tentou olhar para as perguntas, mas ainda não as viu. 

    A dor emocional só existe por que dentro de você existe o querer de duas coisas ao mesmo tempo. 

    Você sempre está e estará onde coloca a si mesmo. Nunca será culpa ou responsabilidade do outro o que acontece com você. Mesmo que internamente você tente ou queira pensar o contrario disso, mas não é, nós mesmos nos colocamos ou permitimos estar onde estamos. 

    Benefícios do desconforto

    Muitas vezes a pessoa se permite estar uma situação desconfortável e, por mais estranho que possa parecer, o desconforto trás benefícios. O beneficio inconsciente consiste em através do desconforto, ganhar atenção, além de receber amor do parceiro ou parceira. Assim, quanto mais receber esta atenção, mais distante ficará de sair da situação desagradável.

    Nesta posição, a pessoa sofre muito. Ela quer atenção e até encontrou um jeito de conseguir, mas a dor continua existindo já que para ter a atenção que deseja, ela vem de uma situação desconfortável. 

    Por exemplo, um dos dois não se permite ser bem sucedido profissionalmente, se autossabotando sempre que tem uma boa oportunidade. Não conseguir algo lhe coloca na posição de receber apoio e a atenção momentânea do outro na relação. Contudo, também não lhe deixa seguir adiante e finalmente agarrar a oportunidade. 

    Por isso a dor existe. Existem dois quereres internos: a atenção recebida e a vontade de resolver algo. Existe ganho nos dois lugares! Contudo, para sair da indecisão as perguntas certa seriam:

    • em qual deles eu ganho mais?
    • O que tem em um que não me permite ir para o outro e o que tem no outro que não me deixa sair de onde estou?

    O que você deve procurar dentro de si?

    É muito importante buscar internamente de forma verdadeira e sincera quais são as insatisfações que vivem em você. Para onde eles te fazem olhar?

    Contudo, isso é algo difícil no começo, já que os véus dos mecanismos de defesas irão tentar te encarar e esconder estas insatisfações e isso acontece por um motivo muito simples. Somos moldados a evitar a dor e as dores emocionais podem ser bastante cruéis e dolorosas a ponto de você não conseguir vê-las, só sentir que tem algo que dói, mas não saber para onde olhar. 

    Evoluir conscientemente é um desafio muito grande e não é fácil. É um processo lento e que precisa ser construído todos os dias. Portanto, não é algo que tenha fim.

    Faça uma autoanálise…

    Tente fazer um teste: olhe para uma situação que você tenha vivido em um relacionamento passado ou até no seu presente, se estiver em um.

    Você já possui uma versão dos fatos e essa não mudará, pois já está com você. Portanto não tenha medo de perde-la, já que ela vai continuar aí com você. Contudo, e se você deixar essa versão de lado e olhar para uma determinada situação com uma hipótese diferente da qual você olha para as situações repetidas, valorizando cada momento desagradável como algo que você precisava ver e não viu em você?

    Fazendo isso, o que muda da sua percepção?

    Lembretes sobre como um relacionamento funciona

    Dentro do relacionamento a dois é onde mais seus pontos fracos irão aparecer e se manifestar. Isso ao mesmo tempo em que você ganha força e coragem. 

    Ademais, você também se depara com a possibilidade de acolhimento intenso e se permite demonstrar fraqueza e os pontos de maior dor emocional. Desta maneira  aparecerá toda a luz e escuridão que habita em cada um e é importante lembrar que aqui estamos falando de duas pessoas com tudo isso confrontando uma a outra. 

    Dentro do mundo de cada um, existe uma maneira muito particular de olhar para si mesmo como:

    • você se define,
    • se julga,
    • se posiciona diante de tudo e todos.

    Além disso, é comum muitas vezes aparecermos para nós mesmos como vítimas, independentemente do que ou de quem. Ademais, quanto mais identificada com uma posição de vitima uma pessoa está, mais difícil fica compreender esta parte do texto. 

    O confronto interno é necessário

    Quase nunca é agradável ver pontos de escuridão, ou seja, coisas negativas em nós mesmos. Confrontar e concordar com esse processo exige muito autoconhecimento para chegar a um estado de compreensão de si.

    Em nossa vida infantil, podemos ter sido vitimas de diferentes situações. Contudo, depois de adultos, esse posicionamento precisa ser muito menor do que a capacidade de impor tudo o que se é e pode ser. Não precisamos mais ser vítimas de nada. Podemos ser protagonistas de nossas próprias vidas. 

    Algumas pessoas levam essa culpa bem a sério, a ponto de a transferirem para o outro no relacionamento. Assim, de forma inconsciente, pensam que se forem infelizes e gerarem desconforto no relacionamento estarão provando para o mundo, para os pais e para o outro que não receberam ou estão recebendo o que mereciam e queriam.

    Contudo, no processo, fazem com que os outros fiquem em dívida. Trata-se de uma divida que as outras pessoas não pediram para assumir quando entraram no relacionamento. Nesse contexto, a culpa se torna tão pesada que a pessoa acaba ficando sozinha para carregar todo o fardo, porque lentamente ou rapidamente todos vão se afastando, inclusive a pessoa com quem se divide um relacionamento a dois.

    Ressignificar o relacionamento

    Existem muitas maneiras de melhorar o relacionamento, podendo ressignificar e dar uma nova roupagem a ele, sem tantas máscaras, sem tantos vícios emocionais. Isso tudo não vai deixar de existir porque você tem conhecimento sobre como esses problemas apareceram.

    Porém, justamente por ter conhecimento de si, será capaz de entender quando eles surgirem e quando surgirem em seu parceiro ou parceira, será mais fácil não permitir que isso seja impactado de forma negativa no relacionamento, gerando conflito. 

    Para que isso seja possível, é importante entender de onde surge esta guerra interna. Para que funcione e dê certo, cada um precisa primeiramente olhar para si. Não adianta tentar encontrar a origem da desordem no relacionamento e nem culpar o parceiro por isso.

    Já vimos que o problema não está no relacionamento e sim dentro de cada um de nós. O que vai impedir que o relacionamento dê certo é justamente o desconhecimento sobre de onde surgiu a dor em nós mesmos. 

    O sentimento do início vs. o sentimento da duração

    A paixão é normalmente o gatilho principal para a união entre duas pessoas. Porém, ela é simplesmente uma fantasia, uma projeção momentânea, uma idealização do outro que dura pouco tempo. A origem da palavra paixão vem do do latim ‘passione’ e quer dizer ato de suportar, de sofrer. 

    Trazemos a paixão para a nossa vida como uma forma de reparação de situações e traumas vividos na infância e, assim, nos iludimos com a expectativa de curar algo. 

    “Por exemplo, se ainda não integrei algo relacionado ao abandono materno, vou projetar no outro a esperança de ser acolhido e vou me apaixonar por ele. Isso ocorre porque o ser humano busca reencenar as cenas traumáticas da infância na idade adulta com a esperança de curar as feridas ainda abertas. Para isso buscamos parceiros que contem o melhor e o pior dos nossos pais. Porque no fundo existe uma esperança magica de que o agora será diferente. É um mecanismo de defesa que busca reparar o passado.”

    Uma pessoa que busca mover-se pela paixão, pensa e tem a certeza de estar em prol do bem do outro. Porém, isso não é a verdade por trás do que existe mesmo.

    Egoísmo

    De forma inconsciente, existe o egoísmo. Este querer bem está apenas revestido para esconder estratégia de ter as suas expectativas sendo atendidas para curar as dores do passado. Assim sendo, mais cedo ou mais tarde isso tudo vem à tona e não existe mais paixão que sobreviva. 

    Ninguém cura a dor de ninguém e esse é o mais longe a que paixão consegue levar um relacionamento. Se o casal for maduro suficiente para que possa olhar e integrar tudo isso no relacionamento, ele dará certo. Porém, do contrario, possivelmente será mais uma relação que poderá se encerrar com cada um olhando para seu estado de vitima culpando o outro de tudo o que deu errado. Então, tudo recomeça com outros parceiros.  

    Criança ferida

    Atualmente, muitos já estão habituados a ouvir este termo e alguns até conseguem compreender sobre este tema.

    Não existe a menor possibilidade de passarmos pela infância sem trazermos para nossa vida adulta todas as bagagens que viemos acumulando. Não é nem sobre as coisas que aconteceram, mas sobre a forma como cada um lidou com a situação que viveu o que sentiu e se as suas emoções foram corretamente nomeadas. 

    A importância em entender sobre isso é porque querendo ou não, isso não é uma escolha. Todos nós vamos levar esta criança conosco pra os relacionamentos principalmente de casal. É neste momento da vida em que ela mais pedirá para ser vista e amada.

    A criança que um dia habitou em nós, nunca deixou de existir. Assim sendo, muitas vezes é ela quem toma as rédeas da sua vida.

    Você já parou para ouvir a sua criança interior?

    Se você permitir-se por alguns segundos neste momento da leitura dar espaço no pensamento e memórias para alguma situação recente que viveu, vai observar sua criança interior pedindo atenção. A escutará dizer que tem medo, ou que está entusiasmada e confiante, feliz, triste, apavorada, radiante.

    Ela fala com você o tempo todo pedindo apoio, amparo e carinho. Ela só quer ser vista e valorizada.  Nós, enquanto adultos, temos a obrigação de nutri-la, independente do que já aconteceu com ela. 

    Em um determinado momento da vida, os pais foram os responsáveis por ela e eles podem não ter dado tudo o que ela acha precisou. Contudo, eles deram o que um adulto precisa para viver: a vida! Aceitando isso ou não, não significa estar isento desta responsabilidade que é sua agora.

    A criança ferida quando chega a vida adulta, chega com tudo o que sentiu na infância, positivo ou negativo e se não sentiu que foi amada, vista e valorizada vai sempre ter a impressão de que essa situação é com tudo e todos em sua vida.

    Se, no relacionamento, algo acontecer que faça este adulto ativar estas emoções infantis de abandono, desamparo e desvalor, ela irá acessar inconscientemente essas memórias e trazer para a vida atual com muito mais intensidade. Neste momento, no relacionamento, o outro na relação ocupa o lugar de responsável pela dor guardada e pela dor atual que se manifestou e o sentimento ficará difícil contornar. 

    O problema de ignorar as emoções na infância

    Um ponto bastante falho na vida infantil é quando as emoções não recebem o nome adequado ou os adultos simplesmente as ignoram. E é muito importante não julgar pai e mãe ou cuidadores neste momento. Eles certamente fizeram o que sabiam, podiam e deram o que tinham para dar conforme o que também receberam um dia de quem os cuidou. 

    Julgar hoje com o conhecimento de hoje um fato do passado, além de não mudar, não melhorar a dor já existente, ainda é injusto. Não temos como saber exatamente quais foram as bagagens emocionais que esses pais trouxeram para vida adulta, se cuidaram ou não cuidaram de nós enquanto crianças. 

    Se você não aprendeu a nomear suas emoções na infância, vai ter a oportunidade de aprender a fazer isso a partir de agora.

    Como nomear emoções?

    Em momentos difíceis, enquanto criança é comum que quando algo acontece seja dito a criança “não foi nada.” “Que feio fazer isso.” “Pare de chorar, não está mais doendo.”.

    Isso pode ser observado hoje em qualquer lugar que tenha uma criança de até sete anos de idade em média. Normalmente a intensão até pode ser boa, quando há o desejo de acalmar a criança, mas já falamos sobre as boas intenções. Elas não substituem a compreensão da situação. 

    Ao dizer para a criança que “não foi nada” ou para simplesmente parar de chorar, isso não acalma nem ajuda, já que pra ela pode ter sido tudo. A situação significa tanto a ponto de ela não saber o que fazer com o que está sentindo e começar a chorar. Talvez ela estivesse sentindo tristeza por perder algo, porque um brinquedo quebrou, porque estar irritada e não sabe o que está sentindo.

    A criança não conhece ainda as emoções e não sabe nomeá-las. 

    Essa criança vai para a vida adulta e, ao se deparar com sensações semelhantes, não saberá o que está sentindo. Ademais, tentará dizer a si mesmo que não é nada negando completamente o que está sentindo sem conseguir resolver a situação. 

    Mais exemplos

    Pense em quando, espontaneamente, você extravasa suas emoções por meio de comportamentos inadequados para determinado momento e alguém te reprova.

    No caso da criança, muitas vezes ela está empolgada, agitada, acabou de descobrir uma forma nova de sorrir, de contar algo, perceber ou sentir. Além disso, pode ser que ela experimentou algo novo e, então, alguém importante diz a ela que isso é feio. Ela não entende que o momento não era adequado e sim que ela é inadequada, não é bem vinda. 

    Isso pode trazer um sentimento de vergonha. Assim, ao crescer, esse adulto poderá ter bastante dificuldade em expressar-se, dificuldades em deixar que sua espontaneidade ou criatividade possam atuar em sua vida além de muita timidez a ponto de prejudicar seu desempenho. 

    Pior ainda é quando a criança recebe o comando para dizer que algo não está doendo algo quando ela na verdade está sentindo dor. 

    A angústia que deveria ter outro nome

    Hoje, em determinadas situações, você sente-se desconfortável e não consegue definir o que está sentindo, nomeando tudo com a palavra “angústia”. Essa é a definição do sentimento mais usado quando somos adultos, que usamos para quase tudo sem entender o que ela quer dizer.

    Você possivelmente não teve suas emoções nomeadas quando era criança e hoje, ao ser confrontado, exposto a estas emoções, não sabe definir o que é se é raiva, magoa tristeza, entusiasmo, insegurança, vergonha, medo etc. 

    “A palavra angústia, do latim “angere”, do grego “angor”, sugere estreitamento e necessidade de negar o agora. Remete a algo apertado, sem ar, sem saída, que constrange. É a sensação  interna de pressão, falta de paz, inquietude, podendo ter manifestações corporais, como aperto no peito, frio na barriga, tensão na nuca, bolo na garganta, etc.”

    É um estado mental desagradável, bastante dolorido, em que predominam os sentimentos de desamparo. Normalmente, surgem por causa de algo que ocorreu no presente, mas que serve para reativar medos e conflitos do passado.

    Experimenta-se a angústia como um sinal de alerta, de perigo. Ela pode se ligar ao conflito entre a necessidade de dependência de algo e medo de perder este algo. Os ataques de pânico, que são um transbordamento da angústia, podem ser o início de depressões e reações psicossomáticas, que são as doenças no corpo que se originam na mente.

    Aprenda a identificar as suas emoções

    Aqui podemos ter ideia da complexidade em que tudo isso tem. Se em situações embaraçosas, vividas pela primeira vez pela criança, a ensinarmos a nomear as emoções, o que ela sente, ela não precisará crescer e descobrir o nome das coisas que sentiu só depois de adulta. Ademais, não precisará levar essa vagueza para o relacionamento de casal. 

    Comece hoje a perceber o que você sente e tente descobrir se você realmente sabe qual emoção está presente. Só em você conseguir nomear o que sente, você resolverá grande parte do desconforto que estiver sentindo.

    Observe em você seus mecanismos de defesas para não deixar que eles tome  conta da situação que você precisar enfrentar, seja qual for.

    Dentro do relacionamento de casal, observe a sua criança interior falando com você. Escutando, você vai conseguir olhar para o outro e entender que ali dentro também existe outra criança precisando de escuta. Observe seus vícios emocionais para que eles não tomem conta de cada momento no relacionamento e isso vire uma guerra entre mundos internos difíceis de vencer. 

    Conclusão

    Conforme todas as  observações dos aspectos analisados, podemos concluir e comprovar, mesmo que de forma teórica, a importância da Psicanálise como ferramenta poderosa aliada ao autoconhecimento. A teoria servirá de base para vivenciar e por em pratica o que foi possível aprender ao longo desta leitura. Com ela, a experiência será uma longa caminhada de aprendizagem e aprendizado. 

    Muitas pessoas não conhecem a si mesmas, não entendem o que se passa com suas emoções e muitas vezes não sabem definir o que sentem ou o que querem, muito menos definir quais são seus planos, sonhos, objetivos e metas na vida.

    Lembretes finais

    Ao entrar em um relacionamento com todas estas questões não resolvidas, tantas pontas soltas e tantas faltas, certamente em algum momento dará algum tipo de conflito, uma vez que a outra pessoa no relacionamento possivelmente também chegará com todas estas mesmas questões. Um dos dois, de preferencia ambos, devem buscar pelo autoconhecimento para conseguir entender, compreender e sair das situações que a vida real apresenta.

    Os mecanismos sempre irão surgir e tentar dominar as situações juntamente com os vícios emocionais e o relacionamento irá virar uma bagunça em algum momento.

    O fato de ter um pouco mais de conhecimento sobre o tema dará mais equilíbrio para retomar a calma e analisar a situação como se estivesse olhando-se de fora e retomar o controle da situação. Quando ambos permitem-se a entender sobre a importância da psicanálise como ferramenta para melhorar o relacionamento a dois, existe uma chance muito maior de a relação dar certo.   

    Ademais, importa sempre lembrar-se que a responsabilidade de ser feliz é somente sua. A outra pessoa da relação caminhará ao seu lado e jamais te carregará, assim como você não deverá jamais carregar o outro.

    Este conteúdo sobre relacionamento a dois foi escrito por Jennifer de Melo para o Curso de Formação em Psicanálise Clínica.

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