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Resistência: O que é, e como afeta os processos analíticos?

Posted on Posted in Teoria Psicanalítica

Quando Freud define a resistência, está se referindo “aos obstáculos que se impuseram ao tratamento psicanalítico”. E sim, isso significa uma proteção de acesso ao nosso inconsciente. Mas afinal, resistência: o que é, e como afeta os processos Analíticos?

Entendendo sobre a resistência

A relevância da resistência se apresenta de forma tamanha que, graças a ela, a psicanálise se estabeleceu e tomou proporções legítimas, desde que (quando se apresentava) apoiou completamente a elucidação dos sintomas, permitindo assim um progresso no tratamento terapêutico.

Alguns pontos merecem ser mencionados, com a intenção de abrirmos um pouco mais a mente e nossa compreensão. A saber:

a) A resistência é perene, durante o tratamento terapêutico;

b) Mecanismos de defesa, contra algo que “protegemos”, tem a real intenção de permanecer para evitar a cura, já que para o EGO, se trata de um “novo perigo”;

c) Resistência não é o mesmo que defesa.

Resistência ou defesa

“As resistências defendem o status quo da neurose do paciente. As resistências se opõem ao analista, ao trabalho analítico e ao ego racional do paciente (Greenson, 1967).

As defesas fazem parte de nossa estrutura psicológica; Já a resistência, atua para que essa estrutura psicológica não seja “importunada”.

A complexidade e variedade da resistência

Dentro do atendimento (ou sessão) terapêutico, se acolhe pacientes com variações de resistências e histórias, tornando mais diversa a jornada que se inicia. O conhecimento dessa variedade e identificação adequada, por parte do terapeuta, pode proporcionar ao par terapêutico um caminho mais seguro e porque não dizer, mais firme.

A maior, mais nítida e frequente forma de resistência é o SILÊNCIO DO PACIENTE. Existem nuances variadas nesse tipo de resistência (consciente ou inconsciente) mas que indicam indubitavelmente, que o paciente não está disposto a compartilhar seus pensamentos ou emoções ao psicanalista.

Se faz importante perceber que, mesmo diante de um silêncio “aparente”, se estabelece ali um ensurdecedor grito, indicando que algo incomoda sua estrutura psicológica e que esse ponto pode ser investigado. Adicionalmente, deve-se ter em mente que, esse silêncio pode ser cuidadosamente rompido, através de perguntas sutis, que podem liberar sua fala, tendo em vista que a associação livre é o carro chefe, do processo.

O silêncio do paciente

Como exemplo, podemos dar dois: “ – Que lembrança lhe faz ficar em silencio”? Ou “- Estaria eu muito errado se dissesse que o seu silêncio tem qualquer relação comigo ou com o tratamento?”.

O silêncio do paciente é uma das resistências que pode aparecer de maneira mais forte, no início dos trabalhos e deve ser conduzida com cuidados e métodos terapêuticos já conhecidos, para que se possa extrair o melhor, diante desta resistência tão desafiadora.

Além do silêncio, existem outros pontos que se apresentam, diante dos olhos do analista e que precisam observação e interpretação, para que se possa interagir com o paciente de maneira a conseguir acessá-lo.

O comportamento e a resistência

Algumas resistências a mais, com foco nas “sutilezas” comportamentais são:

a) Afetos indicando resistência: sob o prisma das emoções, quando o paciente se comunica, mas não existe afeto em suas palavras;

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    b) Postura do paciente: ela se apresenta na forma que o paciente se posiciona no divã (rigidez, contração muscular, etc.), pois isso pode indicar defesa;

    c) Fixação no tempo: Costumeiramente, existe uma oscilação entre passado e presente (e/ou vice versa), em nossa fala. Quando tal fixação existe, pode-se estar diante de uma uma fuga, pois fixa-se em um período específico no tempo;

    d) A maneira de falar dos que evitam: O paciente faz uso de jargões, com o intuito de evitar uma comunicação que revele uma pessoalidade. Pode-se ainda vivenciar, com esse paciente uso de conversas vazias ou uso de termos técnicos.

    Conclusão: sobre a resistência

    De fato, o processo terapêutico e suas variações trazem um grande desafio para o analista. O paciente traz consigo uma variedade de sintomas, que em sua maioria não tem a menor ideia de sua origem e, nem ao menos imagina que suas ações ou dores são repetidas e que acarretam consequências que, por várias vezes podem ser profundamente avassaladoras, ao longo de sua vida.

    O par terapêutico atravessa desertos, jardins e paisagens diferentes, que oscilam ao longo do tratamento. Como na vida presente, permear o passado é tocar e aprender sobre nossa própria história. Quando a resistência surge, e cedemos a ela, podemos perder a grande chance na vida, de achar o caminho até lá. Até os momentos onde nos “escondemos” dentro de nosso inconsciente.

    Momentos esses de aflições, medos, ou situações que nos fazem agir por repetições, trazendo para nossas vidas atuais, atitudes ou sentimentos que nos angustia, entristece ou até, por algumas vezes, nos conduzir a comportamentos extremos.

    Aceitar é importante

    Seja através da resistência, ou sinalizando mecanismos de defesa, ao longo do tratamento terapêutico, aceitar e compreendê-los é importante, para aumentar a possibilidade de termos sucesso com o conhecimento de si e, assim, poder dar a chance de nos ajustarmos, dentro de nosso tempo, ao que mais (de verdade) desejamos ao longo da vida: a paz e tranquilidade com nós mesmos.

    Este artigo sobre o conceito de resistência em psicanálise foi escrito por Poliana B. Falcão([email protected]), mulher feliz, assumindo o que sempre quis: conhecer e evoluir sempre, para ser o melhor possível para mim, e para o outro; estudante de Psicanálise (com muito amor e honra).

    2 thoughts on “Resistência: O que é, e como afeta os processos analíticos?

    1. Ótimo texto: simples, claro, direto, verdadeiro.

      1. Poliana+Falcão disse:

        Obrigada Adriano! Saber que a idéia foi transmitida à contento me estimula a compartilhar mais. #bewell

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