O que é Síndrome de Cotard? Significado e exemplos

Publicado em Publicado em Psicanálise, Transtornos e Doenças

Uma pessoa que afirma que”deve estar morta” muitas vezes é motivo de riso e piada entre seus familiares e amigos. Contudo, a realidade de um indivíduo que pensa assim é muito sensível e nada agradável, com consequências aterradoras. Entenda melhor o que significa síndrome de Cotard e como isso afeta a vida de uma pessoa.

O que é a síndrome de Cotard?

A síndrome de Cotard é um transtorno psíquico onde o indivíduo acredita que já faleceu há muito tempo. Conhecida também por “síndrome do cadáver ambulante”, a doença é associada àquelas pessoas que se enxergam em uma realidade após morte, não fazendo parte desse mundo. Consequentemente, acreditam que seus corpos estão apodrecendo de forma gradual.

A síndrome deriva diretamente de alterações na região do cérebro que se relacionam com a personalidade. Tudo isso pode ser feito de forma orgânica, como doenças, ou traumatológica, como pancadas na cabeça. Com isso, quem tem atrofia cerebral, esquizofrenia, transtorno bipolar, enxaqueca ou depressão tem chances de desenvolver o quadro.

Cabe ressaltar que, infelizmente, a síndrome de Cotard ainda não possui cura. Contudo, o tratamento serve justamente para a minimização dos sintomas. Já que cada caso responde de modo diferente, é preciso verificar as alterações psicológicas de maneira individual. Dessa forma, tudo deve ser feito de modo personalizado.

Sintomas

Ainda que não seja tão comum em nosso cotidiano, a síndrome de Cotard carrega sinais bastantes específicos. Estes podem assustar qualquer pessoa que esteja desavisada dessa condição psicológica. Caso isso aconteça com alguém próximo a você, tente manter a calma e evite se entregar à estranheza. Procure ou aconselhe tratamento médico assim que você identificar alguém que:

Acredita veementemente que já faleceu

Esse indivíduo acredita piamente que é um cadáver ambulante. O mesmo buscará infinitas referências que possam comprovar a sua condição “post-mortem”. Com isso, passará a enxergar a si mesmo como uma exceção às regras da natureza. Ou seja, a pessoa se considerará uma morta-viva, consciente de sua situação e que lida bem com isso, de certa forma.

A sensação de que seu interior está em decomposição

Dentre os argumentos, o indivíduo doente defenderá que seus órgãos estão apodrecendo. Isso é compreensível porque muitos afirmam sentirem um vazio interno que provoca a sensação de estar sumindo. Podemos presumir ainda que muitos não se alimentam corretamente, afetando ainda mais seu físico.

Alucinações

Esse indivíduo é acometido por uma série de alucinações constantes, que surgem justamente para defender o seu “estado”. A título de exemplo, a pessoa pode enxergar que não pertence mais ao mundo ou ainda pensar que sua família não existe mais. Com isso, ela adquirindo a impressão de estar vivendo com fantasmas ou aparições.

A influência da mente

A condição psíquica do indivíduo pode influenciar negativamente em como este enxerga a síndrome de Cotard. Assim como em outros casos, o sistema manda respostas equivocadas e faz com que o doente se enxergue de forma irreal. A partir daí, temos a impressão de que este experimenta alucinações de forma generalizada.

Por exemplo, quem possui Cotard afirma de forma irrefutável sentir o cheiro de podre saindo de si. O doente acaba se convencendo de que está em determinada posição e alimenta pilares para proteger seu ponto de vista. Toda essa construção afeta a sua percepção da realidade, fazendo com que convença a si mesmo.

Contudo, cabe ressaltar que isso se trata de alucinações no campo olfativo. O paciente não possui estrutura adequada para lidar com o estado que se encontra. Ele não tem a capacidade de diferenciar aquilo que é real daquilo que foi projetado por seus sintomas. Assim, acreditará naquilo que experiencia e enxerga como verdadeiro.

A cultura contemporânea

Como aberto no início do texto, muitas pessoas usam a expressão “preferia estar morto/morta”. Isso é reflexo direto do modo de vida que determinados grupos enfrentam diariamente. Caso conhecessem a síndrome de Cotard, talvez pudessem reverem seus conceitos a respeito da vida. Seu comportamento pode indicar até:

Depressão

A depressão causa uma tristeza em relação ao que gostávamos e à própria vida. Sem contar que também que pode retirar qualquer reação mais evidente em relação a algo, principalmente uma tragédia. Dessa forma, um depressivo desenvolve apatia, pouco se envolvendo consigo e o mundo. Portanto, traça um paralelo direto com a síndrome.

Cansaço

O cansaço da rotina acaba por consumir qualquer pessoa em relação ao cuidado consigo mesma. O problema maior é que é comum a situação virar algo rotineiro, evitando que os prazeres da vida sejam vistos. Assim, a fim de evitar o mesmo processo novamente, o desejo primário de morte como forma de descanso pode se manifestar.

Ambiente pouco produtivo

O ambiente onde vivemos e trabalhamos influencia diretamente em nossa perspectiva sobre a vida. Se estamos em um lugar que provoca dor, sofrimento, angústia e tristeza, pensaremos em escolher qualquer rota em detrimento dessa. Ainda que pareça mórbido, a ideia da morte aqui é suavizada como ambiente que trará paz.

Tratamento

O tratamento para a síndrome de Cotard depende primariamente do uso de medicamentos. Assim, antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos podem ser os mais recomendáveis. Exemplos comuns são o diazepam, clorpromazina e fluoxetina. Ainda que saiba o nome da medicação, é preciso se consultar com um médico para conseguir comprá-la ou consegui-la gratuitamente com o governo.

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    Infelizmente, a síndrome se manifesta das mais variadas formas. Em casos mais graves, a terapia eletroconvulsiva, ou de choque, pode se tornar a solução. A ideia é que se estimule regiões do cérebro para que trabalhem adequadamente. Dessa forma, fica mais acessível controlar os sintomas da síndrome e resgatar alguma qualidade de vida.

    Comentários finais sobre a Síndrome de Cotard

    Por incrível que pareça, pessoas cujos vínculos com a ideia da vida já estão rompidos existem e merecem atenção clínica. A síndrome de Cotard bloqueia a saúde física e mental de que alguém que poderia viver uma realidade ativa e feliz. O mesmo se torna um cadáver vivo, se distanciando física, psíquica e emocionalmente de quem o ama.

    É importante salientar que os tratamentos visam à reconexão desse indivíduo a um convívio mais saudável. Com a ajuda adequada, uma pessoa atingida pode sentir os sintomas comuns desse mal de forma mais amena e parcial. Sua reabilitação pode não ser completa, mas o alívio existencial é possível.

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    6 thoughts on “O que é Síndrome de Cotard? Significado e exemplos

    1. Marcos Simões disse:

      Muito interessante o que nossa mente é capaz de fazer! Há, nessa Síndrome, um ataque direto ao que é visual e cinestésico. A percepção da realidade se altera para condizer com a pulsão de morte existente no pensamento de quem sofre com essa síndrome. Ótimas reflexões sobre isso!

    2. Maria Isabel BELARMINO BATISTA disse:

      Sim. Exatamente. A minha sogra sofria da síndrome de Cotard. Levamos ao medico de família pq aos 85 ela era contraria e dizia estar bem. Em Abril de 2020 ela faleceu no hospital de La Spezia Italia norte durante a pandemia. Obrigada Marcos e a todos de Psicanalise Clinica pelos ensinamentos que recebemos.

    3. Minha tia de 47 anos está sofrendo com essa síndrome, ela diz que não tem órgãos nem sente nada. Acha que é um zumbi. A família está em busca do tratamento de ECT, pois ela está em estado grave, até diz q quer matar a filha de 7 anos e o marido. Infelizmente o tratamento é caríssimo, então estamos fazendo arrecadações. Se quiserem ajudar entrem.em contato comigo pelo (86)99484-5810.

    4. É cruel saber que existe tal síndrome, e que seres humanos sofrem deste mal sem cura. Porém existem profissionais de saúde mental que lutam para o bem estar e qualidade de vida dessas pessoas, com o objetivo de minimizar suas dores e sofrimento.

    5. Geraldo Korndorfer disse:

      Nunca tinha escutado falar dessa síndrome. Muito interessante. Abraço.

    6. Anelí Divina Fungueto disse:

      Realmente pouco se conhece desse transtorno e com isso a busca da cura é rara e as pessoas continuam sofrendo. A partir dessas informações percebemos o quanto precisamos estudar para dar melhores respostas aos diferentes males que acometem o psíquico.

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