sobre o silêncio

Sobre o Silêncio e a Sensação de Vazio

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Entenda mais sobre o silêncio. Sigmund Freud, pai da psicanálise, descobriu o inconsciente e através disso, ouvia seus pacientes que sofriam de histerismo, suas angústias e sensações de vazio, antes silenciados pela ciência e pela religiosidade.

Entendendo sobre o silêncio

Freud buscou um método de trabalho além hipnose, em que o paciente pudesse ouvir o que dizia, contudo, isso poderia acarretar o silêncio. Em sua busca, Freud criou o método da associação livre, muito usado até hoje.

Esse método consiste em o paciente dizer tudo que vier na mente, tudo mesmo, coisas relevantes e irrelevantes ao ver do paciente, pois aos olhos de Freud, com certeza há algo silenciado ou nos termos de Freud, recalcado.

Contudo, Freud encontrou uma barreira, chamada por ele de Resistência, que se daria em um impedimento para que a associação livre ocorresse, e o silêncio era um desses impedimentos uma vez que surge na sessão sob vários prismas, como por exemplo, o analisando ter um “apagão” e esquecer, ele simplesmente não dizer nada ou não conseguir dizer.

Sobre o silêncio: associação livre

Esses espaços que surgem na associação livre se mostram imprescindíveis durante a sessão, uma vez que se apontam no recalque, do motivo de seu silêncio ser exatamente o que o faz sofrer.

Como uma recordação que é evitada pelo psíquico, tornando-se importante ao trabalho do analista em face que o analisando não consegue se dizer, pois ali mora um trauma, independentemente do analista. Pois somente o paciente pode autorizar essa transferência para seu psicanalista, ultrapassando essa barreira do silêncio, desmascarando assim o trauma por trás do silêncio.

Rochedo de castração

Freud reconhece como “ROCHEDO DE CASTRAÇÃO” intransponível, um impasse que dificultaria a análise propriamente dita. Lacan, utilizou a palavra contrária, usou o termo PASSE, que tem a ver com uma estrutura chamada Fantasma (onde se chega no objeto que se é), como se fosse uma travessia, travessia essa que Freud designa como uma PRÉ História e, a partir daí abrir o processo de se recuperar o passado, relativizando o presente e proporcionando assim um futuro.

Para que sejam abordados os silêncios, Lacan (1964-1965) refere ao grito, como uma linha de expressão baseada necessidade no recém-nascido que, convoca o outro por meio da linguagem, sendo o próprio grito um pedido. Logo, a primeiro fragmento tarimba da ação do outrem, como uma impossibilidade do encontro, um vazio contínuo para o analisando, onde não se pode preencher, mostrando que na maioria dos casos, surge uma insatisfação do desejo, existe sempre algo faltante.

Para Lacan (1964), a atenção para esse analisando de aspecto obscuro, que tapa as orelhas e abre a boca em um grito que, parece provocar e sustentar o silêncio. “O grito faz o abismo onde o silêncio se aloja.” (Lacan, 1964-1965, p. 217).

A realização do desejo

Tal silêncio faz com que procure restaurar a verdade insatisfatória, executando sem realizar seu desejo, se interpondo a realidade, não enxergando possibilidades.

Embora muito difícil, a fantasia pode ceder a palavra, de modo que sejam ultrapassadas as barreiras da culpa e da vergonha, uma verdade que pode apenas ser meio dita, estabelecendo uma direção para a psicanálise, atravessando TACEO (Silêncio) , para não atingir o SILEO e chegar a uma resposta.

A psicanálise então, atua nas formas do silêncio para enfim trazer a tona o que não foi dito, diferentemente de aquilo que não pode ser dito, tendo às vezes uma dimensão trágica porém fecunda ao passo que liberta o analisando de uma esperança que o aliena ao desejo de outrem, se revelando como falta.

Sobre o silêncio e a sonoridade

A concepção do silêncio traz em si uma dicotomia entre a presença e a ausência da sonoridade, lhes esgotando a extensão, uma vez que sem som, não existe o silêncio e sem o silêncio é impossível realizar o som. Entretanto, a comunicação não se dá somente pela sonoridade, mas também pelas palavras, imagens e símbolos. Atos sociais são tão importantes quanto os sonoros.

Freud constata o poder curativo das palavras e faz dela um poderoso instrumento no tratamento das neuroses, em detrimento de outros tipos de terapia, pois marca uma relação primal entre a fala e o inconsciente.

Isso mostra que o ato de falarmos, dizemos mais do que falamos propriamente dito, mostrando conteúdos latentes durante a manifestação do falar, pois o ato de falar, expressar desejos, os sintomas neuróticos, manifestação de sonhos, é uma articulação entre o inconsciente e a nossa linguagem.

Uma releitura de Freud

Lacan, em sua releitura de Freud ressalta que: a ideia de que o inconsciente é uma linguagem, não no sentido de constituir um baú de símbolos, mas uma instância que produz efeitos a partir da linguagem.

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    Logo, o ingresso do homem ao metafórico se realiza por meio da linguagem, da qual a performance se dá como um elo que supera esse caminho percorrido, quando a concepção real e inconsciente sucede da integração cultural do homem e a linguagem, que por sua vez dá conta de um vazio do que o homem não assimila.

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    Assimilação essa que é oriunda do limite que concebe a linguagem, por sua vez insuficiente para percepção do mundo pelo inconsciente. Conclui-se, portanto, que, por mais que o inconsciente se valha da comunicação através da linguagem na ânsia de sentido, de qualquer forma existirá um resto, algo sem sentido, irrepresentável, algo por dizer, a sensação de vazio.

    Este artigo sobre o silêncio e a sensação de vazio foi escrito por PATTY TENA THEOPHILO (contato: [email protected]), neuropsicopedagoga, mestranda em ciências da educação, atuante na área de educação inclusiva, especializada em terapia aba, psicomotricidade, inteligências múltiplas, formanda em psicanálise.

     

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