teatro e psicanálise

Teatro e Psicanálise: aproximações e diferenças

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“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente; antes que a cortina se feche e a peça acabe sem aplausos” (autor desconhecido). Frase de Charles Spencer Chaplin: “Creio que não se pode fazer nada de grande na vida se não se fizer representar o personagem que existe dentro de cada um de nós.” Veja a seguir a relação entre teatro e psicanálise.

Teatro é Vida

O teatro representa um sujeito de direitos e obrigações que irão dar origem a todos os Conflitos, Problemas e Crises (CPC’s) humanos de quem, como você e seu “outro” devem conviver nos atos de escrever.

Assistir e fazer “Teatro ”, seja como ator/atriz, cenógrafo, figurinista, maquiador, sonoplasta, iluminador, bilheteiro, porteiro, faxineiro, roupeiro ou lancheira, sem esquecer o “ponto”, o diretor e o proprietário do local.

Como humanos trafegamos por qualquer rua transformada em “Times Square” procurando (re)encontrar as nossas reais ou fantasias “teatrais” no viver e conviver. Aristóteles afirmava que o Teatro é uma tendência à representação de nossas vidas.

Teatro e Psicanálise

Complemento o filósofo para obter uma perfeita Psicanálise: Representação exalando nossos perfumes pessoais, nossas performances da alma e nossos sentimentos nas expressões corporais.

Aristóteles também afirmava que os Seres Humanos (SH’s) tem a imitação como uma vantagem sobre os animais, e aí apresenta o motivo para as expectativas de uma grande satisfação, pois lhes permite, os SH’s ter o prazer de lembrar as brincadeiras teatrais ilimitadas infantis e sua lenta passagem e integração com a vida adulta nas realidades limitadas nos palcos teatrais de uma sala de escritório em “home office” olhando uma única tela ou de uma cadeira frente ao café da manhã, almoço ou jantar, cruzando olhares com os vizinhos de mesa, com (para conversar) ou sem duas máscaras (para comer ou beber) protetoras contra a COVID.

Teatro e Psicanálise: o jogo teatral na relação id e ego

Entre os dois extremos, sós ou em grupo, existimos procurando entender cada fase que atravessamos em direção ao fim.

Mas que marcos desta esperada longa estrada, que não sabemos a largura nem o comprimento, permanecem em nosso consciente e até no subconsciente ou ainda inconsciente?

O jogo teatral na relação id e ego torna-se uma via de mão-dupla e o espectador pode tornar-se um sonhador.

Os sonhos, o Teatro e Psicanálise

Sonhando, surgem “mil” perguntas que originam respostas singulares ou plurais, dependentes do Tempo, Espaço e Matéria (TEM).

Freud nos auxilia quando afirma que nos processos mentais nada acontece por acaso, pois sempre haverá uma causa para cada pensamento, memória revivida, sentimento, ação e reação, com forte base nos fatos que os precederam.

Nos degraus do espaço “cênico do viver”, cruzamos como protagonista ou antagonista, diretor ou contra regra, ator ou espectador, cultivando diferentes personagens, com máscaras ou sem, improvisando ou interpretando, todos dependentes dentro das quatro dimensões, ou seja do despertar ao sonho, fantasia, delírio e ilusão.

O “duro” é despertar para o REAL. Em qualquer caso o voltar à realidade está diretamente ligado aos princípios que Freud determina como a oposição entre princípio de prazer e princípio de realidade (FREUD, 1911b/1996, p.224).

Teatro real da vida

O Teatro real da vida pode exigir um acompanhamento psicanalítico de seus atores, não como “doentes” mas sim como ‘analisados” com todas as suas “resistências e até transferências” na oposição citada. O Consultório ou Clinica é o receptáculo propício de um possível Teatro que também poderá ocorrer ao ar livre.

No fictício do palco do viver e conviver, os títulos(rótulos) são vários, mas as palavras colocadas nas bocas de qualquer ator/atriz podem e devem resumir muito daquele viver de especulações rotuladas, o que contenta o autor e os espectadores.

São nos jogos de cena que encontramos a criação, submissão, representação e interpretação do próprio texto de vida com demonstrações físicas/mentais com o uso da voz, corpo, aplausos, vaias e tantas outras maneiras que agitam o viver.

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    O papel da Psicanálise

    Falando sobre o teatro e psicanálise, nós somos autores de nossa própria história e adicionamos nela as atividades de artistas ativos, passivos ou neutros, desde que conheçamos os sistemas que governam nossas tendências e as suas várias vertentes psicanalíticas como culpa.

    A Psicanálise assume o desafio de curar a culpa. (Singh, 2002, Ediouro). No Teatro toda a peça revive o lembrar, dentro do esquecer, mas na repetição da história, no trazer o passado nas lembranças, afloram normalmente uma falta, culpa, desobediência e fuga com destaque para os processos de reconciliação.

    Cada situação segue em direção a uma vasta plateia que circunda nossos passos no viver ou, estão sentadas e bem comportadas, como rebanhos a caminho do matadouro. Aplausos ou vaias dependem de como os fatos se repetem no real respirar.

    O papel do espectador

    Fora do Teatro o espectador procura e está sempre pronto para seguir a tese de um líder, cuja reação dele será a soma das reações individuais dos demais espectadores. Entretanto na relação entre  teatro e psicanálise, os limites são diferentes para cada expectador e são resultados de diferentes lugares e, quando necessário, se consolida no Consultório do Psicanalista sistêmico.

    Nos imensos id, ego e superego, encontrar lugares estranhos ao nosso “cheiro” permite que fiquemos mais à vontade, criando fantasias para os diversos palcos para onde nos dirigimos ou apenas em lugares onde representamos diferentes fases de nossa vida.

    As lacunas surgem então como lembranças encobridoras trazendo deformações ou deslocamentos e finalmente, “explodem” as Resistências do Analisado. (Lembrando, o analisado, não é doente ou paciente, títulos que aprofundam o mal estar).

    O analisado de acordo com a Psicanálise

    O doente ou paciente poderá se revoltar contra esta maneira de ser identificado, mesmo sem querer, querendo, (lembrando ato falho, em razão de desejos existentes no inconsciente que acabam por interferir no próprio consciente identificado também como Fehlleistung-DE ou ainda Freudian slip-US).

    Será levado a se considerar incapaz de reagir em busca de uma solução imediatista. Por este motivo, o interessado deverá ser acompanhado como o analisado pelo psicanalista.

    O analisado quantas vezes precisa de “deixas” e “cacos”, bengalas da mente não treinada, para poder abrir a porta do mundo das fantasias, no popular “sonhar acordado/a” na dualidade do bom/ótimo versus o ruim/péssimo. É neste momento que encontramos o diretor-psicanalista com uma fala contendo aquele “toque de Mestre”.

    Sigmund Freud, desejos e impulsos

    No analisado a reação será demorada, pois a elaboração da história do próprio é sempre um processo demorado, até como prazer de estar fazendo Psicanálise.

    Sigmund Freud (1856-1939) alerta para o Princípio de Prazer (alemão: Lustprinzip). É a busca, através do ID, da energia mental e instintiva para o prazer biológico e psicológico, sem sofrimentos ou necessidades para o atendimento dos desejos e impulsos na altivez mental. Os Seres Humanos, no teatro do viver encontram FREUD?

    Expandindo Freud, o conhecimento dos participantes torna-se ponto chave para o processo de exposição ao treinamento teatral e, por analogia, ao tratamento de um paciente e até doente, mas sempre como analisado ANALISADO. O ponto comum encontra-se, como nas Constelações Familiares, nas figuras parentais que provocam sentimentos vivenciados na infância, juventude, maturidade e até em casos excepcionais, na velhice.

    Considerações finais

    Comprovar Freud exige que o ator/paciente “entre de cabeça” e depois de muito treino, orientações, broncas e esforço, Freud pode tornar-se diretor de cena e o ator/cliente poderá encontrar o fator deslocamento operacional inconsciente na mente e sua transferência de emoções, ideias e até desejos no papel ainda (in)definido.

    A repetição das falas e exercícios aliviam a ansiedade diante de impulsos agressivos empresariais, familiares, escolares e, em alguns casos, conflitos sexuais e de personalidade.

    Um bom Psicanalista sistêmico, leitor atualizado e participante de processos de transferência pode tornar as “consultas” ou “reuniões de acompanhamento” quase como um laboratório prático (até teatral) de contínua atualização profissional, onde atores considerados analisados tem um produtor e diretor acima de qualquer suspeita.

    Sobre o Autor: Este artigo sobre FANTASIA TEATRAL e sua relação com a PSICANÁLISE é de autoria de um neófito e eterno aprendiz de ator TIBOR SIMCSIK ([email protected]) UM Prof. e Doutor Conciliador do Fórum Central-SP atuando por sistema remoto em plataformas digitais na PSICANÁLISE SISTÊMICA integrada com CONSTELAÇÕES FAMILIARES. Desde 1964, atuou perante mais de 70.000 seres humanos em cima de “estrados escolares e plataformas judiciais”. Data:16/04/2021 – nº 03/05/21

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