Terapia Familiar Sistêmica

O que é Terapia Familiar Sistêmica?

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No artigo de hoje, conversaremos um pouco sobre a Terapia Familiar Sistêmica. Geralmente, falamos bastante sobre terapias em que o paciente é analisado sozinho. No entanto, caso você não saiba, é possível fazer também um trabalho com casais ou até famílias inteiras. É algo que faz sentido, já que muitas vezes são famílias completas que têm problemas e não apenas uma pessoa. Confira como isso ocorre e vertentes diferentes da terapia familiar!

Terapia familiar e história

Antes de contar para você o que é a Terapia Familiar Sistêmica, nós achamos interessante conceituar como a terapia familiar foi ganhando relevância ao longo da história. Não precisa se preocupar que não vamos nos demorar por aqui, mas julgamos importante dizer que nem sempre a família recebeu tanta importância no estudo do comportamento humano. 

Na verdade, você verá que a família foi ganhando importância por motivos péssimos. Como a pessoa que vai fazer terapia decide fazer isso por ter algum problema, muitas vezes esse problema está no âmbito familiar. Assim, enquanto para muita gente o problema é algo pessoal, que a pessoa conseguiria resolver sozinha, para outros a família é que precisava de ajuda como um todo.

Freud, Psicanálise e família

Sigmund Freud foi um dos estudiosos do comportamento humano que se preocupou com a influência da família logo de cara. No entanto, para você ter uma noção de quanto tempo demorou até que isso acontecesse, o trabalho freudiano que mais aborda o assunto só foi lançado no começo da década passada!

Imagine quantas pessoas e famílias ficaram sem amparo até que “Fragmento da Análise de um Caso de Histeria“, fosse lançado só em 1905. Nesta obra, o pai da Psicanálise apresenta e discute o caso Dora. Veja alguns detalhes sobre ele mais abaixo.

O caso Dora ou de Ida Bauer

Ida Bauer, também identificada como Dora, foi uma adolescente de 18 anos tratada por Freud. Ela foi levada até o psicanalista por seu pai, que estava preocupado com alguns comportamentos estranhos da moça. De acordo com seu progenitor, a menina desmaiava com frequência e havia pensado em se suicidar.

Ao longo do tempo, Freud observou que Dora era muito próxima de seu pai, um homem doente de que ela precisava cuidar com frequência. Embora seus pais não se dessem bem, ambos viviam juntos e em dado momento se tornaram vizinhos de um casal. Para Dora, seu pai começou a ter um caso com a nova vizinha, ao passo que seu vizinho lhe fez investidas amorosas.

Considerando tudo isso, Freud classificou o caso Dora como histeria. Para ele, a jovem tinha sentimentos amorosos pelo pai, o que para o psicanalista é natural nas crianças. Contudo, com o crescimento, as crianças recalcam esse sentimento. No caso de Dora, elementos da vida familiar trouxeram o sentimento que já estava inconsciente à tona de novo, o que se reflete no comportamento histérico da menina.

A terapia familiar é “coisa recente”

Lembramos que esse trabalho de Freud é lançado só em 1905, isto é, no começo da década passada. No entanto, mesmo fora da Psicanálise o tema da terapia familiar não havia sido abordado ainda com profundidade. Assim, tudo o que veremos de desenvolvimento se dá durante o século XX. No caso da Terapia Familiar Sistêmica, em específico, foi só depois do ano 2000 que o tema começou a ganhar mais notoriedade.

A influência da Segunda Guerra Mundial nos problemas familiares

Veja que com relação ao que dissemos acima, o estudo da dinâmica familiar não surge no século XX de modo aleatório. Lembre-se que a Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar que ocorreu entre os anos 1939 e 1945. Essa guerra envolveu vários países do mundo inteiro direta e indiretamente. Logo, envolveu também milhões de famílias.

Seja por causas econômicas, traumas de guerra ou separação de famílias, os efeitos do conflito foram sentidos tanto por quem participou ativamente quanto por quem teve uma visão mais periférica do problema.

A partir desse momento, surgem os centros de tratamento conhecidos como comunidades terapêuticas. Essa iniciativa foi proposta por Maxwell-Jones, alimentado por todos os estudos e propostas que vinham borbulhando na época. Assim, fica evidente que à medida em que os problemas e conflitos familiares foram surgindo, mais pessoas começaram a se preocupar com o assunto.

Esquizofrenia: um problema que chamou atenção para vários outros

Além de todos os problemas que surgiram nas famílias como decorrência da Segunda Guerra ou casos de histeria, outro problema chamou muita atenção o para a terapia familiar no século XX. Começaram a ganhar cada vez mais notoriedade os casos de esquizofrenia, isto é, uma doença psiquiátrica que se caracteriza pela perda do contato com a realidade.

Como já é possível imaginar, os efeitos da presença de uma pessoa esquizofrênica na família são bastante sentidos por todos. Assim, surgiram muitos estudos explorando as relações familiares com os doentes. Já na década de 50, os trabalhos sobre a importância da família no tratamento e manutenção de patologias mentais.

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Em decorrência disso, surgiram também os tratamentos para famílias de pessoas neuróticas e, por fim, famílias sem patologias sérias. No entanto, mesmo a ausência de familiares doentes não implica que uma família não pode ter problemas dignos da atenção e cuidado de um terapeuta. É aqui que começaremos a explorar como atua a Terapia Familiar Sistêmica.

Conceito de Terapia Familiar Sistêmica

O que é algo “sistêmico”?

O termo sistêmico vem da palavra “sistema”. Um sistema pode ser visto como um conjunto de qualquer coisa. Veja que classificamos como Sistema Solar os corpos celestes que estão sob o domínio gravitacional do Sol. Chamamos de sistema urinário os órgãos responsáveis ou envolvidos no processo de formação, depósito e eliminação da urina. Assim, quando falamos de algo sistêmico, estamos nos referindo a um conjunto de elementos, seja quais forem.

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    No que tange à Terapia Familiar Sistêmica, temos uma terapia que não envolve um indivíduo, mas um sistema de indivíduos. Acreditamos que agora o conceito tenha ficado muito mais claro. A terapia familiar sistêmica é chamada assim porque os adeptos da prática terapeuta consideram que a família seja um sistema equilibrado.

    Nesse âmbito familiar, são as regras do funcionamento dos relacionamentos que mantém o equilíbrio do todo. No entanto, não é todo mundo que segue essa vertente da terapia familiar. Há perspectivas que são diferentes. Falamos um pouco sobre elas mais abaixo, quando abordarmos a Terapia Familiar Psicanalítica.

    O que acontece durante as sessões de Terapia Familiar Sistêmica?

    No geral, como a Terapia Familiar Sistêmica está muito preocupada com as regras de funcionamento do sistema, então ela enfatiza mudanças no sistema familiar. Essas alterações ocorrem sobretudo por meio da reorganização da comunicação entre os membros da família. No momento da terapia, todos os envolvidos revisitam acordos, crenças e dinâmicas a fim de tratar o sistema como um todo. 

    Voltando para a Psicanálise… Os enfoques sistêmicos e psicanalíticos não são iguais

    Por outro lado, a diferença entre a Terapia Familiar Sistêmica e a Terapia Familiar Psicanalítica está basicamente nos objetivos. Enquanto a Psicanálise está muito mais preocupada com elementos importantes para a crise familiar que estão retidos no inconsciente de cada um, a terapia sistêmica está preocupada com problemas de dinâmica.

    No entanto, você há de concordar que as duas terapias poderiam funcionar muito bem juntas. Na verdade, não é só você que pensa isso. Muitos terapeutas trabalham articulando os diferentes enfoques para conquistar um resultado mais efetivo para a família. 

    Comentários finais sobre a Terapia Familiar Sistêmica

    No texto de hoje, você conheceu os desenvolvimentos que culminaram na elaboração da Terapia Familiar Sistêmica. Ademais, viu que ela pode ser empregada em conjunto com a terapia com enfoque psicanalítico. Aproveitando que estávamos falando disso agora a pouco, fazemos um convite. Conheça o nosso curso 100% online de Psicanálise Clínica! Além de explorar a terapia familiar, você conquista uma formação extra e autoconhecimento!

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