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Transferência e sua relação com as teorias topográfica e estrutural de Freud

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Neste texto, vamos abordar a Transferência e sua relação com as Teorias Topográfica e Estrutural de Freud, dentro do processo terapêutico.

A partir do momento que se fala em transferência, estamos emergindo, obrigatoriamente conceitos e conhecimentos das teorias fundamentais da Psicanálise, cada uma delas com suas estruturas definidas e analisadas (C, PCs , ICs e ID, Ego e Superego).

Mas, como se dá, verdadeiramente a transferência e sua relação com as teorias topográficas e estruturais, dentro do processo terapêutico?

Entendendo sobre a transferência

Com o intuito de dar uma cadência de informações e embasar a narrativa a seguir, é importante situar, através de definições os integrantes das teorias, assim como o conceito de transferência, por si só.

Teoria Topográfica (ou primeira tópica), composta por três partes, a saber:

a) Inconsciente

b) Pré Consciente

c) Consciente.

Podemos descrever a inter-relação entre essas camadas, e consequentemente um pouco de suas características. Entenda: os fatos ACONTECEM no Consciente, são GRAVADOS no Pré-consciente e RECALCADOS no Inconsciente. Adicionalmente, é com essa descrição, que se explica bem como se dá a NEUROSE.

Transferência:Teoria Estrutural (ou segunda tópica), composta por 3 partes a saber

a) ID

b) Ego

c) Superego

Podemos também, de uma forma sucinta:

– o ID contém os nossos instintos primitivos (e atuam exclusivamente no nosso inconsciente, e é INALTERÁVEL;

– o EGO, se constitui ao longo de toda a nossa vida, mas ele é alterável, o que significa que toda a mudança que passamos ao longo de nossa vida, se dá no EGO;

– Por último, mas não menos importante, temos o Superego, que é nosso censor e crítico inconsciente, embora uma pequena parte dele corresponda à censura consciente.

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    Entenda: o Superego luta por perfeição, o EGO exige adequação à realidade e o ID esforça-se para obter prazer e evitar sofrimento, independentemente dos meios e das consequências.

    A transferência no dicionário

    A Transferência, segundo o Dicionário de Psicanálise organizado por Chemana é conceituada: “como um vínculo afetivo, que se instaura de forma automática e atual, entre o paciente e o analista, comprovando que a organização do paciente é comandada por um objeto.

    O estabelecimento desse vínculo afetivo é intenso e automático, incontrolável e independente de todo contexto de realidade”.

    Conectando os “mundos”

    Diante do exposto, penso que a partir de agora, fique mais didático conectar esses “mundos” existentes dentro de um único, porém vasto, ser quem somos nós.

    Como um momento de extrema importância, quando tomada a decisão de dar início a jornada terapêutica gostaria de fazer uma alusão, a um filme de ficção científica chamado “Viagem Fantástica”.

    Trata-se de um filme, da década de 90, onde cientistas descobriram a forma de miniaturizar um submarino, e assim viajar pela corrente sanguínea, dentro do corpo humano , para descobrir qual o problema do personagem principal, que se encontrava por anos, em coma. Compreender essa analogia, pode clarear o raciocínio para tal jornada.

    O inconsciente

    A transferência (desde que tenha um vínculo estabelecido) pode possibilitar ao analista, apoiar o paciente a descobrir caminhos que, um dia foram percorridos e que (por neuroses, ou traumas) foram fechados, no inconsciente. Mesmo sem acesso aparente, esses caminhos estão preservados e repletos de informações (no pré-consciente) podendo ainda serem acessadas, e que podem ter visões mais atuais (e conscientes) do que aconteceu no passado.

    Suplantar os instintos primitivos, superar os conflitos internos, vivenciar amor e ódio sempre foi, e vai ser o maior dilema dentro de cada um. Assim se apresenta o nosso ID. Tais conflitos foram citados, desde a Bíblia pelo apóstolo Paulo: “O bem que quero, este não faço. O mal que não quero, este faço”.

    Nosso ID, não tem lógica, é atemporal e isso nos faz visitar (ou apenas sentir ou projetar) lembranças do passado, vivenciando-as no presente. Presente esse que vem repleto de dores, de aflições, angústias e que, em sua maioria, não sabemos lidar no hoje.

    A transferência e o ego

    Sabemos que que crianças não têm maturidade de compreensão de algumas coisas adultas, mas no momento de nosso conflito (nosso presente) somos adultos lidando com conflitos infantis que não conseguimos lidar, e também não tivemos maturidade no passado, que não tratamos.

    E como adultos, temos a oportunidade de ter apoio e ajudar a criança que, por algum motivo, mantivemos na dor. Neste momento, podemos lançar mão, dentro do processo terapêutico, aos momentos da realidade, que é devidamente compartilhada (e possível) através de nosso ego.

    O EGO é transformado ao longo de toda a nossa vida. Como já mencionado, ele proporciona a mudança e ainda nos auto preserva. Toda mudança é alteração do ego.

    O ID

    Imaginemos que pensamento alentador, podermos tomar consciência de coisas e controlarmos o que se apresenta diante de nós. Se mostra alentador sim, tendo em vista que temos o nosso ID (ou “ele” ou ainda “o outro”, como podemos chamá-lo igualmente) e que não controlamos já que, nem ao menos o conhecemos.

    Mas o EGO também sofre cobranças, coerências e cercamentos. Esse é o papel do superego. Trazendo um olhar que o superego possui um domínio sobre o EGO, vale lembrar que nosso (hoje) superego teve como origem o de nossos pais (ou cuidadores), impondo limites e regras. A partir dele, construímos o nosso próprio, ao longo do tempo.

    Tal relação entre nossos pais e nós, conecta fortemente a relação analista e paciente pois nos leva a oportunidade, desta vez, a um melhor aprendizado ou correções significativas, já que se tende a por o analista nesse papel, que um dia tanto nos norteou.

    O superego

    Importante salientar que, o superego não funciona na mentes de pessoas psicóticas. Nos psicóticos ele não filtra, ou filtra mais do que deveria e, assim, não funciona como cerceador.

    Todas essas nuances e permeio das teorias e seus componentes, endossam e classificam a transferência entre analista e paciente.

    Elas podem ser positivas (conscientes e amigáveis) e negativas (agressividade ou desconfiança).

    Conclusão sobre a transferência

    Mesmo a diversidade de transferência traz conexões importantes e, de acordo com a vivência de cada um, pode reiterar o vínculo que se faz necessário para o processo / jornada de cura pois qualquer um dos dois tipos de transferência, pode propiciar uma análise completa. Nossos níveis de interação, desejos de cura, reconhecimento de limites, coragem de enfrentar a nós mesmo, carrega em si mudanças tão poderosas que podem nos levar a uma vida sempre com progresso.

    Todos os processos de resistência e transferência que passamos na jornada, nos ensina a sermos resilientes e compreendermos o quanto somos realmente importantes para nós mesmos. Vivenciar o processo terapêuticos, dá asas a transformações e melhorias contínuas.

    Você tem se perguntado sobre “O quanto você se acolhe? Se ama, a ponto de realmente viver o estar bem, para conseguir sempre chegar a um novo ser?”

    Quais seus desejos ou objetivos?

    Viver um NOVO amor?

    Viver o PRIMEIRO amor?

    CONQUISTAR coisas por si?

    Qual a transformação que você realmente deseja, que não dependa ou precise de você?

    Transformação é algo incrível. Se (re) conhecer continuamente, é um momento magnífico e uma oportunidade de vivenciarmos novas trajetórias, novas vidas, ter a chance de dar novo olhar ao que nunca achamos que seria possível.

    Este artigo sobre transferência sob a ótica das teorias topográfica e estrutural de Freud foi escrito por Poliana B. Falcão, mulher feliz, assumindo o que sempre quis: conhecer e evoluir sempre, para ser o melhor possível para mim, e para o outro; estudante de Psicanálise (com muito amor e honra).

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