transtorno é invisível

E quando o transtorno é invisível?

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Quando o transtorno é invisível? Há algum tempo ouvimos falar que a depressão seria o mal do século, devido ao seu rápido crescimento.

Entendendo sobre quando o transtorno é invisível

Não discordo que seja um grande mal no que se refere às questões de saúde mental, porém após o período mais intenso da pandemia (digo mais intenso pois ainda não acabou) os casos de ansiedade começaram aumentar exponencialmente. Não que seja algo novo, mas tenho a impressão de que o transtorno de ansiedade vem saindo do contexto da invisibilidade na qual estava inserido.

A presente dissertação tem como proposta dialogar a respeito dessa invisibilidade e dos grandes prejuízos que esse transtorno causa quando não considerado sério ou visto a tempo.

Para tal, utilizarei minha experiência pessoal, pois, afinal, a partir dela comecei a compreender melhor a vulnerabilidade do ser humano e a importância de recorrer ao autoconhecimento.

História pessoal

Embora pareça estranho, aos 44 anos nunca havia ouvido falar sobre o transtorno de ansiedade, ainda que seja estudiosa nas questões da psicologia, porém voltadas para a educação especial, área que atuo.

Quando falavam em ansiedade, entendia aquela ansiedade em que as pessoas querem que determinados dias cheguem logo, ou tal situação ocorra rapidamente; aquela espera que dá um friozinho na barriga, tira um pouco do sono, mas por algo bom que vai acontecer e não que isso seja negativo.

Esse é o olhar das pessoas para o quadro de ansiedade e o transtorno é invisível

Eu nem imaginava que sofria desse mal desde a infância. Um mal que causou muitos prejuízos, mas se manteve invisível por toda minha adolescência e idade adulta, até o diagnóstico aos 44 anos de idade.

Pois é, me lembro de ter tido a primeira crise aos 12 ou 13 anos (hoje sei que foi uma crise), comecei a sentir uma imensa vontade de chorar e uma imensa angústia, chegando a ter náusea. Logo em seguida veio aquela explosão de choro, um choro sofrido, mas sem uma razão que justificasse.

Minhas coleguinhas e minha irmã se assustaram e como estávamos na última aula, que era educação física, levaram-me para casa. Em casa, tudo já havia terminado. Quando meu pai chegou e minha mãe lhe contou o ocorrido, a fala foi… ah, chorou porque está com medo de ficar de recuperação e não passar de ano. E assim foi…

Alguns indícios

Antes desse episódio, recordo hoje, que lia muito bem, adorava ler, mas quando a professora pedia para ler em público minha voz não saia, eu gaguejava e não conseguia pronunciar a palavra de jeito nenhum, ficava vermelha e tremia muito; mas entendia que se tratava de vergonha.

O interessante é que aos poucos criei formas de me acalmar para ler com fluência, e deu certo. Cresci passando por momentos difíceis; saí do ensino fundamental onde estudava com minha irmã e fui para o ensino médio sozinha, sem nenhum colega. No primeiro dia tremia tanto que parecia que não conseguiria dar um passo, fiquei perdida, e como estratégia puxei assunto com uma aluna que estava próxima, assim me acalmei e fiquei bem.

Essa estratégia foi usada até minha primeira pós graduação, acreditem! Fazer amizade com alguém para diminuir essa ansiedade, mesmo sem entender o real motivo desse nervosismo, sempre deu certo; acabou que me tornei uma pessoa até extrovertida.

E a coisa se complica!

Em outro episódio, quando ia para um curso, dentro do ônibus, comecei a sentir o coração acelerado e falta de ar. Tudo rodava e eu tive a impressão que perderia os sentidos; o medo tomou conta, ou melhor o pânico, como se algo muito ruim fosse acontecer, parecia que ia morrer. Tudo durou pouquíssimo tempo, procurei controlar a respiração e fechar os olhos, sem chamar atenção das pessoas, e aos poucos tudo voltou ao normal.

Como nas outras vezes, culpei a dieta, pois deveria ser fome, hipoglicemia, excesso de atividade física ou estresse pelo cansaço. E assim foi minha vida, pânico para falar em público e até para entrevista em emprego. Ficava nervosa em uma simples reunião de família. Mas, o mais interessante é que em vez de me achar diferente dos outros, eu entendia que todo mundo passava por isso e, que se eles superavam eu também poderia.

Depois de um tempo, tudo se tranquilizou, provavelmente pela atividade física intensa que fazia, mas não sabia disso. Até que em 2019, passei por um grande estresse em meu trabalho e juntamente com outras questões reprimidas comecei a ter sintomas que não entendia. O coração acelerado e falta de ar, tornaram-se comuns, aliando a eles outros sintomas, como uma depressão, sensação de grande vazio como se eu não conseguisse sentir nem tristeza, nem felicidade e por fim, a despersonalização.

Aí, pensei: opa, tem algo errado!

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    A descoberta e quando o transtorno é invisível

    Inúmeras foram as sugestões de procura médica, cardiologista, psiquiatra, etc., mas decidi procurar uma psicóloga, pois percebi que se tratava de questões emocionais. Bom, a partir daí compreendi que tinha de fato “transtorno de ansiedade”, o que explicava os pensamentos negativos, os medos, momentos de pânico intenso, sem querer sair de casa, e os momentos depressivos que faziam com que pedisse para Deus tirar isso de mim.

    Tudo aparentemente disfarçado por mim mesma e invisível para os outros, pois eu sabia esconder os sinais e sintomas muito bem. Entendi que consegui me sair bem em muitos aspectos da vida, pois como acreditava que tudo isso era normal, e que deveria superar, criava estratégias que davam certo.

    Foi libertador! Assustador no início, mas libertador. A pergunta é: e se eu não tivesse criado estratégias próprias para lidar com minhas dificuldades? E se eu não tivesse dado o passo para procurar ajuda?

    Pois é, por isso que digo que o transtorno de ansiedade é invisível para muitos e só percebido pelos familiares ou pessoas próximas quando a pessoa acometida chega no fundo do poço. Como professora, fico atenta aos alunos que apresentam características semelhantes às minhas, pois pode haver a necessidade de uma intervenção, de forma a prevenir que o transtorno se instale.

    Conclusão sobre quando o transtorno é invisível

    Pais e professores, é preciso estar atento aos sinais. Criança não chora do nada, criança não diz que quer morrer e não se isola de seus amigos. Quando isso acontecer é necessário ter uma conduta de auxílio à criança e à família.

    A depressão pode ser o mal do século, mas digo que o transtorno de ansiedade é o maior mal entre a população jovem.

    É preciso ter um olhar cuidadoso para esses jovens que podem estar em sofrimento, disfarçando seus sintomas por achar que é fraqueza ou por achar que é normal.

    Este artigo foi feito por Cristiane Carminati Maricato([email protected]). Sou pedagoga especializada em educação especial e inclusiva, psicopedagogia, neuropsicopedagogia e psicomotricidade. Mestra em Intervenção Psicológica no desenvolvimento e na educação e Doutoranda em Psicanálise, além de ser aluna do instituto.

    One thought on “E quando o transtorno é invisível?

    1. Viviane Stenzowski disse:

      Parabéns Cristiane por compartilhar um pouco de você, que exemplo de força e superação, a sua estratégia foi perfeita, e sim Deus nos ouve sempre. Eu também tive transtorno de ansiedade em 2019, fui parar no hospital, Eu estava na empresa almoçando com meu filho , trabalhávamos juntos, ele era do comercio exterior e eu gestora financeira e responsável pelo DHO. Meu filho percebeu que eu estava suando, tensa, e com falta de ar, logo comecei chorar compulsivamente, ele me levou para hospital e dali segui com tratamento com remédios, e após 2 meses eu pedi demissão.
      Em 2020 conheci o IBPC , a partir daqui descobri que tinha a outra vida para viver e muitas pessoas para ajudar!

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