Falaremos neste artigo sobre a estrutura e a importância do processo terapêutico no tratamento da ansiedade.
Imagine a ansiedade como um labirinto confuso dentro da gente. Às vezes, sentimos só um friozinho na barriga, uma leve preocupação. Mas, para algumas pessoas, esse labirinto se torna escuro e cheio de becos sem saída, com medos tão fortes que paralisam e preocupações que não vão embora, atrapalhando muito o dia a dia.
A psicanálise, que é como uma lupa que olha bem fundo para a nossa mente e a nossa história, nos ajuda a entender por que esse labirinto se formou e como encontrar a saída.
Para a psicanálise, a ansiedade não é só um “defeito” isolado. É como se fosse um recado complicado que a nossa mente está tentando nos dar, mostrando que algo lá no fundo não está bem resolvido.
Para entender a ansiedade por essa visão, precisamos mergulhar nas nossas lembranças mais antigas, nos nossos sentimentos escondidos e em como a gente se tornou quem a gente é.
De Onde Vem Essa Ansiedade Toda?
Lá no comecinho da psicanálise, Sigmund Freud, pensava que a ansiedade vinha de uma energia dentro de nós que não conseguia se expressar. Depois, ele percebeu que tinha mais a ver com o medo de perder as pessoas que a gente ama e com um medo mais profundo de não ser “completo”. Isso mostra como as primeiras relações da nossa vida são importantes para a forma como a gente lida com a ansiedade.
Outra psicanalista importante, Melanie Klein, olhou ainda mais para trás, para os primeiros meses de vida. Ela acreditava que, quando bebês, temos fantasias de que coisas ruins podem nos acontecer. Essa “ansiedade primitiva” seria um medo de sermos destruídos por esses “objetos ruins” que a gente imagina dentro de nós.
Donald Winnicott focou em como o ambiente em que crescemos nos ajuda a nos sentir seguros e inteiros. Se esse ambiente falha em algum momento, a gente pode criar uma “máscara” para se proteger e ter mais dificuldade em confiar em nós mesmos, o que aumenta a ansiedade.
Jacques Lacan trouxe uma ideia um pouco diferente. Para ele, a ansiedade aparece quando a gente se depara com um “vazio” com a falta de um sentido final para tudo. É como se a estrutura que nos dá segurança falhasse, e a gente se sentisse perdido.
Como a Ansiedade Se Mostra na Nossa Mente:
Essa ansiedade toda não fica só escondida. Ela aparece de várias formas na nossa mente, como:
Preocupações Sem Fim:
Uma cachoeira de pensamentos negativos sobre o futuro, muitas vezes coisas que nem têm tanta chance de acontecer.
Medos Que Não Fazem Sentido (Fobias):
Um pavor enorme de coisas ou situações específicas, que faz a gente evitar esses momentos e sofrer muito por isso.
Crises de Pânico:
Um medo que chega de repente e é tão forte que parece que vamos morrer, com sintomas físicos como coração acelerado, suor e falta de ar.
Medo de Outras Pessoas (Ansiedade Social):
Um receio grande de ser julgado ou de passar vergonha em situações sociais.
Preocupação Constante com Tudo (Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG):
Uma ansiedade que não escolhe um assunto só, está sempre presente e vem acompanhada de irritabilidade, músculos tensos e dificuldade de se concentrar.
Manias (Compulsões, no TOC):
Pensamentos ruins que ficam na cabeça (obsessões) e fazem a gente repetir algumas coisas (compulsões) como uma tentativa de aliviar a ansiedade.
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Para a psicanálise, esses sintomas não são só problemas biológicos. São como símbolos de conflitos que a gente não conseguiu resolver lá no fundo da nossa mente.
Como a Psicanálise Ajuda a Lidar com a Ansiedade:
O tratamento psicanalítico não quer só acabar com os sintomas da ansiedade. Ele quer entender a raiz do problema, o que está causando todo esse sofrimento.
Na terapia, que acontece em um ambiente seguro e com um profissional que escuta com atenção, a pessoa é convidada a falar livremente sobre seus pensamentos, sentimentos, sonhos e lembranças. Isso ajuda a trazer à luz coisas que estavam escondidas na mente.
Processo de Análise:
Entendendo Conflitos Escondidos:
Ao trazer para a consciência os problemas que não foram resolvidos, a pessoa pode começar a entender por que se sente assim e encontrar novas formas de lidar com essas questões.
Reconstruindo a História:
Olhar para trás, principalmente para a infância e as primeiras relações, ajuda a identificar os padrões de comportamento e os sentimentos que contribuíram para o desenvolvimento da ansiedade.
Fortalecendo o “Eu”:
A relação com o analista pode ajudar a pessoa a se sentir mais segura e confiante em si mesma, capaz de aguentar a ansiedade e lidar com as emoções de uma forma mais saudável.
Dando Sentido à Angústia:
A conversa, as palavras e as explicações do analista ajudam a pessoa a entender o que está sentindo, transformando aquele medo bruto em algo que pode ser pensado e elaborado.
Se Desconectando da Ansiedade:
Ao entender de onde vem a ansiedade e o que ela significa, a pessoa pode começar a se ver como alguém separado desse problema, abrindo espaço para novas formas de viver e se relacionar com o mundo.
A Relação entre Paciente e Terapeuta na Ansiedade:
Na terapia para ansiedade, a relação entre o paciente e o terapeuta é muito importante. O paciente pode trazer para o terapeuta seus medos, a sensação de que vai ser rejeitado ou abandonado, e a necessidade de se sentir seguro e protegido.
A ansiedade pode aparecer na terapia de várias formas, como quando a pessoa exige muita atenção, tenta controlar as sessões ou até fica em silêncio e resiste a falar.
O que o terapeuta sente em relação ao paciente (a “contratransferência”) também é importante. O terapeuta pode se sentir sobrecarregado pela ansiedade do paciente, impotente para ajudar ou até querer tranquilizar demais a pessoa.
Entender o que o terapeuta está sentindo ajuda a compreender o que está acontecendo na mente do paciente e a manter uma postura adequada para o tratamento.
O Tempo da Terapia:
A psicanálise para ansiedade leva tempo e exige esforço tanto do paciente quanto do terapeuta. Não é uma solução rápida, mas sim uma jornada de autoconhecimento e transformação. A frequência das sessões, o tempo total do tratamento e os objetivos são definidos juntos, respeitando a história e as necessidades de cada pessoa.
Concluindo:
A ansiedade, com todas as suas formas, é um desafio grande para a nossa saúde mental. A psicanálise, ao olhar para a complexidade da nossa mente, oferece um caminho para ir além de apenas diminuir os sintomas.
Ao explorar as raízes da ansiedade, ajudar a resolver os conflitos internos e fortalecer a capacidade de entender o que se sente, o tratamento psicanalítico pode trazer uma mudança duradoura na relação da pessoa com sua própria ansiedade e com o mundo.
Essa jornada pode ser difícil, mas pode levar a uma maior liberdade interior, uma capacidade maior de lidar com os problemas da vida e um encontro mais verdadeiro com quem a gente é.
A esperança está em transformar esse labirinto da ansiedade em um espaço de autoconhecimento e crescimento. A esperança reside na possibilidade de transformar o labirinto da ansiedade em um espaço de autodescoberta e crescimento.
Se permita viver no espaço de autodescoberta e crescimento.
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Artigo escrito por Viviane Stenzowski (41) 98864-6235 Psicanalista e Psicoterapeuta do Puerpério Emocional. [email protected]