Um Corpo que Cai

Um Corpo que Cai (Vertigo): resumo de Hitchcock

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Um Corpo que Cai (Vertigo) é um filme de suspense psicológico de 1958 dirigido por Alfred Hitchcock. O filme conta a história de John Ferguson (James Stewart), um ex-detetive aposentado que sofre de acrofobia.

Ferguson é contratado por seu amigo Galvin Eister (Tom Helmore) para investigar sua esposa, Madeleine (Kim Novak), que acredita estar possuída pelo espírito de sua tataravó, Carlotta Valdés.

Acompanhe conosco mais uma análise de uma obra prima do cinema!

Resumo do filme “Um Corpo que Cai”

Um Corpo que Cai foi um filme lançado em 1958. O casal protagonista é formado por John Ferguson “Scottie” (James Stewart) e Madeleine Eister (Kim Novak).

Na trama, John é um ex-detetive aposentado após uma perseguição policial. Na caçada ao bandido, ao pular de um prédio para o outro, ele se segura na beirada. Seu companheiro policial tenta resgatá-lo, mas acaba caindo de uma grande altura e morre.

Além disso, descobrimos que Scottie sofre de acrofobia (medo de lugares altos) e precisa passar por um tratamento. Nesse meio tempo, Galvin Eister, seu amigo, pede sua ajuda para vigiar sua mulher, Madeleine. Eister acredita que ela foi “possuída” pelo espírito de Carlotta Valdés, sua tataravó, que cometeu suicídio.

O filme possui múltiplas interpretações. Vamos nos atentar a um enfoque psicanalítico, à luz da teoria de Freud. Por isso, recomendamos que você assista ao filme primeiro. Assim, você terá uma melhor compreensão do que queremos propor aqui.

A metáfora psicanalítica dos personagens

Apesar da relutância em vigiar a mulher de seu amigo, o ex-detetive aceita a missão. Isso acontece mesmo ele não acreditando na possessão de Madeleine. Essa possibilidade ocorre numa conversa com sua ex-noiva e amiga, Midge Wood (Barbara Bel Geddes).

Midge aqui é a voz da razão. Ela pede para que seu ex-companheiro veja esse caso de um modo racional. Pois o que pode ter acontecido, segundo suas suposições, foi a perda de sanidade de Madeleine. A partir daí, Scottie começa a seguir Madeleine. Observa ela em diversos lugares, mas sempre com distanciamento.

A trama poderia tomar um rumo sobrenatural, afinal, Eister confessa ao ex-detetive que Madeleine não se lembra dos lugares que visitou. Ela “é outra pessoa”, nas suas palavras. Mas a partir de um evento específico, Scottie passa a se envolver cada vez mais com o alvo da sua investigação.

Os três elementos psíquicos usados no filme

Ego

Como foi dito antes, Midge é a voz da razão. Ela pede para que seu ex-noivo veja o caso de um modo baseado no equilíbrio. Ou seja, ela encarna aqui o Ego, aquele mesmo de origem freudiana.

Não esqueçamos que, adotando a teoria sobrenatural, o marido de Madeleine acredita que ela tenha tendências suicidas. Isto é, para Eister, sua mulher seguiria o mesmo caminho que sua tataravó. Mais um motivo para a investigação. Além disso, podemos crer também que haja a possibilidade de infidelidade conjugal.

No entanto, Scottie já possui um desejo pela bela mulher. A barreira está sendo quebrada aos poucos. Aqui, o ID começa a prevalecer.

Id

Após o incidente da baía de São Francisco, onde Madeleine se joga na água, Scottie se apaixona por ela. Temos uma quebra do código moral, pois, ele se envolve com o alvo da sua investigação.

Além do mais, temos a confirmação da traição da mulher de Eister. O desejo já é dominante. Ainda existe uma tentativa de Midge de reconciliação, mas já é tarde demais: Scottie está totalmente entregue a auto satisfação, ao desejo inconsciente.

Culpa

Depois de iniciar um caso com Madeleine, os acontecimentos são mostrados de uma forma muito rápida. Em uma viagem com Scottie, ela entra uma igreja e acaba pulando do último andar. Ele não consegue salvá-la, pois ao subir as escadas ele sente vertigem.

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    Após isso, Scottie sente um enorme sentimento de culpa, pois já era o segundo evento onde ele presencia alguém morrendo, sem poder fazer nada.

    Assim, a depressão toma conta do nosso protagonista. E assim, a trama já estaria encerrada, se ele não tivesse avistado uma mulher muito parecida com Madeleine: trata-se de Judy Barton.

    Obsessão e resolução

    Scottie passa a ter um comportamento extremo. Se envolve com Judy a ponto de querer “transformar” ela em Madeleine. Isso acontece em sua exigência por vestir roupas e usar a maquiagem iguais.

    Notamos nesse momento o total envolvimento do personagem com a paixão. Já não há mais espaço para pensar nas consequências que uma obsessão desse nível pode trazer para os dois.

    Entretanto, em uma saída para um jantar, Scottie percebe que Judy está usando um colar igual ao de Carlotta. Isso faz com que ele perceba que foi enganado. Ao levar Judy para a mesma igreja na qual Madeleine se jogou, ela confessa que tudo foi uma trama para enganá-lo.

    Ou seja, Madeleine já tinha sido morta pelo marido e ele contratou uma sósia para ocupar seu papel. Eister já sabia da acrofobia de seu amigo e dessa forma, não poderia subir até o alto da torre da igreja para salvar Madeleine (Judy). Dessa forma, John perde o amor por ela e o ID é reprimido.

    As cores como representação da psiquê

    Outro registro usado com maestria por Alfred Hitchcock foram as cores. Desde o início, é mostrado o rosto de uma mulher, além de elipses, todas elas ligadas a alguns tons.

    Elipses estas que são representadas tanto pela fobia do nosso protagonista quanto por detalhes, como o coque de Madeleine/Judy, colocado em forma circular. Ou seja, John ao se envolver com a bela mulher, irá se perder em um redemoinho sem volta.

    Mas voltando as cores, cada personagem está ligado com uma ou mais cores. Isso ocorre no intuito de mostrar quais os sentimentos e emoções que cada um apresenta.

    Azul

    Desde o início, vemos John Ferguson usando terno e gravata azuis. Seu carro também possui tons azuis. Esta cor mostra o real e o consciente. Isto é, o Ego mostra-se predominante nessa parte.

    Vermelho

    Ele representa o desejo e o perigo. Essa cor é mais usada no restaurante em que Scottie e Madeleine/Judy vão jantar. O flashback de Judy também está encoberto em vermelho. É a morte que procura abraçar o nosso confuso personagem.

    Verde

    No entanto, a cor mais significativa no filme é o verde. Ela é o ID personificado. A cor aparece no figurino de Madeleine, em seu carro, no sonho de Scottie.

    Há uma cena icônica em que Scottie pede para que Judy se vista igual Madeleine. Quando isso ocorre, uma aura verde está a sua volta. É a transfiguração do desejo.

    Ademais, os dois se abraçam. Por um momento, há um recuo de Scottie. Isso nos mostra um lapso de raciocínio, pressentindo o perigo. Mas isso ocorre por um curto período e ele se entrega ao prazer. Assim, novamente o verde toma conta do cenário. Agora o casal é apenas um.

    Comentários finais sobre o filme Um corpo que cai

    Um Corpo que Cai (Vertigo) é um excelente filme, que nos leva a ter diversas opiniões e dialoga bastante com a Psicanálise. O filme pode ser visto como uma exploração da natureza da mente humana, dos impulsos inconscientes e do amor.

    O filme também pode ser visto como uma metáfora para a busca pela identidade.

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