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A Democracia do Brasil no divã psicanalítico

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No texto de hoje vamos abordar a democracia do Brasil, levando em consideração que em alguns operadores das Ciências Políticas, do e no Brasil, sempre tiveram a maior curiosidade, seguidos por pessoas de outras áreas do saber, que também manifestam algum interesse de tentarem a possibilidade, em tese e a priori, de fazerem uma interface com a Psicanálise usando não só a inter, pluri e multidisciplinariedade, mas, também, a trans, a poli e a meta disciplinariedade para submeter à democracia brasileira ao divã e obterem algumas respostas.

A pergunta que não quer calar: Qual seria a ‘conclusão’ da Psicanálise, evidente não unânime, que chegariam alguns analistas se conseguissem submeter à democracia brasileira num processo analítico (divã)?

A Democracia do Brasil no divã psicanalítico

A primeira pergunta evocada das que foram formuladas, selecionadas e listadas junto ao tecido social curioso, seria a de quem poderia se habilitar a tentar enfrentar esse desafio de colocar a democracia brasileira no divã e por quê? É público e notório nas redes sociais que já existem produzidos vários ensaios, enfoques, textos até em ‘pdf’, de uma possível interface da Psicanálise com a democracia como um todo a nível glo-cal (ou seja, global mas, local; e, local mas global) na esfera da modernidade que vem declinando e fenecendo aos poucos.

Na pós-modernidade florescente poucos desejam fazer tal interface porque envolveria um pré-juízo de valor eis que seria num enfoque trans, poli ou metadisciplinar mais subjetivo incialmente do que objetivo. Porém, alguém tem que tentar colocar a democracia no divã. Porque na pós-modernidade as interfaces se aperfeiçoaram e se aprofundaram muito mais. Uma interface poli ou metadisciplinar só foi possível com o advento da pós-moderndide dos tempos líquidos porque implica não arrogância e soberba cognitiva, mas sim, a percepção das disrupturas sociais que foram emergindo, muitas das quais ainda não é aceita, por esferas de pensamentos arraigados e enraizados na modernidade.

O risco de reação da linha de pensamento da modernidade declinante tenta aplicar o reducionismo, ou seja, rotular pessoas de comunistas, socialistas malucos ou sociopatas cognitivos ou outra adjetivação visando conformar (colocar numa forma) e bloquear aqueles que querem questionar a democracia.

A Democracia do Brasil em livros

Livros considerados ‘best-sellers’ (livros que figuram nas listas de mais vendidos publicados os rankings em jornais e revistas, cujo mercado editorial, não só no Brasil, já não conseguem contabilizar a quantidade de livros vendidos em todos os pontos-de-venda e divulgar números oficiais), já foram lançados sobre temas variados, como se mata uma democracia ou como elas morrem e entram em óbitos (falecem) que exploram o tema. Outros focam as patologias da democracia ou sua corrupção.

A tirania (o poder supremo obtido de forma corrupta) ou ainda, a demagogia ou olocracia (poder exercido por facções populares) seria a corrupção da democracia segundo filósofos da antiguidade. Muitas pessoas ficam ressentidas diante da emergente e já sem volta pós-modernidade dos tempos líquidos e das disjunções e se recusam a se readaptar. A causa-matriz de tais posturas são porque não aceitam de forma alguma uma revisão conceitual do fixismo mental que já possuem de forma cristalizada.

Não querem sequer refletir que a disruptura é um processo de passagem psicossocial. Evidente que isso vai gerar crises de concepções, conflitos dos usos e de costumes e choques de culturas. Um exemplo bem típico o fim do papel com o advento do ‘e-book’. O processo de resistência à leitura ‘on line’ e ‘off line’ tem sido imenso, semelhante ao choque do professor analógico pré-moderno com o aluno moderno que caminhava em direção da eletrônização social, pois surgia o rádio, a televisão p&b, até chegar a tv colorida.

Ainda sobre A Democracia do Brasil

Depois, o advento da era dos computadores e celulares. Comum hoje em dia em sociedades que estão se tecnologizando por passos e etapas, o conflito entre o prédio do colégio ainda tradicional pré-moderno, o professor moderno ainda analógico frente ao fim do quadro-negro, tapa-pó e giz, com o aluno pós-moderno das redes sociais proibido de operar por exemplo o Google, Facebook e o Youtube em seus trabalhos e temas e a eles negado o quadro-eletrônico em rede, conectado com notebooks. É a limitação das interfaces por aqueles que fazem amarras e colocam trancas, pois não desejam a trans, a poli e a metadisciplinariedade.

É preferível arriscar chamar os país dos alunos e tentar convencê-los de que seus filhos são ‘hiperativos’ e que precisam de ‘psicofármacos’ do que aderirem às mudanças. Creches proíbem uso de tabletes argumentando que são terceiros sem rostos. O aluno pré-moderno que estava em direção a modernidade enfrentou o estigma do rótulo do pré-diagnósticos equivocado de que eram portadores de ‘disritmia’.

Muitos foram internados à força e compelidos a se tratarem até em ‘manicômios’ versão da pré-clínica pós-moderna como alunos loucos e visionários, que eram avançados para suas épocas. Essa postura forjou a democracia atual. É uma das causas-raízes entre outras. O que então nos revela a democracia brasileira no divã?

Uma democracia formal

Primeiro de tudo, que é uma democracia apenas formal, não é ainda uma democracia real, efetiva, concreta e plena ou completa. É uma incompletude. Segundo, a retórica positivista e a visão e percepção forjadas com uma estampa legalista rompeu com a ‘capilaridade’ social. Ergueram nichos, feudos, segmentos fechados, blindados por leis que lesam o todo capilar com um manto legalista. Terceiro, a democracia brasileira legitimou a desigualdade e passou a não ser inclusiva e conspira contra a integração.

Exclusão se refere deixar significativas parcelas populares na mais completa penúria material, qualidade de vida e renda e extrair o máximo de renda via tributos pró estamentos estatais elitizados que ganham a cima dos tetos e integração se refere a conexão das pessoas nas redes sociais, o que em última análise é dar vozes de amplitude social às pessoas ditas de periferias comparadas a pseudos centros decisórios.

A democracia formal também opera com jargões, pré-conceitos e tenta achar palavras-chaves para induzir o social de que o que vale é competir e ser vencedor total com fim da solidariedade e humanismo. A democracia brasileira contribuiu em larga escala com o darwinismo social e legitima e discriminação cognitiva puxada por instituições e entidades até já bem consolidadas.

A Democracia do Brasil e a farsa representatividade

A democracia brasileira criou uma farsa representatividade. Inexiste a representatividade ativa. O Brasil embora tenha rompido com monarquia e articule o argumento republicano ainda opera com instituições sem legitimidade, biônicas, sem renovação, que são típicas do absolutismo. Não tem eleições, não se renovam seus quadros que são vitalícios e nobiliárquicos ‘pro forma’.

Deixou de existir o duque, o barão, o marquês, o cônsul para dar lugar aos novos cargos considerados burgueses, o comendador, o jubilado, o consagrado, o medalhado, o respaldado. A democracia brasileira passa a ser um case de ato psicanalítico. Porque é um processo inconsciente de manutenção de amarras e projeção de desideratos inatingíveis.

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    E quando o corpo social entra em crise buscam salvadores da pátria com modelos que terminam sempre fracassando num presidencialismo de coalização e formação de renda e tributação pro elites. É uma democracia também que tenta administrar as mazelas de uma economia anômala que emergiu do escravismo e proibiu os negros e índios terem acesso a terras, status quo civil e que formou grandes favelas à olho nú.

    Pseudorepúblicas

    Esta parte do iceberg não conseguiram ocultar, a não ser com tapumes e muros quando da visita de um papa. Aliás favela é o nome de uma planta-flor muito bonita típica das colinas e morros que ganhou uma conotação pejorativa no Brasil como um aglomerado de pessoas que iniciaram em cortiços e pseudorepúblicas, as pensões e acabaram em conturbações pós modernas cada vez bem mais precarizadas.

    A democracia formal também forjou a hierarquia do saber e da renda. A geografia do país é uma visão de escalonamento e hierarquização das rendas. Basta passear nas ruas. A casa do bem pobre ao lado da mansão do bem rico. O mais grave da democracia brasileira é o processo de inconsciência que levo o legalismo e a gestão administrativista a tentar superar o garantismo constitucional usurpando a cidadania plena com tribunais criando a argumentação da falácia.

    Talvez seja este o ponto mais crítico da democracia nacional brasileira no divã, o do processo de humilhação do garantismo pleno frente a um legalismo e administrativista da linha rentista-monetárista que visa extração de renda e para tal tem que legitimar o darwinismo social. Existem outros aspectos mais micros sociais a ser explorados no divã e considerados, porém, no plano macro seriam em tese, estes que o divã nos revela sobre a democracia brasileira.

    Considerações finais

    A falta de acesso às informações e a partilha dos dados e conhecimentos tem sido um caminho a ser desafiado para se tentar formar aos poucos uma consciência crítica para mudar a democracia de formal para uma democracia real, efetiva e de resultado, que seja da cidadania e do garantismo pleno.

    A democracia brasileira no divã nos revela por hora isso, mas é uma autogenia ou associação de fatores e tópicos que não deixa de ser um processo aberto e em construção de novos enfoques com novas luzes.

    O desafio é a construção da consciência crítica nacional e de dar voz a todos nas redes sociais de forma integrada e vencendo a falta de união. Aliás, para concluir, o dístico da nossa bandeira deveria ser ‘ordem, união e progresso.

    O presente artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira. Licenciado História e Filosofia. PG em Psicanálise. Realizando PG em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacológica; acadêmico e pesquisador de Psicanálise Clinica e Filosofia Clinica. E-mail: [email protected]

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