Um dos teóricos mais famosos do desenvolvimento humano é o psicanalista Erik Erikson. Ele viveu entre 1902 e 1994 e era alemão. A sua história de vida foi bem curiosa.
A brilhante vida de Erik Erikson
Erik Erikson nasceu em 1902 na Dinamarca e sua mãe, para aquela época, era uma pessoa considerada bem avançada e engravidou de Erik sem estar casada. Quando ela descobriu isso se mudou para a Alemanha para que seu filho pudesse nascer nesse país. O sobrenome é do pai biológico. Erikson foi crescendo e sua mãe acabou se casando com o pediatra do filho, no qual decidiu trocar o sobrenome de Erik para o sobrenome do seu novo marido.
A mudança de nome, alteração de país e o fato de estar inserido em uma nova realidade fizeram com que Erik repensasse sobre sua vida. Além disso, o novo casamento de sua mãe, o que não era muito comum para a época, provocou em Erikson diversas dúvidas, diversas crises de identidade, tanto que quando ele se tornou maior de idade se autodenominou Erik Erikson, lembrando que a raiz “son” significa “é filho de”.
Então, é perceptível que o psicanalista tinha muitos conflitos em relação a sua identidade, por ter nascido de um pai que não o assumiu como filho, por também ter mudado de país e toda a alteração de sobrenome. Ele decidiu se batizar de Erik Erikson, que era Erik filho dele mesmo.
Ainda sobre a vida de Erik Erikson
Erik era uma pessoa muito viva, forte e enérgico. Seu padrasto era médico e queria muito que ele também se tornasse médico, mas o enteado não quis. Quando ficou maior de idade, Erik começou a estudar arte na Alemanha, mas logo se cansou e decidiu ir juntou a um amigo, viajar pela Europa para fazer arte.
Quando retornou para a Alemanha, Erik foi se tratar com a Ana Freud, filha do Sigmund Freud. Ela viu nele um espírito propenso ao entendimento da natureza humana e o convidou para fazer um curso de psicanálise no Instituto de Freud.
Claro que ele aceitou e logo se formou em psicanálise, embora ele houvesse tido uma formação anterior, ou seja, uma graduação.
Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson
Ele se forma psicanalista, se casa e começa a atuar na clínica de Freud. Erik tem algumas divergências com as teorias de Freud, principalmente porque Freud vê o desenvolvimento humano a partir de uma teoria que se chama Psicossexual e o Erikson desenvolve uma teoria Psicossocial, pois para o seu entendimento, o ser humano não para de se desenvolver, ao contrário do proposto por Freud que desenvolveu as cinco fases do desenvolvimento em que parariam no período da puberdade.
Erikson, por sua vez, trabalha com as fases do desenvolvimento até o final da vida do sujeito e diz que o meio que a pessoa vive é muito importante para o seu desenvolvimento humano. Então, reiteramos que Erik diverge de Freud nesse ponto, criando assim, a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento.
Quando Hitler ascendeu ao poder, Erikson fugiu da Alemanha e se mudou para os Estados Unidos, onde fez carreira. Lá ele teve muito contato com pesquisadores na área de antropologia e passou muito tempo visitando comunidades afastadas naquela região.
Teoria do Desenvolvimento Psicossocial
O psicanalista observou outras formas de se viver na sociedade americana em meados do século XX. Através dessa investigação, ele agregou em sua teoria diversos olhares da antropologia, no qual desenvolveu o pensamento de como o ser humano se constituía a partir da sua interação com o meio.
Dentro da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial, Erik dizia que o desenvolvimento pessoal depende da interação entre o sujeito e o meio que o rodeia. O meio para ele tinha um papel fundamental na construção da subjetividade e identidade de cada pessoa.
Ele concorda com outros pesquisadores de que o crescimento psicológico ocorria através de estágios e fases e refutava que a cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas de seu ego, mas também das exigências do meio em que vive, sendo, portanto, essencial a análise da cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão.
A crise psicossocial
Cada etapa é atravessada por uma crise psicossocial entre um aspecto positivo e um aspecto negativo da personalidade. Pensando hoje, é como se tivéssemos a cada fase que enfrentamos um novo desafio. E que a forma como cada crise é ultrapassada ao longo dos estágios influenciará a capacidade para resolvermos conflitos inerentes à vida. Esta crise pode ter desfecho positivo ou negativo.
Caso seja um desfecho positivo construímos um ego mais rico, forte e robusto. Caso negativo, estabelecerá um ego mais fragilizado. A cada crise, a personalidade vai se reestruturando e se reformulando de acordo com as experiências vividas, enquanto o ego vai se adaptando a seus sucessos e fracassos.
Ninguém sempre tem sucessos, assim como ninguém sempre fracassa. Logo, de acordo com as experiências que vivenciamos nós construímos a nossa personalidade. Erikson abordava o crescimento humano do ponto de vista dos conflitos (internos e externos) em que a personalidade vital suporta e ressurge de cada crise com um sentimento maior de unidade interior.
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Erik Erikson e o ego
Ele enxergava um sentido em nosso desenvolvimento e, consequentemente, integridade no ego caso passasse de forma positiva. Erik mencionava que se o desfecho fosse positivo, o indivíduo passaria pela fase como um adulto com personalidade saudável, com certa unidade em sua personalidade e capaz de perceber corretamente a si próprio e ao mundo que o rodeia.
Teria visão clara de quem é e quem são os outros. Configura para ele uma unidade completa de personalidade. Foram oito estágios desenvolvidos por Erik Erikson, mas veremos isso em um post futuro, mas deixo abaixo citado quais são eles:
- Confiança básica versus desconfiança básica
- Autonomia versus vergonha e dúvida
- Iniciativa versus culpa
- Indústria (no sentido de ‘destreza ou habilidade’) versus inferioridade
- Identidade versus confusão de identidade
- Intimidade versus isolamento
- Produtividade versus estagnação
- Integridade versus desesperança
Freud e a personalidade
Freud concebeu o ego como o executivo da personalidade, um executivo cujos deveres são os de satisfazer os impulsos do id, de administrar as exigências físicas e sociais do mundo externo e de tentar viver de acordo com o padrão perfeccionista do superego.
Erikson deixou um legado muito especial para o nosso crescimento como pessoa e para os amantes do estudo da psicanálise.
Referências Bibliográficas
HALL, Calvin; LINDZEY, Gardner. Teorias da personalidade. Edição 18. São Paulo. Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 1987.
JACOB, Luciana Buainain. Desenvolvimento psicossocial: Erik Erikson. 2019. Disponível em: https://eaulas.usp.br/portal/video.action?idPlaylist=9684 Acesso em: 26 jul. 2021
O presente artigo foi escrito por Wallison Christian Soares Silva ([email protected]), Psicanalista, Economista, especialista em Neuropsicanálise e pós-graduando em Gestão de Pessoas. Estudante de Letras e Literaturas.