psicanalista e paciente

Psicanalista e Paciente: reflexões sobre resistência

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No presente artigo vamos falar sobre a relação do psicanalista e paciente. O conceito de resistência na psicanálise segundo Roudinesco e Plon (1998, Apud Mattos, s.d.) é “ o conjunto das reações de um analisando cujas manifestações, no contexto do tratamento criam obstáculos ao desenrolar da análise” e segundo Laplanche e Pontalis (1998, Apud Mattos, s.d.) “ tudo o que nos atos e palavras do analisando, se opõe ao acesso ao seu inconsciente”.

A resistência, o psicanalista e paciente

A resistência faz parte e é fundamental no processo psicanalítico, e o psicanalista deverá estar preparado para lidar com esse fenômeno durante todo o processo, sendo um mecanismo extremamente importante e que fornecerá ao psicanalista a oportunidade de trabalhar vários conteúdos profundos do analisando, dessa forma não deverá ignorar e nem tão pouco pressionar o paciente a não apresentar esse comportamento uma vez que este é inerente ao tratamento.

Poderíamos dizer que a resistência seria um mecanismo de defesa do indivíduo ante as lembranças dolorosas que possam vir a luz durante o tratamento.

Postura do Psicanalista

Para que o psicanalista possa trabalhar esse aspecto, deverá exercer uma postura totalmente ativa e presente durante o processo, a fim de perceber durante a sessões os momentos em que que o paciente apresentou esse comportamento, deverá lidar com essa questão de maneira eficaz para que não comprometa o resultado final do tratamento.

Pensemos, por exemplo, em um indivíduo que está falando animadamente a respeito de um fato ocorrido em sua vida, sem aparentemente apresentar nenhuma resistência, em um dado momento o paciente muda de assunto de forma abrupta ou resume de forma repentina um tema específico.

O psicanalista precisa estar atento para perceber essa mudança de rota e verificar que nesse momento foi fornecida uma informação importante, ainda que não em palavras, a respeito de um conteúdo que deverá ser aprofundado no futuro.

Psicanalista e paciente: a importância da percepção do analista

Se na situação acima o psicanalista se aborrece com a quebra de conexão e tenta fazer com que o paciente retome o ponto por meio da pressão, querendo que ele se “abra” a qualquer custo, além de não gerar o resultado desejado aumentará ainda mais o mecanismo de defesa do paciente podendo trazer prejuízos as futuras sessões.

Se ao contrário ele aos poucos, ao longo das sessões, trabalhar para quebrar essa resistência a respeito do assunto que gerou a defesa, o sucesso do processo será maior.

O psicanalista deverá sempre estimular a fala livre do paciente, de modo que ele se sinta completamente à vontade para falar a respeito de qualquer assunto, deverá ser suspenso qualquer tipo de julgamento ou juízo de valor, muitas vezes para se conectar com o paciente o psicanalista deverá naquele momento abrir mão dos seus próprios conceitos e valores para que veja qualquer tema da maneira mais imparcial possível, isso não evitará a resistência, que faz parte do processo, mas será mais fácil quebrá-la ao longo das sessões.

Temas desafiadores sobre psicanalista e paciente

Falar de traumas e dores passadas não é uma tarefa fácil. Muitas vezes o paciente busca o tratamento para tratar uma questão, que imagina, foi motivada por um comportamento ou situação específica, mas ao percorrer o processo psicanalítico descobre que há muitas ligações e conexões a serem feitas.

Um paciente que sofreu abusos intensos na infância, sofrerá o reflexo desses abusos em várias áreas de sua vida, no entanto antes de mergulhar no tratamento psicanalítico, poderá atribuir resultados não satisfatórios em sua vida a outras situações que não as vividas no passado.

Sinais de resistência

Não são apenas as mudanças bruscas de assunto que poderão caracterizar a resistência, a postura corporal do paciente também deverá ser avaliada, dessa forma além da escuta ativa o psicanalista deverá observar também a postura corporal do paciente, muitas vezes braços cruzados, ombros tensionados, mexer muito mãos e pés, falar muito rápido ou muito devagar em momentos alternados, são indícios de que pode estar havendo um processo de resistência.

Outros indícios observados podem ser: O paciente chegar sempre atrasado, desmarcar continuamente as sessões, tudo isso pode ser indício de resistência.

O psicanalista deverá estar aberto a conversar com o paciente sobre qualquer tema que ele queira tratar ligado a essa questão, por exemplo pode ser que o paciente queira em um dado momento discutir a efetividade do tratamento ou mesmo dizer que já se sente bem e não necessita mais do tratamento, o psicanalista não deverá se aborrecer ou minimizar os questionamentos do paciente, estes deverão ser trabalhados e esclarecidos da maneira mais transparente possível.

Psicanalista e paciente: a importância do processo psicanalítico

O processo psicanalítico é altamente benéfico para que o paciente possa melhorar sua qualidade devida, a qualidade dos seus relacionamentos, trabalhar seu autoconhecimento e trabalhar traumas passados que possam estar limitando o pleno aproveitamento de sua vida.

No entanto, tudo que nos tira da nossa zona de conforto nos trará desconforto, nossa mente está acostumada ao que é conhecido, ainda que tenhamos momentos sofridos e dolorosos estamos acostumados a isso, para que possamos criar novos padrões de pensamento e comportamento teremos que percorrer uma estrada por vezes longa e tortuosa, mas que com certeza trará muito mais luz e entendimento a nossa vida.

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    A resistência fará parte desse processo e o psicanalista estará sempre a postos para trabalhar esse ponto e impedir que esse fenômeno comprometa o sucesso do trabalho psicanalítico.

    O presente artigo foi escrito por Vera Rocha, coach, [email protected]

    One thought on “Psicanalista e Paciente: reflexões sobre resistência

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom comentário! Esse lado investigativo da análise psicanalítica é fantástica!

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