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Afeto e redes sociais: uma visão da psicanálise

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Vamos falar sobre o conceito sobre o afeto e as redes sociais, e como as pessoas buscam cada vez mais afeto nessas interações em busca de suprir um vazio cada vez maior nessa modernidade líquida (Bauman, 2017).
Esse tema é relevante devido ao aumento de interações na busca por afetos e likes nas redes sociais. Bauman descreve isso como Amor Líquido (2003), e Modernidade Líquida (2017), para abordar esse grande tema dos tempos atuais. O afeto e as redes sociais, e como essa é uma questão atual muito presente no nosso dia a dia.

O afeto

Como objetivos, buscaremos neste trabalho demonstrar como essas interações através da mídias sociais impactam as nossas relações afetivas, e como entramos nesse jogo por medo de ficarmos sozinhos. E como a Psicanálise Freudiana explica esse ego hedonista que busca prazer o tempo todo, evitando ficar sozinho.

A rede social como lugar do afeto?

Com o avanço tecnológico em ritmo acelerado e a busca contínua dos seres humanos por afeto. A rede social tem se mostrado cada vez mais um espaço favorável para o surgimentos dessas relações promíscuas e superficiais, onde não existem solidez segundo Bauman (2003), pois se estabelece através da interação entre afetos virtuais: com quem se dará a próxima troca de mensagens, quem dará os próximos “ likes” (moedas virtuais que remetem ao afeto e à aprovação através de fotos ou postagens), com quem será o próximo encontro.

Há uma sensação de controle e poder nessas relações, uma impressão de pouco compromisso e de ser pouco afetado, pois são relações livres e abertas de forma implícita, sem rotina, pois elas expressam a não “monogamia” (características dos mamíferos que fazem desses encontros  interações promíscuas nas suas relações, em busca por afetos virtuais).

Umas das ferramentas utilizadas para esses encontros sazonais e hedonistas são os sites de relacionamentos como “ badoo”, “tinder” e muitos outros. Neles criam-se um perfil onde esse ego com fotos que mostram as pessoas como “prato do dia”(pessoa como produto a ser consumido, aprovado, degustado), e os benefícios desse cardápio fotográfico estético (editado) é definido por algumas frases; “sou aquilo que você pode despertar em mim”, “sou tudo aquilo que você deseja” e etc.

Freud e o afeto

As autoafirmações desses egos que trabalham para o id (Segundo a teoria Freudiana, o inconsciente atemporal e sem leis), que buscam prazer e satisfação “likes/afeto” no mundo virtual. Essa busca incessante de aprovações nas redes sociais, trata-se de uma busca por preencher um vazio ou solidão, pois ficar, estar sozinho, ou ser rejeitado, torna-se algo insuportável para esse ego fragilizado e em constante fuga de si mesmo. 
Essa solidão e medo é evitada ao máximo para essas pessoas que não buscam afeto nas redes sociais. Afinal, a sociedade exige ter ou estar com alguém, mesmo que essa pessoa seja um estranho que você conheceu a pouco tempo na rede social, é um encontro de “estranhos”.

Essas relações casuais e de fim de semana/feriado, só pegam o lado bom “saudável” de ambos, pois o fim de semana é um eterno “happy hour”, ou seja, são pseudorrelações baseadas eternas “luas de mel” projetadas, no espaço ou tempo para conhecer o cotidiano irrefletido de ambos, pois essa rotina já é apresentada através de fotos (editadas e com filtros para mostrar uma perfeição, que na verdade são superficiais e longe da realidade da pessoa) ou postagens em status do Whatsapp, stories do face e instagram.

As redes sociais

Não há tempo para adoecer e saber das dificuldades do dia a dia de cada um, só há tempo e espaço para coisas positivas, porque durante a semana tem a rotina de trabalho, boletos e compromissos, ou seja um mundo real, competitivo e duro, pois esse mundo que a maioria vive, é um mundo que gera angústias, aflições, conflitos, desafios, competitividade e responsabilidades. 
No mundo virtual ou de encontros casuais, não há espaços para humanidades, pois os encontros virtuais são encontros hedonistas, ou seja, para festejar, comemorar e fugir dessa realidade que é a vida sem rede social. A grande questão para refletirmos, é se essa busca afeto virtual, é o suficiente para suprir as nossas necessidades.
Com o avanço tecnológico em ritmo acelerado e a busca contínua dos seres humanos por afeto. A rede social tem se mostrado cada vez mais um espaço favorável para o surgimentos dessas relações promíscuas e superficiais, onde não existem solidez segundo Bauman (2003), pois se estabelece através da interação entre afetos virtuais: com quem se dará a próxima troca de mensagens, quem dará os próximos “ likes” com quem será o próximo encontro.

Conclusão

Esse afeto e as redes sociais, e o avanço da tecnologia faz com que tenhamos cada vez mais relações líquidas e superficiais, onde estamos o tempo todo “on line”, e ao mesmo tempo nos sentimos sozinhos, mesmo com uma rede de contatos virtuais. 

Somos capazes de ver um status, curtir uma postagem nas redes sociais, mas ao mesmo tempo incapazes de ligar para a pessoa, marcar um encontro pessoalmente. Esse novo de se relacionar impessoal, faz com que tenhamos relações e impessoais e superficiais, pois não há contato físicos frequentes.

Lembrando que “contatos” não são parentes e amigos, são apenas contatos, “ likes” não são “afetos”, são apenas “moedas virtuais”.

Referências bibliográficas:

BAUMAN, Zygmunt. Livros: Modernidade Líquida e Amor Líquido. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2017 e 2004.
FREUD, Sigmund. Obras completas Vol.10.Companhia das Letras. Tradução, SOUZA, C.Paulo (2018).
RAPPORT, Clara Regina, FIORI, Wagner da Rocha/DAVIS,Claúdia. Psicologia do Desenvolvimento-v. 1. Teorias do Desenvolvimento Conceitos fundamentais. Disponível em: <https://gen2011urc.files.wordpress.com/2012/03/rappaport-_modelo-psicanalitico.pdf>
Este artigo sobre afeto e redes sociais foi escrito por Leandro Vieira Silva, concluinte do Curso de Formação em Psicanálise.

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