amor e psicanálise

Amor e Psicanálise: o que é amor para Freud

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Neste artigo vamos falar sobre o sentimento do amor e psicanálise, manifestação que é tipicamente humana e aproxima as pessoas em um forte laço de conexão e afinidade. Sendo de difícil definição, o ato de amar inclui muitas variáveis que vai desde a forma como uma pessoa é criada, sua cultura local, padrões estabelecidos e também suas buscas pessoais.

O amor e psicanálise

Em psicanálise, amar possui uma forte ligação com a libido e as energias pulsionais que transitam pelo corpo e pela mente e impele a pessoa a executar ações que lhe tragam prazer.

Dependendo de como essa pulsão e libido estiver orientada, a busca por amor e pela proximidade com as pessoas acontecerá de maneira específica mobilizando os mais diversos interesses.

Os mitos do amor e amor para a psicanálise

Mesmo com todo o avanço das tecnologias da informação e a forma como nos relacionamos com os outros, certas narrativas e conhecimentos sobre amor, paixão e afetividade ainda permanecem na sociedade.

São essas histórias que, na maioria dos casos, formam a mentalidade das pessoas e criam um pensamento pouco realista sobre o que são relações. Desde a clássica história do deus cupido que atirava suas flechas para que o amor fosse possível aos mortais até a ideia de que somos metades de um todo procurando a outra parte, o fato é que poucas vezes temos a oportunidade de olhar para essa característica de uma forma mais crítica e racional.

Para Sigmund Freud, o que faz uma pessoa se ligar a outra é o amor e a libido. São esses dois fatores que culminam na formação dos grupos sociais e nos relacionamentos mais íntimos.

Energia psíquica, amor e psicanálise

Essa energia psíquica constrói fortes laços de interação e gera fortes sentimentos que, de modo mais geral, podem ser compreendidos como uma atração irresistível em querer estar com uma outra pessoa e com ela fechar uma parceria emocional, financeira, afetiva, familiar etc.

O sentimento de amor e a libido

Quando se tem a sensação de se estar apaixonado ou amando alguém, dificilmente é possível explicar os motivos desse comportamento e por que ele apareceu. O que se sabe é que há o desejo de estar próximo, construir uma vida ao lado da pessoa para eliminar a sensação de vazio e solidão.

Muito mais do que estar com alguém, as relações promovem uma segurança e uma condição para uma caminhada mais leve da vida. Dessa forma, não se trata somente da afetividade, da companhia ou do sexo, mas de toda uma forma de ver e passar pela vida de maneira mais plena, saudável e em paz.

Quando o sentimento de amor surge, todas essas condições são trazida à tona de forma inconsciente mobilizando a pessoa a realizar ações que alcancem este objetivo como é o propósito da pulsão. No entanto, quando falamos de energia psíquica, estamos falando de uma força poliforme, altamente diversificada e que se manifesta de forma única em cada pessoa.

Pulsões, libido, amor e psicanálise

Por isso, muitas vezes o que chamamos de incompatibilidade de gênios ou de personalidade, em uma visão psicanalítica tem a ver com pulsões e libido que não encontram a mesma finalidade.

Nestes casos, existe um processo de culpabilização do outro pelo o que poderia ter acontecido e não aconteceu, o que gera frustração, perda de auto estima e fragilidade para se permitir uma nova tentativa.

A busca do amor é a busca de si próprio

Em tempos de diversidade social e de inúmeros grupos das mais variadas identidades, amar no século XXI assume outras formas e outras percepções. Sendo a pulsão uma energia mutável, é de se esperar que ela busque nas relações desde as formas mais comuns de aproximação quanto às formas patológicas que envolvem aspectos negativos.

O que válido destacar é que busca por amor é, para a psicanálise, uma busca de si próprio, ou seja, temos a tendência de gostar de uma pessoa que tem atributos e comportamentos que gostaríamos de ter em nossas vidas. Essa dinâmica está intimamente ligada com a maneira como a pessoa estabeleceu suas relações ainda na infância, principalmente as relações parentais.

As questões do Complexo de Édipo, a formação do superego, a castração, os mecanismos de defesa, as relações estabelecidas fora da relação com os pais, orientam a pulsão e a libido nessa busca pelo par “ideal”.

Sexualidade e a fase adulta

Na fase adulta, em que a sexualidade já está atuante, as energias psíquicas se manifestam na procura pelo o que faltou nas relações passadas e, quando encontra, seja da forma como vier e por quem vier, responde com a sensação que chamamos de amor e afetividade.

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    Quando essa dinâmica se estabelece, estamos falando também da catexia que pode ser entendida como a quantidade de investimento libidinal que se faz com um objeto de desejo. Quando a energia psíquica encontra o alvo que considera ideal, uma forte catexia é formada. Os conflitos, no entanto, podem aparecer quando este investimento não é correspondido e é necessário que a pessoa se desligue dessa objeto como em um processo de luto.

    Esse abandono do objeto de amor traz muita dor e sofrimento para quem ama, pois deixar a pessoa amada é cortar a catexia e, psicologicamente falando, é abandonar a si mesmo e a tudo o que seria positivo e prazeroso.

    Conclusão: sobre amor e psicanálise

    Neste artigo, discutimos brevemente como a psicanálise percebe os sentimentos de amor e afetividade considerando aspectos muito particulares da teoria psicanalítica. Mais do que querer encontrar uma pessoa que nos faça feliz e forme uma parceria, a busca por essa ligação de base libidinal e pulsional tem muito a dizer sobre nós mesmos.

    Quantas vezes não ouvimos relatos de pessoas que amam e se frustram uma vida inteira sem saber o porquê dessa ocorrência e, com isso, tem uma vida de infelicidade quase eterna? É importante que saibamos mudar o olhar e entender que antes de amar uma outra pessoa, estamos buscando, em essência, uma ausência de nós que foi prejudicada de alguma forma no passado.

    Uma maneira de lidarmos melhor com isso é uma consciência mais plena do que sentimos e queremos para podermos entregar ao outro uma versão mais integral de nós, menos carente e pronta para viver a união sem tantos traumas e infelicidades.

    Este artigo sobre amor e psicanálise foi escrito por RENAN GAUDENCIO VALE(renangaudencio@gmail.com), professor, linguista, mestre em semântica e futuro psicanalista. Sempre tive intenso interesse pelo funcionamento da mente humana. Acredito que a linguagem é parte constitutiva do sujeito e a psicanálise a forma mais íntegra para a compreensão de nós mesmos.

     

    One thought on “Amor e Psicanálise: o que é amor para Freud

    1. Maria de Fátima G.Machado disse:

      Artigo muito bem escrito e de fácil compreensão. Parabéns.

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