Neste artigo falaremos sobre o que é amor. Segundo Sartre, é interessante pensar que “toda consciência é consciência (de) algo”. Dado isto, a sensação limita a percepção, porém a percepção é limitada à consciência das sensações, ou seja, ao próprio sentido que a pessoa atribui, de alguma forma, a informação sensorial.
Entende-se, segundo Gazzaniga, sensação qualquer estímulo passando pelos 5 sentidos: audição, visão, tato, paladar e olfato.
Uma subjetividade contemporânea
“Mera luz que invade a tarde cinzenta / E algumas folhas deitam sobre a estrada”. O indivíduo é fruto de suas experiências e constrói sua realidade mental a partir das relações com o seu meio externo. Os estímulos, considerados pela psicologia cognitiva, é uma sensação que fornece ao cérebro os meios necessários para produção das percepções, ou seja, significados ou melhor: significantes. Isto é, compreensões pessoais dos sujeitos sobre o objeto. Assim, surge a subjetividade.
Esse trecho retirado da música de Djavan, A rota do indivíduo, 1992. Retrata um estímulo (a luz) que invade a tarde cinzenta. Ou seja, escura com pouca possibilidade de enxergar além do acizentado da tarde. E para explorar as concepções acerca da crise do amor na atualidade é imprescindível explorar a forma de suas aparições tanto quanto o meio em que ela se instaura.
Sem dúvida, no contexto do século XXI, mais especificamente, 2022, guerras, crises econômicas e ainda mais atento no contexto brasileiro a crise política em ano de eleição.
A análise de o que é amor
As divisões entre os indivíduos cercadas pelos seus posicionamentos taxados como corretos ou incorretos por suas palavras e atitudes, são as cores cinzas desta tarde confusa e conturbada. Além disso, uma possível luz a que refiro seja o amor em si.
A essência da palavra em seus possíveis sinônimos: empatia, carinho, atenção e etc. No entanto, minha dúvida segue. Encontram-se essas atitudes na contemporaneidade? Embora essa seja minha dúvida, não cabe a mim responder considerando a impossibilidade de experienciar todos os locais do mundo ou ter conhecimento dos acontecimentos ao redor dele.
Contudo, suas aparições mudam na literatura e por meio do músico e compositor Djavan proponho uma análise do amor e ser amado na contemporaneidade.
O amor e a solitude
“Amor em queda / Mesmo tal moeda perde cotação” O que é amor? Para Fernando Pessoa, um de seus heterônimos, Alberto Caeiro propõe uma visão de amor que estaria alicerçada na companhia, o desejo de não estar só. Shakespeare, encara por outra perspectiva, “O amor é um marco eterno, dominante. Que encara a tempestade com bravura”.
Enfim, qual que seja a ideia sobre o amor não nos importa em essência, como trataria Hegel, perceber os objetos em sua essência, mas cabe aqui esforços para retratar a crise do subjetivo. Para isso, é importante entender: como aparece o amor? No início desse tópico: amor e solitude, dois versos da música do Djavan, Solitude (2018). Ajudam a entender a ideia de que o amor está em queda, mas dentro da cotação, ou seja, possuindo seu valor.
É interessante analisar o funcionamento da percepção objetiva do que é amor. Em outros versos de músicas anteriores, Pétala (1982). Trago reflexões acerca da composição acerca das aparições do que é o amor em contraste com a solitude atual. “Por ser exato / O amor não cabe em si” (canção Pétala, 1982)
Identificação de emoções
Não compreendo a necessidade de compreender o amor como exato, tampouco presentes em algo em alguém. Recaiu o pensamento em perceber os objetos em essência assim como Hegel, mas antes disso não é sobre essa a questão, mas como as aparições formam a ideia geral e não central acerca do amor.
Nos primeiros versos, “o amor não cabe em si”, o que cabe no amor além dele mesmo? Ser exato configura a dificuldade do amor ser definido? Em sua essência é inatingível constatar suas aparências? Claro que não, porém tal dificuldade é a proposta inicial das crises do subjetivo: o amor por suas inúmeras aparições são tão exatas ou precisas tornando sua compreensão tão difícil.
E cabe ao sujeito a responsabilidade em si próprio para identificar suas emoções, reações e além disso, nos outros. A crise não é no amor em si, mas na própria dificuldade relacionada à intersubjetividade: a comunicação dos subjetivos, ou seja, de sujeito-sujeito.
Considerações finais sobre o amor na contemporaneidade
A subjetividade contemporânea trabalha a todo instante a serviço da linguagem, das relações de sujeito-sujeito. Para além disso, a crise do amor refere-se às concepções assumidas por meio dessas relações, sejam proveitosas ou não. Cabe à psicanálise os estudos acerca da subjetividade, reação mais próxima do inconsciente humano com aparições exatas em proporções diversas.
Ademais, a subjetividade perpassa a forma de comunicação, mas como ela é adquirida e compacta no sujeito. A sociedade é produto de uma subjetividade mais ou menos reprimida. Assim, cabe ao amor ser uma das vertentes mais fortes da expressão humana seja na coleção que a compõe de aparições: amor e desamor, a alegria e a tristeza, entre outros.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
Ou, se não, a própria crise: a perda de identidade e compreensão acerca de suas aparições. Ou seja, a subjetividade não percebida pelo sujeito é a própria subjetividade contemporânea: a dificuldade da consciência.
Referências
BRANCO, Lucrecia Paula Corbella Castelo. A constituição da subjetividade a partir de Sartre e Pirandello. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro , v. 63, n. 3, p. 31-44, 2011. COELHO, Junior N. E. Da intersubjetividade à intercorporeidade: contribuições da filosofia fenomenológica ao estudo psicológico da alteridade. Psicologia USP [online]. 2003, v. 14, n. 1 [Acessado 15 Maio 2022] , pp. 185-209. ISSN 1678-5177. https://doi.org/10.1590/S0103-65642003000100010. PESSOA, Fernando. Livro do desassossego: composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2003. ROSENBERG, Marshall B. (2006). Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Ágora, 1ª edição. SARTRE, J. P. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. – 24ªED.(2015) Editora Vozes. ISBN: 9788532617620 HEGENBERG, M. Psicoterapia breve psicanalítica. ARTESÃ EDITORA; 2ª edição (19 junho 2020)
Este artigo sobre o que é amor para a subjetividade contemporânea foi escrito por Miguel Marques Vieira da Silva, Graduando de Letras-Libras na UFRJ e estudante de psicanálise clínica no Instituto Gaio-SP. E-mail: [email protected]
2 thoughts on “O que é Amor segundo a subjetividade atual?”
Atualmente parece que o amor está inerente ao aspecto físico e/ou de gênero, como aspecto essencial! Em ” A força do querer” a personagem Ivana, não trazia nenhuma memória fetal de ser “esperada” do gênero oposto, inclusive a mãe dela, desde a infância da filha, desejava vê-la se tornar modelo, desfilando na passarela! Noutra ponta, a personagem amadureceu sentimento de amor pelo amigo. Mesmo ele a vendo, digamos, “se travestir” com as roupas do irmão dela, tiveram a “primeira noite”; ela fez do prazer um sofrimento e entrou em “processo de transexualidade”! Ai costumo dizer que não cabe a nós (sexualmente) “definir” o nosso corpo: ele “atende” o que a pessoa amada “busca”! No meu “histórico pessoal” uma colega que “paquerei” próximo da nossa adolescência e ela “esnobou” beijando colega nosso, no portão da casa dela, décadas se passaram e, ai um colega de trabalho, com magreza semelhante a da (outrora) colega me despertou afeto e atração, o que me fez refletir: nos homens a atração que tenho é pelos mais encorpados e, o afeto surgiu pelo homem magro? Ai que me lembrei dela, como se eu buscasse amar novamente, Independente do gênero, quem me reportasse a magreza de quem me fez conhecer o amor! Já o colega, seguiu o mesmo “script”: buscou um homem com o peitoral próximo a mulher com quem esteve casado: tenho mamilos que acompanham meu abdomem “destacado”! Mas, ele não estava “amadurecido” a uma relação homoafetiva e até “radicalizou” “ficando” com mulher próxima do biotipo dele!!!
Muito bom comentário! Existe vários conceitos de “amor”.