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Autoimagem: como se constrói e a influência da mídia

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Hoje falaremos sobre a autoimagem. O comportamento alimentar tem sofrido alterações, se modificando ao longo dos anos, sob a influência dos novos padrões culturais.

O uso da internet invadiu a vida das pessoas, exercendo grande influência na vida pessoal e social, com seus conteúdos midiáticos; tornando-as vulneráveis quanto aos conteúdos digitais que nem sempre retratam a realidade. A mídia vem promovendo, de diversas formas, os distúrbios na imagem corporal e alimentar das pessoas.

Entendendo sobre a autoimagem

A facilidade no acesso às informações, assim como dietas milagrosas, medicamentos e suplementos alimentares, fast food, junk food e etc., tem levado as pessoas a buscarem soluções para seus problemas por esses caminhos considerados mais fáceis e rápidos. Além disso, a mídia invadiu a vida das pessoas passando informações do mundo todo, abrangendo diversos segmentos das sociedades; gerando opiniões, implicando na forma de ser, moldando e modificando a realidade, os pensamentos e o comportamento das pessoas.

Escravizando e impondo às pessoas uma relação direta com a beleza e com os padrões estéticos, impondo-as uma disciplina muitas vezes severa e dolorosa, a fim de alcançar um padrão quase impossível de se conquistar. Percebe-se a mídia como grandes influenciadores, pela facilidade de acesso e por atingirem a grande massa de pessoas.

“Nesse processo de manipulação pode ser evidenciada, principalmente nos dias atuais, a mídia. Ela surge como um novo fenômeno que invade a todos, que arquiteta numa sociedade midiada, uma cultura midiática. A cultura da mídia vigente na sociedade se aspira dominante, estabelecendo formas e normas sociais, fazendo um grande número de pessoas enxergar o mundo por suas lentes, seus vieses”. (SILVA, SANTOS, 2009, p.1-9)

A hipervalorizarão do corpo e a autoimagem

Os temas preferidos da atualidade são: beleza, juventude e saúde. Há uma “hipervalorização” ao corpo ideal e, com isso, um aumento nas exigências para se chegar a uma “perfeição”.

Consequentemente, as indústrias de cosméticos de beleza, alimentos zero calorias, medicamentos para inibir o apetite, as clínicas de estética e emagrecimento, os aparelhos estéticos, os procedimentos cirúrgicos, as academias, as novelas, o cinema, a mídia em geral (em seus diversos meios de comunicação), vêm investindo assustadoramente nesse padrão de magreza como garantia de sucesso pessoal e felicidade às pessoas. Onde a autoestima é elevada de forma ilusória.

Surgem dietas mirabolantes e severas, prometendo a todo custo chegar ao “padrão dessa silhueta ideal”; uma cultura da magreza e do culto ao corpo “perfeito”. Onde as mulheres são as mais afetadas e cobradas, nessa difícil tarefa de manter um corpo magro, bonito, jovem e saudável.

A autoimagem e incentivos

“Atualmente, encontramos muitas mulheres tentando seguir o protótipo das modelos esqueléticas, se tornando anoréxicas. Uma imagem atrelada a simbologia de que essa beleza física lhes assegurará poder e sucesso; que são fortes e respeitáveis por serem capazes de jejuar. Incentivando cada vez mais a busca desenfreada por esse corpo inatingível, fomentando o medo de engordar em um ambiente sociocultural que estimula a perda do peso. ” (SOUTO; FERRO-BUCHER, 2006).

A insatisfação com o corpo

A insatisfação com o corpo e a decisão de fazer dietas radicais surgiram com essa visão que os veículos de informação (a mídia) e o imaginário coletivo estão promovendo: de que as pessoas só serão felizes, só terão sucesso, só serão amadas, respeitadas e integradas ao grupo social, se forem magras, musculosas (com o corpo escultural), esbeltas, jovens e bonitas. Caso contrário, as pessoas serão rejeitadas, desvalorizadas, podendo ser trocadas e descartadas.

“O corpo pós-moderno passou do mundo dos objetos para a esfera do sujeito, assumido e cultivado como um ‘eu-carne’, detentor de reconhecimento e de glorificação, e mesmo, objeto-sujeito de culto”. (RIBEIRO, 2003, p.7)

As pessoas estão cada vez mais buscando investir no seu corpo, com o objetivo de alcançar o poder de estimulação, da aprovação social e de obter mais prazer. Com isso cresce o mercado de serviços e produtos: procedimentos estéticos, cirurgias bariátricas, implantação de próteses, rigorosos regimes, hormônios, ginásticas, dietas milagrosas e medicamentos para inibir a fome.

A relação das mídias

As mídias veiculam modelos com seus “corpos esteticamente perfeitos”, em roupas cada vez mais ajustadas, curtas, transparentes, com grandes decotes e cavas, na intenção de exibir os “corpos sarados”. Tudo com o objetivo de corresponder às expectativas sociais desse “padrão de magreza ideal”; embora seja um padrão físico distante do considerado saudável e inacessível para a maioria das pessoas.

“O que a mídia pretende vender é a possibilidade de uma juventude eterna. Nos dias atuais, uma necessidade humana de se enquadrar neste padrão de beleza, parece provocar uma imagem em crise, manifestando-se, através de uma série de sintomas como o aumento das próteses, a clonagem, as intervenções da engenharia genética, a biologia molecular ou as novas técnicas cirúrgicas ou ainda o uso de substâncias químicas”. (BARBOSA, et al, 2011, v.23)

Vários estudos e pesquisas realizadas, comprovam o papel negativo da mídia, ainda que de forma indireta; pois é nesse meio que reforçam essa supervalorização do corpo e padrões estéticos de beleza e magreza quase que inalcançáveis. Ao seguirem tratamentos e procedimentos, não adaptados ao seu corpo, de forma desequilibrada e sem acompanhamento médico, não conseguem adquirir a mudança na sua imagem conforme a esperada e desejada.

A autoimagem e insatisfação

A mídia vai gerar um sentimento de insatisfação, intensificando ainda mais o desejo de alterações corporais. Vai contribuir para a insatisfação do indivíduo com o próprio corpo, onde há uma busca da aprovação do outro para se sentir incluído e aceito na sociedade. Onde acaba levando esse indivíduo a seguir estilos e comportamentos da vida de outras pessoas, levando-o a um processo de desconstrução da sua própria imagem, em busca de uma “perfeição”; vivendo em busca de uma felicidade artificial, falsa.

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    A produção dos transtornos alimentares

    As mídias têm gerado comportamentos de ansiedade, tristeza, auto cobrança e vazio, impactando diretamente na distorção da imagem corporal das pessoas, levando a práticas alimentares inadequadas e não saudáveis. Fazendo surgir sentimentos que acarretarão sofrimentos psíquicos, problemas emocionais, especialmente a baixa autoestima e a depressão; podendo desencadear diversos transtornos, inclusive o Transtorno Alimentar, bem como prejuízos em outras áreas da sua vida.

    Copetti, Quiroga (2018, p.161-177) aponta que a indústria da beleza sugere ao indivíduo que, uma vez que ele tenha mudanças no corpo, apresentará mudanças em sua vida também. Que o corpo é o responsável pelas circunstâncias negativas que a pessoa sofre. Que há uma validação social diante de uma regra imposta: a crença de que o bem-estar emocional e social está diretamente ligado ao emagrecimento.

    E que “essa validação social se torna fidedigno para a sociedade, tornando a magreza, padrão estético prevalecente, e isso pode ser um elemento determinante para o desenvolvimento dos Transtornos Alimentares”. Percebemos que a mídia promove a “massificação da sociedade”, onde as pessoas estão tomando medidas extremas para atingirem os padrões estabelecidos; sendo incapazes de construírem uma “opinião própria”.

    Este artigo sobre autoimagem foi escrito por Fátima Quagliani, Psicanalista Clínica formada pelo IBPC, com especialização em Relacionamentos e Crianças. Atendimentos online e presencial, Palestras e Mentoria. Agendamento via WhatsApp (21) 96930-3122.

    3 thoughts on “Autoimagem: como se constrói e a influência da mídia

    1. Romulo Caixa Ferreira disse:

      Dizia o filósofo: “ Conheça a ti mesmo e conhecerás o universo.” Daí a importância da psicanálise na busca do autoconhecimento.

    2. Fátima Quagliani disse:

      Nos dias atuais as “Mulheres fabricadas pela IA”, como a Emily Pellegrini, a Aitana e a Milla Sophia. Já estão servindo de influência para a transformação / insatisfação de várias mulheres. Aonde vamos parar?! É necessário cuidar da mente!

    3. Cecília Marini disse:

      Texto que nos leva a uma ótima reflexão sobre o que estamos fazendo com a nossa vida, com a nossa saúde (física e mental)? É sempre mt bom termos debates em torno desse assunto pois ele tira a paz desde crianças até adultos de meia idade que vivem numa busca insana de um “corpo perfeito”

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