Hoje falaremos sobre a compulsão alimentar. Comer demasiadamente para satisfazer um vazio que vai muito além do estômago é uma realidade lamentável na vida de diversos indivíduos que necessitam ser analisados mas que, talvez, ainda não tenham se dado conta disso.
Entendendo sobre a compulsão alimentar
A compulsão alimentar é caracterizada como episódios de ingestão de alimentos em demasia ou em velocidade não habitual com frequência mínima de uma vez por semana durante cerca de três meses; essa média costuma ser estimada por profissionais da saúde ao investigar transtornos alimentares, que podem ser classificados desde uma simples fase emocional a uma compulsão com origens mais inconscientes.
Pessoas que vivenciam tal realidade podem comer até se sentirem totalmente cheias, mesmo sem sentirem fome; é possível também que, por sentirem vergonha destes episódios excessivos, isolem-se enquanto saciam o desejo pela comida.
O cenário seguinte tende a ser o de alguém muito frustrado por ter consciência que exagerou e por saber as consequências físicas e emocionais que tal ação pode gerar. Certamente, quem sofre desse tipo de transtorno alimentar sabe que muitos problemas de saúde são provenientes da falta de controle alimentar e que a obesidade está nessa lista tão maléfica à saúde de forma geral.
A compulsão alimentar e a autoestima
Com o ganho dos quilinhos extras, a autoestima do indivíduo também é afetada e com isso outras questões de origem emocional podem surgir como a depressão.
É importante salientar que tratar os sintomas sem investigar as causas pode auxiliar o paciente temporariamente, visto que este indivíduo pode até conseguir fazer dieta por um período ou reduzir a ansiedade por meio de exercícios físicos, por exemplo, mas se a “raiz” do problema for algo inconsciente, e geralmente é, a análise passa a ser essencial na vida deste sujeito.
Há situações nas quais alguns as utilizam como desculpa para comer como estar triste ou estressado e o alimento saboroso passa a ser uma consolação para aliviar a tensão que se sente.
O processo inconsciente
À luz da psicanálise, tal ação pode ser uma espécie de compensação; sentir a satisfação imediata pode se tornar um vício e prejudicar significativamente a qualidade de vida de alguém.
Uma possibilidade ainda com base nos conhecimentos psicanalíticos é o deslocamento; nesse processo inconsciente, o indivíduo utiliza mecanismos de defesa nos quais a mente desloca uma reação emocional a alguém ou algo para outra pessoa ou objeto. Um desejo sexual reprimido, por exemplo, pode tomar a forma compulsiva de se realizar por meio da compulsão por comida ou bebida.
Na referida analogia é possível notar que o tratamento vai além de tomar consciência, fazer dieta ou ingerir inibidores de apetite. E se não bastasse tudo isso, o apelo social é grande no sentido de estimular a vontade por alimentos saborosos, açucarados ou gordurosos, uma vez que eles estão em toda parte.
O ciclo de glutonaria
Na TV, nas redes sociais, na esquina do trabalho e nos encontros com os amigos. Dizer não para tantas guloseimas que estão à disposição o tempo inteiro pode ser um martírio para alguém que sofre do referido transtorno.
Outro fator relevante neste cenário é a rotina que a pessoa leva bem como as pessoas que convivem com ela.
Muitos não têm o privilégio de preparar sua própria comida já que o tempo de trabalho ou estudos não condiz com a realidade de alguém que gostaria de cozinhar pratos mais saudáveis; isso faz com que muitos optem por comidas instantâneas e processadas que reforçam o ciclo da glutonaria.
A compulsão alimentar e o emocional
As pessoas que habitam o mesmo espaço também possuem uma parcela de responsabilidade, pois ao morar sozinho ou ainda com indivíduos que possuem práticas alimentares saudáveis têm muito mais chances de controlar o que comem, pois, assim, há menos “tentações”.
Por outro lado, se o indivíduo não buscar sua cura emocional, pode conviver com quem for, que seus episódios de excesso vão ocorrer mais cedo ou mais tarde.
Além das questões supracitadas, ainda há os conhecidos padrões de beleza que costumam dar um verdadeiro “nó” na mente de pessoas que ainda não possuem a autoestima bem definida. Outros transtornos podem surgir associados à compulsão.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
A bulimia
A bulimia e a anorexia são típicos exemplos de transtornos alimentares nos quais a pessoa se vê mais magra ou mais gorda do que realmente é, come em demasia e se arrepende em seguida ao provocar o vômito ou fica horas sem comer para não ganhar peso.
Nesse sentido, é importante avaliar diversos fatores. Observar se há algo que tem causado muita frustração a esse sujeito; se ele tem buscado ajuda profissional e se de fato já tem consciência de que existe um problema grave que deve ser sanado.
Ao ser analisado, a pessoa pode ser inclusive, encaminhada para se tratar com o psiquiatra, se assim o psicanalista achar necessário.
Conclusão
O nutricionista também é relevante neste processo, desde que este profissional tenha total consciência de que não se trata somente de evitar comprar as guloseimas, que o analisante gostaria de comer, dessa forma poderá incentivá-lo a manter um tratamento conjunto, não desprezando a importância de nenhuma especialidade que de fato possa auxiliar o indivíduo a se curar.
O tratamento, portanto , requer cuidados de mais de um profissional, atuando em conjunto para o bem do paciente.
Este texto sobre compulsão alimentar foi escrito por Roberta Cléa Cardoso (Instagram: @clea.psicanalista), graduada em Letras Vernáculas (UESB), pós graduada no Ensino de Língua Portuguesa e Literatura, Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar, Psicanalista em formação, baiana e cristã.
One thought on “Compulsão Alimentar: possíveis reflexos físicos de emoções reprimidas”
Eu sou nutricionista por isso vim buscar mais conhecimento como psicanalista para agregar valor ao meus resultados. Pois entendo que não é só passar um plano alimentar, eu preciso realmente descobrir a origem da patologia do meu paciente e assim eu vou ter um diagnóstico com tratamento adequado.