escrito nas estrelas

Escrito nas Estrelas (Tetê Espíndola): análise psicanalítica da música

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Hoje falaremos sobre a música escrito nas estrelas. Como faço atendimento de coaching e sou analisando há mais de 2 anos e estudante autodidata de psicanálise, apresento, de forma aplicada, conceitos adquiridos com o curso, nas seções de análise e em minhas pesquisas para apreciação.

Neste artigo, discutirei uma abordagem com viés psicanalítico da música de Tetê Espíndola. “Escrito Nas Estrelas”. Letra retirada do site https://www.letras.mus.br/tete-espindola/48879/

Entendendo a música escrito nas estrelas

A música “Escrito Nas Estrelas” é uma composição da cantora brasileira Tetê Espíndola, lançada em 1982 composta por Arnaldo Black e Carlos Rennó.

De acordo com o site https://carlosrenno.com a música é “uma celebração do amor visto como destino e predestinação”. Amor como desejo, desejo do que nos falta. Destino como intensificador de um olhar fixo, do latim. Então, reescrevendo a frase: uma festa da falta com um olhar fixado nesta falta, projetada no grande Outro que é inerente ao ser humano, narcisisticamente chamado de predestinação.

Análise da letra da música Escrito Nas Estrelas (gravação de Tetê Espíndola)

Letra da Música / Análise superficial

1. Você pra mim foi o Sol

O grande Outro de Lacan. O grande Outro, representa o coletivo, a sociedade em geral e as expectativas culturais que moldam nossas percepções e comportamentos. Ele é composto por instituições, normas sociais, valores coletivos, religiões e ideais de sucesso que influenciam os nossos paradigmas e como nos relacionamos com os outros

2. De uma noite sem fim

O grande Outro de Lacan e a música escrito nas estrelas

3. Que acendeu o que sou

4. E renasceu tudo em mim

Projetando um desejo inconsciente como desejo do outro provando o renascimento (tinha morrido? Talvez psiquicamente). Essa projeção pode ocorrer quando uma pessoa atribui a outra a responsabilidade por satisfazer seus desejos não realizados ou reprimidos. Uma das formas de reprimir os desejos são os sonhos.

5. Agora eu sei muito bem

O narcisismo exasperado com a pulsão de morte se acentuando. Pulsão de morte, conforme proposta por Sigmund Freud, é uma força interna que coexiste com a pulsão de vida, buscando o retorno a um estado inorgânico e o fim da vida. O objetivo da vida é a morte.

Pulsão de vida

6. Que eu nasci só pra ser

Deslocamento da pulsão de vida (individual e intransferível) ao outro ou Outro. O Outro como proprietário do Eu, detentor do poder e controle sobre a vida e a identidade do indivíduo.

7. Sua parceira, seu bem

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    Suporto mecanismo de submeter o outro à manipulação, demonstrando um Eu vazio, com pulsões de vida e morte entrelaçados.

    8. E só morrer de prazer

    Pulsão de morte se acentuando com forma de pulsão de vida. O grande medo da morte, narcisisticamente escolhendo a forma da “morte prazerosa”, o gozo (prazer mórbido de Lacan).

    Os próprios desejos

    9. Caso do acaso

    10. Bem marcado em cartas de tarot

    Recalcamento dos “próprios” desejos. Buscando uma fuga da falta inerente ao ser humano e projetando no grande Outro, dando-lhe poder e controle sobre a vida. As “cartas de tarô” representam um delírio infantil, ao retirar de si mesma a responsabilidade pela própria vida e buscar sentido na fuga para o imaginário coletivo (Jung).

    11. Meu amor, esse amor

    Misturando as faltas, origem do desejo. O desejo é impulsionado pela busca do objeto perdido que imaginariamente poderia trazer satisfação e completude, mas esse objeto é sempre parcial e insuficiente, pois a falta estrutural é inerente à condição humana. Na predominância da neurose obsessiva (que é o meu caso) é a busca constante do objeto perdido (talvez uma busca da repetição do prazer da primeira mamada).

    A música escrito nas estrelas e o narcisismo

    12. De cartas claras sobre a mesa

    Busca da satisfação narcísica projetada no desejo do outro

    13. É assim

    14. Signo do destino

    Satisfação do ego projetado no grande Outro (superego) com o recalque dos desejos e gozos

    15. Que surpresa ele nos preparou

    Reforço da suposta satisfação do narcisismo pelo grande Outro.

    16. Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas

    Fala por si e pelo outro. Porém o outro e o Outro são a formação do Eu. Um Eu projetado inconscientemente nas estrelas. Estas estrelas podem representar uma confusão mental, devido à quantidade elevada, provocada pelo excesso de alternativas.

    A satisfação

    17. Tava, sim

    Reforço da suposta satisfação do narcisismo pelo grande Outro.

    18. Você me deu atenção

    Suposto preenchimento da falta apresentando dificuldade em lidar com ela, mostrando um amor histérico sem dar chance para lidar com a falta.

    19. E tomou conta de mim

    20. Por isso minha intenção

    21. É prosseguir sempre assim

    22. Pois sem você, meu tesão

    23. Não sei o que eu vou ser

    24. Agora preste atenção

    Reforço da suposta satisfação do narcisismo pelo grande Outro. A incorporação da divindade narcísica.

    Conclusão

    25. Quero casar com você

    Forma de lidar, ou melhor, fugir da falta. Tentando submeter o parceiro a uma obrigação de amar. Casar pode ser interpretado como fuga da mãe e ou pai, com busca inconsciente destas características no(a) parceiro(a): Repetição construída na fase infantil, provavelmente, anal, devido a manifestação do desejo do Pai, do provedor, do punidor, daquele que provê segurança, claro, de forma imaginária.

    26. Caso do acaso

    Continua repetindo os versos anteriores. Já analisado acima

    Resumindo: Tentativa inconsciente e com grande probabilidade de frustração, dos desejos inconscientes no outro como manifestação inconsciente do grande Outro. Delírio infantil da fantasia do mundo aos nossos pés.

    Outras abordagens de análise: A infância de Arnaldo Black e Carlos Rennó, A infância de Tetê Espíndola e as infâncias das pessoas que projetam seus desejos através desta música.

    Este artigo sobre a música Escrito nas Estrelas (gravação de Tetê Espíndola) foi escrito por Ronaldo Veloso. Sou engenheiro, consultor corporativo, analisando há 3 anos e amante da psicanálise.

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