conceito de felicidade

Conceito de Felicidade para a Psicanálise

Posted on Posted in Psicanálise e Cultura

A busca e o conceito de Felicidade se tornou uma obsessão global, e em especial, virou um bordão no tecido social brasileiro, onde as pessoas expressam: ‘Quero e preciso ser feliz!’. E o bordão se introjetou na cultura por uma das suas vertentes mais forte, a música.

Muitos analisandos começam um plano de psicoterapia já deixando bem claro: ‘Doutor (a) procurei você para ser feliz; preciso ser feliz; quero ser feliz!’ E indagam com frequência: ‘Como posso ser feliz ? E o que é a felicidade ?’

Entendendo o conceito de Felicidade

Posto isto, começam a cobrar um resultado palpável ou pelo menos uma perspectiva de um resultado que, se não for prático, seja pelo menos um resultado teórico e responda aos questionamentos acima. O objetivo muitas vezes redunda em apenas saber então o que seja a felicidade. Respostas padrões do tipo ‘depende’ ou ‘tudo é relativo’ não tem espaço em termos de processo psicanalítico.

Pode até ser uma resposta em nível de consultoria de marketing pessoal ou ‘coach’ ou ‘mentoring’ ou então a nível estratégias de ‘coping’. Muitos relatam que já leram todos os livros que puderam adquirir de autoajuda sobre a felicidade. E citam autores de proa, expoentes de mercado, que lançam best-sellers. Culminam revelando e expondo de que nada adiantou.

Depreende-se que estão num quadro de ansiedade e angustia associados e que existe uma frenética busca da felicidade embora muitos procurem diluir os efeitos dessa busca expressando: ‘Olha, se não puder ser feliz pelo menos não posso ficar na solidão’. Outros conceitos se agregaram.

Questionamentos sobre o Conceito de Felicidade

Alguns questionam qual seria o requisito chave da felicidade ? Seria o grande amor ?’ Paixão e amor são a mesma coisa ? O desfecho do diálogo em torno do tema quase sempre tem sua saída pela pergunta: ‘Seria o grande amor o caminho?’

Percebe-se então que as questões estão concatenadas e vinculadas por meio de elos conceituais que vão se ligando. Entretanto, o ponto de origem é a questão inicial: ‘O que é a felicidade e como ser feliz . ?’ Muitos desbordam a questão e andam em círculos na tentativa e erro de achar a felicidade na base do ‘ficar’.

Para alguns passou a ser um teste, ‘fiquei e fiquei com tal pessoa, mas não rolou a felicidade’. São percepções e visões combinadas. Uma conclusão é praticamente unânime: as pessoas que procuram a felicidade precisam tentar, ‘elas mesmas’, responder o que é para elas a felicidade ? As respostas não tardam e são variadas.

Conceito de Felicidade e o estado de vida

Para algumas pessoas a felicidade é uma qualidade ou estado de vida onde a consciência esta plenamente satisfeita, pois existiria um grau de satisfação ou contentamento ou um bem-estar. Para outras, envolve a fortuna e a sorte ter bens materiais, um conforto; para outras, conseguir viajar pelo mundo ao lado de quem ama. Outros relatam que a felicidade seria uma paz de espírito interior, mente e corpo harmonizados ou em sintonia com certos valores familiares, culturais e sociais.

Outros entendem que seria fazer o que gosta, falar e pensar em projetos conjuntos, ter filhos, uma casa boa, um bom carro, cachorros e gatos, um bom emprego com ótimo salário. Alguns referem que envolve o sucesso empreendedor e a jornada de vida; alguns creem no destino. Existem os pensadores ligados a uma visão mais filosófica de felicidade que seria não se comparar com ninguém, não julgar e não invejar ou ter ciúmes.

Seria em tese um estado de espírito que a pessoa se desapega e conduz a vida. Mas, querem morar numa casinha no mato, sem vizinhos para evitar tentação da igualdade ou superação material ou a competição. Temos os que desejam apenas rir das coisas simples e não fazer dos problemas, questões de vida ou morte, e viver cada dia e e agradecer cada momento de sua sorte genética e de fenótipo e ter algo para se preocupar e estar vivo.

Freud e o Conceito de Felicidade

Viver o dia a dia, apreciar a natureza. Percebemos então que é um prisma e cada pessoa tem o seu olhar e precisa tentar medir a felicidade, avaliar fatores físicos e psicológicos e materiais pois envolve também renda, idade, preferências pessoais, religiosas, políticas, emocionais, estéticas, estado circunstancial, as configurações culturais onde esta inserido, valores.

Para Sigmund Freud (1856-139) todo o indivíduo é movido pela busca da felicidade, só que esta busca seria algo utópico, pois para tal pessoa parece não existir e não depender do mundo real, onde a pessoa pode ter experiências como o fracasso, portanto, o máximo que o ser humano poderia conseguir, seria uma felicidade parcial. Vale lembrar que muitas doutrinas de filosofias e psicoterapias terapêuticas tem sua concepção de felicidade.

Existem pessoas que viajam quilômetros para tentar achar a felicidade no budismo, no xintoísmo, no espiritismo. Procuram pessoas expoentes que ofertam soluções e até mudam de religião e mesmo assim não encontram a tão sonhada felicidade. E os tempos mudaram, vivemos um momento denominado de pós-modernidade líquida, uma nova era do algoritmo e digital e mesmo contando com tecnologias e aplicativos de namoros muitas pessoas não encontram a felicidade.

Conceito de Felicidade para a Psicanálise

Ela acabam percebendo que existe uma distorção sobre o conceito. A felicidade não é percebida com um todo sistêmico, mas, reduzida ao nível de pensamento das pessoas. O que para uma pessoa seria, em tese, momento feliz, para outra não tem tal configuração. Então, “como tentar uma solução possível, não ideal, mas adequada às circunstâncias?”

Um bom caminho, que a pessoa procure na própria palavra ‘felicidade’ o seu significado aproximado. Bem como no vocábulo ‘amor’. A partir dessa concepção que ajuste e calibre sua vida melhor na busca do estado ou condição feliz. O que seria então f-e-l-i-c-i-d-a-d-e ?!

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Fale menos; Escute mais; Leia bons livros; Imite as boas ações; Cultive o otimismo; Ilumine a escuridão; Dê o melhor de si; Alegre-se com o êxito alheio; Deseje o bem a todos; Evite os excessos. Seria um acróstico da felicidade. E a desafio do ‘a-m-o-r ?! Primeiro saber que a visão ou concepção do grande amor é uma construção subjetiva.

    Paixão, amor e felicidade

    Usando uma linha própria, o amor seria também um acróstico: ‘Agarre ela ou ele, antes que outro pegue: More com ela (a); Organize a vida dela(e) e Respeite ele (a)’. Isto seria o amor erotizado. Porque é uma convivência. A paixão seria uma mera atração forte momentânea e mais carnal e sexual que se dissolve. O amor já é algo mais estável.

    A paixão pode se transformar num amor. Porém, essas são relações no campo genital erotizado. Porque existe a concepção do amor espiritual. A concepção do amor erotizado é considerada pragmática porque a vida é um dia de cada vez e uma experiência aberta e em construção no campo das relações humanas segundo as aspirações e desejo de cada indivíduo.

    Não existe um padrão- vida e nem tão pouco protocolo de felicidade. É um processo aberto e em construção assim como felicidade pura e plena não existe, são momentos partilhados felizes. Este tem sido um olhar pelo prisma da Psicanálise. Resta indagar como chegar até lá ?

    Considerações finais

    Cada pessoa carrega em si sua subjetividade e carga psíquica cultural e suas regras éticas e morais e que precisa ponderar os seus caminhos. Algumas acreditam na oração, outras, em interação social mais acelerada, outras ficam a deriva esperando o momento chegar, outras, acreditam em destino. O processo é uma construção subjetiva e singular.

    Não existe uma fórmula ou equação pré-pronta. Quem desejar buscar a sua felicidade deve mentalizar que vai ser um processo singular, partilhado, aberto e em construção e que terá que articular relações, compor e negociar o investimento psíquico.

    Não existe felicidade pronta e acabada, perdida no caminho esperando ser achada. E quem entender que não deseja lutar para ser feliz e que o tempo cura tudo corre o risco de ser e viver infeliz sua jornada cronológica existencial.

    O presente artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira ([email protected]) é licenciado em Filosofia e História. Possui PG em Ciências Políticas, realizando PG em Psicanálise e acadêmico e pesquisador de Psicanálise Clinica e Filosofia Clinica.

     

    One thought on “Conceito de Felicidade para a Psicanálise

    1. Mizael Carvalho disse:

      Arrasou com o texto, mara, mara; me fez refletir sobre o assunto. Parabéns.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *