Inconsciente a grosso modo, é uma parte do aparelho psíquico. A ilustração que Freud representou da mente humana foi através de um iceberg. Assim, a consciência seria apenas a ponta do imenso bloco de gelo e a maior parte desse bloco submerso seria o inconsciente. Perto do consciente, mais ainda submerso, está o pré-consciente.
“A divisão do psíquico em que o que é consciente e o que é inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise, e somente ela torna possível a esta compreender os processos patológicos da vida mental” (p. 27).
O inconsciente como muitos podem pensar não foi descoberto por Freud, pensadores e filósofos já pesquisavam antes mesmo dos seus estudos, o que de fato serviu como alicerce para sua teoria.
Conhecendo o inconsciente e o consciente
Claramente, nos damos conta do que seja a consciência, ela é o presente e é também transitória.
Uma representação que é consciente no momento, após um tempo pode não ser mais, e essa mesma representação pode voltar novamente. Durante esse hiato Freud não sabe dizer o que acontece, mas que certamente estava latente, assim, pode voltar a ser consciente novamente. Se supusermos que estava inconsciente, está correto, pois o “inconsciente coincide com latente e capaz de tronar-se consciente” (p. 28).
É através do consciente que realmente se chega ao inconsciente, a partir daí, entender os processos ocultos e latentes.
Com excelência, a vida inconsciente
A existência do inconsciente, embora não estando ciente, pode ser provada através de muitas manifestações, entre eles, os atos falhos, sonhos, esquecimentos, falas ou imagens inesperadas, ideias repentinas e também algumas manifestações patológicas que causam sofrimento como os sintomas neuróticos e psicóticos.
E “sejam normais ou patológicos, os produtos do inconsciente são sempre atos surpreendentes e enigmáticos para a consciência e para a do psicanalista” (Nasio, p. 33).
Freud e o inconsciente
Quando alguém comete um engano, pode-se pensar que é o seu inconsciente que quer falar algo. O inconsciente age em cada um de nós sem que o saibamos e controla o nosso ser independente da nossa vontade.
É no inconsciente onde estão guardadas todas as vivências de toda a vida. Para Freud, a instância psíquica chamada inconsciente é a autêntica essência psíquica. E que os pensamentos inconscientes, estão em pleno funcionamento mesmo durante o sono. Ou seja, o inconsciente nunca para, está sempre em pleno vapor.
Repressão Falar de inconsciente é também falar de recalcamento, ou seja, são muitos conteúdos reprimidos que aparecem no consciente de forma mascarada. Portanto, as ideias existentes antes de se tornarem consciente é conhecida como repressão, e é a partir da teoria da repressão que podemos entender melhor sobre o inconsciente: “O reprimido é, para nós, o protótipo do inconsciente.
Conhecendo os tipos de inconsciente
Percebemos, contudo, que temos dois tipos do inconsciente: um que é latente, mas capaz de tornar-se consciente, e outro que é reprimido e não é, em si próprio e sem mais trabalho, capaz de tornar-se consciente” (p. 28). A mente possui um mecanismo de defesa onde enclausura recordações no inconsciente recordações dolorosas, são causadoras de sofrimentos dos quais não damos conta.
Mas o fato dessas recordações estarem no inconsciente não significa que não causem prejuízos sobre a vida de cada um, pois esses conteúdos cheios de pulsões querem chegar ao consciente, porém não emergem de forma correta. A melhor forma de trazê-los sadiamente é através da análise.
Freud alerta para um comunicado importante: “Reconhecemos que o inconsciente não coincide com o reprimido; é ainda verdade que tudo o que é reprimido é inconsciente, mas nem tudo o que é inconsciente é reprimido” (p. 31).
Aparelho psíquico
A verdade é que, os conteúdos para chegarem a consciência precisam passar por uma espécie de hierarquia de instâncias.
O pré-consciente
O pré-consciente funciona como um sistema intermediário, que se localiza entre o inconsciente e o consciente, ele não só barra esses conteúdos a consciência, mas como filtra esses conteúdos. É no pré-consciente que ficam as lembranças que são facilmente acessíveis, desde que surja algum motivo, como por exemplo, lembrar de fatos da infância ao sentir o cheiro de um perfume que usava quando criança.
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Pode também acontecer de quando esses conteúdos inconscientes chegarem a consciência, podem sofrer um contra-ataque, enviando-os de volta ao inconsciente.
A complexidade do inconsciente
O inconsciente é o aparelho psíquico mais arcaico que existe, por isso é importante irmos conhecendo o inconsciente, ele já existia antes mesmo de nascermos. Mas ele também é atemporal, não importa quantos anos se passaram, silencia em algum momento, e reaparece em outros com novas manifestações. Nunca perde sua força. E não importa sua idade, se com 80 anos ou mesmo recém-nascido, ele sempre se faz surgir.
Repetição e inconsciente
O inconsciente ainda pode ser entendido através das repetições, os erros que são repetidos e não são compreendidos. E muitas pessoas se perguntam: Por que repito os mesmos erros?
Nasio traz o conceito automatismo de repetição. A expressão automatismo atribui a um funcionamento mecânico de um inconsciente totalmente pulsional, ou seja, um processo psíquico impulsivo e irracional.
Assim, o inconsciente avança sempre se repetindo e nossa vida é invadida por esse inconsciente que segue repetindo, Nasio apresenta uma regra: “o inconsciente é estruturado como um automatismo de repetição. E, condensando, concluo: O inconsciente é a repetição!” (p. 80).
Considerações finais
Para finalizar sobre a importância de irmos conhecendo o inconsciente, muito ainda se tem para estudar e descobrir acerca do inconsciente, é um assunto que não se esgota, além de ser fascinante cada descoberta. Você é convidado (a) a buscar mais sobre esse tema e adentrar em um conhecimento que não cessa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________ Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. Vol. V. _________ Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. Vol. XII. FREUD, S. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. Vol. XIV. _________ Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. Vol. XIX. NASIO, J. – D. O Prazer de Ler Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. NASIO, J. – D. Por que repetimos os mesmos erros. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
Este artigo foi elabora pela autora Elaine Matos([email protected]). Elaine é Psicóloga clínica e estudante de psicanálise. Especialista em Avaliação Psicológica e Psicologia Infantil.