depressão e melancolia

Depressão e melancolia: males que afetam silenciosamente

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Hoje falaremos sobre a depressão e melancolia. Cada ser humano é singular, possui características, ações e reações próprias, que diferenciam uns dos outros.

Por trás de uma grande alegria ou de uma profunda tristeza, pode conter um espectro de sentimentos e manifestações escondidas, capazes de repercutir na vida do indivíduo negativamente, levando-o a se afastar das pessoas, das atividades laborais e das atividades que mais gosta. Faz-se necessário o olhar de um profissional qualificado da área de saúde e de um psicanalista.

Entendendo sobre a depressão e melancolia

“A Melancolia é um estado psíquico de Depressão com ou sem causa específica. ” É um protótipo das Depressões. Parker e Cols, chamam a “atenção à importância das alterações psicomotoras na melancolia, para eles a principal característica desse quadro. ” Até o século XVIII, o termo melancolia era o nome genérico para todo transtorno relativo a angústias de desânimo agudo. Com o tempo, surgiram especificações na nomenclatura. Depressão e Melancolia são compreendidas como sinônimos.

A Melancolia caracteriza-se pela falta de entusiasmo para atividades em geral; está associada a um estado inconsciente de impossibilidade de elaboração do luto, podendo migrar para a depressão. A Depressão, na maioria das vezes tem seu estado de tristeza profunda, prolongado por cerca de duas semanas; é uma Melancolia severa.

”Para Freud, a Depressão está vinculada a um afeto, sintoma ou estado que envolve tristeza, desgosto, inibição e angústia. ” Estudos afirmam que a combinação de alguns fatores pode levar ao estado de depressão, como por exemplo: fatores genéticos, incluindo o transtorno a uma hereditariedade (histórico familiar); uso de drogas e medicamentos, fatores ambientais e psicológicos.

A depressão e melancolia: fatores da infância

Algumas vezes as causas são experienciais: traumas da infância, ou eventos da adolescência e da vida adulta. Aspectos mentais podem trazer doenças muito mais severas e impactar muito mais pessoas, um exemplo disso é a solidão; pois associada a ela pode surgir a depressão. As doenças crônicas, por exemplo, estão entre os principais fatores de risco para a depressão.

A baixa imunidade, combinada com administração de vários medicamentos, mudanças de hábitos e restrições alimentares podem impactar significativamente a maneira como o sujeito encara a vida e lida com a ansiedade. Vale lembrar que a Melancolia, a Depressão e seus sinais, também não são idênticos para todos!

Para o diagnóstico de Melancolia, segundo a classificação do DSM – IV (Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais), são necessários: – Pelo menos um dos dois sintomas:

Falta de prazer nas atividades diárias;

• Desânimo como reação a um estímulo agradável que em geral causaria prazer.

Pelo menos três dos seguintes:

• A falta de prazer e o desânimo não estão relacionadas a um fato real que causaria tristeza natural (como no caso da morte de um próximo);

• A depressão é agravada na parte da manhã;

• O despertar é adiantado pelo menos em duas horas em comparação ao usual;

• Profunda agitação psicomotora ou languidez intensa;

• Perda de peso significante e outros sintomas de anorexia;

• Sentimento de culpa constante e inapropriado.

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    O diagnóstico

    Para o diagnóstico de “Transtorno Depressivo Maior”, de acordo com o DSM – IV, basta que o paciente apresente “humor deprimido ou perda de interesse ou prazer, durante um período de duas semanas”, mais quatro sintomas de uma lista de nove (ou mais três sintomas, se os dois primeiros estiverem presentes).

    Exemplo: Se um paciente que tiver sofrendo de uma separação amorosa, apresentar tristeza e perda de energia por 15 dias ou mais, além de mais três sintomas, como insônia, perda de apetite e capacidade diminuída de se concentrar, terá preenchido critérios para “Transtorno Depressivo Maior”.

    O Transtorno Depressivo Maior (TDM), conhecido também como depressão unipolar, é um dos transtornos mentais mais comuns, severos e genéricos. Os sintomas mais evidentes conseguem ser percebidos pela observação da fisionomia e linguagem corporal dos pacientes; por isso faz-se necessário ter uma escuta e visão bem ativas.

    Eles variam de acordo com cada caso, mas possuem algumas características comuns, que são:

    • Sensação de vazio;

    • Falta de interesse pelas pessoas e pelas atividades;

    • Transtorno de humor;

    • Falta de esperança;

    • Desmotivação;

    • Insegurança;

    • Isolamento social e familiar;

    • Perda de interesse por atividades antes prazerosas;

    • Apatia;

    • Falta de apetite e de concentração;

    • Insônia;

    • Perda de memória. (TEIXEIRA, 2007)

    O DSM-V, depressão e melancolia

    O DSM-V elucida que o Transtorno Depressivo Maior pode ser diagnosticado quando o paciente apresentar cinco ou mais das ações abaixo, todos os dias, durante pelo menos duas semanas:

    • Humor deprimido em grande parte do dia (na maior parte do dia, o sujeito fica com forte sensação de tristeza sem um motivo aparente, falta de esperança sobre seus objetivos, dificuldade para iniciar um projeto no presente ou elaborar algum para o futuro, sensação de vazio, ainda que não consiga explicar exatamente o que; apropriar-se da tristeza de alguma pessoa ao redor e irritabilidade);

    • Olhos normalmente cheios de água;

    • Olhar vago, perdido e distante do presente;

    • Atenção dispersa;

    • Tristeza intensa sem motivo aparente;

    • Demonstram infelicidade;

    • Cantos da boca direcionados para baixo;

    • Testa franzida;

    • Postura retraída;

    • Expressão facial indiferente;

    • Choro frequente;

    • Alteração na capacidade motora, podendo causar agitação ou atraso psicomotor;

    • Esgotamento de energia, ou seja, fadiga extrema;

    • Sensação de agitação ou languidez intensa;

    • Desânimo na maioria dos dias e na maior parte do dia (em adolescentes e crianças há um predomínio da irritabilidade);

    • Poucos movimentos corporais e, quando tem algum, costuma ser realizado de forma lenta;

    • Profunda agitação psicomotora ou lentidão/fraqueza intensa;

    • Inatividade física e tédio;

    • Introspecção acentuada, com dificuldade para estabelecer relações afetivas;

    • Isolamento;

    • Perda de libido;

    • Diminuição drástica de interesse ou prazer em quaisquer tipos de atividades;

    • Desinteresse e desânimo pelas atividades que antes gostava;

    • Ganho ou perda de peso ponderal bem significativo, girando em torno de 5 quilos (seja aumento ou perda);

    • Perda de peso significante, falta de apetite ou até mesmo anorexia;

    • Automutilação;

    • Distúrbios do sono: desde Insônia (dificuldade para dormir) ou até sono excessivo / hipersonia (dificuldade para se manter acordado, devido a um sono descomunal durante quase todo o dia);

    • Ansiedade;

    • Sentimento de não ser útil para ninguém, fomentando uma culpa excessiva e/ou inapropriada constante;

    • Dificuldade para tomar banho, ler um livro e até coisas simples como assistir televisão;

    • Pensamentos constantes de suicídio e morte;

    • Preocupação com os pequenos problemas da vida;

    • A culpa vinculada ao episódio depressivo também existe em grande parte dos casos, em que os pacientes elaboram avaliações negativas sobre si mesmos, impactando a construção de valor pessoal. Nesses casos, o sujeito demonstra preocupação fixada em momentos de fraqueza ou fracassos ocorridos no passado próximo ou distante;

    • A interpretação distorcida de eventos, com tendência a exagerar na autorresponsabilidade diante de adversidades, podendo atingir proporções delirantes. Outro ponto presente é a auto recriminação por estar lidando com a Depressão, nutrindo um pensamento de que a fraqueza está atrelada ao transtorno;

    • Muitos sujeitos passam a ter dificuldade para se concentrar, pensar com clareza e tomar decisões, por se distraírem com facilidade e até mesmo ter impactos negativos relacionados à memória;

    • Baixa autoestima. Geralmente os indivíduos se rotulam como incapazes, inúteis, chatos, irritantes, com sentimento constante, inadequado e inapropriado de culpa (autodepreciação);

    • Existem casos mais extremos, em que pacientes relatam não sentir as emoções habituais, imergindo em um mundo sem cor e sem vida, sem mais lágrimas para derramar.

    A distimia

    É importante saber que existem diferentes tipos de Depressão e é preciso ter cuidado para não os confundir. A Depressão Maior é referente ao quadro em que o sujeito tem sintomas intensos, provocando impacto negativo de forma intensa e, como consequência, dificultando a possibilidade de o sujeito levar uma vida funcional por até 2 anos.

    Já a Distimia ou Transtorno Depressivo Persistente pode ser considerada como o quadro em que o sujeito apresenta sintomas menos intensos (considerada um dos tipos de depressão com intensidade mais branda), um pessimismo generalizado na interpretação de fatos e relacionamentos; permitindo que o sujeito consiga ter uma vida funcional: trabalhar, se relacionar e estudar, por exemplo.

    Os pacientes sofrem por não sentir prazer nas atividades habituais, isto pois, as entendem como lentas e demoradas em suas ações. Podemos dizer que a Distimia seja um quadro de tristeza, de melancolia, um pouco mais brando que a Depressão. Ela não é incapacitante, embora possa ser limitante. É caracterizada por sinais bem leves, quase imperceptíveis, que perduram por dois anos ou mais, onde os sintomas tendem a ser mais constantes.

    Danos à saúde física e mental

    Em decorrer dessa situação, o sujeito acaba aprendendo a conviver com os sintomas e, por mais prejuízos que tenha no dia a dia, não conversa com ninguém sobre o assunto. O problema é que o quadro pode se aprofundar rapidamente e provocar sérios danos à saúde física e mental; pois uma Distimia não tratada pode converter-se em depressão. Ambas, tanto a Distimia quanto a Depressão, precisam de atenção e tratamento!

    Muitas vezes, a Distimia e o Transtorno Depressivo Maior têm sintomas parecidos; porém a Depressão é uma Distimia mais grave, que pode chegar a ser incapacitante e acarretar maiores dores psíquicas ao sujeito. Apenas na Depressão há uma evidente diminuição no sentimento de autoestima, uma desvalorização de quem se é e dos próprios potenciais.

    A autocrítica e a autodepreciação, tão presentes na então chamada Melancolia, não aparecem no processo de luto. Enquanto no luto o Ego, fragilizado pelas memórias e dores se recupera, restaurando a sua condição saudável, na Depressão o ego permanece desvalorizado e fragilizado. ”

    Como o tratamento pode ser feito?

    Para a Distimia, a psicoterapia é especialmente estratégica. Durante as sessões, será possível identificar os sintomas e as melhores maneiras de desarmá-los a tempo. Fazer atividade física é outra boa pedida para elevar o ânimo. Para o Transtorno Depressivo Maior, o tratamento é feito de acordo com o caso do paciente, seguindo seus sintomas em suas particularidades.

    De forma geral, o acompanhamento é realizado por psicólogos e psiquiatras (nos casos em que seja necessário a intervenção medicamentosa, bem estruturada, para que os efeitos da medicação sejam realmente efetivos). Dependendo do caso, algum outro profissional de saúde pode ser envolvido, como: fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.

    Além do tratamento formal, é importante que o paciente tenha uma rede de apoio, que exercerá o suporte necessário. Todas as pessoas com contato frequente e direto com o paciente podem acompanhá-lo, se fazendo presente e estimulando-o a conversar sobre seus sentimentos e angústias. É necessário que haja participação e presença de amigos e familiares durante esse processo, se revezando, evitando deixar o paciente sozinho.

    Depressão e melancolia: tratamento

    A prática de atividade física é altamente recomendada para esses casos, pois quando você direciona seu corpo para gastar energia em atividades que fazem bem a você, é possível “ativar” o corpo, produzindo serotonina e adrenalina, por exemplo. Práticas esportivas coletivas também são excelentes opções para reintegrar o paciente ao meio social. É importante mudar os hábitos tóxicos que fazem parte da vida do paciente.

    A psicoterapia vai dar um empurrão, mas é preciso utilizar essas outras estratégias para agilizar o processo. O tratamento é comprovadamente eficaz, possibilitando o sujeito a ressignificar seus traumas e, pouco a pouco, aprender a conviver consigo e com os outros de forma mais saudável.

    A maneira com a qual você lida com as situações impactará diretamente na sua saúde mental, desenvolvendo a mentalidade de como se posicionar frente a um problema, por exemplo.

    Algumas dicas importantes para atacar as causas e amenizar os sintomas da depressão:

    • Tente fazer exercícios de respiração sempre que for submetido a uma situação de estresse, a fim de encontrar formas de lidar com os problemas com o mínimo de estresse possível.

    • Tenha uma boa alimentação, boa noite de sono e pratique atividade física. Todas essas ações construirão um canal positivo consigo mesmo.

    • A terapia não é só para quando o problema já aconteceu. Fazer a terapia em constância, como forma de desenvolvimento pessoal é fundamental para a ressignificação de traumas que poderiam afetar a maneira como encaro o mundo e, consequentemente, fomentando o autoconhecimento.

    • Fique atento ao consumo de álcool e outras drogas, pois elas podem impactar fisiologicamente e psicologicamente sua vida.

    Conclusão: entre depressão e melancolia

    Podemos pensar que a timidez ou a frivolidade sejam sinais de comportamento, definidores da personalidade. Porém, quando isso traz incômodos psíquicos e problemas mais sérios em manter uma vida social saudável, podemos estar diante de um quadro potencialmente patológico.

    A Depressão muitas vezes é oculta. Tem afetado o ser humano silenciosamente, causando grandes transtornos. Somos seres com sofrimento psíquico, vivendo em conflito constantemente. Fique atento! Desenvolva um caso de amor promovendo uma vida com mais qualidade. Gerencie seus pensamentos e proteja sua emoção, sempre!

    Este artigo sobre depressão e melancolia foi escrito por Fatima Quagliani, Psicanalista Clínica formada pelo IBPC, com especialização em Relacionamentos e Psicanálise Clínica Infantil. Contato para atendimentos, palestras e cursos via WhatsApp (021) 96930-3122 ou e-mail: [email protected].

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