dialética existencial

Dialética Existencial dos dois paradigmas

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Você já deve ter ouvido falar na questão-chave da Psicanálise na “pós-modernidade da dialética existencial em tempos líquidos”. Afinal, o que isso significa? Vamos neste enfoque encarar o desafio de tentar explicar.

Entendendo sobre a Dialética Existencial

A indagação que surge é por que essa questão é tão importante, crucial e até vital para o fato e atos psicanalíticos de nossas jornadas existências ? Não seria uma mera questão sociológica ou filosófica? Pois essa questão é de suma importância por que vem derrubando todas as teorias erguidas na pré-modernidade, que conseguiram chegar até modernidade e muitos ingressaram, por analogia e metáfora, numa espécie de UTI e estão entrando em óbito gradual indo para lixeira, algumas prontas para serem deletadas.

Tudo porque uma ponte (filtro/crivo) foi erguida entre a modernidade e a pós-modernidade e o que não passar por essa ‘ponte de ligação’ entre a modernidade-e-pós-modernidade estará fadado a desaparecer, entrar para os anais da passado e ficar cristalizado para sempre no tempo e na História. Este fenômeno já aconteceu na antiguidade quando as sociedades marcharam para a pré-modernidade, e após, para modernidade.

Portanto, o fenômeno já ocorreu duas vezes na história cognitiva da humanidade, mas não com a intensidade atual, face a tecnologia e estamos ingressando nesta terceira fase. Porém, enganam-se os que postulam que a terceira fase seria o fim da História querendo comparar com a tese do fim da história de Yoshihiro Francis Fukuyama (n.1952/69 anos) filósofo e economista dos EUA com relação as ideologias.

Dialética Existencial e a pós-modernidade

Alguns questionam o que virá depois da pós-modernidade? A transmodernidade, a ultramodernidade ou a metamodernidade? Depois dos tempos líquidos virão os tempos volatéis ou plasmáticos ? São indagações sociológicas e filosóficas. O que nos diz respeito se refere ao enfoque sobre o fato psicanalítico (inconsciente) e suas interseções com os atos psicanalíticos. O nascimento e morte nunca deixarão de existir e são atos psicanalíticos.

A jornada existencial com as suas historicidades, tempo, circunstâncias, enraizamentos, dados divisórios, metas, assuntos, agendamentos, lugar e tempo sempre serão uma realidade concreta. Talvez com novas ferramentas de acesso ao inconsciente. Nascer, crescer, casar (acasalar ou ficar) ter filhos, passar por rituais, buscar a felicidade e morrer, lidar com lutos e perdas necessárias e ausências são atos psicanalíticos.

Nossas vidas são atos psicanalíticos concatenados e jamais lineares, padronizados e cartesianos. Somos seres singulares, mas dialéticos, ou seja, da tese, antítese e síntese num devir permanente, porém, não eternos, somos seres finitos, com um prazo de validade, com um estoque de tempo.

A questão-chave da Psicanálise

Entretanto, devemos evitar matematizar nossas vidas para não cairmos no reducionismo das horas, minutos e segundos que vamos viver na face da terra para evitar o extremo de aplicação dos princípios do aqui-e-agora e do já-provisório. Na pré-modernidade até meados da modernidade o princípio do ainda-não ajudou muito a humanidade, foi a fase de buscar ser alguém, buscar o grande amor e a felicidades que foi sendo corroído pela pós-modernidade dos tempos líquidos e nos direcionou para reexames, reflexões e disrupções, a busca de um novo Deus.

A questão-chave da Psicanálise foi quando descortinou os paradigmas e nos colocou frente a frente com a nua e crua realidade concreta existencial. Este foi o cerne da questão: ficar no paradigma ‘haja luz e houve luz’ ou migar, transmutar para o paradigma do big-bang ou que no começo houve um mega explosão de matéria e energia e somos evolução disso, pelas moléculas e células e seres da roleta russa dos DNA.

Frequentemente ouvimos pessoas expressarem, “sorte sua da roleta do DNA ter nascido nos EUA ou Suíço e ser branco e não ter nascido na África ou numa favela do Rio, no Brasil ou um índio ’, a questão do acaso. Porém esta questão esta sendo formulado por alguém que é convicto do paradigma big-bang. Não é uma questão típica do paradigma ‘haja luz e houve luz’.

Dialética Existencial e a Psicanálise

Foi a Psicanálise que conseguiu forjar uma chave e abrir essa cortina. Nos mostrou quem esta no palco. Estamos diante de dois paradigmas, o que entende e continua firme em conceber que o espírito precedeu tudo e o que entende que não, que a matéria precedeu o abstrato que chamamos de espírito. Muitos dizem: ”Não consigo ainda entender bem isso, quer dizer então que posso reconhecer pelo tipo de questão quem é quem e opera o quê ?

Sim. Somente é uma questão de aguçar visão, observação e percepção e ser atilado. Isso também repercutiu nas crises vitais. Muitas vezes a pessoa esta numa crise vital profunda e não sabe que esta vivenciando uma transtorno de transmutação de paradigma. Esta abandonando o ‘haja luz e houve luz’ e ingressando no ‘big-bang’ e assumindo a sua carga psicológica. Esta defenestrando de sua vida muitas coisas.

Mas imagina estar vivendo uma crise psicológica, ou filosófica, ou psiquiátrica ou algo sociológico, porém, bem no fundo é uma crise psicanalítica. Esta diante da dialética de dois paradigmas. Por que dialética ? Porque é o embate entre tese, antítese e síntese, esse processo fica girando. É uma roda girando.

Considerações finais

A questão chave da Psicanálise na pós modernidade que esta enfeixada junto com o fato e os atos psicanalítico se refere justamente aos paradigmas. Com qual paradigma vou ?! Essa é a questão-chave. O dilema dos paradigmas passou a ser o pano de fundo de muitas angústicas, ansiedades e depressões.

Os defensores da TLC, Teoria da Luta de Classes ou materialismo histórico poderão argumentar: ‘Olha essa questão é burguesa’. Não existe segmentação de classe, a questão é capilar, social e mundial. Onde existir um ser humano estará ele diante dos paradigmas e do fato e atos psicanalíticos além dos demais atos e fatos da marcha da vida. Alguns questionam: ‘isso significa então que terei que fazer uma opção? ‘A vida são opções.

Esta é a questão chave da Psicanálise na pós-modernidade dos tempos líquidos e disruptivos, Saber lidar com o fato e atos psicanalíticos diante de um dos paradigmas sabendo ainda que somos prisioneiros de uma atmosfera, gravidade e oxigênio e temos um prazo de validade, pois somos finitos dentro de uma bola de ferro, terra e água, vagando por um Universo imenso, eis o nosso dilema existencial. Foi a Psicanálise que abriu as cortinas e nos revelou tudo isso e muito mais.

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    O presente artigo foi escrito por Edson Fernando Lima de Oliveira. Licenciado História e Filosofia. PG em Psicanálise. Realizando PG em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacológica; acadêmico e pesquisador de Psicanálise Clinica e Filosofia Clinica. E-mail: [email protected]

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